segunda-feira, 9 de maio de 2016

Detidos na Beira indivíduos supostamente pertencentes aos “esquadrões da morte”

Nyusi_chicalango
No sábado passado

Três indivíduos, dos quais dois sobejamente conhecidos, de um grupo de quatro elementos que supostamente fazem parte dos chamados “esquadrões da morte”, foram detidos no passado sábado, 6 de Maio, na cidade da Beira, província de Sofala.
Os dois cujas identidades foram apuradas são o coronel António Elias Chicalango e Elias Tenesse, ambos ex-membros da Renamo e que agora estão ao serviço do partido Frelimo, como franco-atiradores contra os opositores.
Até domingo, os três indivíduos continuavam detidos na 7.ª Esquadra da Polícia da República de Moçambique, localizada na Brigada Montada, no Bairro da Manga, na cidade da Beira, enquanto um dos membros do grupo de quatro está fugido.
O coronel Chicalango e os seus parceiros foram presos depois de uma troca de tiros com quatro agentes da Polícia da 7.ª Esquadra da PRM, que estavam vestidos à paisana e que haviam sido solicitados para prestarem socorro, depois de o grupo de malfeitores ter raptado uma funcionária das Finanças da Delegação Política Provincial da Renamo em Sofala.
Tudo aconteceu por volta do meio-dia de sábado, quando elementos dos chamados “esquadrões da morte” raptaram no Bairro da Manga, na cidade da Beira, uma mulher de 24 anos, de nome Edminha João dos Santos (“Wilma”), membro da Renamo e funcionária da Delegação Política Provincial daquele partido em Sofala. Edminha dos Santos é residente no Bairro da Manga.
Segundo relatos, depois de raptar a jovem, os malfeitores telefonaram para a mãe dela, que é membro influente da Renamo na cidade da Beira, para que esta fosse entregar roupa à sua filha.
Supõe-se que tudo isto era uma armadilha para capturar a mãe da jovem. Os raptores instruíram a mãe da vítima para que levasse a roupa da filha à Ponte do Aeroporto, no Bairro da Manga.
A mãe da jovem foi à Polícia denunciar o acontecimento, e a corporação indicou agentes à paisana, mas armados, que conseguiram neutralizar os raptores e levá-los para a Esquadra da Brigada Montada.
Quando chegaram à Esquadra, a Polícia ficou a saber que os raptores são elementos ligados à Frelimo, que supostamente andam a raptar e a assassinar pessoas ligadas à Renamo, na cidade da Beira.
Chicalango é um coronel pertencente às FADM, que foi anteriormente militar da Renamo, desertou em 1989, e agora tem estado a combater a Renamo.
Segundo fontes da Renamo, Chicalango foi o coordenador do assalto à residência do presidente da Renamo em Satungira, a 21 de Outubro de 2013, num ataque que causou a morte de um deputado da Renamo, José Milaco.
Suspeita-se que tenha sido Chicalango quem chefiou a equipa que, em Janeiro, na Beira, tentou assassinar o secretário-geral da Renamo, Manuel Bissopo. Também se suspeita que tenha estado envolvido no assassinato do coronel José Manuel, membro do Conselho Nacional de Defesa e Segurança,
Elias Tenesse, um dos elementos deste grupo de raptores, também ex-membro da Renamo, é natural do distrito do Dondo, na província de Sofala.
Contactado pelo “Canalmoz”, o porta-voz do Comando Provincial da PRM em Sofala disse que só podia falar do assunto hoje, segunda-feira, porque, segundo disse, não esteve ainda em contacto com o relatório da Sala das Operações referente às últimas 72 horas. Disse que não tinha conhecimento da ocorrência e que também ouviu das pessoas. (Bernardo Álvaro e José Jeco)
Canalmoz – 09.05.2016

SOBRE O ATAQUE DA RENAMO EM TETE

Centelha por Viriato Caetano Dias (viriatocaetanodias@gmail.com )
“A história ensina, mas não tem alunos”. Antonio Gramsci, filósofo italiano (1891-1937).
A história ensina, mas não tem alunos para aprender que a guerra é uma hecatombe. A guerrilha é como sarampo, ontem em Inhambane, Manica, Sofala e Zambézia, hoje em Tete, terra que acolheu o meu cordão umbilical. Ninguém, salvo engano, detém respostas seguras se a guerrilha da Renamo não vai alastrar-se por outras províncias do país. Um amigo meu, general angolano, disse-me que o guerrilheiro não choca: ataca e foge, por isso dificilmente se ganha uma guerrilha. Estes argumentos parecem ser suficientes para defender o rápido entendimento entre as partes em liça, para o restabelecimento da paz infinita no país.
Esta guerra, perpetrada pela Renamo, é desnecessária para o país. Além de ferir e matar pessoas inocentes, está a retrair o investimento estrangeiro e a partir a espinha dorsal, que dinamizaria o desenvolvimento do país. Adensam vozes críticas da nossa atmosfera académica que defendem, em uníssono, as acções belicistas da Renamo, quer polarizadas por tradicional ódio que nutrem pela Frelimo, e, quiçá, pela independência nacional, como advogam os ataques para forçar o governo da Frelimo a aceitar os caprichos da perdiz. Não sou psicólogo, mas o pouco que sei de psicologia permite-me concluir que estamos perante pessoas sem escrúpulo. E é pena que se tenha acabado com as rusgas sanitárias para o internamento compulsivo de alguns doentes mentais que pululam nas nossas academias.
Gente que se alegra quando as balas mortíferas da Renamo ferem, aterrorizam e matam civis inocente. Até é motivo de festança com comeretes e beberetes à tripa-forra quando elementos das Forças de Defesa e Segurança (FDS) morrem vítimas dos ataques cobardes da Renamo. Muitos carregam ao pescoço crucifixos católicos, demostrando indescritíveis manifestações da fé, mas a verdade é que possuem uma alma podre e assassina. Como pode alguém que consegue atravessar as fronteiras do analfabetismo e da ignorância crónica para apoiar uma carnificina? Eu nunca disse que a Renamo estava totalmente desprovida de razão na interpretação que ela faz sobre a governação da Frelimo, como também reconheci publicamente a bravura de Afonso Dhlakama na luta pela democracia no país. O que nunca concordei, porque sou temente a Deus, é a utilização de armas para impor apetites partidários de malandros. Para mim, a heroicidade de Dhlakama na luta pela democracia, reduz-se a ZERO neste conflito puramente fútil.
Dhlakama não compreende que está a ser enganado pela sua ala política. Terão que me convencer o contrário, com provas mais que demonstradas, para demover a minha certeza. É que o braço armado da Renamo tem vindo a ensaiar a implementação de uma “Renamo renovada”, quer pela senilidade do seu líder, quer pelos interesses económicos e financeiros que o alimenta. Não acompanha o líder no calvário, na famosa “parte incerta”, antes o empurram ao desfalecimento, para depois, feitos quizumbas esfomeadas, disputarem a liderança do partido. Os apóstolos de Dhlakama estão a traí-lo, mesmo quando parecem assumir uma posição ríspida no parlamento. A minha dúvida é saber se uma “Renamo renovada” e desarmada seria diferente da actual, que está sob a liderança de Dhlakama, porquanto a falta de destreza política povoa em muitas daquelas mentes armadas.
Na passada sexta-feira, 6, fui acordado com uma notícia que dizia: “A Renamo já mata em Tete”. Depois ouvi um pacóvio (que o rodapé de uma televisão privada atribui-lhe o estatuto social de “analista político”) afirmar que a Renamo tem de desdobrar-se para forçar o governo a negociar. Por outras palavras, aquele “analista de seis e meia” (para roubar uma expressão de uma leitora) defendia que, para criar plataformas de diálogo com o governo, a Renamo deve ferir e matar civis e militares. Não foram só 3 militares que morreram naquela emboscada, em Tete. É o sonho do país que se adia. Até quando? Tete é parte integrante do território nacional e as FDS têm o dever e a obrigação de manter a ordem e tranquilidade públicas. Infelizmente, esse pacóvio analista dizia, na sua intervenção, que o país não precisa das forças armadas. A este propósito, Nkulu, observador atento da vida política e social do país, escreveu: “Se uma família estiver coesa pode dispensar fechaduras em portas e janelas, porque a coesão é sinónimo de santidade interna e externa: amizade inviolável entre nós e com os nossos vizinhos. Desta forma, Moçambique passará a ser o único fornecedor de moradores ao paraíso! Desenganai-vos.” As FDS não existem para caçar a Renamo, nem para intimidar os países vizinhos. A sua existência serve para garantir e manter, sem qualquer condicionalismo, a integridade nacional. Posso não ter certeza absoluta, se as FDS conseguirão tão cedo quanto possível afastar os homens armados da Renamo da província de Tete, mas tenho plena convicção de que os tetenses jamais aceitarão a guerra. A alma de todos os regedores, incluindo a do meu progenitor, tudo farão para defender a província contra as pretensões belicistas da Renamo. ZICOMO (obrigado e um abraço nhúngue Lello, leitor assíduo destas minhas centelhas).
WAMPHULA FAX – 09.05.2016

1 comentário:

Chuphai disse...

Devia ser: A Frelimo e a Reanamo ja matam em Mocambique, porque essa maneira de sermos da \frelimo e nao Mocambicano basta.