segunda-feira, 2 de maio de 2016

A Renamo, na guerra pela paz (Reflexão do coronel Boby (1))


A Renamo, na guerra pela paz
Descrita na sua generalidade a operação militar em curso e divulgados que foram os crimes da Frelimo, parece que mais nada fica para dizer ao cabo destes apontamentos. Para além dos factos agora conhecidos, outros tantos ainda permanecem ocultos. E as forças da Frelimo já estão mais preocupados em defender as valas comuns que ela própria criou. Já não contra as forças da Renamo, mas contra os camponeses e contra caçadores que atraídos pelos mau cheiro os possam encontrar. Porém, com esta pequena amostra, fica toda a epopeia de um exército da Renamo que nas alturas de Gorongosa, nas florestas de Barue, nas estepes de Morrumbala e nas montanhas de Zobue continua a escrever mais uma página da História do nosso povo subjugado pela corja assassina da Frelimo. 
Desde as longas noites de vigília de quantos em redor de Dhlakama conceberam a operação que reduziu os esquadrões da morte, recolheram as informações, definiram os planos de combate, estabeleceram o apoio logístico e garantiram a cobertura, até aos que abriram os percursos, mantiveram a segurança das populações advertindo-lhes sobre o aproximar dos esquadrões de morte do regime, picaram as estradas para travá-los, fizeram explodir os autocarros em que se faziam transportar, comandaram os assaltos, escorraçaram e bateram o inimigo, há todo um esforço gigantesco que se traduz numa dedicação sem limites à causa da paz, da liberdade, da riqueza e da esperança que todos merecemos.
Desde o comandante em chefe das Forças da Renamo, o general Afonso Dhlakama, ao humilde soldado sem sandálias que uma explosão mutilou ou uma bala assassina deixou caído no campo de batalha, há todo um mundo intenso de sacrifícios que só ganham dimensão e grandeza à escala mais alta da gesta heróica e comum que todos estamos escrevendo. Sabemos de quantos intelectuais na cidade não conseguem falar, mesmo sentindo, sobre as injustiças deste regime. Feita de sangue inocente, feita de suor por debaixo das árvores, feita de sacrifícios, mas sobretudo feita de interrogações, a História da Liberdade que a Renamo promete é também feita da própria vida de um povo que hoje e aqui, escreve mais um cântico imortal dos seus feitos e promete aos moçambicanos a verdadeira paz, fundada na reconciliação de todos, fundada no amor de todos, livre de ódios, livre de vinganças. Perante a morte dos nossos membros e simpatizantes, muitos são os pedidos que nos são dirigidos para retaliarmos contra os membros da Frelimo. Não! Não. 
A Frelimo quer-nos levar a este ponto e o melhor que nós fazemos é proteger a vida, incluindo a dos membros da Frelimo cujos domicílios conhecemos. Não nos podemos vingar dos nossos irmãos da Frelimo, eles também vítimas dos mesmos exploradores. Os nossos soldados descalços podem dar e têm dado uma lição de convivência política pacífica. Lição magnífica de humildade, testemunho ímpar de renúncias, o esforço das forças da Renamo é bem a expressão fiel da alma de um povo, que hoje como ontem, se levanta perante o mundo corrompido que nos recusa a vitória eleitoral justa por não sermos corruptos, na defesa intransigente de um país que a guerra dos 16 anos espalhou mas que ainda não terminou, pelo saudosismo da Frelimo ao monopartidarismo em que tudo fazia sem ser questionada.
Agora combatemos o inimigo em partes localizadas. É verdade que deveremos avançar para outras frentes. Porque finda que seja a grande operação pela liberdade e desarticulado todo o dispositivo inimigo, nem por isso acabará a guerra. A guerra continuará e aos mortos outros mortos se hão-de juntar e aos feridos que repousam sobre as macas nestas florestas  outros feridos se hão-de suceder. Até a vitória final que é a queda do monstro. Esta guerra não pode ser ganha só e apenas pela força das armas, pelo heroísmo dos nossos soldados, pela abnegação dos que combatem e pelo sacrifício dos que morrem. A Renamo tem consciência de que ela só pode ser ganha pelo esforço conjunto de todos nas várias frentes onde se processa - na frente de combate sim, mas também na frente social, na frente política e na frente económica. Cada uma destas trincheiras por onde a guerra está passando, tem de ser rasgada e defendida pelos militares e civis. 
Queremos agradecer a juventude da cidade que tem usado os meios sociais modernos em defesa das causas da Renamo que por conseguinte são as causas do povo, incluindo dos próprios membros da Frelimo, outrora trajados em balalaicas e hoje, graças a nossa luta, de factos e gravatas. Esta luta tem de ser defendida por aqueles de armas na mão e por estes de mão firme nos instrumentos do trabalho, do progresso e do bem-estar social, no simples celular. Se os militares cumprem para além daquilo que seria legítimo exigir, as actividades de divulgação de todo o tipo de injustiças têm de consolidar esse esforço pelo dinamismo da sua acção e pelo dos seus efeitos. A Frelimo tem medo da Internet, a ponto de mobilizar aquele efectivo policial que todos vimos. Seria de todo inútil o sacrifício dos que morreram e a dolorosa realidade dos que a guerra mutilou, se este norte imenso de divulgação continuasse vazio de iniciativas, e permanecesse apenas mata infinita de potencialidades adormecidas.
Se a retaguarda desta guerra passa por todas as frentes em que cada um de nós trabalha, só a venceremos no dia em que todos nós conseguirmos formar uma única frente e nela persistirmos nos interesses mais altos do próprio país: derrubar a Frelimo. Moçambique tem que ser e cada vez mais um todo harmonioso e não uma série de compartimentos estanques criados pela Frelimo, onde os ricos serão cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. Porque o destino de uns e dos outros e a sorte de Maputo não será por fim diferente da de Manica ou de Niassa, de Tete ou de Nacala, há que repartir os investimentos e iniciativas por todo o território, não apenas em termos de rentabilidade económica, mas também de rentabilidade política e social.
Investir no norte e centro de Moçambique é, nos dias de hoje, investir no futuro reino magnífico da paz, sem a qual não pode haver progresso verdadeiro ou justiça equilibrada. A Frelimo está no fim e todos os sinais apontam para isso. Qualquer regime em apuros recorre a repressão social. Não desperdicemos esta oportunidade, se desejamos ser livres de esquadrões de morte que silenciaram muitas pessoas: Carlos Cardoso, Siba-Siba Macuacua, Cistac, Paulo Machava, Marcelino Vilanculos, Procurador Silica, só para citar alguns. Enquanto o norte e centro forem estes desertos imensos que a copa das árvores sombreia, reino infinito de capins e feras, é impossível obter e conquistar a paz. Não apenas aquela paz sem guerra, mas aquela paz autêntica, onde todos os homens são irmaos entre si. A Frelimo dividiu-nos muito, nesta longa noite de mais de 40 anos. Para que acabem os assassinatos, os raptos de empresários, as mortes de gente humilde, a impunidade dos verdadeiros criminosos que arruinaram o país, a Renamo foi obrigada a pegar em armas, de novo, para se defender a si própria e para defender o povo.  O povo moçambicano quer e deseja a paz que a Frelimo lhe nega. Para que isso assim suceda, e pelos longes de todas estas distâncias imensas desponte por fim a aurora de um país portentoso, a Renamo promete (depois da vitória que está para breve) construir escolas, abrir estradas, fundar maternidades, levantar hospitais, arrotear a terra, estabelecer o comércio e difundir a autêntica cultura de que somos portadores, toda ela de raízes mergulhadas na mensagem sublime de Matsangaissa quando ele disse: «a minha liberdade deve ser para libertar os outros».
Se o nosso exército avança na retaguarda, é indispensável que agora siga na peugada o exército dos comerciantes, o exército dos jornalistas, o exército dos professores, o exército dos médicos e dos enfermeiros, o exército dos técnicos, o exército das máquinas, o exército dos agricultores e dos camponeses, o exército de quantos somos  na diversidade de todas as nossas actividades e profissões, porque só assim será possível solidificar e garantir o esforço dos que combatem, redimindo o sacrifício de quantos sofreram. O abnegado estoicismo dos nossos soldados, a maravilhosa epopeia dos que lutam, não se traduz em palavras porque se sente e vive no coração de cada mãe, no olhar triste de cada órfão e nos crepes delicados de cada viúva. A Renamo diz-vos que é nos caminhos da verdade, suportando a fome e a sede, rasgando os espinhos, caldeando a alma no cadinho de todos os sofrimentos, que se escreve em letras de sangue a história autêntica de cada dia que passa. Mas isso passará. Esta Frelimo será escorraçada, brevemente.
Todos os nossos guerreiros, desde o general ao capitão, desde o brigadeiro ao soldado, todos soldados anónimos que se identificaram na grandeza das forças resistentes, formam um só corpo, no ideal mais alto da pátria comum que consubstanciam. É no rasto dos seus feitos, também exército de um ideal e de uma certeza, que temos de prosseguir a longa caminhada que nos desafia. Sentados nas nossas comodidades e indiferentes ao seu sacrifício, corremos o risco de trair os mortos e de com eles sepultarmos o futuro de nós todos. O sacrifício supremo de quantos morreram e de quantos as explosões mutilaram, os gritos dos feridos que não puderam entrar no hospital, os sofrimentos de quantos as febres torturam, tudo isso que também faz parte da guerra e é o cortejo de sofrimentos, de lutos e de dores, que fica a marcar para sempre o caminho de todas as vitórias, merece de cada um de nós o respeito sagrado de um esforço que seja a redenção de todos os sacrifícios.
A guerra que se trava hoje, é uma guerra dura. É uma guerra feita de traições, é uma guerra que surge inesperadamente por detrás de um arbusto ou na curva de um caminho. É uma guerra que obriga um esforço constante que não admite um só momento de descuido.
Alimentada por poderosos e dirigidos pelo comunismo, não é uma guerra dos soldados da Renamo porque é uma guerra de nós todos. Todos somos soldados desta guerra, seja qual for a posição por cada um ocupada. Lembremo-nos que é uma guerra que visa defender o nosso voto roubado. Moçambique está em guerra. O silêncio dos que defendiam o contrário em artigos pomposos no Facebook mostra isso. Os tais iluminatis do partidão. O G40! Agora encolhido e desarticulado perante os factos que as fotos da vergonha mostraram. Esta deve ser a verdade de todos os dias de cada um e nós, porque essa guerra exige o nosso contributo e uma participação activa no caminho da paz que só chegará com a queda da Frelimo. Paz para todos, para os que combatem de um e do outro lado, para o soldado da Frelimo que a soldo do inimigo enterra uma mina no piso do caminho ou para o resistente que vigia o sono tranquilo de uma criança que é o filho de cada um de nós.
Mas de todos temos de ser soldados deste grande exército de resistentes, é para este guerrilheiro anónimo que se identifica no exército da Renamo, que devemos volver os olhos. Soldado desconhecido que no peito guarda todas as virtudes de um povo, ele é o símbolo vivo e heróico de nós todos. Não tem nome. Chama-se Pátria. Foi nesta realidade que Matsangaissa se encontrou com o general Dhlakama e se fez grande. Foi nos trilhos abertos por este soldado assim sem nome e que só no nome de pátria se identifica, que a Renamo nasceu. Moçambique não é apenas Maputo. Moçambique é também Gaza e Inhambane, Manica, Sofala e Tete, Zambézia, Nampula, Niassa e Cabo Delgado. É ali que está verdadeiramente marcado o nosso encontro com o futuro. É ali que está a encruzilhada do nosso destino. Um destino que ainda está nas nossas mãos. Se todos assim o quisermos. Se todos assim o sentirmos. Se todos assim o vivermos. A guerra só acabará quando assim acontecer.
Coronel Boby, Gorongosa
(Recebido por email)

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