sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Abutres humanos

Pode parece que estamos a caricaturar mas, infelizmente, é nisto que somos bons neste país: empregar sobrinhos, amantes e cunhados, esvaziar os cofres do Estado e ampliar os patrimónios pessoais à custa do dinheiro do povo. Como consequência disso, hoje o país caminha a passos largos para uma situação insustentável. Tudo indica que o pior está por vir. Porém, o mais revoltante nessa história é saber o rumo que dado ao dinheiro que nós é descontado todos os santos mês, após jornadas duras de trabalho.
A que propósito vem isto agora? A propósito da delapidação desenfreada do património do contribuinte moçambicano, levado a cabo pela Frelimo, atráves do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS). Há anos que o dinheiro da Segurança Social tem sido gasto em negócios obscuros, para não dizer duvidosos. Exemplo disso é o investimento de mais de um bilião de meticais do dinheiro que os moçambicanos são forçados a descontar, numa instituição bancária que hoje é dada como falida. Além disso, num negócio que, na verdade, se trata de uma burla qualificada, o INSS emprestou pouco mais de 200 milhões de meticais a uma empresa de ramo de aviação.
Na verdade, o INSS já nos habituou com os roubos descarados. E esses factos mostram como aquela instituição transformou-se numa vaca leiteira de uma corja de corruptos ligados ao partido Frelimo e ao Governo de turno. Com esse andar de carruagem, o sofrido trabalhador moçambicano corre o risco de, na velhice ou em caso de invalidez, não ver um centavo sequer de que tem direito. Aliás, presentemente, grande parte dos moçambicanos que descontaram para Segurança Social tem estado a viver um verdadeiro martírio para reaver pelo menos 300 meticais por mês.
Quando pensamos que o valor será usado para dar alguma dignidade aos moçambicanos na terceira idade ou numa eventual invalidez, eis que somos surpreendido com a notícia de que o dinheiro é usado, de forma inescrupulosa, para financiar operações duvidosas e com fins inconfessáveis.
Diante dessa situação e, sobretudo, pelo nosso dinheiro que está à saque desenfreado no INSS, não nos resta outra saída a não ser sairmos à rua para demonstrar a nossa indignação e revolta. Dói-nos saber que todos os meses, com o suor e até sangue do nosso trabalho, temos estado a sustentar gatunos de facto e gravata, para além de ajudá-los a ampliarem os seus patrimónios individuais para lá do intolerável.
Assistindo toda essa vergonha, não temos dúvidas de que devemos recusar categoricamente a canalização de 7 porcento (três pago pelo trabalhador e 4 pelo patronato) do ordenado ao INSS. Esse desconto tem de ser facultativo e não obrigatório, pois só assim o trabalhador moçambicano faria o melhor uso. O valor descontado mensalmente, ao fim de um ano, é suficiente para o pacato trabalhador melhorar a sua habitação ou desenvolver uma actividade de rendimento para garantir a sua subsistência, e dar uma vida com mínimo de dignidade a sua família.
É, portanto, preciso manifestarmo-nos contra toda essa roubalheira organizada e exigirmos que o desconto para a Segurança Social seja FACULTATIVO.
@VERDADE - 18.11.2016

Comments

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niconava said...
muita roubalheira, burla praticada pelo estado,vejam mais uma aberta: eu resido num distrito da provincia de Nampula, em agosto recebi todos requisitos para a renovaçao da minha carta de conduçao, cujo um dos e depositar quinhentos meticais na conta da instituiçao e feito isso, encarreguei um terceiro para tratar junto a instituiçao.chegado a Nampula foi dito que o sistema havia perdido fotos dos utentes e para isso era necessario a presença do interessado no balcao para tirar uma nova foto, la fui e fui dito que nao tinham sistema(off line)e como nao podesse esperar mais, voltei a casa. mais 20 dias fui e apresentei os documentos no final a senhora da caixa devolve-me o talao de deposito alegando que nao aceitavam taloes a cima de 15 dias. tentei em vao explicar tudo quando se passou, nada me valeu se nao fazer um novo deposito para poder ter a carta. e eu perguntei como podia recuperar o valor a resposta foi:"meu filho eu tambem sinto muito, eu estou a cumprir ordens de Maputo" e assim foi uma espinha de atum.
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nicolau said...
Concordo consigo caro autor deste artigo.
O nosso pouco dinheiro que nos é fraudulentamente tirado do magro salario a titulo de desconto para a segurança social, está alimentando um bando de abutres nojentos com cheiro de hienas que pululam nos gabinetes feito donos deste Pais. Seus cães...

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