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Primeiro-ministro de Moçambique, Carlos Agostinho do Rosário
O primeiro-ministro moçambicano, Carlos Agostinho do Rosário, apontou esta sexta-feira em Maputo a baixa produtividade agrícola e a forte circulação do dólar como as principais causas do custo de vida em Moçambique.
De acordo com a Agência de Informação de Moçambique (AIM), Rosário mencionou alguns fatores que explicam a carestia de vida no país, falando no encerramento do 3.º Conselho de Monitoria do Ambiente de Negócios (CMAN), que juntou, em Maputo, membros do Governo e a Confederação das Associações Económicas (CTA) para uma reflexão sobre as medidas a tomar visando aliviar os efeitos da crise que o país atravessa.
“A baixa produtividade de produtos alimentares associada à significativa dolarização da nossa economia é o principal fator da subida do custo de vida, sentida pela nossa população”, disse o governante.
A fraca dinâmica da produção nacional, assinalou o primeiro-ministro moçambicano, é também responsável pelo desequilíbrio da balança comercial, pendendo a favor das importações, que ultrapassaram 6,6 mil milhões de dólares (5,8 mil milhões de euros) em 2015 contra mais de 3,3 mil milhões de dólares de exportações (2,9 mil milhões de euros).
“A estabilidade e a resiliência da economia só se alcançarão com a produção interna cada vez crescente, pois nenhuma economia pode viver a sustentar-se de empréstimos, importações e subsídios do Estado ao consumo”, acrescentou Agostinho do Rosário.
Nessa perspetiva, o governo moçambicano aposta no desenvolvimento de áreas que podem conferir uma maior vantagem comparativa ao país, nomeadamente, agricultura, energia, infraestruturas e turismo.
“São áreas que o nosso país tem vantagens comparativas e que facilmente podem ser convertidas em vantagens competitivas e que oferecem oportunidade para o setor privado no âmbito das parcerias público privadas ou individualmente”, disse Carlos Agostinho do Rosário.
O chefe do Governo reiterou que o Governo moçambicano pode rever em baixa a meta do Produto Interno Bruto de 7% para este ano, devido à conjuntura da economia doméstica e internacional.
Por seu turno, o presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), Rogério Manuel, afirmou que o país atravessa uma fase conturbada no plano económico, defendendo medidas concertadas para a mitigação dos efeitos da atual conjuntura.
“O Governo tem diversos ativos que não estão a produzir, por forma a aliviar o peso ao tesouro, muito menos a ajudar a minimizar os problemas do desenvolvimento socioeconómico do país”, declarou Rogério Manuel.
As dificuldades, realçou o empresário, são mais pronunciadas no setor agrícola, cujo crescimento será abaixo de 5% este ano, situação que impõe um diálogo profícuo e dinâmico.
“O Governo e o setor produtivo devem ter ações concertadas e focadas para a segunda campanha agrícola”, frisou Rogério Manuel.
A possibilidade de a economia moçambicana crescer menos do que o inicialmente previsto pelo executivo já tinha sido avançada na terça-feira pelo ministro da Economia e Finanças, Adriano Maleiane.
“É percetível que 7% vai ser muito difícil, mas eu não queria agora avançar os números antes de terminar a avaliação de todos os elementos que serviram de base para a planificação que fizemos”, afirmou Adriano Maleiane aos jornalistas à margem do I Conselho Coordenador do seu pelouro.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) e várias entidades independentes já tinham avançado com uma previsão de PIB abaixo dos 7% para Moçambique, apontando as cheias, a crise política e militar e o baixo preço dos produtos que o país exporta como fatores do abrandamento.
Fonte: Lusa