domingo, 10 de abril de 2016

Serviços Penitenciários preocupados com greve de fome de Nuno Dala

10.04.2016 • 00h00


“Não temos muitas condições financeiras para suportar a aquisição de meios e medicamentos para depois o retirar da situação em que se encontra e por isso fazemos o apelo”.
Por Agência Lusa.
O director dos Serviços Penitenciários garante que os activistas condenados e a cumprir pena na prisão “estão bem” e que, apesar de “preocupante”, o caso do jovem em greve de fome está em vias de ser resolvido.
António Fortunato falava em entrevista exclusiva à Lusa, em Luanda, esclarecendo informações sobre o estado de saúde e condições de detenção dos 17 activistas.
Garantiu que estão distribuídos por quatro cadeias e que são alvo de uma “atenção especial” dos Serviços Penitenciários.
“Estão todos bem e já foi elaborado um plano de adaptação para cada um deles”, disse o director-geral dos Serviços Penitenciários, explicando que os activistas estão a cumprir pena em cadeias da periferia de Luanda.
Contudo, a situação do professor universitário Nuno Dala, um dos activistas condenados, em greve de fome há 30 dias e nesta altura internado no hospital-prisão do São Paulo, em Luanda, já motiva preocupação para aqueles serviços.
“O acompanhamento está assegurado, os médicos diariamente falam com ele. Mas estamos preocupados. Já fizemos tudo, já colocamos psicólogos a interagir com ele, para o demover, mas ele continua”, sublinhou António Fortunato.
Na carta em que anunciava a sua greve de fome, que iniciou a 10 de Março, Nuno Dala justificava a decisão com as “violações” dos seus direitos, como a impossibilidade de ter acesso às contas bancárias “para fazer face às necessidades materiais e financeiras” da família.
Dizia igualmente que ainda aguarda pelos resultados de vários exames médicos a que foi submetido no laboratório do hospital militar principal ou pela devolução de verbas e documentos apreendidos aquando da sua detenção, a 20 de Junho de 2015.
“Outros exames nunca foram feitos. Por outro lado, continuo sem receber tratamento efectivo das patologias de que padeço”, denunciou na altura o activista, garantindo que apenas suspende o protesto quando as exigências “forem satisfeitas”, incluindo a devolução de todos os valores eventualmente saqueados” das suas contas.
“O motivo que o leva a fazer a greve está a ser resolvido. Tem a ver com o processo, foram feitas diligências nesse sentido e daqui a pouco certamente o problema será resolvido”, admitiu, por seu turno, o director dos Serviços Penitenciários.
A caminho de um mês de greve de fome, António Fortunado alerta para os riscos que a situação começa a representar, do ponto de vista daquela força e da crise no país: “Não temos muitas condições financeiras para suportar a aquisição de meios e medicamentos para depois o retirar [clinicamente] da situação em que se encontra e por isso fazemos o apelo”.
Ainda assim, António Fortunato está convencido que a resolução deste diferendo está para breve: “Vai se resolver sim, tudo indica que sim e nós estamos a fazer tudo o que está ao nosso alcance”.
A situação de outros quatro activistas, Inocêncio de Brito, Benedito Jeremias, Arante Kivuvu e Sedrick de Carvalho, que se encontram na cadeia de Caboxa, no Bengo, merece igualmente atenção dos Serviços Penitenciários, depois de uma rixa entre grupos rivais no interior ter provocado a morte de um recluso e ferimentos noutros sete.
“Está tudo bem, podemos assegurar que a situação está controlada, os ânimos estão sossegados e retirámos de lá os autores mentores do homicídio voluntário que lá ocorreu”, afirmou António Fortunato.

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