segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

GASTOS SUPÉRFLUOS PELO NATAL,

(DIA DA FAMÍLIA) E FIM DO ANO

Vinde, comei do meu pão(…) deixai os insensatos, e vivei; e andai pelo caminho do entendimento” Provérbios 9:5-6
Confúcio, esse grande pensador asiático, disse um dia: “Aprende a viver bem, e bem saberás morrer”.A nós, moçambicanos, falta aprendermos essa grande lição do Mestre Confúcio. O exemplo da nossa ignorância está às portas. São os gastos supérfluos com os Dia de Família (ou Natal) e de fim do ano. Ao invés de vivermos bem todo o ano, a nossa alegria resume-se em dois dias! Trabalhamos arduamente durante doze meses e somente temos um desnecessário regabofe durante dois dias! Doze meses do maior esforço financeiro e o dinheiro voa em dois dias! Nesses dois dias o passado colonial vem visitar-nos. Queremos “comer bem” pelo menos uma vez por ano. Para quê e porquê ter uma mesa recheada de guloseimas só durante dois dias, se a vida não acaba nesses dois dias! A nossa “Ceia do Natal”, composta de peru,bolinhos de bacalhaupanetone,fios de ovos, etc., tem a sua origem atrelada aos colonizadores portugueses! Porque, no que à alimentação diz respeito e pelo conhecimento prático que temos, mercê de muito calcorreio pelas aldeias, vilas e cidades desta pérola do Índico, podemos concluir com uma pequena margem de erro que, de Palma a Matutuine e de Ponta Gêa a Mukangadzi, a maioria dos moçambicanos, durante o ano inteiro, vive manietada por hábitos e tradições, (seculares, alguns), quebrados somente em dois dias de cada ano. As populações, das zonas urbanas e periurbanas (espaçoeste último, onde as actividades rurais e urbanas se misturam, dificultando a determinação dos limites físicos e sociais do espaço urbano e do rural), dizíamos que a maioria das populações nesse espaço geográfico alimenta-se invariavelmente de dois tipos de produtos: arroz com carapau (ou vice-versa), arroz com frango (ou vice-versa). Nas zonas rurais, predomina, conforme a região, o hábito de comer xima de cereais: (farinha de milho, de mandioca, de mapira ou mexoeira), com peixe variado (fresco ou seco), xima com folhas verdes (de mandioca, de feijão nyemba, de abóbora), de batata-doce (cicito ou dhledhlele), ou de therere (quiabo). Este é o tipo de alimento que acompanha as populações no decorrer de todo o ano, por estar mais ou menos acessível à maioria da população moçambicana. Ao dizermos população, referimo-nos à populaça, à plebe, ao populacho. Gente que constitui a maioria do povo, apelidado pelos dirigentes de “o nosso Povo”. O povo eleitor. Quanto ao consumo de carne e outros produtos nutritivos, esses verdadeiros manjares ou “maná dos deuses”: (file mignon, file de costela, ponta de agulha, alcatra, coxão duro, cupim, maminha, etc.), isso pertence à classe mais privilegiada, verdadeiramente das cidades, que geralmente vai ao “shoping” de carteira recheada. A populaça amarra o cinto durante doze meses, para soltá-lo durante somente dois dias nos quais consome alimentos equivalentes a um ano e depois regressa à “estaca zero”. De que estamos à espera para aprendermos a viver bem todos os dias, a fim de bem sabermos morrer!?

Kandiyane Wa Matuva Kandiya
nyangatane@gmail.com

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