sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Sabe-se, finalmente, como morreu Alois Brunner, um dos piores criminosos nazis



HOLOCAUSTO

Um dos criminosos nazis mais procurados terá, afinal, morrido há quatro anos na Síria

Alois Brunner, um dos criminosos nazis mais procurados, pode ter morrido afinal há quatro anos, na Síria, para onde se crê que tenha fugido depois da Segunda Guerra Mundial.
Brunner foi responsável pelo envio de mais de 128 mil judeus para os campos de concentração
AFP/Getty Images
Alois Brunner, braço direito de Adolf Eichmann, arquiteto da “solução final”, terá morrido há quatro anos na Síria. Brunner era um dos criminosos nazis mais procurados e foi responsável pela deportação de mais de 128 mil judeus para os campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial.
Efraim Zuroff, diretor do Centro Simon Wiesenthal em Israel, disse à BBC que tem “99% de certezas” de que o antigo tenente morreu. De acordo com Zuroff, a nova informação foi revelada em 2010 por um antigo agente secreto alemão, que tinha servido no Médio Oriente. A fonte, “segura”, informou o Centro Wiesenthal que Brunner tinha morrido de causas naturais em Damasco, onde terá sido também enterrado num local desconhecido. Apesar disso, o centro decidiu não divulgar os novos dados por não haver formas de os provar. “Não podemos prová-lo, mas temos certezas do que aconteceu”, explicou Zuroff. Em abril, o nome de Brunner foi retirado da lista de fugitivos porque completaria este ano 102 anos. Contudo, a notícia só foi divulgada por causa de um inquérito feito pelo jornal The Sunday Express, explicou o diretor do Centro ao The New York Times.
Brunner, um dos responsáveis pela “solução final” juntamente com Adolf Eichmann, enviou mais de 128 mil judeus para os campos de concentração, onde a maioria acabou de morrer. Em junho de 1943 tornou-se responsável pelo campo de Drancy nos arredores de Paris, onde os judeus eram reunidos e depois deportados. Até à libertação da França pelos Aliados, Brunner deportou 47 mil judeus austríacos, 44 mil gregos, mais de 23 mil franceses e 14 mil eslovacos. “Teve um papel importante na implementação da ‘solução final’ de Hitler de matar judeus”, disse Zuroff. “Era um monstro”.
Depois do fim da Segunda Guerra Mundial, acredita-se que tenha fugido para a Síria, onde viveu sob o nome de Georg Fischer. Segundo Zuroff, uma vez no país, Brunner terá sobrevivido a pelo menos duas tentativas de assassinato levadas a cabo pela polícia secreta israelita, em 1961 e 1980. Durante os anos que permaneceu na Síria, Brunner recebeu proteção dos vários regimes, que sempre impediram a sua deportação. Terá sido conselheiro do presidente Hafez al-Assad e instruído o seu governo no uso de táticas de tortura.

NAZISMO


Uma recente investigação revela finalmente como morreu Alois Brunner, um dos piores criminosos nazis, na II Guerra Mundial. Brunner conseguiu fugir, mas passou os seus dias num sótão sem condições.
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Uma recente investigação revela finalmente como morreu Alois Brunner, um dos piores criminosos nazis. No final da II Guerra Mundial, muitos criminosos nazis conseguiram fugir juntamente com uma grande massa de refugiados, que saíam de uma Europa em ruínas. Alois Brunner foi um desses criminosos, dá conta o El País. Agora sabe-se, não só que morreu na Síria, como também que morreu em péssimas condições.
Alois Brunner foi definido por Adolf Eichmann como o “seu melhor homem”, tendo sido responsável pela deportação de mais de 56 mil judeus de Viena, 43 mil de Thessaloniki, 14 mil da Eslováquia e 23,500 mil de França. Os dados da sua vida eram escassos, no entanto, uma recente investigação publicada na revista francesa XXI, conseguiu reconstruir a sua trajetória desde que fugiu para a Síria.
Alois terá passado os últimos tempos da sua vida num sótão, ainda que tenha sido um “servo de máxima confiança”, do regime de Adolf Eichmann. A sua morte foi anunciada em 2014, ainda sem certezas do que lhe havia acontecido, tendo Brunner sido considerado o último líder nazi ainda vivo. Com a sua morte, considerou-se que uma parte da história do século XX tinha sido fechada. Segundo afirma o El País, Alois Brunner nunca mostrou qualquer tipo de sinais de arrependimento pelo que havia feito.
A Revista Francesa, que conduziu a investigação, do percurso de Brunner, o “fanático nazi”, que nasceu em 1912, baseou-se no testemunho de três pessoas: uma delas, refugiada na Jordânia, dava-se pelo nome de Abu Yaman. Uma outra, de origem francesa e ainda uma síria. Yaman afirmou que, uma vez, viu Brunner de cuecas e todo o seu corpo era coberto de cicatrizes, não tinha o olho esquerdo e tinha apenas três dedos numa das mãos.
Segundo dá conta a revista, Brunner terá chegado a Damasco em 1953, através do Egito, e com um passaporte falso: Georg Fischer, chamava-se. Tornou-se aliado do então presidente sírio Hafez Al-Assad, em 1971, tornando-se uma personagem essencial na organização, que pretendia manter o país em terror absoluto.
No entanto, à medida que mais provas iam surgindo de que Brunner estava em Damasco, o regime sírio decidiu trancá-lo, não apenas para o proteger, como também para se proteger a si. Segundo contaram os antigos guardas, (que não dão nenhuma data específica) foi no final dos anos 90 que Brunner foi confinado a um sótão “sujo”, como afirma a revista, onde viveu até morrer, sem medicação, com pouca alimentação, falta de luz e ar e ainda uma doença na pele. Aquando a sua morte, Brunner foi enterrado com rituais muçulmanos.
Para os que sofreram nas mãos de Brunner e não sabiam em que circunstâncias tinha vivido, saber que o final dos seus dias foram em sofrimento, num sótão escuro e sem condições, não os fazia sentir qualquer tipo de pena.

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