Sabiam que para além do FIPAG (73%), os donos da Águas da Região de Maputo são Raul Domingos, Américo Magaia (que representa um grupo de militantes da Frelimo) e Arnaldo Lopes Pereira (Ex-BCI, e com ligações a Consultec e a muitos outros empreendimentos) (17 %)? Que um dos sócios recentes foi Armando Guebuza? Que a empresa está em falência técnica e com dívidas avultadas a fornecedores e credores (Banco Mundial e BAD)? Que paga uma renda mensal fixa (valor não apurado) e outra variável ao FIPAG (20 milhões de Meticais)? Que no contrato que detém com o Estado, a AdM tem a obrigação de, em caso de restrição, garantir água em todos os bairros de Maputo e Matola usando fontes alternativas (tanques cisternas ou furos de água)? Que se ela não fornecer água coloca em causa o contrato que tem com cada cliente? Que o modelo de restrição anunciado é impraticável porque a rede das cinco áreas operacionais (Matola, Maxaquene, Chamanculo, Laulane e Machava) está interligada num sistema de malhas, sendo impossível o seu seccionamento; que o mais racional seria reduzir o fornecimento em horas e não em dias (assim como se fosse uma dieta para perda de peso; cortar no número de refeiçoes e nao ficar um dia inteiro sem comer...)? Que a medida restritiva devia ter entrado em vigor em Dezembro mas houve um recuo por causa do seu impacto nas festas do fim do ano? Que este é um assunto político por excelência e merecia um tratamento sério por parte do Governo? E que esta crise não é para ser tratada de animo leve? Que a AdM nao devia andar por aí a pronunciar-se sobre as bacias hidrográficas pois isso é da alçada da Ara SUL, a quem a AdM paga uma factura mensal pela compra de água; que alternativas de fontes nas barreiras da Maxaquene e Malanga levam meses a seres concretizadas? Quem a AdM deu um tiro no próprio pé em termos de comunicaçao, expondo-se a uma provável fuga ao pagamento de facturas, com um impacto tremendo na facturacao de uma empresa altamente endividada? Que nos ultimos 3 anos a AdM perdeu milhoes de Meticais por corrupçao nunca investigada cabalmente, nem julgada nem condenada? Que...
PS: Alguém tem uma foto do Arnaldo Lopes Pereira?
Água
Vejo muitos maputecos a gritarem que água isto, e água aquilo. Até tem sua razão em fazer isso, pois sendo Moz um estuário de quase três principais rios e mais uns outros de uma certa importância, não faz sentido que tenhamos este tipo de problema.
Mas até Dezembro de 2016, nós todos sabíamos que somente tínhamos o Umbeluzi para abastecer a Cidade Grande em água, e até esse tempo ninguém teve uma opinião sobre a necessidade de usar meios alternativos para reforçar a capacidade do abastecimento da água à Cidade de Maputo.
Falou-se, nos meados do ano passado, na possibilidade de não financiamento da construção da barragem Moamba Major, que seria uma das saídas aos maputecos para molhar a garganta, e isso foi festejado como sendo um "ainda bem" por alguns segmentos que eu e tu conhecemos.
O que sobressai nisto tudo?
Egocentrismo. O maputeco é um gajo egocêntrico, que se acha no meio do sol e a ditar as regras. Para ele tudo é minimizado se não lhe toca, e analisa os problemas estruturais com base no seu umbigo ínfimo e no seu ego metropolitano.
Para o maputeco, os ataques no rio Save são normais e têm sua razão de ser, desde que eles não atinjam o seu bairro e os seus familiares, por isso que brinca com as tréguas temporárias, minimizando-as, sem saber que há quem chorou de emoção por causa delas.
Esta questão da água, não era debatida com tanta paixão como se vê agora, pois o maputeco tinha água aos jorros, e até fazia gifts a regar isto mais aquilo, e aí tudo estava bem. Mas agora que há restrições, e o maputeco é chamboqueado directamente nos seus glúteos avantajados, eis que vem aqui oferecer semi-soluções que devia ter dado há bué.
Enquanto o maputeco agir desta forma, o de se fazer no centro de toda a acção governativa, há de ser sempre aquele ser narcisista, sem uma visão comunal do país e dos seus problemas, e sempre vai pensar que os problemas localizados na Cidade das Acácias devem agitar um país inteiro, por atingem a ele, sua eminência parda.
Não sabe, o maputeco, que há cidadãos que nem este dia de restrição não têm, mas como não era com ele, isso não era problema nacional, e se fosse dado três minutos de decisão, a sua primeira, segunda e terceira decisão seria que todo o orçamento do Estado deve resolver o problema de água para si e os seus, e depois para os seus vizinhos, e mais tarde deve se reservar o restante para reparações pertinentes.
O maputeco é um ser egoísta e que quer sempre nadar acima de todos, e quando sofre, pensa que ele não tem que passar por isso, como se houvesse muitos jesuzes que devem morrer por ele na cruz para se salvar.
O país é grande e há muitos desafios. Maputo é somente a capital do país. Moçambique.
Nós que vivemos na diáspora só vos olhamos e descobrimos esse vosso egoísmo infantil, e continuamos a poupar água. Afinal quando a barba do vizinho está em chamas, a nossa deve estar de molho.
PS: Eu também já fui maputeco, e sei do que falo.
Nhanisse!
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