terça-feira, 12 de abril de 2016

Rede Globo e os ativos inéditos do Panama Papers

Cadê o processo contra Paulinho da Força


Na última sexta-feira, o deputado Paulinho da Força, integrante da tropa de choque do correntista suíço Eduardo Cunha e famoso por seu pragmatismo mercenário, promoveu um “ato dos sindicalistas pelo impeachment de Dilma”. O evento foi um fiasco, não repercutindo sequer na mídia golpista
Por Altamiro Borges – de Brasília:
Segundo o ‘insuspeito’ Estadão, o ato juntou “centenas de pessoas” na sede do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São Paulo, um velho reduto de pelegos ligados ao tucanato. Vários dirigentes da Força Sindical, central tratada como feudo pelo deputado da sigla Solidariedade, não compareceram ao evento e já se manifestaram publicamente contra o golpe em curso no país.
Aécio Neves e Paulinho
Aécio Neves e Paulinho
Entre os convidados, o cambaleante Aécio Neves, presidente do PSDB, e o decadente Roberto Freire, coronel do PPS. Em seu discurso, Paulinho da Força, hoje aliado de Paulo Skaf, dono da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) e de outros empresários contrários às leis trabalhistas, até tentou justificar a conspiração. “Havia a imagem que o PT estava tentando passar de que todo o movimento sindical estava com eles. Por isso, nós resolvemos convocar o movimento sindical de São Paulo para dizer: os sindicalistas querem fora Dilma, ninguém aguenta mais o governo do PT”. Ele também afirmou que o objetivo do ato é “livrar o Brasil da corrupção”. Haja cinismo!
Paulinho da Força só se traveste de vestal da ética devido à lentidão da Justiça. Em setembro do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu abrir uma ação penal contra o parlamentar. Com isso, ele passou à condição de réu e terá que responder a um processo a ser julgado pelo próprio STF – mas que ainda não tem data marcada. A decisão teve como base um pedido do Ministério Público Federal, que acusou o deputado de crime contra o sistema financeiro, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Na ocasião, até os ministros Gilmar Mendes e Dias Toffoli, sabidamente vinculados aos golpistas, “avaliaram haver indícios de crime e autoria” – segundo reportagem do G1, da Globo.
“Conforme a denúncia, Paulinho da Força seria beneficiário de desvio em financiamentos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social a uma loja e à prefeitura de Praia Grande (SP). Os valores seriam desviados através de uma empresa de consultoria que, segundo o MPF, não realizava os serviços. As ‘comissões’, ainda segundo as investigações, variavam de 3% a 4% dos valores dos financiamentos. A denúncia também narra que Paulinho atuava a partir de um conselheiro do BNDES indicado pela Força Sindical, central sindical que preside”, descreve o site.
Este não é o único caso suspeito envolvendo o chefe da tropa de choque do correntista suíço. No final de março, o Jornal do Brasil informou que “um dos principais defensores do impeachment de Dilma e grande aliado do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, o deputado federal Paulinho da Força (SDD-SP) figura na lista de políticos beneficiados com propinas da construtora Odebrecht… De acordo com planilhas apreendidas pela Polícia Federal, Paulinho da Força recebeu R$ 500 mil como ‘pagamentos via bônus’. As informações constam em um e-mail encontrado no computador de um dos executivos da construtora, na Operação Acarajé”. De fato, é preciso livrar o Brasil dos corruptos e dos cínicos!
Altamiro Borges, é jornalista, presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, membro do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil (PCdoB).


O portal holandês trouw.nl e o Het Financieele Dagblad (ou A Tribuna Financeira), um jornal de alta circulação na Holanda, fizeram uma análise minuciosa dos documentos vazados, com detalhes sobre ativos da Rede Globo

Por Paulo Pimenta – de Brasília
Fraudes, evasão de divisas, sonegação de impostos, superfaturamento, trafico de influência. Os “Panama Papers” dizem respeito aos quatro terabytes de documentos vazados sobre a Mossack Fonseca – matriz internacional de offshores, que criou centenas de empresas de papel pelo mundo com o fim principal de ocultação de patrimônio.
O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) revela ligações entre a Globo e o Panama Papers
O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) revela ligações entre a Globo e o Panama Papers
Repórteres de todo mundo estão agora investigando o conteúdo desses papéis.  No Brasil, Fernando Rodrigues, membro do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, revelou que esquemas envolvem Chefes de Estado de diversos países. Centenas de bancos registraram mais de 15 mil offshores com a panamenha. Sete partidos brasileiros – PDT, PMDB, PP, PSB, PSD, PSDB e PTB – têm membros com envolvimento com essas empresas.
Mas, assim como a famosa lista dos implicados no escândalo do HSBC não foi integralmente trazida ao conhecimento dos brasileiros, com os “Panamá Papers” provavelmente ocorre o mesmo.  A mídia tem protegido o maior conglomerado de comunicação da América do Sul: o Grupo Globo.
As atividades Mossack Fonseca são objeto das Operações Lava Jato e Ararath. Carolina Auada e Ademir Auada, representantes da Mossack Fonseca no Brasil, foram interceptados pelos investigadores da PF destruindo provas.  Por isso eles foram presos mas, pouco depois, o juiz Federal Sérgio Moro mandou soltá-los, com uma justificativa violadora dos princípios da lógica elementar, publicada na Folha de São Paulo:
“Apesar do contexto de falsificação, ocultação e destruição de provas, (…) na qual um dos investigados foi surpreendido, em cognição sumária, destruindo quantidade significativa de provas, a aparente mudança de comportamento dos investigados não autoriza juízo de que a investigação e a instrução remanescem em risco”.

Parcialidade se explica

Como revelaram reportagens posteriores do Diário do Centro do Mundo, Tijolaço, Viomundo, Rede Brasil Atual, O Cafezinho, Revista Fórum, Conversa Afiada, Correio do Brasil e GGN, a mansão dos Marinho em Paraty (a Paraty House), o heliponto que fica nessa mansão e o helicóptero que a dinastia usa são ou foram, todos, de propriedade de uma dessas empresas de papel criadas pela Mossack Fonseca. Em 25 de fevereiro e em 02 de março eu e outros deputados já havíamos pedido investigações criminais a respeito ao Ministério da Justiça e à Procuradoria Geral da República.
Mas agora os “Panama Papers” revelam mais.
O portal holandês trouw.nl e o Het Financieele Dagblad (ou A Tribuna Financeira), um jornal de alta circulação na Holanda, fizeram uma análise minuciosa dos documentos vazados. No artigo Het balletje rolt (“Bola Rolando”) , o que se retrata é o vazamento de documentos que colocam a Rede Globo no centro de um esquema de fraudes e sonegação de impostos em uma parceria criminosa com instituições ligadas ao futebol como a CONMEBOL e a FIFA e alguns de seus dirigentes, por meio de contratos falsos e garantias de exclusividades em transmissões.
Os contratos, segundo as reportagens, dizem respeito aos jogos da Copa Libertadores, cujos direitos de transmissão foram cedidos pela Conmebol “mediante pagamentos extras”. Os contratos seriam muito enxutos, com objetos excessivamente amplos, e sem cláusulas de exclusividade  – tudo incomum para acordos desse tipo. Isso, aliado aos valores altíssimos, levantam suspeita sobre sua veracidade. O marqueteiro de esporte holandês Frank van den Wall Bake, um dos entrevistados, é categórico: “todos os contratos que envolvem esses atores são falsos”. O artigo ainda cita diversas empresas holandesas envolvidas nos esquemas. Dentre elas, duas com nome T&TSM. Uma, com sede nas Ilhas Caymann, responsável por negociar os direitos de transmissão no continente à Rede Globo, outra, com sede na Holanda, que recebeu todos os repasses.
Reiterei ao Ministro da Justiça o pedido de que as operações da Mossack Fonseca no Brasil sejam investigadas. Esperamos que esse não seja mais um caso de impunidade de crimes de colarinho branco, em que indivíduos, empresas e famílias extremamente poderosos saem ilesos de seus crimes financeiros. Os negócios da Globo – não bastasse o mal político que faz ao país, com seu monopólio de opinião que hoje novamente trabalha por um golpe de Estado – precisam ser investigados, porque sobre eles há sérias suspeitas de ilicitude. Se a grande mídia poupa os Marinho, que pelo menos a Polícia Federal faça seu trabalho de forma isenta e responsável.
Paulo Pimenta é jornalista e deputado federal pelo PT-RS. 

Lava Jato: ex-senador Gim Argello é preso em Brasília


Outro indício contra o ex-senador foi encontrado no celular do executivo Léo Pinheiro, da empreiteira OAS, apreendido ainda na 7ª fase da Operação Lava Jato
Por Redação, com ABr – de Brasília:
O ex-senador Gim Argello foi preso preventivamente nesta terça-feira, em Brasília, na 28º fase da Operação Lava Jato, sob suspeita de ter recebido propina em troca de sua atuação política em comissões parlamentares de inquérito que investigavam a Petrobras, informou o Ministério Público Federal do Paraná (MPF-PR).
Gim Argello foi vice-presidente da CPI mista da Petrobras
Gim Argello foi vice-presidente da CPI mista da Petrobras
Segundo o MPF-PR, a prisão do ex-senador foi autorizada após terem sido recolhidas provas de que ele recebeu R$ 5 milhões em propina da empreiteira UTC Engenharia, conforme depoimento do dirigente da empresa, Ricardo Pessoa, em delação premiada, à força-tarefa da Lava Jato.
Argello teria orientado o empreiteiro a destinar o dinheiro na forma de doações eleitorais aos diretórios nacionais de quatro partidos indicados por ele: DEM (R$ 1,7 milhão), PR (R$ 1 milhão), PMN (R$1,15 milhão) e PRTB (R$1,15 milhão). Em 2014, as siglas integravam uma coligação com o PTB, partido pelo qual o ex-senador tentava a reeleição.
O MPF-PR disse ter comprovado o depósito do dinheiro nas contas dos partidos por meio de recibos. Em 2014, Ricardo Pessoa não foi convocado para depor nem na CPI da Petrobras no Senado, nem na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investigou a estatal. Gim Argello integrou ambas.
Outro indício contra o ex-senador foi encontrado no celular do executivo Léo Pinheiro, da empreiteira OAS, apreendido ainda na 7ª fase da Operação Lava Jato.
Em mensagens, trocadas com Otávio Marques de Azevedo, presidente da empreiteira Andrade Gutiérrez, é mencionado o pagamento de R$ 350 mil para uma paróquia frequentada por Argello, que recebeu a alcunha de “Alcoólico”, em uma referência à bebida destilada “gim”. O dinheiro teria ligação com a obra da Refinaria Abreu e Lima (RNEST), da Petrobras, em Pernambuco.
Pinheiro também não foi convocado a depor nas comissões que investigavam a Petrobras no Congresso.
Os procuradores dizem ter recolhido ainda outras provas que corroboram o pagamento de propina, tais como registros de ligações telefônicas e reuniões.

Vitória de Pirro

Deflagrada nesta terça-feira, a 28º fase da Lava Jato recebeu o nome de Vitória de Pirro e cumpre 21 mandados judiciais em Brasília, Rio de Janeiro, Taguatinga (DF) e São Paulo.
Além da prisão preventiva de Gim Argello, estão sendo cumpridos outros dois mandados de prisão temporária e quatro de condução coercitiva, quando o investigado é levado para depor e depois liberado, além de 14 ordens judiciais de busca e apreensão.
São investigados os crimes de associação criminosa, concussão, corrupção ativa e lavagem de dinheiro. O nome dessa fase da Lava Jato faz referência ao rei Pirro (318 aC – 272 aC), de uma região da Grécia antiga, que, apesar de ter derrotado os romanos em uma batalha, sofreu danos irreparáveis e a vitória se mostrou inútil.

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