terça-feira, 15 de novembro de 2016

Confederação empresarial moçambicana acusa FMI de má fé no tratamento da dívida pública

O presidente da CTA - Confederação das Associações Económicas de Moçambique, Rogério Manuel, acusou o Fundo Monetário Internacional (FMI) de má-fé.
FMI acusado de má fé
JIM LO SCALZO/EPA
O presidente da CTA – Confederação das Associações Económicas de Moçambique, Rogério Manuel, acusou esta terça-feira o Fundo Monetário Internacional (FMI) de má-fé pela forma como está a tratar a questão da dívida pública de Moçambique.
Se olharmos para a dívida de Moçambique e olharmos para aquilo que muitos países europeus têm como dívida, em comparação com os recursos [naturais] que Moçambique tem como garantia, [esses países] não chegam aos calcanhares de Moçambique”, afirmou Rogério Manuel em declarações aos jornalistas após um encontro em Maputo entre a direção da CTA e uma delegação do FMI.
Rogério Manuel considerou que o FMI está alegadamente a ser ríspido com Moçambique, apesar de o país ter condições para, a longo prazo, honrar os seus compromissos com os credores, através dos ganhos que poderá gerar com a exploração dos recursos naturais.
Quais são os interesses por detrás disto tudo, estou a ver que há interesses além dos interesses comerciais, acho que é má-fé, eu acredito que é má-fé, depois de tanta conversa que tivemos com eles”, acrescentou, referindo-se à reunião com a delegação do FMI.
O FMI recusa-se a reatar a ajuda financeira a Moçambique, antes da realização de uma auditoria independente à dívida do país, na sequência da revelação em abril de empréstimos de mais de 1,4 mil milhões de dólares a duas empresas estatais e garantidos pelo governo, entre 2014 e 2013, à revelia da Assembleia da República e dos doadores internacionais, e que se somaram a um encargo anterior nos mesmos moldes da Empresa Moçambicana de Atum (Ematum).
O Governo de Moçambique assumiu, a 25 de outubro, incapacidade financeira para pagar as próximas prestações dos seus encargos com os credores, defendendo uma reestruturação dos pagamentos e uma nova ajuda financeira do FMI.
O pedido de reestruturação diz respeito aos encargos da Ematum, uma das beneficiadas pelos empréstimos ocultos e que já tinha sido alvo de uma conversão, há sete meses, dos seus encargos em títulos da dívida moçambicana, no valor de 727 milhões de dólares (652 milhões de euros).
A reestruturação da dívida é uma das condições exigidas pelo FMI para reatar a ajuda financeira a Moçambique, mas os credores já anunciaram que é prematuro iniciar negociações, antes do fim de uma auditoria internacional independente às dívidas escondidas.
O FMI exige também fortes medidas de ajustamento fiscal e monetário, para conter a desvalorização do metical e o aumento da inflação e para equilibrar as contas públicas, e ainda a realização da auditoria, que deverá ter início em breve, com um prazo de 90 dias.

1 comentário:

Unknown disse...

Trata se de uma camarada que faz parte daqueles que desgraçam Moçambique, não há como não condenar. Ele nem sofre por tudo o que esta acontecer. Os coitadinhos docentes estão a passar mal, mesmo assim, acham que Mano Guebas deve devolver o dinheiro.