sábado, 14 de janeiro de 2017

A causa fundamental da pobreza em Moçambique


A causa fundamental da pobreza em Moçambique

Negar factos, não ajuda a mudar o "status quo" de quem é pobre. Moçambique é um país pobre, onde a maioria das pessoas vive uma vida de má qualidade, mesmo não passando fome. A desnutrição, por exemplo, afecta pessoas mesmo onde há alimentos bastantes.
Qual é o problema?
"Educação", é a resposta! Mas educação orientada para um objectivo bem definido: o progresso nas dimensões científico-tecnológica, cultural, espiritual e material. O progresso material, sem as outras dimensões, é insustentável.

O argumento que sustenta este ponto de vista é seguinte.

Nesta semana que hoje (sábado) termina, estiveram a decorrer exames de admissão à Universidade, na UEM.
Cursos mais concorridos?
"Administração Pública, Direito, Contabilidade e Finanças, Gestão e Economia", é a resposta!
Agora vamos lá ser sinceros aqui. Estes cursos formam pessoas que depois vão engrossar o exército de desempregados, os quais já começaram a lutar abertamente contra o poder político instituído, com a ajuda dos "media" anti-regime.
Moçambique é um país abençoada com enormes reservas de uma vasta de recursos naturais que são usados como matérias-primas nas indústrias de alimentos, medicamentos, utensílios domésticos e industriais, incluindo agulhas, alfinetes, pregos, parafusos, electrodomésticos, mobiliário do todo tipo e maquinaria pesada, tudo isto que este país importa com a parca renda que obtém da exportação dos seus abundantes recursos naturais em bruto.
O que se passa aqui? Por que não mudar o paradigma de educação em Moçambique, instituindo um sistema de educação que privilegie a habilitação de pessoas para gerar soluções que promovam o progresso científico e tecnológico do país, contanto que que é o progresso científico e tecnológico que permite a geração de soluções que promovem o progresso material sustentável de uma Nação?
Visitando algumas as feiras de ciência, tecnologia e inovação—organizadas pelo agora Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Ensino Técnico-Profissional—, pude dar-me conta de que o espírito de inovação existe em Moçambique, mas não tem o estímulo e acompanhamento de que necessita para gerar o embrião da indústria transformadora moçambicana. Vi protótipos de máquinas engenhosas para cascar mandioca, ralar coco, pilar amendoim, ideadas por mentes moçambicanas conhecedoras dos hábitos alimentares do nosso mosaico cultural.
Quem abraçou esses inventores/inovadores? Qual é a atitude do empresariado, em colaboração com o Governo, gestor do Estado? Qual é a política nacional para a promoção da invenção e da inovação científica e tecnológica? Como está sendo implementada essa política? Quem avalia o seu sucesso ou insucesso? O que se faz com os resultados dessa avaliação, crendo que se faz?
Sabeis, compatriotas, a Arábia Saudita está no topo da lista dos países que produzem petróleo, presentemente a principal matéria-prima para a indústria de geração de energia cinética artificial do planeta Terra, e também para as indústrias petroquímica (para o fabrico de borracha sintética, espuma de borracha, e diversos tipos de plásticos) e de medicamentos. A riqueza material dos sauditas deriva a exploração e comercialização deste recurso natural (petróleo). Paradoxalmente, a Arábia Saudita é o país científica e tecnologicamente mais vulnerável do mundo! Dá para entender? É simples: os sauditas compram tudo com o petróleo, mas menos inteligência e habilidades para assegurar a replicação e sustentabilidade da sua riqueza material. Será que os moçambicanos querem ser como os sauditas…?
Outro exemplo, clássico, é o grego. Grécia é conhecida como o berço da ciência universal. Foi na Grécia onde se desenvolveu o primeiro sistema de instrução científica e tecnológica. Mas é a Grécia é hoje um país científica e tecnologicamente atrasado. O que aconteceu? Simples: a Grécia desenvolveu um sistema de educação que não privilegiava a experimentação e a invenção. Resultado: Grécia é ausente dos países de originários das invenções que transformaram o modo de vida dos seres humanos. A única invenção de relevo dos gregos é a "Democracia", que até nem se quer é bom sistema de organização da sociedade, sem que seja combinado com a noção de "República", esta inventada pelos romanos. Será que os moçambicanos querem ser como os gregos…?
Enfim, o meu ponto é que, para desenvolver Moçambique, os moçambicanos precisam de inventar um sistema de educação que promova a formação de pessoas que usam o conhecimento para *fazer* mais e *falar* pouco; um sistema de educação que promova o progresso científico e tecnológico de Moçambique, por forma a facilitar o progresso material sustentável. Temos que encontrar um esquema de educação que promova a produção de cientistas e engenheiros empreendedores. Temos que encontrar um esquema de educação que faça com que as nossas crianças gostem de Matemática, Física, Química, Biologia, Ciências Médicas e Veterinárias, Ciências Alimentares e Nutricionais, Geografia Física, Geologia, Geofísica e Engenharia. Estas é que são as áreas de formação que habilitam a invenção de soluções materiais para assegurar o desenvolvimento efectivamente sustentável de Moçambique. A causa fundamental da pobreza em Moçambique é a falta de visão desenvolvimento nos moldes propostos neste textículo (não testículo!).
Algum protesto? Havendo, então que venha com argumentos que não tenham nada com o que estou a imaginar…!
Thom RudeBoy Chicomba
Thom RudeBoy Chicomba Concordo plenamente contigo ilustre as suas ideias eu pensei antes ate cheguei a discutir com alguns amigos, na minha opniao pra tal sugiro pra que haja uma mudança de sonhos de nossas crianças quanto aquilo que eles queiram que sejam! Não estava na moda sonhar em ser enginheiro mecanico nos anos mas sim ser um economista, advogado algo assim do genero.
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Edson Chichongue
Edson Chichongue Boa tarde prof.

Aprecio muito esta sua análise sobre a causa da pobreza em Moçambique.


Quando as acções de uma universidade não tem impacto directo na sociedade, então ela não funciona. 

A forma como as nossas universidades funcionam não é de orientar os estudantes para a transformação ou geração de mudanças na sociedade, o exemplo disso é que há de encontrar uma instituição de ensino superior q introduziu o curso de Administração e Gestão de Negócios e que já formou mais de 500 pessoas mas nenhuma delas já gerou um pequeno negócio.

Parece que se está a formar pessoas para serem teóricos ou observadores.

Veja que no currículo actual foi introduzida a cadeira de Empreendedorismo no ensino secundário geral mas os leccionadores desta são indivíduos q em muitos casos nunca conseguiram abrir nem se quer uma baraca.
.
Nos outros países atualmente as universidades funcionam num modelo triade universidade—empresa—sociedade e vice—versa. 

Neste país falar de incubadoras até na UEM ainda é uma utopia.

Em fim, um dia voltarei a comentar sobre isto pois preocupa—me.
Gosto · 3 · 20 h
Tomo Valeriano
Tomo Valeriano Facto!
Caro professor, aquém devemos imputar a responsabilidade de mudar este paradigma?
Nalgum momento, acho que somos uma nação sem agenda (os tomadores de decisao) visto não saberem quais as prioridades do país nas áreas chave de formação? 

Precisamos de uma agenda mais séria neste país e so assim lutaremos contra a pobreza.
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Mebanze Joao
Mebanze Joao AGENDA ATÉ K TEMOS. Mas uma agendinha guiada por um imediatismo extremo.
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Tomo Valeriano
Tomo Valeriano Qual agenda meu mano? Dados quantitativos apenas.
Infelizmente Mebanze Joao
Gosto · 1 · 13 h
Rosario Cumbane
Rosario Cumbane Muito profundo o texto é estou de acordo com o professor mas na minha opinião, esta ideia de se despertar o gosto pelas disciplinas que o Prof faz referência neste post deve ser acompanhado pela formação dos respectivos professores de qualidade de modo a servirem de referência para os seus alunos pós os que andam pôr aí nem resolver um problema de matemática simples para eles conseguem e concordo ainda que o cientistas para falarem muito são tantos só temos falta dos que produzem comida e ...
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Hermes Sueia
Hermes Sueia É preciso complementaridade.............
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Hermes Sueia
Hermes Sueia Nenhuma área de saber funciona totalmente isolada das outras......
Gosto · 1 · 20 h
Julião João Cumbane
Julião João Cumbane Eu não disse o contrário, Hermes Sueia. Atenta o texto! Eu estou a sugerir que se promova a formação nos domínios que estímulo a criatividade e o engenho, qual forma para Moçambique dar um salto e sair da pobreza...
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Nayo Macamo
Nayo Macamo Concordo plenamente Professor. É só olhar para as maiores economias do mundo em que áreas estão a apostar. Japão, Índia, China, Brasil estão a frente nas novas tecnologias e não é por acaso. Eles investem em educação e apostam em ciências. Por ca estamos preocupados em fazer letras sem Matemática acoplado a passagens automáticas. E depois reclamamos quando há recrutamento para projectos de gás e petróleo e são estrangeiros a ganhar salários chorudos.
Gosto · 2 · 20 h
Hermes Sueia
Hermes Sueia E essas maiores economias do mundo só vivem de engenheiros?
Gosto · 19 h
Nayo Macamo
Nayo Macamo Não. Mas o desenvolvimento não pode ser feito apenas com ciências sociais.
Gosto · 1 · 19 h
Harrison Ruben
Harrison Ruben Bem falado prof. Seria bom começarmos a reflectir seriamente sobre o ensino das ciencias no nosso pais desde o nivel basico até o nivel superior.
Gosto · 1 · 20 h
João Carlos
João Carlos É sempre um imbroglio e controversa apurar porquê certos países ou nações se desenvolvem ou prosperam relativamente aos outros. Ou explicar o atraso de muitos relativamente aos outros.
A educação ou sistemas educativos é uma parte importante da justificativa, mas não é tudo. Outras variáveis preponderantes entram em cena nessa complexa equação. Fórmula resolvente? Ainda não apareceu!
Gosto · 19 h · Editado
Julião João Cumbane
Julião João Cumbane Existe "fórmula resolvente", sim senhor, João Carlos: mudar o paradigma educacional, introduzindo novos conceitos para a preparação de pessoas para a vida. Grécia inventou a ciência, certo? Sim! E ficou a ensinar a argumentação com recurso à lógica sem experimentação, certo! Sim! Resultado: os outros submeteram os argumentos ao teste da experiência e, zás, abriram caminho para o progresso tecnológico que depois estimulou a actividade científica e este estímulo requereu mais avanços tecnológicos para submeter novas ideias à prova da experiência... Hoje a Grécia é um país científica e tecnologicamente atrasado, porque só mais adoptou este paradigma na preparação das pessoas para a vida...
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Nércia Sendela
Nércia Sendela Bela visao
Gosto · 19 h
Antolinho André
Antolinho André Excelente reflexão professor, esperamos que a mesma seja replicada no Ministério de Educação de modo que as Escolas Pré Universitárias incutam nos jovens. A escolha dos Cursos tem a ver com a interacção diária dos candidatos. Os professores tem uma tarefa importante nesse processo.
Gosto · 1 · 19 h
Eunicio Jeje
Eunicio Jeje 👍🏾
Gosto · 1 · 17 h
Carlindo Reginaldo Uaque
Carlindo Reginaldo Uaque Certo prof... espero que no dia que pensar em compilar as suas publicações num livro não esqueça desta..., pois terei maior prazer em reler.
Gosto · 1 · 15 h
Manuel Domingos J. Cossa
Manuel Domingos J. Cossa Prof. Congratulations. Enquanto o prof professar a religião ou seita Frel aqui no fb, o status vai se manter.... prof, meu u conselho;:Morda e não sopre
Gosto · 1 · 14 h
Hermes Sueia
Hermes Sueia Concordo Professor..... todavia, julgo que temos um défice grande em todas as áreas do saber.... e os poucos engenheiros formados não têm ocupação.....as fábricas fecharam todas.....antes de formar outros comecem por ocupar os mais velhos.
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Yaqub Sibindy
Yaqub Sibindy Eu fico confuso, quando a Frelimo se conforma com impactos da pobreza enquanto dentro das suas fileiras existem gente visionária como o Professor Julião João Cumbane!
Bem vindo Professor ao "pensar" NOVO MOÇAMBIQUE!
Gosto · 2 · 5 h · Editado
Faizal Jamal
Faizal Jamal Talvez alguém esteja tirando benefício disso, porque não é possível que desde 1977 a quando do 3o congresso da FRELIMO estejamos a falar da mesma coisa mas nem água vai e nem água vem...

O currículo educacional de 1983 (lei 4/83) da grande primazia a 
educação vocacional e técnica científica.

A lei 6/92, A política nacional de educação de 95, os planos estratégicos de educação desde 1999 até o de 2012-2016 todos têm como enfoque as denúncias do carro professor Julião João Cumbane, entretanto nada acontece de que lado está o problema???
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Hermes Sueia
Hermes Sueia A prioridade é restaurar a paz e a estabilidade, pressupostos de partida para equacionar com sucesso uma estratégia de desenvolvimento..... não me parece que haja falta de estratégias . Falta, isso sim, ambiente para a sua implementação.
Gosto · 1 · 5 h
Hermes Sueia
Hermes Sueia Como bem enunciou o amigo Jamal a receita para o fortalecimento da educação técnica existe há muito....e existem acções em curso (reforma curricular, abertura de institutos tecnológicos etc....)..... vão dizer que sou lambe botas......kkk
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Sergio Baloi Sergio
Sergio Baloi Sergio Parabéns pala análise bem detalhada professor desta vez vou ter que concordar não tenho como
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Celso Timana
Celso Timana Sim, de facto, está certo. Acrescentar que a educação não é o único factor que determina o desenvolvimento dos países. Pode se acrescentar a ela mais alguns factores tais como: Aspectos culturais; as instituições do Estado; o avanço tecnológico; a localização geográfica...e.t.c
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Elias Daniel Mutemba
Elias Daniel Mutemba Professor! Concordo plenamente consigo, mesmo sendo eu Politoligo, que está incluído nos cursos que o professor os critca ou melhor, chama atenção, devo dizer que primeiro fiz um curso profissional, e só depois de estar a trabalhar e com família construída, enverdei por fazer o que gosto, 
O problema no meu entender, começa logo no ensino secundário onde damos diplomas de 12 classe a alunos que no fim não são pedreiros, carpinteiros, contabilista, varredores, cozinheiros, alfaiates ou qualquer coisa que seja profissional 
Aí começa o problema, quando esse aluno não consegue entrar na universidade, ficamos com alguém que tem 12 classe e não sabe fazer nada/ todos os alunos deviam seguir o sistema Alemão onde só os melhores dos melhores é que passam da 10 classe diretamente para 11 e 12 sem ser em escolas de formação profissional, 
O resultado disso é que quase todos os alunos com 12 ano, tem formação profissional/ a Alemanha tem poucos universitários mas mais profissionais
O problema não começa na universidade/ começa quando se aboliu todo o ensino profissional, chegando a abolir a Secretaria do Estado de Educação Técnico Profissional que funcionava junto do Ministério da Educação, fundada na altura em que Graça Machel era Ministra da Educação
Lembra se professor!
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Claudio Zunguene
Claudio Zunguene Concordo com a sua visão professor. Acrescento o seguinte: a educação que Moçambique precisa deve estar virada também para a formação do Homem para a cidadania e promoção da solidariedade.
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Raul Junior
Raul Junior O actual modelo de educação faz com que as crianças não gostem de matemática e consequentemente de disciplinas afins como Fisica, Quimica, ...Os professores bem formados nestas áreas preferem trabalhar fora da educação! Dito de outra forma faltam professores das ciencias ditas exactas. Se quiserem saber procurem saber do perfil do professor de matematica!
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