segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

47 suspeitos de tentar assassinar Erdogan em julgamento


37 dos acusados são militares

O processo de 47 suspeitos de terem tentado assassinar o Presidente turco Recep Tayyip Erdogan num complexo hoteleiro na costa do Egeu durante o golpe de estado falhado de 15 de Junho começou hoje em Mugla (Oeste do país), de acordo com a Lusa, citada por Mundo ao Minuto.
Entre os indiciados presentes a julgamento, 37 são militares. Três dos acusados vão ser julgados à revelia, com destaque para o predicador Fethullah Gülen, acusado por Ancara de ter fomentado o golpe de Estado desde o seu exílio nos Estados Unidos, e igualmente incluído noutros processos judiciais.
Os suspeitos foram conduzidos por forças de segurança para a sala de audiências perante as câmaras de televisão, enquanto cerca de 100 pessoas aguardavam a sua chegada, agitando bandeiras turcas, exibindo cartazes e lançando palavras de ordem contra os acusados e Gülen, algumas exigindo a aplicação da pena de morte.
O Presidente Erdogan, que estava de férias com a sua família na estação balnear de Marmaris, província de Mugla, na noite do golpe fracassado, afirma ter escapado por pouco aos golpistas.
"Se tivesse permanecido mais dez ou 15 minutos nesse local, teria sido morto ou capturado", assegurou Erdogan em 18 de Julho numa entrevista à CNN.
Dois polícias responsáveis pela segurança do Presidente foram mortos no tiroteio que então ocorreu, segundo a acusação.
O procurador já solicitou diversas penas de prisão perpétua contra cada um dos acusados julgados em Mugla.
"Os acusados estiveram em fuga durante um longo período. Uma parte foi detida uma semana depois, outros duas semanas depois", afirmou à agência noticiosa France-Presse Hüseyin Aydin, advogado de Erdogan.
Muitos dos suspeitos detidos estiveram escondidos em montanhas na região de Marmaris, incluindo em grutas, nos dias que se seguiram ao golpe que deixou 248 mortos, sem incluir os envolvidos na intentona.
"A sociedade seguiu tudo de muito perto, é por isso que se tornou num caso de sociedade", assinalou o advogado.
Após os acontecimentos de 15 e 16 de Junho ergueram-se diversas vozes na Turquia em defesa do restabelecimento da pena de morte, abolida em 2004 no âmbito da candidatura turca à União Europeia (UE). A sua reintrodução significaria o fim das conturbadas negociações de adesão, iniciadas em 2005.
Erdogan já afirmou em diversas ocasiões ser favorável ao restabelecimento da pena capital, caso a medida seja aprovada pelo parlamento.
Os processos judiciais desencadeados após o golpe abortado são de uma dimensão sem precedentes na Turquia, onde mais de 43.000 pessoas foram detidas nas purgas desencadeadas após o 15 de Junho e a posterior instauração do estado de emergência, que permanece em vigor.
Além dos presumíveis golpistas, as purgas têm atingido os meios da esquerda turca e os activistas pró-curdos, com diversas organizações a acusarem o poder de utilizar o estado de emergência para silenciar os 'media' e as vozes críticas no país.

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