segunda-feira, 15 de agosto de 2016

“Quem semeia ventos colhe tempestades”

ALGUMAS PERGUNTAS AO MEU CONTERRÂNEO FRANCISCO NOTA MOISÉS, PANEGIRISTA DO OCIDENTE E DAS MATANÇAS DA RENAMO

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conflito tende a ocorrer quando os indivíduos buscam um objetivo que só pode ser alcançado por um ou poucos entre eles, ou, ainda, quando indivíduos, grupos ou categorias sociais têm interesses ou objetivos incompatíveis entre si. Sebastião Vila Nova – Introdução à Sociologia, 1985, pp. 106-107.
Um parêntesis: Dá-me puro dó ler este tipo de notícias. Foi adiado o concerto do músico Xidiminguana, que estava marcado para sexta-feira passada, 12 de Agosto de 2016, por falta de patrocínio. Neste país, por negligência ou cumplicidade, tributa-se mui-to pouco para as coisas de cultura. Numa altura em que a crise mundial atinge a economia moçambicana, a cultura devia estar no topo das prioridades. A cultura é, por si mesma, a reguladora das sociedades: combate os excessos e reanima as almas desfalecidas. Certas manifestações culturais, como as didácticas composições de Xidiminguana, são capazes até de ressuscitar os decessos. Que não haja dúvida: Xidiminguana é uma sumidade musical com lugar GARANTIDO no panteão dos heróis nacionais, tanto mais que, as suas composições, como referi, são terapêuticas.

A questão da responsabilidade social das empresas e instituições com falsa capa de filantrópicas falham porque atendem caprichos da maioria vadia, e mandam às urtigas, uma minoria de talentos. É um paradoxo: há dinheiro para passeatas familiares em grandes capitais do mundo, mas não há patrocínio para o espectáculo de um homem a quem o país inteiro tanto deve: Xidiminguana! Quando o Xidiminguana já não estiver neste “Vale de Lágrimas” (este é o destino de todos nós), os influenciadores, decisores, promotores, empresários, etc., das coisas de cultura, que hoje lhe recusam patrocínio, estarão na primeira fila da frente a derramarem lágrimas de crocodilo. São 65 anos de carreira ao serviço da Pátria Amada. É obra.
Dirijo-me a si, meu conterrâneo Francisco Nota Moisés, porque é dos poucos panegiristas do Ocidente e das matanças da Renamo que não recorre ao anonimato para debitar suas ideias. Como não sou daquelas pessoas que deixam uma injustiça morrer nos lábios, volto a insistir, colocando-lhe as seguintes perguntas: afinal, quem está a matar na região centro e norte do país? Quem impede a circulação de pessoas e bens na região centro e norte do país. Como é que pode haver desenvolvimento nessas regiões, se os homens armados de Afonso Dhlakama estão a “desorganizar organizadamente” o país? Quero dilucidar ao meu conterrâneo Francisco Nota Moisés, que, antes do conflito político-militar, as populações de Zero, Homoíne, Macossa e Moatize, só para citar alguns exemplos, desenvolviam suas actividades em paz. Hoje, nesses pontos do país, as populações estão a morrer devido a querelas políticas. Como mitigar a fome em Sofala se em Muxúnguè a produção e comercialização de ananás parou por causa dos apetites exacerbados da Renamo pelo poder? Como é que a fome pode acabar na Zambézia se em Morrumbala não há produção e comercialização do milho? As populações das regiões centro e norte do país, meu conterrâneo Francisco Nota Moisés, vivem clima de terror. O diabo até sabe esconder-se dos seus pecados, mas o líder da Renamo não: gaba-se por matar.
Diz-me, meu conterrâneo Francisco Nota Moisés, alguma vez viu uma benfeitoria pública feita pela Renamo? Qual e quando isso aconteceu? Insisto, colocando a questão de outra maneira: alguma vez a Renamo reabilitou uma única infraestrutura por si destruída? Onde é que está a lógica? O filósofo italiano Norberto Bobbio dizia, entre outras lucubrações, que “Do mesmo modo que não há filho sem pai, não há direito sem obrigação e vice-versa.” Onde está a obrigação da Renamo como partido político? Nenhuma. Mas como um partido armado tem uma obrigação moral perante Lúcifer:ROUBAR, MATAR e DESTRUIR. Conhece outra? Se a Renamo é um partido político-democrático, porque é que tem medo de eleições? O diabo até sabe esconder-se dos seus pecados, mas o líder da Renamo não: gaba-se por matar.
Não pense, meu conterrâneo Francisco Nota Moisés, que a Frelimo vai sair do poder por causa do vosso ódio. E nem pense, meu conterrâneo Francisco Nota Moisés, que os resultados das eleições autárquicas na África do Sul vão afectar a predominância do poder da Frelimo. De resto, eu sempre disse que Mandela nunca resolvera os problemas da África do Sul, apenas congelou-os. O povo sabe a quem escolher. Note, meu conterrâneo Francisco Nota Moisés, que a Frelimo está no terreno a lançar sementes para o seu XI Congresso e a Renamo? Está no mato a matar gente. É desta forma que a Renamo quer ganhar eleições? Veja outra incongruência: os engravatados estão a comer e a beber à tripa-forra, o seu líder está em “parte incerta” nos búnqueres frios da Gorongosa, acometido por diversas doenças.
O senhor diz que foi seminarista no Zóbuè, entretanto, insulta-me sem porquê e sem razão de ser. O que falhou enquanto peregrino no seminário de Zóbuè? Muitas vezes o meu pai, enquanto funcionário sénior da administração de Moatize, tirou do próprio bolso dinheiro para ajudar na funcionalidade do Seminário de Zóbuè, na esperança de que os seminaristas fossem educados e, mormente, guardiões dos ensinamentos bíblicos. No seu caso, penso que esse esforço titânico foi debalde! Fica-lhe mal apoiar um partido político que atira contra o seu próprio eleitorado. Deus não gosta disso.
Zicomo e um abraço nhúngue ao Xidiminguana pela celebração do seu octogésimo aniversário natalício, assinalados no dia 3 do corrente mês.
Viriato Caetano Dias

WAMPHULA FAX – 15.08.2016

“Quem semeia ventos colhe tempestades”

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Canal de Opinião por Noé Nhantumbo
Quem semeia fraudes colhe guerra e instabilidade.
Toda a verborreia espalhada a partir da comodidade em que cada um escreve não servirá de muito, se não houver a coragem de ler as páginas todas do livro que se chama Moçambique.
Quem armadilhou o quadro constitucional moçambicano e desenhou fórmulas na altura julgadas eficientes, para se manter no poder, pode fabricar todo o tipo de argumento, mas, depois de tantos embustes, já não convence a cada vez menos pessoas.
Assim como tivemos uma descolonização apressada e feita segundo ditames externos, no quadro de decisões das potências da Guerra Fria, tivemos um AGP de Roma forjado segundo intenções obscuras e com protocolos secretos.
A ONU queria o fim das hostilidades e não se preocupou em assegurar que as partes antes beligerantes não voltariam à guerra.
Ignorou-se que as forças armadas e policiais e a administração da justiça não foram reorganizadas numa lógica republicana e democrática.

Era dispendioso fazê-lo na altura? Será que a ONUMOZ desconhecia que o processo estava sendo apressado e que as FADM eram, na verdade, uma operação cosmética que não garantiria a emergência de um exército unificado moçambicano e republicano?
Hoje a ONU fala sobre a necessidade de desarmamento da Renamo, mas jamais refere que o Governo da Frelimo possui um exército partidarizado cumprindo ordens emanadas da liderança da Frelimo.
Há que estranhar por que razão a ONU e muitas outras organizações que até têm representantes em Moçambique não se pronunciam sobre o “dossier” eleitoral moçambicano.
Em que país do mundo já se validaram eleições sem que houvesse editais para fundamentar e credibilizar os resultados?
As sucessivas intervenções da ONU em África têm sido um fracasso porque oferecem medidas paliativas de resolução de conflito ignorando as verdadeiras causas.
Vejamos que na República Democrática do Congo e na República do Congo vizinho montam-se cenários de crise antes que se encontrem as razões ou causas de guerras intermitentes que nunca conhecem fim.
No Sudão e em muitos outros países vive-se da aparência e de formalismos que não tocam na razão das disputas e das erupções de violência.
Os “constitucionalistas” de Moçambique e seus parceiros de centros de pensamento ocidentais, seus aliados em diversas chancelarias, parecem ignorar que, segundo os estatutos da Frelimo, o PR de Moçambique, quando membro deste partido, obedece à Comissão Política da Frelimo.
Daqui para se compreender que as FADM, de que o PR é comandante-em-chefe, acabam por obedecer a instruções emanadas da Comissão Política não são necessários grandes exercícios de análise.
Pelo que o argumento de que a Renamo deve ser desarmada cai por terra, pois as FADM são essencialmente a mesma coisa que as FPLM eram durante a guerra civil dos dezasseis anos.
Há que avançar com firmeza e rigor na mudança de alguns artigos da CRM e partir-se com honestidade e profissionalismo para a construção de um exército e polícia republicanos.
Investir nessa direcção deve ser consensual e os custos desse exercício serão sem dúvida justificados pelos resultados de paz e estabilidade que serão alcançados. Não estaríamos hoje discutindo dívidas ocultas para rearmar as FADM e a PRM.
Não estaríamos vivendo em cidades patrulhadas por agentes da PRM empunhando AKM’s.
Não estaríamos vivendo momentos de aflição por causa do desaparecimento de compatriotas sequestrados e assassinados por “esquadrões da morte de um ou do outro lado”. Não estaríamos assistindo a ataques armados contra opositores políticos ou de intelectuais.
Surgem muitos analistas e comentaristas, alguns deles com responsabilidade históricas, lançando “gasolina na fogueira”.
Quem apregoa a “democracia de fogo”, sendo um dos signatários do falhado AGP de Roma, que quer realmente dizer? Está apelando para que se prossiga com a guerra civil que um dia denominou “guerra de desestabilização”?
Quem deixa o ex-director da AIM, com contas na Justiça, lançar ataques patéticos e caricatos na comunicação social contra o líder da Renamo deve pretender aumentar o nível de guerra psicológica e preparar terreno para a “desejada” savimbização.
Se quisermos ser sensatos e coerentes, tem-se gasto muito tempo e recursos promovendo imagens que não correspondem à realidade.
Não estamos reconciliados nem nos respeitamos nos nossos direitos e deveres.
Há abertamente um ódio por vezes visceral entre nós.
Uma agenda de açambarcamento de Moçambique por um grupo de moçambicanos prossegue, quando, em seu lugar, deveríamos estar assistindo moçambicanos fazendo política pacificamente e com outros patamares éticos e políticos.
Uma primeira mentira em algum momento continua reproduzindo mentiras cada vez mais clamorosas.
Projectos sucessivos de vender uma imagem de crueldade e banditismo para quem se rebela das imposições dos que ontem eram aclamados como libertadores ainda não foram abandonados, se observarmos que aumentam o tom e a frequência de entrevistas e análises mediatizadas de quadrantes afectos a estes “libertadores-libertados”.
Nem a diplomacia encoberta e os ataques velados encomendados e pagos, lançados por consultores nacionais e internacionais, passam despercebidos. A sua eficácia vale o que vale, mas não tem sido capaz de isolar o seu alvo preferido nem de lhe retirar simpatia no seio de milhões de moçambicanos.
Pelo que se pode depreender, existe um “Master Plan” elaborado mas redesenhado para que os “libertadores-detentores” do poder continuem governando, mesmo que seja através de terceiros. Há interesses julgados “sagrados” que não podem ser tocados, na óptica de algumas pessoas ou de alguns moçambicanos “endeusados”.
De outra maneira não se compreende tanto ódio encomendado e tantas falcatruas.
Os moçambicanos querem e merecem a paz.
As escaramuças em crescendo revelam que as feridas não estavam cicatrizadas e que o AGP não conseguiu reconciliar a família moçambicana.
Não haverá nenhum Fundo Distrital ou do MITADER que vai comprar a consciência de todo um povo.
Por mais bem desenhada e pintada, uma “mentira tem pernas curtas”.
E tristemente, numa situação que oferece oportunidade para que os especialistas moçambicanos em ciência política, relações internacionais e diplomacia contribuam com os seus saberes, regista-se quase que um silêncio sepulcral. (Noé Nhantumbo)
CANALMOZ – 15.08.2016

Será que tudo isto acontece em Moçambique e a mando das FADS?-Não aconselhável a pessoas sensíveis.(vídeo)

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(Tradução das palavras ouvidas no vídeo: “ pega bate bate esse era chefe bate bate era estava aonde estava aonde é que estão os seus chefes?” E outro diz ao colega “pergunta quem lhe manda fazer o trabalho que faz”?)
Caia4carroAgora são 2 cidadãos que, separadamente e com risco de vida, testemunham que foi a polícia que perpetrou, sexta-feira passada, o massacre de seis pacatos cidadãos na zona de Caia (ver foto).

Honde_aldeia_mapaDesde Junho passado que militar horrorizado me mandou o vídeo que agora torno público e à atenção de todo o mundo. No Quartel de Chimoio quase toda a gente tinha este e outros semelhantes. Na gravação original “VID-20160322-WA0000” feita na região de Honde. Não quero dizer que um dos lados seja mais “santo” que o outro. Mas acusações contra as FADS teem sido constantes, embora pouco divulgadas. Todos sabemos ser ilegítimo o Governo apoiado pela Frelimo, pois nunca foram apresentados os editais que comprovassem a sua vitória em Outubro de 2014. Depois descobriram-se as “dívidas ocultas” que mais indiciaram a necessidade que a Frelimo tinha de ganhar (arrancar) as eleições, pois membros havia que delas tinham conhecimento e nelas participaram. Agora tamanha violação dos Direitos Humanos, NÂO! Estou crente que, a seu tempo, toda a VERDADE virá ao de cima. Aliás, segundo Mariano Matsinhe “na Frelimo era norma fuzilar”. Tudo leva a crer que o “geito” ficou até hoje no partido.
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1 comentário:

Anónimo disse...

Fernando Gil retirou o video alegadamente por ter recebido informações de que o mesmo não se referia a actos ocorridos em Moçambique! Queria saber se a lingua falada pelas pessoas envolvidas é de Moçambique ou não? É preciso perceber que o conteúdo do video é muito violento e comprometedor para o governo a nível internacional, se equiparando ao assunto de valas comuns que mexeu com a diplomacia moçambicana. Portanto, não é fácil gerir os efeitos que iria produzir! É o caso?