domingo, 4 de dezembro de 2016

“É simplista e errado qualificar Fidel como ditador”


António Filipe:

03 Dezembro 20165.163
Na semana do XX Congresso do PCP, o deputado António Filipe diz que Cuba não é uma ditadura, fala em eleições "participadas" e nega a existência de presos políticos. São "mitos". Leia a entrevista.
“Não qualifico como ditadura aquilo que se passa em Cuba”, diz António Filipe, deputado do PCP, em entrevista ao Observador. Este membro do Comité Central do PCP – cujo XX Congresso decorre este fim de semana –, vai longe na defesa do regime cubano: “Estar a qualificar Fidel Castro como um ditador não é só simplista como errado”. O dirigente comunista que na sexta-feira fez uma intervenção no congresso sobre Justiça, diz que existe “uma enorme participação cívica” em Cuba, e classifica como “mitos” as prisões políticas e as “restrições de liberdades” do regime agora liderado por Raul Castro.
O deputado comunista faz depender futuros acordos com o PS de um rompimento com a lógica europeia, critica os ataques “inusitados” do Bloco de Esquerda ao PCP e considera “lamentável” os episódios da Caixa Geral de Depósitos. Quanto à difícil situação financeira do próprio Partido Comunista, António Filipe defende uma austeridade interna, de “contenção de custos” e um aumento das quotizações dos militantes. Sobre a identidade do partido, mantém a Revolução Bolchevique como referência e prefere louvar as “conquistas” do que denunciar os “crimes” que diz já terem sido assumidos no passado.

Memórias da faculdade: “Costa quebrou a unidade” de uma “geringonça” na Associação de Estudantes

Conheceu o atual primeiro-ministro na faculdade e até se conta a história — descrita numa das recentes biografias de António Costa — de que teve de o expulsar à força da sala da Associação Académica de Direito, cujas eleições a JS tinha perdido… Recorda-se desse episódio?
Recordo, mas não tive nenhuma interferência direta. De facto, a lista a que pertencia António Costa perdeu por poucos votos e houve uma impugnação. Ganhou uma lista de direita, que forçou a entrada nas instalações da associação, mas não tive nada a ver com isso.
Mas esta história de ter quase chegado a vias de facto com António Costa vem de onde?
Comigo nunca houve nenhum problema desse tipo com António Costa. A lista a que eu pertencia ficou em terceiro nessas eleições. Assisti à contagem de votos e à discussão que houve no fim da contagem. As urnas tinham sido violadas e, por isso, todos os votos que entraram no primeiro dia foram anulados. Houve mais um dia de eleições para compensar esse primeiro dia.
As urnas foram violadas por quem?
Havia algumas suspeitas que recaíam sobre uma lista de pessoas ligadas à extrema-direita. A Comissão Eleitoral decidiu não considerar aquela lista, cujas assinaturas eram manifestamente falsificadas. A represália terá sido o arrombamento com um pé de cabra da sala, onde as urnas estavam fechadas. Na manhã seguinte, os votos estavam todos espalhados pelo átrio da faculdade, o que levou à anulação desse primeiro dia de eleições. Depois sei que houve elementos da lista vencedora de direita [JSD e JP] que, com a ajuda de pessoas vindas de fora, forçaram a entrada nas instalações. Mas não assisti presencialmente a isso.
"A JCP tinha estado na mesma associação de António Costa. Dois anos antes, tinha havido uma lista que nos juntava a todos. Depois, enfim, a JS de Direito decidiu quebrar esse esforço de unidade e apresentou-se sozinha às eleições. Venceu, na primeira vez. Depois ganhou a direita"
Imaginava que seria com aquele homem que o PCP ia pela primeira vez entender-se para viabilizar um Governo?
Não imaginava. Mas não era uma coisa que repugnasse. A ideia de poder haver entendimentos entre o PS e o PCP foi algo pelo qual o PCP sempre pugnou. Já agora também posso lembrar: antes desse acontecimento [eleições académicas] nós — JCP de Direito –, tínhamos estado na mesma associação de António Costa. Dois anos antes, tinha havido uma lista que nos juntava a todos. Depois, enfim, a JS de Direito decidiu quebrar esse esforço de unidade e apresentou-se sozinha às eleições. Venceu, na primeira vez. No ano seguinte, depois daqueles acontecimentos, perdeu.
Então foi António Costa que rompeu o acordo com o PCP na faculdade?
Exatamente. Tinha havido uma lista conjunta, que venceu a Associação, e depois houve uma lista da JS que achou que podia ganhar sozinha e que quebrou essa unidade.
António Costa quebrou essa unidade porquê?
A JS tinha aspirações de ser a força hegemónica na Associação de Estudantes.
Isso é um bom paralelo com os dias de hoje…
Espero que não. Na altura, António Costa quebrou a unidade. No imediato venceu as eleições. No ano seguinte abriu as portas a que fosse a direita a conquistar a associação. Seria bom a que atentasse nessa lição da sua história pessoal.

Os lucros do acordo com o PS: “De facto, tem valido a pena”

Mas hoje há sondagens. Se o PS se aproximar muito da maioria absoluta não pode haver a tentação de querer ficar sozinho?
Ultimamente temos passado o dia seguinte às eleições a tentar explicar porque é que as sondagens falharam tanto. Portanto, sobre as sondagens é preciso termos sempre alguma cautela. Agora, creio que a experiência que os portugueses têm de soluções governativas não aconselha muito a que confiem a governação do país a uma maioria absoluta do PS. Tivemos uma experiência terrível de maiorias absolutas de governos de direita, mas, importa referir que a experiência que tivemos de maioria absoluta do PS [de José Sócrates] foi tudo menos um Governo de esquerda. Tinha uma retórica de esquerda, mas tinha uma prática que em nada se distinguia da política de direita. É bom que os portugueses não esqueçam essa experiência e que compreendam bem a diferença.
"O acordo está efetivamente a ser cumprido" 
Nas teses do partido pode ler-se que a “solução política alcançada não responde naturalmente ao indispensável objetivo de rutura com a política de direita”. Então a viabilização do PS é apenas instrumental para PSD e CDS não irem para o poder?
Nem lhe chamaria apoio. O que há é um acordo que foi assinado, que tem um conteúdo concreto e que tinha e tem um objetivo: pôr termo à política do Governo PSD/CDS. O compromisso de ambos os partidos é, de facto, o cumprimento daqueles pontos. Quanto ao resto não temos ilusões: em matérias importantes há posições muito divergentes entre o PCP e o PS que se refletem em algumas opções governativas que o PCP não acompanha. Isso foi assumido desde o início. Mas também foi sempre assumido que a existência dessas divergências não põe em causa o cumprimento daquele acordo. E o acordo está efetivamente a ser cumprido. Temos a convicção que, de facto, valeu a pena e tem valido a pena. Os portugueses podem sentir essa diferença. Esta diferença não se sentiria se tivéssemos uma maioria absoluta do PS.
As suas palavras levam a crer que não acredita que o PS mudou. O PCP não mudou em nada? Este PCP que enfrenta o XX Congresso é o mesmo de congressos anteriores?
Na sua identidade, não. Na sua natureza enquanto partido, na sua conceção ideológica, no seu programa, obviamente que o PCP mantém as suas características identitárias. Evidentemente que, em cada momento político, em cada geração, há que fazer uma apreciação da situação. O que se fez após as eleições legislativas, e à luz daquilo que foi a nossa experiência dos últimos quatro anos, foi a de que havia uma possibilidade real de travar essa política. O PCP tinha aqui, na correlação de forças criada com as eleições, uma possibilidade real de influenciar essa mudança de rumo.
Há uma maior abertura do PCP?
Sempre houve. O PCP nunca se recusou a isso. Aliás, o PCP sempre lamentou que os entendimentos preferenciais do PS fossem com os partidos à sua direita.
A maioria das medidas já está incorporada nos dois orçamentos, Jerónimo de Sousa já disse que era muito difícil fazer um segundo acordo com o PS… O que é que isto quer dizer?
Pensamos que se virou uma página: houve reposição de direitos, que tinham sido retirados pelo Governo anterior, agora achamos que isso não é suficiente. O caminho estreita-se. Ou seja, é nossa convicção de que é preciso uma rutura mais profunda com as orientações que têm sido levadas a cabo no nosso país, designadamente os constrangimentos que nos são impostos pela moeda única. E aí há uma divergência em relação ao PS…
"Aquilo que me parece evidente é que esta solução tem limites. A manterem-se os constrangimentos que nos são impostos pela pertença ao euro e pelas orientações dos critérios de convergência que foram estabelecidos no âmbito da zona euro, não é possível existir uma rutura mais profunda com o que tem sido a política dos últimos anos"
Num eventual novo acordo, se o PS voltar a precisar do apoio do PCP, não há acordo se não for revista, por exemplo, a posição da renegociação da dívida?
Não podemos funcionar na base de futurologias. Agora, aquilo que me parece evidente é que esta solução tem limites. A manterem-se os constrangimentos que nos são impostos pela pertença ao euro e pelas orientações dos critérios de convergência que foram estabelecidos no âmbito da zona euro, não é possível existir uma rutura mais profunda com o que tem sido a política dos últimos anos, que permita ao país e aos portugueses recuperar e melhorar as suas condições de vida. Há uma contradição que mais cedo ou mais tarde virá ao de cima. Portanto, se o PS insistir na necessidade de não questionar estes constrangimentos chegaremos obviamente a um ponto, não sei dizer quando, em que vai haver uma contradição insanável entre isso e aquilo que nós consideramos que é indispensável para o país. Daí chamarmos sempre atenção para os limites que este acordo tem, insisto, se o PS se mantiver fiel àquilo que considera serem os compromissos que deve assumir relativamente à União Europeia.
Mantendo-se o PS fiel a esses compromissos, o PCP jamais repetiria esta aliança?
Não posso dizer isso assim. Para já, não sabemos qual será a evolução da União Europeia. Tudo é muito incerto. Até o futuro do euro é o que há de mais incerto. Não podemos fazer futurologia que vá além do curto prazo.
Sim, mas temos um quadro claro: o PS defende o euro e a União Europeia. Portanto, deixava a direita governar num quadro parecido a este?
O PS ao ser prisioneiro desses constrangimentos está a limitar muito as possibilidades de acordos futuros. Parece-me evidente.
Perante o mesmo dilema de a direita poder governar se o PCP não fizer um acordo com o PS, o PCP deixa a direita governar?
A questão não pode ser posta nesses termos.
Foi nesses termos que se pôs agora…
Foi nesses termos que se pôs agora, mas num quadro em que o PS assumiu determinados compromissos. Não estamos perante um cheque em branco. Não houve um cheque em branco ao PS dizendo: “Bem, a direita tem de ser afastada do poder, o PS pode ser Governo e faça o que quiser”. Não foi nunca assim que as questões foram colocadas. O que posso garantir é que cheque em branco não haverá.
Há muita gente do PCP contra esta solução política?
Não, não creio.
Não há gente desconfortável?
Não diria desconfortável. Naturalmente que há interrogações relativamente ao futuro do país, às opções governativas… Mas há uma grande compreensão relativamente à posição que o PCP tomou. Compreensão a todos os níveis. Compreensão relativamente à insuficiência da política deste Governo, e relativamente ao papel que o PCP na atual correlação de forças.
Mas deixe-me insistir. A solução encontrada parece ter cumprido grande parte dos compromissos assumidos. O que é que o PCP espera mais desta solução?
Achamos que é possível ir mais longe em mais coisas. No domínio laboral, por exemplo. Os trabalhadores portugueses não foram só lesados nos seus salários, mas também noutros domínios designadamente com a liquidação da contratação coletiva. Ou seja, a instituição da caducidade dos contratos coletivos fragilizou imenso os direitos negociais dos trabalhadores. Há necessidade de repor equilíbrio nessa relação laboral que foi rompido.

Caixa Geral de Depósitos: “O PCP não apoiará despedimentos”

Não referiu, por exemplo, a questão da banca, que é um dossier muito importante para o PCP. Porquê?
A base dos problemas que a banca atravessa tem que ver com a forma como a banca foi entregue aos banqueiros privados e, por isso, para nós o controlo público da banca nacional é um elemento fundamental. Daí defendermos a Caixa Geral de Depósitos e a necessidade de recapitalização da Caixa que permita ao país ter um banco público forte. Tirando algumas situações lamentáveis, verifica-se que há aí convergência nesse ponto. Achamos mais do que isso: achamos que a banca nacional deveria ser uma banca pública.

PERGUNTAS RÁPIDAS PARA RESPOSTAS RAPIDÍSSIMAS

Pode classificar o jovem António Costa na faculdade?
Era um jovem inteligente, com muita argúcia.
Já passou alguma vez férias num resort em Cuba?
Não. Passei uns dias por um resort em Cuba. Três dias numa deslocação que fiz, em que também estive em Havana e depois estive três dias num resort. Mas férias mesmo não.
Se pudesse viajar no tempo e escolher alguém para conversar, preferia Lenine ou Estaline?
Seguramente o Lenine.
Na Assembleia da República, almoça mais na cantina ou prefere o restaurante dos deputados?
Almoço quase sempre na cantina. Não tenho tempo.
Qual é o seu hábito mais burguês?
O meu hábito mais burguês? Eu sei lá… (silêncio) Olhe não sei. Não sei se me quer dar um exemplo que possa ser burguês… Acho que não tenho assim hábitos burgueses. Para já porque não tenho dinheiro que chegue para ter muitos hábitos burgueses, mas não sei dizer. Olhe, talvez andar demais e automóvel. Se tivesse mais tempo para andar mais um pouco a pé, fazia-me bem. Mas a vida não me permite.
García Márquez ou Vargas Llosa?
García Márquez.
Por razões políticas ou literárias?
Ambas (risos).
Musica rock, jazz, clássica, ou popular?
Gosto muito de todas, mas oiço mais música popular. Oiço muito portuguesa.
Quem ouve mais hoje?
Oiço muito a nova geração. Não diria de fadistas. Há muitos fadistas, mas não são só fadistas. Há uma nova geração de cantores e cantoras portugueses que acho que são muitíssimo bons, que conjugo com aqueles que são as nossas referências de sempre, como o Sérgio Godinho, o Vitorino ou Amália, que oiço muito.
Jura que nunca sairá do PCP?
É essa a minha convicção. Acho que vou morrer comunista e do PCP.
Parece haver mais uma contradição insanável entre PCP e PS…
Verificou-se, aliás, no caso do Banif. Os 1.100 milhões de euros que o Estado injetou no Banif foi com a oposição do PCP. E foi o PSD que deu a mão ao Governo.
Disse que houve “situações lamentáveis” no processo de recapitalização da Caixa. Como é que viu a gestão deste processo por parte do Governo? Há responsabilidades políticas a tirar?
Creio que há. Do ponto de vista da escolha da administração e do que rodeou a escolha da administração da Caixa as coisas correram manifestamente mal. Não há duas opiniões sobre isso.
Mas eu perguntava sobre o papel do Governo, quando avançou com a proposta de alteração ao Estatuto do Gestor Público. Há uma oferta…
Se o Governo assumiu compromissos dessa natureza com os administradores então agiu mal. É inquestionável. Aquilo que é preciso fazer rapidamente é virar a página sobre esse episódio e concluir o processo de recapitalização da Caixa.
O PCP acha que se deve passar por cima das responsabilidades políticas deste caso?
Não. Não se passa por cima das responsabilidades políticas. Elas quando existem são públicas e notórias. O que é preciso fazer é não nos centrarmos nesses episódios e centrar naquilo que é essencial: que a Caixa Geral de Depósitos seja recapitalizada e assuma plenamente o papel que deve assumir na economia portuguesa.
Noutras circunstâncias o PCP não perdoava ao Governo este tipo de gestão política…
O PCP tem continuado a defender as suas posições e tem sido crítico relativamente a essas vicissitudes todas. Não alinhamos é numa estratégia que, devido a esses problemas, ponha em causa o que é essencial. Pôr em causa a recapitalização da Caixa devido a episódios laterais estamos a fazer aquilo que se costuma dizer “deitar fora a criança com a água do banho”. O que é fundamental é que o processo siga e que se concretize.
Não há o risco de a criança ir com água do banho se o plano de recapitalização conduzir à redução de funcionários que está prevista?
Naturalmente que nos oporemos a isso.
Em termos concretos isso significa exatamente o quê?
O PCP não defende que haja despedimentos na Caixa Geral de Depósitos. O que achamos é que o banco se deve reforçar e não entrar em processos de reestruturação que levem à diminuição de postos de trabalho e da capacidade do banco.
Mas parece que é isso que vai acontecer…
O PCP não apoiará medidas dessa natureza. Certamente que não.
Como é que isso se materializa em termos muito concretos? Como é que o PCP pode impedir que isso aconteça?
Vamos ver. Para já, vamos ver se há algum propósito nesse sentido. Depois, naturalmente estaremos cá para assumir as nossas responsabilidades.

Bloco de Esquerda: “Tem havido ataques inusitados e incompreensíveis do BE ao PCP”

Voltando à discussão do Orçamento do Estado para 2017. O Bloco de Esquerda votou ao lado de PSD e CDS uma proposta de alteração ao Orçamento do Estado para obrigar os administradores da Caixa a entregar as declarações de rendimento e património no Tribunal Constitucional. Isto foi um ato de deslealdade?
Não. O que sempre dissemos é que foi um ato desnecessário. Para nós, sempre foi óbvio que a lei de 1983 já contém essa obrigação. Achámos que era ato inútil, na medida em que não faz muito sentido estar a aprovar uma lei para reafirmar uma lei anterior.
Mas ao votar ao lado da direita o Bloco de Esquerda fez apenas um ato inútil ou foi mais qualquer coisa?
Não fazemos qualquer processo de intenções para além disso. De facto foi um ato inútil, que não era necessário.
Como classifica as posições que foram sendo assumidas pelo Bloco de Esquerda dentro desta solução?
Acho que se verificou, sobretudo desde destas eleições legislativas, e até contrariando uma linha de convergência da legislatura anterior, em que nós juntamente com o Bloco de Esquerda chegámos a apresentar várias iniciativas junto do Tribunal Constitucional, uma grande animosidade por parte de dirigentes destacados do Bloco no ataque ao PCP. Houve ataques inusitados ao PCP a propósito de tudo e de nada. Qualquer posição do PCP que não fosse exatamente aquela que era do Bloco de Esquerda foi logo alvo dos maiores anátemas por parte de dirigentes do BE. Eu próprio fui atacado por ter discordado de uma proposta que o BE fez e que meteu no bolso na semana seguinte [referendo ao Tratado Orçamental]. Tive direito a dois extensíssimos artigos do professor Francisco Louçã, a criticar-me e acusar o PCP de todas as incoerências quando o BE, afinal de contas, demonstrou pela sua atitude logo passado poucos dias que a proposta não fazia sentido. Tem havido, de facto, da parte do Bloco de Esquerda ataques inusitados e até incompreensíveis ao PCP. Depois, se o PCP responde é logo acusado de sectário e de tudo e mais alguma coisa. Fiquei até quase chocado com alguns ataques que vi feitos ao PCP por parte de dirigentes do Bloco de Esquerda que não estava à espera.
Em que matérias?
A propósito de tudo e de nada. Até do glifosato. O que achei até um pouco insólito foi a violência dos ataques contra o PCP sempre que não tinha opinião igual à do Bloco de Esquerda. Não faz nenhum sentido. Qualquer dirigente do PCP que quisesse responder aos ataques, era logo batizado com todo o tipo de anátemas, de sectário para cima. Isso não é maneira de discutir. Ninguém está acima da críticas. Todos têm o direito de exprimir as suas opiniões. A certa altura parecia que os dirigentes do PCP estavam impedidos de dar a sua opinião se ela não fosse exatamente coincidente com a opinião do Bloco de Esquerda.
"Houve ataques inusitados ao PCP a propósito de tudo e de nada. Qualquer posição do PCP que não fosse exatamente aquela que era do Bloco de Esquerda foi logo alvo dos maiores anátemas por parte de dirigentes do BE"
Uma das críticas apontadas pelo PCP ao Bloco de Esquerda é de tomar para si medidas e batalhas que o PCP leva ao Parlamento. O Bloco tem sede de protagonismo?
Terá a sede de protagonismo que entender. Quem sou eu para dizer que protagonismo os outros partidos devam ter? Agora, verifico que há algum mimetismo relativamente a iniciativas do PCP por parte do Bloco. Ainda esta semana, o PCP apresentou um projeto de resolução para que houvesse um concurso extraordinário de magistrados do Ministério Público e, dois dias depois, tínhamos um projeto do Bloco exatamente igual. Isto tem sido recorrente. Por vezes aparecem com grande mediatização iniciativas do Bloco de Esquerda que são coisas que o PCP anda a defender há vários anos.
No último debate sobre o OE parecia haver uma disputa entre o BE e o PCP sobre quem tinha dado mais contributos para o OE. Por exemplo, nas pensões, de quem são os méritos, do Bloco ou do PCP? Não estava nos acordos…
O PCP defendeu sempre uma posição muito clara, que devia haver um aumento generalizado das pensões. Valorizamos as longas carreiras contributivas. Ou seja, recusamos a ideia de que uma pensão que as pessoas possam considerar relativamente elevada nunca deva ser aumentada. Ao haver um aumento de 10 euros, isso significa que tem uma expressão menor para as pensões maiores e uma expressão maior para as pensões menores. Era uma proposta justa. E avançámos. A proposta inicial do Governo estava muito longe desta ideia e ficou muito mais perto. O que podemos dizer é que se a solução final a que se chegou não é aquela que o PCP propunha, mas aproximou-se mito significativamente: para a esmagadora maioria das reformas concretizou-se o aumento de 10 euros. Se o PCP não tivesse estabelecido esta reivindicação não se teria certamente chegado onde se chegou. Achamos que há mérito por parte do PCP.
E o aumento das pensões mínimas?
Aí, havia uma posição inicial do Governo, de que não deveria haver qualquer aumento e acabou por alterar a sua posição.
O mérito é de quem, do Bloco?
Acho que o mérito é de todos. Não há aqui nenhum competição…
É que às vezes parece.
Isso são os senhores jornalistas que gostam de alimentar esse tipo de pequenas polémicas. Sempre que se verifica que há uma diferença de opiniões entre o PCP, o Bloco de Esquerda, cria-se logo um problema. Mal andaria o país, se o problema da política portuguesa fossem as diferenças entre o PCP e o Bloco de Esquerda.

Austeridade no PCP: “É preciso pedir um esforço aos militantes para que considerem o aumento das quotizações”

Uma questão levantada nas teses é que o partido tem um défice anual de um milhão de euros por ano, que consegue estancar com a venda de património imobiliário. Como no país, vendem-se anéis e fazem-se privatizações para pagar as despesas correntes. Como é que se resolve a viabilidade financeira do PCP?
A transparência do PCP nesta matéria vai ao ponto de dizer isso nas teses. Não faz qualquer segredo desse problema. Significa que há uma chamada de atenção dos militantes para isso. O PCP tem defendido que deve ter em atenção a sua independência financeira. Do nosso ponto de vista, os partidos não devem depender do Estado. Por isso defendemos a redução das subvenções públicas aos partidos. Mas não as contestamos.
Defendem é que devem ser os militantes a sustentar o partido.
Os partidos devem depender — sem questionar que possa haver subvenção — dos seus militantes, aderentes e simpatizantes desde que isso tenha condições de transparência e proibindo, como aliás fomos os primeiros a propor o fim do financiamento de partidos por empresas. As empresas não têm ideologia, têm interesses. Devem ser no essencial os militantes, os amigos e simpatizantes a dar a sua contribuição financeira para que os partidos desenvolvam a sua atividade.
Então como é que o PCP se viabiliza? Se continuar assim vai à falência.
Vai ter de ter uma política de alguma contenção dos seus custos…
Austeridade interna, é isso?
Exatamente… Se isso vem nas teses é precisamente para que a nível interno sejam tomadas medidas de reforço da autossuficiência financeira do próprio partido, através de uma verificação muito critérios das despesas que possam ser feitas e encontrar forma de obter junto dos próprios militantes, pedindo um esforço para que possam considerar o aumento das suas quotizações, mesmo tendo a consciência de que para muitas pessoas, para a maioria dos militantes são pessoas de hipóteses reduzidas…
Não é contraditório em relação ao que o partido defende para o país?
Dentro das suas possibilidades. É feito um apelo às pessoas que considerem dentro das suas possibilidades económicas. Uns poderão mais e outros poderão menos, mas que considerem a necessidade de adequar a sua quota tendo consciência das necessidades do próprio partido se financiar para ter uma atividade compatível com as suas responsabilidades de chegar à pessoas, de comunicar.
"[O PCP] vai ter de ter uma política de alguma contenção dos seus custos…"
Um dos aspetos é o atraso nas quotas. Dá a ideia que há uma desmobilização na militância. É assim?
Não. O apelo que se faz é que haja essa atenção, de não esquecer o pagamento. E junto das organizações de encontrar pessoas que tenham o cuidado de lembrar e de cobrar as quotas. Durante muito tempo vivi na Amadora e havia um camarada que, com alguma regularidade, tinha essa tarefa no partido: passava por minha casa e pagava-lhe a quota. São exemplos que se procura que haja. Vemos que essa é a forma adequada de os partidos se financiarem, é através do esforço dos seus militantes, não é com promiscuidade relativamente a outro tipo de interesses.

Assim se vê a natureza do PC: “Identificamo-nos claramente com os valores da Revolução de Outubro de 1917”

O partido continua a assumir-se como marxista-leninista, e comemora-se daqui a um ano a Revolução Bolchevique…
Já estamos a comemorar…
E nas teses está também a exaltação da Revolução de Outubro, onde fala de um “gigantesco salto em frente”, de um “processo de libertação dos trabalhadores ou de “uma nova época na História da Humanidade”, mas em nenhuma parte das teses se faz referência aos crimes do terror revolucionário nem sequer ao estalinismo. A seguir a 1990, pelo menos assumia que havia erros e desvios e sempre fazia umas críticas mitigadas. Porque é que não o faz desta vez?
Isso não está apagado da nossa história e esse balanço está feito em congresso anteriores. Há um destaque para a Revolução de Outubro, não apenas porque se vai comemorar o aniversário no próximo ano, mas porque é um momento ímpar para o movimento comunista internacional e para o movimento de libertação dos povos. A revolução de 1917 representa a fundação dos primeiro Estado construído pelos trabalhadores, em que tomaram o poder, tirando a experiência mais efémera da Comuna de Paris. Mas à escala de um país como a Rússia, os trabalhadores fazem a primeira revolução proletária a nível mundial, que teve um impacto ímpar na história da humanidade e que marcou decisivamente a história do século XX. Desde logo a importância que teve no desfecho da I Guerra Mundial, em que o primeiro decreto da revolução triunfante é o decreto da paz para pôr termos à participação da Rússia. E depois teve uma importância decisiva na derrota do nazismo. E para além disso teve uma importância enorme no apoio que deu aos movimentos de libertação colonial e à autodeterminação dos povos. No nosso caso, o PCP é constituído em 1921 como dissidência do anarco-sindicalismo e sob o impulso da revolução soviética de Outubro. É inseparável da própria fundação do PCP. É natural que haja esse destaque.
"Identificamo-nos claramente com [as conquistas da URSS] e com esses valores e não nos identificamos com os erros que foram cometidos, isso pelo contrário"
Mas ao mesmo tempo que houve esse marco, o século XX também foi marcado pelos mortos que houve quer na revolução quer depois no estalinismo.
E isso foi assumido nos anos 50, após o congresso do partido comunista da União Soviética, em que foram assumidos esses erros e esse crimes. O PCP retirou também daí as suas lições e os documentos designadamente do 5º congresso realizado em 1957 reflete isso mesmo. Assim como, após o fim da URSS, o congresso extraordinário que se realizou, também fez o balanço exaustivo das experiências falhadas do socialismo, da desagregação da URSS e o falhanço do socialismo no Leste da Europa. Isso foi assumido e não é negado. Em relação ao balanço que o PCP fez nesses congresso, não há aqui nenhum reescrever daquilo que foi dito e assumido. As causas que foram apontadas no 13º congresso sobre o que levou à desagregação da URSS e do sistema socialista que existia na Europa isso foi assumido e não há aqui nenhum desmentido.
Mas há uma omissões: há uma exaltação comemorativa da revolução mas não há um contraponto a dizer que o PCP salvaguarda que houve crimes contra a humanidade…
Isso está assumido.
Mas aqui não está explícito. Quem leia isto…
Relativamente à causa da desagregação da URSS, não é desmentido pelo PCP tudo aquilo que foi concluído no 13º congresso e nos congressos seguintes. Já vamos no vigésimo, já passaram muitos anos. Também houve consequências negativas da desagregação da URSS e o mundo em que vivemos hoje é um reflexo disso, das consequências negativas que houve para o mundo dessa desagregação. Agora, não temos de estar sistematicamente e pelos anos fora a repetir aquilo que dissemos. O que dissemos está dito. Se houvesse alguma intenção de desmentir o que foi dito…
A questão é esta: repete a parte positiva, a parte que é de exaltação, mas não repete a parte da crítica.
Estamos no centenário da revolução de Outubro e é importante salienta-la também como elemento identitário. Ou seja, a identificação com os valores e com os ideais com a Revolução de Outubro e as suas conquistas. O que importa realçar é que nos identificamos com as conquistas que a revolução trouxe e não apenas para os povos da URSS: os trabalhadores dos países capitalistas muito beneficiaram com aquilo que foram as conquistas sociais da própria União Soviética e identificamo-nos claramente com isso e com esses valores e não nos identificamos com os erros que foram cometidos, isso pelo contrário.
Só há uma referência à União Soviética nas teses. Onde se refere que a União Soviética venceu “preconceitos e atrasos ancestrais”…
É verdade…
“… transformando-se num curto prazo e tempo de histórico” — e com milhões de mortos poderíamos a acrescentar — “numa grande potência industrial dotada de realizações políticas sociais e culturais que puseram em grande evidência a superioridade do novo sistema social”. Ora a grande superioridade do sistema social é discutível…
Milhões de mortos provocados pela II Guerra Mundial….
Temos o estalinismo…
Esses balanços estão feitos. Mas às vezes há uma certa tendência para desvalorizar o papel que o povo soviético e o Estado soviético tiveram na derrota do nazismo.
"Relativamente ao período estalinista não faz muito sentido estar em 2016 estar a repetir o que foi dito em 1957. Não vale muito a pena"
Isso não está em causa. O que estou a sublinhar são os mortos causados pelo regime em si.
Mas se ler os documentos…
Quem só ler isto, fica a achar que era o paraíso na terra. Mesmo o próprio sistema social a URSS colapsou porque o sistema social não era fantástico…
Relativamente ao período estalinista não faz muito sentido estar em 2016 estar a repetir o que foi dito em 1957. Não vale muito a pena.
Este balanço que aqui está só refere as conquistas e um fantástico sistema social sobre o qual há muitas dúvidas sobre se era assim tão bom, mas não refere questões gravíssimas do ponto de vista da humanidade…
Refere aquilo com que nós nos identificamos. É aquilo por que vale a pena lutar por aquilo que defendemos. Mas não vale a pena estar a repetir aquilo que foi dito durante muitos anos. Isso são valores que nós afirmamos.
As teses também dizem o seguinte: “As campanhas sobre a morte do comunismo continuam, nomeadamente através de gigantescas operações de falsificação da história que urge combater”. Não é disto que estamos a falar, por exemplo dos crimes dos regimes comunistas.
Em parte sim. Não podemos generalizar. Perante cada caso concreto pode-me perguntar e dizer se é disso ou não que estamos a falar. O que há é, por vezes, uma forma enviesada, por exemplo na reescrita da história acerca da II Guerra Mundial. Por exemplo o apagamento do papel que a União Soviética teve na II Guerra. Por exemplo o branqueamento do fascismo que vemos por aí. Mesmo em Portugal, por vezes assistimos ao branqueamento da ditadura fascista: a desvalorização do papel que os comunistas tiveram na resistência à ditadura. É disso que estamos a falar, quando falamos em reescrita da história e branqueamento do nazismo. Por exemplo, o que estamos a assistir na Ucrânia, onde temos partidos que até assumem a simbologia nazi a subirem ao poder, e isso é uma coisa desvalorizada como se fosse uma coisa de somenos. Há um branqueamento e uma reescrita da história que nos preocupa.
"Há um branqueamento e uma reescrita da história que nos preocupa"

Cuba: “Qualificar Fidel Castro como um ditador é simplista e errado”

Pegando no seu argumento da reescrita da História e considerando que é tido como um moderado…
Eu? Não me ponham rótulos…
… Pode dar exemplos de bons ditadores?
Exemplos de bons ditadores? Acho que essa qualificação de ditador tem muito que se lhe diga. Nós assistimos a qualificações muito discutíveis. Depende sempre da definição que se faça dessa figura. Está a pensar concretamente em quem?
Fidel Castro, por exemplo.
Considero profundamente injusto classificar como ditador uma personalidade como Fidel Castro.
Consegue justificar isso?
Plenamente. Fidel Castro foi um combatente revolucionário pelo seu povo, que liderou uma revolução triunfante, com uma legitimidade revolucionária indiscutível. Derrubou uma ditadura que fazia de Cuba uma espécie de colónia norte-americana e onde proliferavam todo o tipo de tráficos.
Uma legitimidade revolucionária que dura até hoje. Não é uma ditadura?
Liderou uma revolução popular. Não qualifico como ditadura aquilo que se passa em Cuba. Se conhecer a realidade cubana sabe existe em Cuba uma enorme participação cívica e popular e de discussão da vida política e que muito daquilo que se escreve e diz designadamente em Portugal sobre Cuba não resiste ao conhecimento da realidade.
"Considero profundamente injusto classificar como ditador uma personalidade como Fidel Castro"
Não existem presos políticos em Cuba?
Vimos agora na recente visita do presidente Barack Obama, em que um jornalista norte-americano perguntou ao presidente Raul Castro porque é que não libertava os presos políticos e a resposta dele foi: “Diga-me lá quais são que eu liberto-os de imediato”. Há muitos mitos relativamente a situações de restrições de liberdades e de prisões políticas em Cuba, que não são verdadeiras. Olhe, a maior violação dos direitos humanos que se verifica em Cuba, é na prisão de Guantanamo. Não tem nada a ver com o Governo cubano. Como se sabe, é território norte-americano ilegitimamente ocupado. Depois temos alguns conhecidos dissidentes que falam das maiores repressões das liberdades mas depois circulam entre Cuba e a Europa, a receber umas homenagens, têm os seus blogues a funcionar e fazem isso sem que haja restrições das suas liberdades e continuam a vir aqui dizer que há gravíssimas restrições de liberdades. Os cubanos têm uma participação cívica e mesmo eleitoral nos seus processos eleitorais que têm, que tomaríamos nós que houvesse em Portugal. Claro que não existe o modelo de multipartidarismo como nós propomos para Portugal. O programa do PCP sempre preconizou em Portugal modelo de pluripartidarismo que é diferente daquele que existe em Cuba.
Como é que se consegue fazer uma revolução com um modelo multipartidarista, parlamentar? Como é que é possível fazer uma revolução assim? Não é possível…
Mas se olharmos para a realidade que se verifica em Cuba, que não tem nada a ver com a realidade portuguesa, que é completamente diferente, compreendemos aquele processo. E sabemos que ele é completamente diferente e que o modelo que nós sempre defendemos para Portugal não tem nada que ver com o modelo político que existe em Cuba, que tem a ver com a história do próprio país, que é completamente diferente da nossa. Agora, o que dizemos é que a Revolução Cubana correspondeu e corresponde a um progresso social e civilizacional fantástico para aquele povo, que tem níveis de vida incomparáveis com os outros povos da América Latina. Se compararmos o sistema de saúde, educação, proteção social que existe para a população cubana é incomparável com os milhões de excluídos que existem noutros países da América Latina…
Desculpe, já estive em Cuba e só vi gente pobre, só vi excluídos…
Em Cuba vê pobreza mas não vê miséria, como vê por exemplo nos Haiti, no próprio Brasil, México, todos aqueles países…
É um nivelamento pouco ambicioso… Toda a gente pobre.
Estamos a falar de um país que sofre um bloqueio económico que dura há mais de meio século e que é universalmente condenado e que implica prejuízos económicos tremendos.
O regime não tem responsabilidade nenhuma nisso?
Não, porque é evidente que isso decorre de uma decisão absurda com muitas décadas da parte das autoridades norte-americanas de bloquear Cuba como não fazem com mais nenhum país do mundo.
Não há presos políticos e a responsabilidade da situação económica é dos Estados Unidos. E nunca houve em Cuba fuzilamentos sumários, assassinatos de Estado?
Nós não apoiamos o facto de haver a pena de morte em Cuba. Aliás, o PCP tem uma posição clara a respeito da pena de morte e considera que não deve haver pena de morte em lado nenhum, nem em Cuba nem nos Estados Unidos. Nem na China, nem seja onde for. Há coisas com as quais nós evidentemente não nos identificamos. Isto não significa que não olhemos para o processo revolucionário que houve em Cuba, conhecendo as dificuldades que existem em Cuba. Sempre que fazem congressos em Cuba se reconhecem erros que cometeram. E procuram rectificá-los e não fazem segredo em relação a isso. Quem observar os congresso do Partido Comunista em Cuba, verifica as críticas que lá são feitas. E as grandes discussões que ali são travadas de forma a encontrar caminhos e disfunções económicas que eles próprios reconhecem. Não há aqui uma ideia de que há paraísos na terra. Agora, que a Revolução Cubana foi um enorme progresso para aquele povo, que assume os valores desse processo, e tem consciência das conquistas sociais que obteve, creio que isso é inegável. Estar a qualificar Fidel Castro como um ditador não é só simplista como errado.
Um homem que está no poder desde há 50 anos…
E que o abandonou voluntariamente…
Sim, em nome do irmão. É uma sucessão dinástica. Não é uma ditadura? É capaz de dizer que não é uma ditadura?
Não é tanto assim. Não é uma sucessão dinástica. É ver que Raul Castro não foi uma figura política que tenha surgido artificialmente na vida política cubana.
Haveria outras, mas foi o irmão. Foi uma coincidência.
Foi um dos grandes dirigentes. E como Raul Castro não vai para novo, mais cedo do que tarde — espero que seja o mais tarde possível, não lhe desejo mal nenhum –, daqui por uns anos a questão da sucessão terá de se colocar e não será nenhum Castro inventado à última hora. Certamente virá alguém que já não será da famílias e que dará continuidade ao processo revolucionário cubano.
O programa do PCP tem uma frase curiosa: “A perversão do regime democrático, tendente à instauração de um regime autoritário traduziu-se em medidas, ações, visando a progressiva governamentalização do poder político”. O PCP nunca usa a palavra “autoritário” para classificar nenhum dos regimes comunistas, mas para classificar a democracia portuguesa refere-se à “instauração progressiva de um regime autoritário”. Isto não é contraditório?
Pelo menos no 13º congresso foram considerados como traços autoritários fenómenos que se verificaram em países do Leste europeu. Isso foi assumido. O que dizemos aqui relativamente à situação portuguesa é que, em determinados momentos, temos verificados pelo menos tiques autoritários. Quando vemos a contestação que foi feita ao Tribunal Constitucional na legislatura anterior, pelo facto de o TC ter tomado as decisões que entendeu em relação ao Orçamento do Estado e vemos dirigentes políticos do PSD a dizer que deveria haver sanções jurídicas contra os juízes. Estamos a falar de traços autoritários que devem ser combatidos. Tudo o que seja uma concentração excessiva do poder, uma contestação ao funcionamento das instituições democráticas são traços de autoritarismo que devemos combater.
Não é contraditório reconhecer que existem traços autoritários em Portugal e ao mesmo tempo dizer que não existe uma ditadura em Cuba?
É completamente diferente. Não dizemos que em Portugal há um Estado autoritário. Mas que os procuramos combater e no exemplo que dei o combate foi travado.
Foi travado porque vivemos num sistema não autoritário e democrático. Nesse tipo de regimes isso não acontecia, porque não há os “checks and balances” como numa democracia como a nossa.
Mas eu creio que há. Quem conhecer com profundidade a forma como funciona a vida política em Cuba percebe que há processos de equilíbrio de poder. Há eleições de vários níveis tal como cá: desde as mais pequenas comunidades territoriais até à Assembleia Nacional de Cuba, que é o Parlamento cubano. Há um papel do Partido Comunista na sociedade cubana, mas que depois é sufragado e há eleições competitivas nos vários níveis de poder. Não há um candidato único que se apresente naquele círculo. Há até um estímulo a que haja diversidade de cidadãos que se candidatem, com grande participação eleitoral dos cidadãos cubanos. Há um padrão político muito diferente do que existe em Portugal. Não contestamos o que existe em Portugal, pois defendemos o nosso modelo constitucional. Corresponde ao que é a nossa tradição política e muito lutámos para que tivéssemos este modelo. Não podemos é transpor o que funciona em Portugal para outro país, que tem uma tradição política completamente diferente da nossa e que temos de saber respeitar.
Pode ver aqui em baixo a entrevista completa:


EM MANCHETE:
Na semana do XX Congresso do PCP, o deputado António Filipe diz que Cuba não é uma ditadura, fala em eleições "participadas" e nega a existência de presos políticos. São "mitos". Leia a entrevista.
“Não qualifico como ditadura aquilo que se passa em Cuba.”
observador.pt|De Vítor Matos, Miguel Santos
Comentários
Matin Sabin
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Oscar Pereira
Oscar Pereira claro que é pá.....eu sempre duvidei que o Pinochet o fosse também. Em termos históricos até o Hitler o e Stalin foram grandes líderes ......isso se não formos simplistas, claro
Luis Augusto Falcao Ribeiro
Luis Augusto Falcao Ribeiro Oscar Pereira tăo "simples"quanto clarificou/classificou.CEGO É AQUELE QUE NÃO QUER VER!!!!
Oscar Pereira
Oscar Pereira a cegueira é a duplicidade moral do materialismo dialéctico
Joao Pereira
Joao Pereira Para o Luis Augusto
José Silva
José Silva Atenção que o Hitler, ganhou as eleições democráticamente
Joao Pereira
Joao Pereira O Fidel nem isso
Oscar Pereira
Oscar Pereira Joao Pereira TB não percebes nada disto pá!!! não leste o que ele disse? aquilo é uma democracia participativa. Ou participas em votar neles, ou és preso, fuzilado ou vais para Guantanamo reeducar-te...não percebes nada de democracia revolucionária
Maria Albertina
Maria Albertina "roubei" o comentário do Oscar
Jorge Santos
Jorge Santos Pinochet, ainda bem q o refere, foi um sanguinário como todos os outros, mas pelo menos desenvolveu o pais economicamente, com um cocktail neoliberal, é certo, mas desenvolveu....fez melhor que salazar que apenas pagou as dividas e alcatroou estradas e fez escolas primária...o resto foi acumular ouro nos cofres...e indústria? nenhuma(...diz que produz demasiados comunistas, o melhor era não arriscar...)portanto de ditadura, está tudo dito...é inacreditável como esta gentalha se diz defensor das liberdades e depois dizem umas alarveidades deste calibre!
Joao Pereira
Joao Pereira Jorge Santos a escola de Chicago ainda é menos liberal que a austríaca, mas deu os seus frutos. Isso de neoliberal tem muito que se diga.
Joao Pereira
Joao Pereira Oscar Pereira é uma democracia centralizada, como acabo no telejornal. Já vi deste tipo de democracias em movimentos religiosos. Tudo o que não interessa ou é contra não passa no filtro, assim os ajuntamentos nacionais são sempre um exemplo de unanimidade.
Matin Sabin
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Helder Carneiro
Helder Carneiro eheheh....claro que não, Filipe. Ditadura é só quando vocês não mandam. Fascismo é só quando vocês não mandam. E quando são vocês no Poder é o sucesso que se sabe. Todos os fascismos vermelhos foram ou são o paraíso na terra.
Francisco F Camacho
Francisco F Camacho Nem mais, curto e preciso!
Paulo Coelho
Paulo Coelho Subscrevo na integra!
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Mary Silva
Mary Silva São sol nas trevas!
Matin Sabin
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Bartolomeu Marciano
Bartolomeu Marciano Assassino é mais correcto. Outro burro a querer enganar a malta. Em Angola também acabou de haver eleições para presidente tal como o Fidel fez com o irmão. O comunismo é uma doença cada vez mais grave, cega as pessoas.
Paulo Silva Curto
Paulo Silva Curto Em Angola acabou de haver eleições para Presidente? Sério?
(Vergonha alheia de se ser português, por vezes...)
Mary Silva
Mary Silva Talvez fosse bom informar-se sobre o que se passa em Angola...Não houve qualquer eleição... Procure saber e depois escreva...
Mary Silva
Mary Silva 56 pessoas a gostarem do que não existiu prova bem o grau de ignorância que reina!...
Bartolomeu Marciano
Bartolomeu Marciano Pois, lamento que não tenham percebido o meu comentário.....
Matin Sabin
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Zenando Castro
Zenando Castro Como é possível perante factos tão evidentes, haver alguém que diga que Fidel Castro, não foi um ditador? Só alguém muito tendencioso e pouco sério o pode afirmar. Se perguntarem a esta inteligência rara, quem foi António de Oliveira Salazar, a criatura responderá sem qualquer dúvida, que o dito cujo foi um ditador, um assassino que matou e torturou às suas mãos, aqueles que se opunham ao regime. Não tenho a menor dúvida que Salazar foi um ditador, porém comparado com Fidel Castro, não passaria de um mediano aprendiz de feiticeiro.
Eduardo Russo
Eduardo Russo Enfim, como é possível votar nestas criaturas?! Não há um único país onde o comunismo se tenha implantado de forma democrática! Já agora, nos congressos do PCP quantas candidaturas alternativas são apresentadas aos militantes? ZERO! É a "democracia"...
Henrique Correia
Henrique Correia E até votam à porta fechada, depois de "convidarem" a imprensa a sair
Gosto · Responder · 1 · 15 h
Matin Sabin
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António Sousa Leite
António Sousa Leite Isto é para ser levado muito a sério! Mostra que o PC é um lobo em pele de cordeiro e que, se lhe derem a oportunidade, arranja o seu "líder revolucionário"
João Noronha
João Noronha Discutir democracia com quem defende ditaduras é uma inutilidade, porque quem defende ditaduras ou é intelectualmente desonesto por insistir na defesa do o que sabe ser indefensável ou mentalmente incapaz por não perceber que o que defende é uma ditadura.
Manuel Duarte
Manuel Duarte Estes gajos depois de tantos anos e levarem na cuca, ficam endoidecidos. Oh António Filipe, é com essas tiradas que nunca ganharão eleições. Apetece-me dizer: PORRA!... temos que aturar estes gajos que nunca fizeram nada na vida que não fosse sentarem as "nalgas" em boas cadeiras na AR e comerem à manjedoura do Estado.
Estevão Pape
Estevão Pape Nem onde pegar... um partido altamente contra a austeridade mas depois diz ". Quanto à difícil situação financeira do próprio Partido Comunista, António Filipe defende uma austeridade interna, de “contenção de custos” e um aumento das quotizações dos militantes"
Victor Henriques
Victor Henriques Reescrever a História; soterrar as vítimas; elogiar o obscurantismo político; branquear pérfidos ditadores ignóbeis... tudo parte do discurso "normal" de um individuo que deveria ser preso por cumplicidade politica com a Ignomínia! Triste é este género de discurso revisionista, intolerante, antidemocrático, ser possível na Comunicação Social portuguesa, e levado a "sério" desde que proferido por um animal em gravata! Um partido profundamente antidemocrático e intolerante, que não hesitaria em levar a cabo um programa de homicídios políticos em Portugal, se fossem poder!
Mariana Rosado
Mariana Rosado Deveria acontecer-lhe o mesmos que acontece com os trabalhadores Cubanos, ficar com as "migalhas", mas aqui que não fossem para o governo mas para quem tanto diz defender(o povo que lhe deu o voto). Faça doação de uma boa parte, e que seja a maior que recebe da Assembleia, da Universidade e de todos os outros trabalhos e fique com um valor minimo como lá acontece para sobreviver. A última viagem que fez a Cuba e que foi paga por todos nós também é injusto, deveria ter sido paga do seu bolso. Isso não é simplismo? Ofereça um ano dos seus salários na Universidade e diga que descontem esse valor nas propinas dos alunos que consigo tem aulas. Gostava de o ver fazer alguma coisa diferente....... rcuse o salário ou parte dele na Assembleia ............
Ana Aparicio de Jesus
Ana Aparicio de Jesus Venham a Angola perguntar quanto ganham os professores e médicos cubanos e vejam quanto é transferido para o governo cubano por cada um.
Gosto · Responder · 2 · 23 h
Henrique Correia
Henrique Correia E as famílias ficam reféns em Cuba, para que os médicos não tenham a tentação de fugir e pedir asilo político num país capitalista
Mariana Rosado
Mariana Rosado Infelizmente assisti a situações dessas em agosto passado, pena que as pessoas não percebam isso. Aquelas familias sofrem em silêncio.
Matin Sabin
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Rui Chico Fragoso
Rui Chico Fragoso As pessoas arriscam a vida a fugir porque gostam de desafios ...

E a pena de prisão para quem tenta fugir (há visas mas não são de uma maneira geral atribuídos)?


https://en.m.wikipedia.org/wiki/Illegal_emigration#Cuba

http://cubaarchive.com/wordpress/reports/

Diga-se que Fidel foi mais esperto que os camaradas dos países vizinhos: a fome é inimiga do Estado. E até ao irmão Raul aparecer , o Estado amigo distribuia rações. Por isso , é verdade, não existia fome. Assim como os animais que utilizamos para comer, estão sempre gordinhos.

Paredon, camarada!
Illegal emigration refers to a person moving across national borders in a way that violates emigration…
en.wikipedia.org
Eduardo Abrantes
Eduardo Abrantes O Filipe, vai ver a reportagem feita pelo canal de televisão frances M6 o mes passado e depois vem dizer aquilo não e ditadura,nem ha presos politicos ,nem pessoas a passar fome ,nem lavagens ao cerebro as crianças nas escolas ... abre os olhos e deita fora a cassete....
Henrique Correia
Henrique Correia Sim, também vi essa reportagem e recomendo. É impressionante!
Matin Sabin
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Rui A A Delfim
Rui A A Delfim Não foram feitos para pensar... engolem a cassete e já está... infelizmente a lista de ditaduras da mesma não inclui as de esq... até me admira q já não apoiem o MPLA!!!!! São tão burros!!! 😂😂😂😂😂
Jorge Esgalhado
Jorge Esgalhado Mais um idiota a negar as evidências. Será que estes gajos não percebem que mentiras descaradas lhes retiram credibilidade, que posteriormente lhes faz falta para convencerem o eleitorado?
Antonio Pedro de Almeida
Antonio Pedro de Almeida Pensei que já não existiam pessoas a pensar ou, no mínimo, que tivessem vergonha de o dizer. Mas temos de compreender que estamos no reino dos que apoiaram a invasão da Hungria e da Checoslováquia e que dizem (Bernardino Soares) que a Coreia do Norte é uma democracia...
Vasco Couto
Vasco Couto Eu fiz uma viagem a Cuba e confesso que fiquei sériamente impressionado com o grau cultural daquele povo. Gente que suporta tudo, até a indidência de alguns provocadores ocasionais ditos de turistas. presenciei num frente-a-frente, um pretenso e ousado aliciamento dum analfabeto tentando aliciar uma guia turística, a qual se limitou a ignorar tal pretensão e deu de barato a provocação com uma evasiva diplomática, que o bronco provacador não deve ter entendido.
José Santos Fiel
José Santos Fiel É preciso ter muita « lata » ! Aquando da ditatura salazarista o PCP reclamava e com razão, as prisões políticas e as torturas cometidas. Agora com assassinatos, torturas e toda a espécie de barbaridades encomendadas por Fidel, « é simplista..........».
Tieres Neves
Tieres Neves Eu quero é saber se queimaram o carrapato. É que com a fama que os médicos têm por lá, o gajo ainda aparece por aí disfarçado para continuar a ganhar eleições. Não ganhou nenhuma? Pois. Mas pode ainda aparecer no boletim de voto. Também não há lá? Fogo no gajo, que não faz cá nada.
Fernando Lourenço
Fernando Lourenço assim como não qualifico uma pessoa que seja comunista inteligente. Não consigo entender como pessoas jovens, pois estes velhos eu entendo,que teriam a obrigação de serem cultas e saber ver as coisas, gritam "cuba vencerá" e glorificam um assassino, ladrão do povo e ditador como foi Fidel Castro.
Luis Vieira
Luis Vieira Claro que é simplista, é simplesmente um dos maiores F.... P... C... Ao, de que ha memõria na Historia da Humanidade a juntar se a outros, mas nem o Povo Cubano reconhece em parte, tirando os que fugiram a nado. Para o cubano comum, um pai pobrezinho, para o mundo Internacional um maiores capitalistas a custa do seu povo. Junta se agora aos seus kamaradas Lenine/Estaline em camarotes VIP no Inferno. Que a descanse em paz, que a terra lhe seja pesada, e que não volte. E o sequito que o siga para lá, Amen.
Alberto Seguro Dias
Alberto Seguro Dias Pelos vistos, e fazendo fé do que diz este deputado referente à Cuba, Salazar também nunca foi ditador. Só as más línguas é que podem pensar em tal coisa.
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Fernando Rodrigues
Fernando Rodrigues Nem quero sequer olhar na cara deste soviético traças que julga que o comunismo está de volta, na Rússia Putin detesta comunas que atrasaram o país na miséria, eles que vão lá que são degolados na fronteira.
Victor Leitao
Victor Leitao Espero que estejam muitos anos no apoio ao governo e cada vez com mais poder e influência. Gostava que Portugal fosse a Cuba da Europa ... Só tínhamos cada vez mais o que merecemos.
José António Costa
José António Costa Não há bela sem senão. Se fossemos cubanos agora estávamos a chorar... 😝
Matin Sabin
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Rui Sousa
Rui Sousa Há pessoas que demonstram uma verdadeira desonestidade intelectual, que não fosse serem quem são e ao fazê-lo nos passarem um atestado de acéfalos, até se ignorava, mas assim, NÃO!!!! Um ditador é um ditador, seja ele de esquerda ou de direita! Mas estes deputados do pcp e do bloco de esquerda têm convicções seletivas. Percebe-se porquê, a assunção de que a sua ideologia está errada, o autismo em perceber que a realidade ultrapassou há muito as suas convicções, teria de os levar a mudar de coluna vertebral!!!! Este tal como o seu camarada Bernardino Soares, ainda acreditam que por exemplo a Coréia do Norte é um país democrático e onde até se pode fazer umas férias normais!!! Gostava de saber se algum dos dois já lá foi.... São uns tristes...
Pedro Teixeira
Pedro Teixeira A normal cegueira comunista, só ve o que quer. O irracional branqueamento de mais uma atrocidade mais conhecido por julgamento sumários seguidas de execução no famoso El Paredon... A história não esquece caro PCP... As vossas atitudes de apoio a um governo ilegítimo no poder à décadas envergonha qualquer português que tenha uma ponta de decência.
Nuno Correia
Nuno Correia E eu vim de marte... lololo para este gentinha ditadura só pode ser de direita. Coreia do Norte, cuba, Angola, China é tudo democracias participativas(participam os comunas).
Jean Rovaris
Jean Rovaris Então eu sugiro ao entrevistado que vá a Cuba e tente iniciar um partido de oposição.
Alberto Alves
Alberto Alves E pronto não há ditaduras no mundo o homem era um santo. Tenho pena que estas pessoas nunca tenham saido de Portugal, para viverem nesses paraísos.
Não ver o que todo o mundo vê e sabe é cegueira ou doença ou então foi mesmo das lavagens ao cérebro.
Augusto Barroso
Augusto Barroso Estes PARASITAS cumunas devem sêr cegos ou então estão querendo metêr os dedos pelos olhos a dentro ao pôvo Português !!! Sinceramente não fasia idèia que este partido politico fosse assim a disêr aldrabisses pois todo o mundo sabe que Fidel era um ditador e que muitos politicos que não eram do partido foram parar à cadeia !!! Sejam pessoas sèrias e competentes e não digam mentiras ao Povo.
Alexandre Viana
Alexandre Viana Morreu Fidel,um filho da luta, guardamos um minuto de silêncio....em memória das milhares de vítimas do seu regime, que alguns, convenientemente fingem não ver.
John Carpenter
John Carpenter O preocupante é a quantidade de ignorantes e idiotas que votam nestes animais, sejam eles comunas ou tijolada. Por aqui se vê o quão atrasado o País é.
Vítor Oliveira
Vítor Oliveira Isto de ser comunista deve ser o mesmo que estar no Woodstock!!! Tudo a tripar com LDS!!!!
Granda maluco!!!!! Vai com calma!!!! Excesso dessas drogas causam lesões graves!!
ZéJoão Silva
ZéJoão Silva Tens razão filipe anda todo o mundo enganado ...Foram todos excelentes pessoas, amigos do Povo e cuidadores do progresso! Nós os normais é que somos malucos ! Vai cagar mais a tua opinião dengosa, manipuladora e triste que ainda temos de aturar após tantos anos e tantos milhões de mortos que esses facínoras que tanto admiras causaram. brrrrrrr que nojo !
Estefânia Féria
Estefânia Féria O facciosismo partidario é uma doença incuravel. Este que fala está mesmo atacado!!!! Seguindo a sua linha de pensamento Salazar foi um anjo puro!!!!
Helder Silva
Helder Silva lol. Realmente é preciso ter vergonha na cara. Só os da direita é que são, já os da esquerda são necessários contra os pactos de agressão, em prol das liberdades, etc. lolololololololololol
Rui Rodrigues
Rui Rodrigues Salazar também foi um mito, se fosse um ditador a sério, tu tinhas sido morto ou "reeducado", como aconteceu no país ideal.
Armando Jorge Morgado
Armando Jorge Morgado O maior criminoso do mundo, de todo o sempre, o imperialista Estaline, iria corar de vergonha, com tanta candura, do seu camarada deputado A. Filipe, voluntarista rastejante da nossa praça.!!!
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Teresa Varela
Teresa Varela Este senhor é um cómico da nossa praça? Devo andar desatualizada, Tenho que começar a ler mais revistas cor-de-rosa. Haja paciência.
Gosto · Responder · 1 · 16 h
Miguel Guerra
Miguel Guerra O jerónoimo tem dúvidas que a coreia do norte seja uma ditadura! Agora este iluminado sai-se com esta.
Como é possível estes anormais terem quem vote neles?
Carlos Martins
Carlos Martins Este tipo não é burro de todo! Ele está é a contar um "conto do vigário" a um país inteirinho!
José Cordeiro
José Cordeiro Este gajo em vez de óculos devia usar era binóculos de longo alcance. Isto é negar algo que para além de evidente já tive ocasião de constatar pessoalmente.
Helder Tavares
Helder Tavares Não façam das pessoas débeis mentais....Tenham coluna vertebral e assumam. Ditadura é ditadura quer seja de esquerda ou de direita. Ou, ainda continuam a ser vesgos??????
Luis Santos Filipe
Luis Santos Filipe Este homem, ou nunca foi a cuba, ou quer atirar areia para os olhos de alguém.
Mariana Rosado
Mariana Rosado Foi sim e deveria ter lá ficado, e a última viagem paga com os nossos impostos.
Gosto · Responder · 1 · 15 h
Matin Sabin
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Nélio Painha
Nélio Painha Quando alguém não quer ver o óbvio... Eu chamo de burrice... Mas quando alguém nos qier levar a não ver o óbvio... Aí desculpem mas isso só pode ser alguém sem escrúpulos e manipulador... Epa vai para Cuba ou para a Coreia do Norte... Tu e os outros...
André Alves Figueiredo
André Alves Figueiredo Loles. Ditadura só é ditadura quando é de extrema direita ! A habitual Imbecilidade nauseante comunista
João Mendes
João Mendes Por amor da santa definir o regime de Cuba como ditatura é uma loucura, tal como a democracia da Coreia do Norte e outros que tais
Paulo Cavique
Paulo Cavique Claro
O Hitler era um menino do coro
Staline era pintor

Mao era coroinha
Etc.
Como dizia o Padre Cruz não há crianças más.
Raquel Castro
Raquel Castro Seguindo o pensamento deste senhor, Salazar também não era um ditador.
Gosto · Responder · 3 · 18 h
Milu Ponte
Milu Ponte Este senhor é que é um MITO e um lírico. Um país que enviou a sua juventude para a guerra civil de Angola, que foram metidos dentro de navios como carne de canhão e regressaram a Cuba sem pernas, sem braços e outros problemas E QUE DEPOIS FORAM ABANDONADOS PELO REGIME, pergunto se é ou não ditadura. As crianças, muito discretamente a pedir aos turistas champôs e sabonetes. É ou não ditadura. Estas situações em Cuba vi com os meus proprios olhos.
Paulo Sousa
Paulo Sousa Haaa...que vá a Cuba e fale com o povo.....mentiroso...dissimulado....tenta iludir o povo...Comunista
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Antonio Contente
Antonio Contente Estes gajos quando estão calados ainda passam despercebidos.Estamos nos entregues a estes néscios.
Agostinho José Pinto
Agostinho José Pinto Uma opinião partilhada sem duvida pelos vários presos políticos existentes em Cuba e pelas familias de vários fuzilados pelo regime Castrista.
Nuno Rocha
Nuno Rocha Juro que ne ri, mas depois lembrei-me dos que morreram sob a ditadura Castrista. E pensar que tenho colegas comunas como este senhor...
António Gonçalves
António Gonçalves Este pensa que está a falar para quem? Só se for para os seus camaradas!? Tenha vergonha e aceite a realidade dos factos. Se Cuba é como diz, vá para lá, se achar que há melhor vá para a Venezuela. Tenha respeito se quer ser respeitado ou então esteja calado, faz melhor figura!
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André Gago
André Gago Enquanto o PCP não se livrar desta gente que vive no mundo da fantasia não conseguiria nunca, de consciência limpa, votar no PCP apesar de até concordar em grande parte com a ideologia comunista.

A sério, esta gente alienada da realidade, extremista e retrógrada mete medo. Como é que há gente a dar votos para serem representados por isto? God damn...
Bruno Miguel
Bruno Miguel Uma boa malha de cachaporra era o que tu merecias! (Só para reforçar)
Maria Ivone Melo Ferreira
Maria Ivone Melo Ferreira Eu só não sei é se os cubanos, a prazo, gostarão de vir a ser como os jamaicanos, haitianos, nicaraguenses ou outro da América central.
Paulo Albuquerque
Paulo Albuquerque Isso devem ser os próprios cubanos a descobrir em pleno uso da liberdade e democracia.
Quando do 25 de Abril, também ninguém sabia se a prazo não seríamos uma Bielorrússia, Letónia, Ucrânia, Roménia..
Maria Ivone Melo Ferreira
Maria Ivone Melo Ferreira Claro que sim, mas é só para colocar as coisas em perpectiva, Falam de Cuba como se o país sem Fidel tivesse sido uma coisa extraordinária. Ora , pelo que se vê em volta ..........
Paulo Albuquerque
Paulo Albuquerque Há outros exemplos sul americanos que não Haiti, Jamaica, Nicarágua...
Tens a República Dominicana, as Bahamas, as ilhas Cayman, Porto Rico, Aruba, Coraçao...
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Maria Ivone Melo Ferreira
Maria Ivone Melo Ferreira A R. Dominicana não é assim tão grande exemplo , o resto são quase todos colónias/ paraísos fiscais.
Matin Sabin
Escreve uma resposta...

Rodrigo Gonçalves Da Silva
Rodrigo Gonçalves Da Silva Para os comunistas a verdade é aquilo que eles querem que seja, não aquilo que é. O perigo não advém de eles viverem nesse mundo, o perigo sempre foi e será o de terem um projecto politico que inclui toda a gente nesse delírio, nem que seja pela coerção e pela violência.
Rui Perdigão Fernandes
Rui Perdigão Fernandes Já os que fugiram de Cuba em balsas para não serem abatidos dizem a mesma coisa.
Gusmão José Carlos
Gusmão José Carlos Ditador é todo aquele que ocupa o poder sem a vontade popular. Onde é que eu assisti a isso recentemente? Há, já me lembro!!!
Pedro Gonçalves
Pedro Gonçalves Ah ah ah ah ah ah ah ah ah. Vão mas é pregar lá para o seu culto religioso e deixem de tentar converter os "infieis".
Luis Santos Sousa
Luis Santos Sousa Pois então, tu e a tua trupe que emigrem para Cuba, Venezuela ou Coreia do Norte. Eu pago o bilhete de ida a um.
Gunther Tirol Mullenstein
Gunther Tirol Mullenstein Pois, então o governo de Salazar foi uma democracia popular...
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Lino Santos
Lino Santos "Simplista e errado" é considerar alguém que diz uma atoarda destas como intelectualmente e moralmente sério...
António Tavares
António Tavares Pois, o Estaline e o Lenine também não foram ditadores. Foram eleitos em eleições democráticas pelo povo.
Gosto · Responder · 2 · 19 h
Luis J. C. Peneirol
Luis J. C. Peneirol Poupem-me com esse palavreado. Uma ditadura, é uma ditadura. Contém os mortos que tombaram às mãos de Fidel. Cada vez gosto mais de mim. Corto à esquerda, corto à direita, corto onde devo cortar, assim como elogio, quem merece ser elogiado.
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Paulo Correia
Paulo Correia O Estaline, o Hitler, o Salazar, o Franco e tantos outros também não foram.
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José Abel de Andrade
José Abel de Andrade Oh pá és mais tótó do que eu pensava. Claro que o Fidel era um conhecido democrata nas democracias da América central
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Pedro Gonçalves
Pedro Gonçalves Pergunta simples: ganhou alguma eleição justa, isenta e democrática?
Milu Ponte
Milu Ponte Se existem pessoas que duvidam que Pinochet, Hitler, Estaline e outros, em termos históricos foram grandes líderes, então em termos históricos vamos incluir o Salazar.
António José Villa-Lobos
António José Villa-Lobos Inaceitavel tal opiniao e nos a pagar o ordenado de tao triste figura .Desgraca de Pais.
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Antonio Machado
Antonio Machado Fidel Castro um santo incompleto! Esqueceu-se de fuzilar o resto dis cubanos!
Manuel Gomes
Manuel Gomes Este senhor está cego ou quer deitar areia para os olhos das pessoas,porque não vê o óbvio...
Francisco Aguiar
Francisco Aguiar Os comunistas habituaram-nos a querer impor-nos uma fantasia que só existe na cabeça deles. Para quê dar ainda créditos a quem não vê e não quer ver a realidade ?
Dinis Barbosa
Dinis Barbosa Já o Salazar que só matou metade da malta é considerado pelo PCP um ditador :)!!
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Joao Carlos Figueiredo Coelho
Joao Carlos Figueiredo Coelho O PCP é uma ditadura autentica e a destruição dum País todos os dirigentes são capitalistas nãp há nenhum comunista que não esteja podre de dinheiro apodereram-se dos fracos para enriquecerem vejam os opurtunistas que são que não pagam IMI e quem paga é o POVO Abram os olhos
Jaime Lourenço
Jaime Lourenço Alguém sabe qual a graduação dos óculos desta criatura? Deve estar a precisar de aumentar de nível.
Lito Sousa
Lito Sousa E são estes que suportam um Governo em Portugal.Olha se lhes desse para começar a perseguir opositores e a fazê-los desaparecer...
Mario Afonso
Mario Afonso Na prespectiva do PCP, Saddam também não era um ditador pois era eleito em eleições participadas LOL
Luís Filipe Afonso
Luís Filipe Afonso Se calhar, é também mito os comunistas terem sido presos e torturados pela Pide.
Anatilde Carvalho
Anatilde Carvalho Ai não é? então quem põe cidadãos do seu país frente a um pelotão de fuzilamento e os mata assim. Só porque não são da sua cor política é o quê?e não é só ditador é assassino sanguinário se calhar o que vocês fariam se algum dia fossem poder em Portugal .Que Deus nos livre de tamanha desgraça.
João Cerqueira
João Cerqueira Mandou matar 14000 Cubanos, por discordante das suas ideias. Com o deve ser considerado?
Maria Helena Martins
Maria Helena Martins Como e que tipos,inteligentes ,não conseguem,admitir a verdade ,custa?????e muito,mas e a realidade......!!!!!
Margarida Brites
Margarida Brites Ditador não chega, é de facto minimalista... " ditador sanguinário " ! Assim está correto.
Mário Blue
Mário Blue Só Salazar que não mandou matar muita gente e não morreu podre de rico foi ditador...
Gosto · Responder · 1 · 22 h
Ja Lima de Carvalho
Ja Lima de Carvalho Obediência cega à doutrina partidária, ou poeira muito intensa e muito escura nas lentes.
António Oliveira
António Oliveira Este louco tem de ser internado num manicómio com a máxima urgência.
Gosto · Responder · 1 · 22 h
Daniel Braga
Daniel Braga O Salazar fez eleições. É simplista e errado qualificar Salazar como ditador
Maria De Lurdes Flores
Maria De Lurdes Flores Ah! Vive na bolha comunista...nega tudo o que é realidade...que lata😠😠😠
José Gonçalves
José Gonçalves sempre a tentar branquear. estes comunas são do mais cómico que pode haver
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