segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Quando a esperança é a última a morrer


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CARTA A MUITOS AMIGOS
Diz o ditado popular que a esperança é a última a morrer e, que enquanto existe a vida há esperança.
Com certeza que estes ditos me parecem reais.
Todavia e devemos reconhecer que com a idade e a situação no país a esperança mingua de dia para dia e todos sentem que a boa vontade do Presidente e do seu Governo estão a esfarelar-se mercê da subida brutal do custo de vida, o enfraquecimento diário do poder de compra dos nossos salários, reformas, rendas, as taxas bancárias de juros a galoparem e tornarem impossível o recurso ao crédito junto à banca.
Empresas fecham, seguem-se despedimentos porque a entidade patronal não consegue pagar salários e está praticamente falida.
Apelos à paz e ao fim do terrorismo não bastam. Os mediadores impacientam-se e dizem, com razão, que cada um deles possui uma agenda e bem carregada, não pertencem ao clube dos desempregados e inúteis, por isso mesmo se fazem apelos para que venham ajudar num diálogo que se mostra impossível.
Apelos à paciência e melhores dias não pagam juros, salários, custos mesmo na casa de cada um que não pertença ao clube dos especuladores e pilhadores do Estado, instituições e empresas públicas.
Os que vivem do seu salário, reforma, quanto pagam agora pelo açúcar, óleo, tomate, cebola, chá, peixe, galinha, carne e já não falo do pão que se mantém o preço mas baixa nos gramas, os chapas não querem elevar o que cobram embora ainda se mantenha o preço do combustível?
Sim há um descontentamento real e ao Governo se atribuem as culpas, mesmo que inocente pois herdou um descalabro.
Os resultados das eleições na vizinha África do Sul deviam alertar-nos sobre as consequências do desespero das grandes massas populacionais.
Inútil mencionar-se o fosso que se aprofunda no Zimbabué.
Prenderem-se e matarem-se descontentes, combatentes da luta de libertação não fazem parte das boas receitas para sanear a economia e o país.
Os eventos recentes na Etiópia também nos assustam. Massacres e matanças não fazem parte da boa governação.
Com impaciência, senão desespero, todos em Moçambique aguardam que a PGR nos informe e transmita à autoridade judicial os dossiers sobre as dívidas ditas ocultas, as compras privadas de armamento, force os autores a devolverem o pilhado e que penas de cadeia os sancionem. De outro modo alimentamos suspeitas.
Basta de clemências para os que nos estão a destruir muito mais que o ladrão de carros ou assaltante de uma casa para roubar uma TV.
Basta de demoras, precisamos de respostas claras, firmes e rápidas.
Queremos confiar nas autoridades judiciais, mas para tal elas necessitam de provar aos moçambicanos que estão a trabalhar a passo de corrida e não de camaleão.
Estamos algo saturados de promessas e adiamentos daquilo que se impõe. Quanto mais alto o prevaricador, com certeza que maior a sanção e melhor a alegria de todas as vítimas.
Corre a moda nalgumas agências ditas de rating declarar-se que o crédito do nosso país está na categoria de lixo.
Não o dizem sobre Portugal, a Espanha e outros países tão ou mais falidos que o nosso. Não o declaram sobre a banca deles quando tornou-se facto público a existência de enormes deficits e dívidas. Até o maior banco alemão encontra-se numa situação desastrosa.
Finalmente existem filhos e enteados no mundo financeiro e dos rating. Nada de novo quando se trata de servir as transnacionais, as petroleiras e as indústrias extractivas.
Interessa esmagar a África que até o Senhor Trump declarou que se deveria voltar a colonizar. Ele lá sabe das trafulhices na sua terra e no Primeiro-Mundo.
Nós conhecemos as nossas. Não podemos esperar de braços cruzados, murmurando nos cafés, bares, restaurantes ou em casa com amigos confiados, que alguém nos venha acudir, salvar e tirar-nos do fosso em que estamos mergulhados.
Não podemos aguardar que a velha guarda dos fundadores da FRELIMO, iniciadores da luta armada de libertação e da criação do Estado saia dos cemitérios ou das clínicas para endireitarem a pátria.
A geração do 8 de Março, os seus filhos, os jovens finalistas do ensino secundário e superior, os trabalhadores em geral devem agir para apoiar o Estado e a FRELIMO a endireitarem-se, revalorizarem os princípios e valores que sempre nos guiaram. Queremos que volte a dignidade e respeito que sempre fizeram parte do apanágio da nossa terra.
Basta de cobardia. A PIDE e o estado colonial-fascista sempre se comportarem bem pior que qualquer repressão na nossa terra.
Verdade há mais ministérios que trabalho, em Maputo basta olhar para a Vila do Algarve, o Museu da Revolução, o mural de Naguib na marginal, as barraquinhas à volta do monumento dos Heróis para sabermos como trabalha o município, o enorme Ministério da Cultura, e demais instituições que deveriam melhor cuidar do património da nossa História.
Vão à Josina, ao Manyanga, a diversos estabelecimentos de ensino para verificarem quantos estudantes conhecem a vida dos patronos cujos nomes a escola ostenta. Na própria UEM quem sabe o que fez Fernando Ganhão que a criou?
   Como tratam os nossos atletas que se deslocam ao exterior? Onde ficaram alojadas e alimentadas as atletas que ganharam o campeonato do mundo de salto à corda? Nem sequer lhes deram um bilhete de ida e volta!
Quantos dirigentes e quantos atletas se deslocaram para os jogos olímpicos no Brasil, certamente mais dirigentes que atletas, como de costume.  
Arregacemos as mangas e vamos ao trabalho, para isso um abraço.

P.S. No dia 9 comemorou-se mais um aniversário sobre o falecimento do grande herói Francisco Manyanga.
Uma placa assinala o seu local de nascimento no distrito de Mutarara. Está a cair.
Combatente e depois responsável pela produção no centro educacional de Tunduro, muitos milhares de crianças alimentaram-se graças ao seu trabalho.
Nenhum dos antigos alunos e seus filhos, a FRELIMO a ACLIN ninguém mencionou essa data.
Um abraço à sua memória.
SV

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