segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Buscando honradez entre mentiras e meias verdades


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CARTA A MUITOS AMIGOS
No nosso país de algum modo o cidadão comum anda desconfiado, amedrontado sobre as perspectivas do seu presente, futuro incluindo dos filhos e netos.
Diariamente surgem novas de falcatruas aqui e acolá, incumprimento das normas mais essenciais da protecção dos bens públicos e das pessoas. Sucedem-se escândalos.
Agora lemos que o Governador Paulo Auade de Tete, no seu regresso de Mutarara encontrou um camião tanque vendendo combustível na estrada e isto poucos dias depois da tragédia que vitimou uma centena de pessoas.
No distrito de Magoé populações chacinaram meia centena de búfalos para se apropriarem da carne para as festas e negócios.
Elementos do Parque Nacional e coutada junto do local denunciaram o crime, mas parece que não houve reacções de quem de direito.
Onde vivemos? Onde está a polícia e a autoridade local? Quem nos protege, sanciona os prevaricadores e criminosos?
Temos a honra mais que duvidosa de fazermos parte dos 10 países com mais acidentes de viação! Basta ou não?
Poucos confiam nas instituições públicas, empresas estatais e já começaram as dúvidas sobre a banca.
Que sanções para os gestores do INSS e da EDM que investiram num banco condenado ao desastre?
Que louvores teceremos aos ministros e demais dirigentes que tutelavam essas instituições?
Cegueira, conivência, as perguntas e dúvidas existem e minam a confiança em relação ao Estado e à sua direcção.
O Chefe do Estado, o Primeiro-Ministro, o Governo todos os membros da direcção do nosso país testemunham a erosão do seu prestígio e respeito que a eles devemos. Isto só regozija os nossos inimigos de sempre.
Preparam-se as eleições internas conducentes à realização do XI Congresso da FRELIMO no próximo ano.
Muitos interrogam-se sobre:
1.   Os procedimentos que conduzirão às eleições internas, incluindo dos membros dos Comités dos diversos níveis, delegados ao Congresso e candidatos para o Comité Central e Presidente do Partido.
2.   Num passado recente e que não se considera definitivamente ultrapassado houve compra de votos, nepotismo, proteccionismo e outras acções abjectas à tradição da FRELIMO.
3.   Conseguiremos ultrapassar estas práticas que alienam a confiança do povo, ao ponto que nas últimas eleições municipais e gerais em numerosas localidades o número de votantes na FRELIMO não chegava a metade dos inscritos no partido, assegurando a vitória de partidos da oposição, incluindo do grupo ligado aos terroristas.
Há uma convicção generalizada que o Presidente encontra-se manietado a caciques ligados a um passado triste de manipulações e pilhagens, dificultando ou mesmo impedindo um trabalho eficiente e sério para servir o país e por termo a uma corrupção que nos mina e desacredita ao nível mundial.
Cada dia pagamos mais caro o que ontem comprávamos. Subiu o combustível, a água, todos os alimentos, padarias baixam o peso do pão e diz-se que em Janeiro subirá o preço desse alimento essencial para a criança que vais para a escola, para os pais trabalhadores, para os reformados. Só não sobe o que ganhamos, excepto este e aquele grande executivo de empresas públicas ou privadas, nacionais e estrangeiras.
Agora caiu-nos o escândalo da EMBRAER e da LAM.
A partir de um certo momento já não sabemos a quem confiar e acreditar. Isto é mesmo péssimo.
Encontro os desiludidos e desconfiados em gentes de todas as faixas etárias, dos adolescentes aos velhos e reformados, homens e mulheres, apenas as criancinhas acreditam no Pai Natal.
Na sexta-feira dia 16 passará mais um ano sobre o massacre infame de Wyriamu. Nem lá nem em Mkumbura monumentos condignos recordam esses tristes eventos. Cairão no esquecimento.
Disseram-me que o Inspector Sabino da PIDE que comandava em Tete e organizou a barbaridade mesmo depois do 25 de Abril recebia uma pensão do Estado pelos serviços prestados à nação.
Que eu saiba a Alemanha jamais pagou pensões aos SS, aos carrascos dos campos de concentração.
Não o fez também a Itália ou o Japão em relação aos grandes servidores do fascismo e do belicismo.
Portugal fez!
De acordo com o que tomei conhecimento na nossa comunicação social o comandante da cadeia da Machava e alguns colaboradores receberam mandatos de prisão por facilitarem a fuga de um criminoso notório que até assassinara um procurador encarregue de um desses casos ditos quentes. Como nos sentimos? A quem vamos confiar?
De facto o país carece de uma verdadeira limpeza de gentes metidas nas mais diversas falcatruas, cúmplices de criminosos, facilitadores de equipas de ganguesterismo. Há nestes bandos arraia- miúda, mas também dirigentes de renome.
Nos escândalos de madeira apreendida e ilegalmente abatida, menciona-se um nome de um antigo ministro.
Onde fica o pudor, o sentido do cumprimento do dever, do juramento prestado ao tomar posse, o exemplo para os sucessores e as gerações vindouras, até para os próprios filhos?
Sinto-me bem deprimido quando se aproxima o fim da minha vida que desde os dezassete anos entreguei à causa da libertação da pátria e dos demais países oprimidos no continente.
Que dizer senão que a LUTA CONTINUA e jamais devemos deixar a vontade de fazer mudar, limpar a sujidade e ganhar a confiança num futuro melhor?
P.S. Na semana que findou aqui e noutros países celebraram-se os sessenta anos da fundação do MPLA assim como os vinte anos da nova Constituição sul-africana que pôs termo ao sistema nefando do apartheid.
Parabéns Angola, Parabéns África do Sul.
De acordo com a comunicação social não vi participarem no funeral de Fidel nomes de discentes e de docentes moçambicanos das três escolas criadas para Moçambique pelo Comandante na Ilha da Juventude.
Ignorância? Outras prioridades?
Viva sempre a memória de Fidel e a nossa gratidão pelo que nos fez.  
SV

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