quinta-feira, 30 de junho de 2016

FLEC diz que sete soldados angolanos morreram em combates em Cabinda


A Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC) anunciou hoje a morte de sete militares das Forças Armadas Angolanas em confrontos naquele enclave que provocaram ainda da morte a dois combatentes das Forças Armadas Cabindesas (FAC).

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MUNDO ANGOLAHÁ 3 HORASPOR LUSA
A informação, que a Lusa não conseguiu validar junto do Governo angolano, foi transmitida num designado "comunicado de guerra", assinado pelo Comandante da 4.ª Região Militar da FLEC-FAC, Zacarias Soni, dando conta que os confrontos aconteceram na noite entre 25 e 26 de junho.
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De acordo com a mesma informação, comandos das Forças Armadas Angolanas (FAA) "provenientes da República Democrática do Congo penetraram em Cabinda e atacaram posições da FLEC-FAC", provocando uma "vigorosa resposta" daquelas forças de guerrilha.
"Nestes confrontos, sete militares das FAA morreram e três foram gravemente feridos. A FLEC-FAC lamenta a morte de dois combatentes", refere o comunicado, que assinala ainda que a 27 de junho comandos do movimento identificaram helicópteros angolanos "em missões de patrulhamento ao longo da fronteira entre Cabinda e a República Democrática do Congo".
A FLEC luta pela independência de Cabinda, alegando que o enclave era um protetorado português, tal como ficou estabelecido no Tratado de Simulambuco, assinado em 1885, e não parte integrante do território angolano.
Criada em 1963, a organização independentista dividiu-se e multiplicou-se em diferentes fações, efémeras, com a FLEC-FAC a manter-se como o único movimento de resistência armada contra a administração de Luanda.
O novo presidente da FLEC, Emmanuel Nzita, reafirmou a 13 de junho a continuidade da "luta" pelo "direito inalienável à autodeterminação e independência" de Angola, apelando à "união" contra "comportamentos desviacionistas".
Em comunicado ao povo de Cabinda, enviado também na ocasião à agência Lusa, Emmanuel Nzita, que assume as funções após a morte, a 03 de junho, do fundador e presidente da FLEC e Forças Armadas Cabindesas, Nzita Henriques Tiago, aponta o "dever coletivo" de "honrar a herança" do mentor da organização.
"Na FLEC-FAC temos a obrigação e o dever de reforçar, reestruturar e nos manter firmes na continuidade da luta do povo de Cabinda ao seu direito inalienável à autodeterminação e independência", afirma Emmanuel Nzita, filho do fundador da organização.
Nzita Henriques Tiago, 88 anos, faleceu a 03 deste mês em Paris, vítima de doença prolongada, e o funeral realizou-se na sexta-feira na capital francesa, Paris - onde vivia -, cumprindo a vontade do próprio, que só admitia ser enterrado em Cabinda após a independência.
O novo presidente da FLEC, e chefe supremo das FAC, afirma não ter a "ambição de trabalhar ou prosseguir esta luta sozinho", mas com todos os "valiosos recursos humanos e intelectuais, homens, mulheres, jovens e amigos de Cabinda", pela "unidade, coesão, disciplina e respeito das nossas diferenças".
Acrescenta que a "união é necessária, mas não a qualquer preço", aludindo a entendimentos entre fações da FLEC e o Governo de Angola, tendo as FAC regressado à luta armada naquele território já este ano.

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