sábado, 29 de outubro de 2016

Nyusi e a Gestão da Crise económica

Nacional

OPINIÃO:

2016-10-29 11:40:27 (UTC+01:00)
O nosso país atravessa uma situação económica pouco famosa, aliada a episódios políticos também que atentam a integridade económica e social dos moçambicanos. Os debates já atingiram todos contornos, dos mais radicais aos moderados.
Quero hoje convidar aos cientistas sociais, de quem sou adepto, para que a dimensão humana das nossas elaborações tenha em conta um caminho comum, a saída da actual situação. Aos pontos:

1. A impossibilidade de dissociar a crise nacional da crise global

A crise que hoje atravessamos não está a margem dos acontecimentos globais. Moçambique nunca foi um pais auto-suficiente, tendo sempre recorrido a apoios diversos para se erguer enquanto nação. Todos países em vias de desenvolvimento e não só, tem usado a via de empréstimos e endividamentos para resolver os seus desafios, aliás, o endividamento deve ter um ciclo de vida fechado como o fez o Brasil de Lula da Silva, que pagou a divida ao FMI e passou a credor. No nosso caso, uma economia frágil e dependente, estamos vulneráveis a instabilidade económica, sempre que as nossas parcerias globais assim estejam. As relações entre os países estão claramente definidas através do pacote de interesses e benefícios. Em Março de 2009, a então primeira-ministra Luísa Diogo disse numa palestra subordinada ao tema: Crise Financeira Mundial, Desafios e Oportunidades, que “os efeitos da crise financeira mundial, ainda poderão se fazer sentir muito na economia moçambicana, uma vez que o país, depende em grande medida dos países desenvolvidos, que neste momento estão a braço com a crise. Estas declarações indicavam claramente o caminho que a nossa dependência económica iria nos levar. Portanto, Moçambique está a viver o que já sabia que ia acontecer.

2. Das estratégias combinadas para defesa e soberania á sobrevivência económica

Fazendo fé aos pronunciamentos governamentais, em vários fóruns e formatos, dá para concluir, salvo melhor entendimento, que houve alguma ousadia para resolver dois problemas: a defesa da soberania e consolidação da economia. Algumas lacunas destas medidas carecem hoje de readaptação e é encorajador o facto do governo estar disposto a ouvir e ajustar medidas para recuperar a sua reputação a nível global para que continue a tirar dividendos das oportunidades que tem estado a ajudar na consolidação da economia nacional. Importa ressalvar que qualquer país que queira explorar seus recursos e assegurar que eles tem impacto positivo directo nos seus cidadãos, deve investir na defesa e segurança para que não se torne vulnerável ao crime internacional de contrabando de recursos. Neste capitulo, o nosso País tem estado a assistir impávido e sereno a devastação dos seus recursos marinhos, faunísticos e minerais por falta de capacidade para desencorajar esta pratica. Quantos milhares de dólares se perdem nestas acções? Um exemplo, um estudo divulgado em Julho de 2013 pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF), revelou que Moçambique perdeu 540 milhões de dólares em consequência da exploração e comercialização ilegal da madeira nacional durante o período de 2003 e 2013. Quais mais milhões de dólares não perdemos até hoje?

Em Julho de 2015 o jornalista Armindo Chavana Jr, publicou um artigo no Jornal Notícias intitulado ““EMATUM: O outro sabor do atum”, onde procura fundamentar e mostrar a relação intrínseca entre os interesses comerciais e a questão da defesa e soberania nacional. Escreve, citando até alguns especialistas que: “O académico Louis Bergeron, consultor de segurança política, sugere no Riskintiligence, strategic insigths n.º 54, Novembro de 2014, que a aquisição da frota de barcos de pesca da EMATUM deve ser vista no contexto de uma abordagem internacional coordenada da segurança da navegação no Canal de Moçambique. Em 2013 antes da conclusão do negócio, segundo Bergeron, era também essa a expectativa do “The Economist”.

Mais adiante, escreve Chavana que “ A frota da EMATUM é uma combinação inteligente de oportunidades comerciais e vigilância marítima e militar. Do orçamento, o que na verdade vai para o atum, são 350 milhões de dólares. Não foi por acaso que o ministro Maleiane afirmou na Assembleia da República que o Governo vai pagar da operação apenas 500 milhões, cabendo o remanescente à EMATUM”. O jornalista lembra no artigo que temos vindo a citar que “Até este momento a costa moçambicana é patrulhada pela marinha de guerra da África do Sul ao abrigo da operação Cooper, acordada entre os governos dos dois países. Em 2013 o Governo italiano expediu um porta-aviões (uma espécie de base militar) que permaneceu dois meses na Bacia do Rovuma, protegendo os interesses privados da ENI, porque Moçambique não consegue oferecer a segurança necessária”. Estes dados são úteis para ajuizar e cruzar os interesses económicos e segurança nacional, pois de uma depende a outra e vice versa.

3. Opiniões antagónicas como um factor de perpetuação da crise

Estamos num momento difícil ,as posições radicalizam-se e parece existirem movimentos pró-crise e outros contra-crise. Pode ser apenas uma questão de percepção, influenciada sobretudo pelo posicionamento de cada um de nós quando é para opinar sobre este assunto. A pergunta que me aparece é, que solução, já que estamos aqui? É aqui onde o clube de que sou adepto deve também jogar um papel importante, buscando as perspectivas que podem minimizar a radicalização das posições entre os que acusam e os que são acusados, e buscar-se uma aproximação que permita o país sair desta situação .

4. Crise como oportunidade de reinvenção

Moçambique precisa de se reinventar, e erguer-se como um país que senta-se a mesa com os outros para negociar e não para mendigar. O país só se vai fazer respeitar quando conseguir mostrar ao mundo que tem capacidade interna para manter-se por muito tempo. Temos aqui uma oportunidade para efectivamente vivermos na base das nossas reais condições e não na ilusão de prosperidade. Os actores das economias familiares já se mostram criativos, com a réplica dos apelos do presidente Filipe Nyusi, todos começam a se preocupar com a necrosadas de produzir ,crescem as iniciativas de geração de renda ,as hortas em casa e as necessidades e despesas são controladas.

Depois desta crise Moçambique não será o mesmo país, terá uma sociedade mais educada financeiramente e por conseguinte, servidores públicos mais proactivos, dinamizando um funcionalismo estatal que permite mais integração, inclusão e partilha de renda.

Os recursos mineiras não serão, por isso, nossa única janela de esperança, teremos a agricultura, que é defendida pelo PR Filipe Nyusi, como a força motriz do nosso desenvolvimento. Há que sublinha a grande oportunidade que tem sido impulsionada para a diversificação da nossa economia .

Encontramos, a luz destes pontos, uma abordagem da crise sem crise, para que o desespero não tome conta das nossas decisões e posições sobre perspectivas e medidas que nos levam a solução do problema que se nos coloca.

Há que reconhecer o mérito do Presidente Nyusi na gestão destas adversidades e descontinuidades económicas que tem sido sereno ,ponderado ,equilibrado e sempre bem disposto com o seu sorriso ,diplomacia ,pragmatismo e humildade tem sabido conduzir o País em situação de crise para a normalização política e económica

Mbaeeeeteeeeee Presidente Nyusi, pela sua calma , por ser bastante comedido nas suas palavras ,actos e passos que tem dado na liderança dos destinos do País !Nyusi nós confiamos em ti!
Por José Mosca

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