domingo, 20 de março de 2016

Sobre valorizar a nossa história

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CARTA A MUITOS AMIGOS
Apagou-se com 86 ano após uma bem longa doença, no final de Fevereiro deste anos LÚCIO LARA, um dos heróis e pioneiros da História da luta moderna de libertação dos países subjugados ao colonialismo português.
Após a II Guerra Mundial em Lisboa encontraram-se Eduardo Mondlane Marcelino dos Santosde Moçambique, Agostinho Neto Lúcio Lara de Angola, Amílcar Cabral da Guiné-Bissau.
Os colonialistas assassinaram Mondlane em 1969, Amílcar em 1973. Deste grupo de pioneiros só está entre nós Marcelino dos SantosNeto, doente, para sempre partiu em 1979.
Assassinados pelos colonialistas e seus agentes de outros países na nossa região, Patrice Lumumba do Congo (K), Herbert Chitepo do Zimbabué, Marian Ngouabi do Congo (B).
Dos pioneiros da causa libertadora na região sobrevive com mais de 90 anos Keneth Kaundada Zâmbia e Sam Nujoma da Namíbia com perto dos 90 anos.
A doença e o tempo arrancaram de nós Julius NyerereOliver TamboMabida e outros camaradas essenciais da nossa história comum.
Há que registar e nas nossas escolas relembrar, repetir, fazer decorar estes nomes, sob pena de ficarmos meros joguetes de quem manda nos dinheiros do mundo e por isso no nosso país.
Faz uns anos, em 1997, recebi um convite de uma prestigiada universidade portuguesa para fazer uma palestra sobre os 500 anos da ida de Vasco da Gama à Índia.
Vasco da Gama nunca se distinguira como marinheiro. Bartolomeu Dias, sim que morre no Cabo.
Depois de uma paragem em Inhambane que, porque bem acolhido, designou terra da boa gente. Não há razão para nos enaltecermos com esse elogio oportunista e com terceiras intenções.
Rumou na sequência até à Ilha de Moçambique que lhe mencionaram aí haver navegadores. Aí buscou quem o levasse à Índia. Face à recusa de vários marujos experimentados, capturou a família de um deles e prometeu enforcá-los se o marido e pai o não levasse ao destino ambicionado.
Um piloto aceitou, fizera múltiplas viagens para esse destino e não queria perder a família. Para quê? Mais um menos um barco que conduzira não lhe fazia espécie.
Ibn Magid, o nome do piloto.
Respondi a essa universidade que aceitava o convite se a minha intervenção estivesse destinada a falar de Ibn Magid. Não me responderam, o que interessava o desprezo pela verdade e o enaltecimento de Vasco da Gama.
Sabermos que a nossa vida e História não se iniciaram com os ocupantes que espezinharam o nosso continente, importa e muito.
Nos nossos manuais e no nosso ensino parece que caíu uma amnésia.
Vejo nalguma comunicação social tartar-se como pessoa de respeito um elemento que todo o mundo classificaria como terrorista e agora parece receber apoio dos bandidos que assolam a Somália e o Quénia. Ele quer-se apresentar como um dirigente democrata, que estudou as boas maneiras com os fundadores dos GE e GEP, os racistas da Rodésia e do apartheid. Exige governar e dividir o país, assassina gentes nas estradas, destrói viaturas, machimbombos, camiões, vive escondido como verdadeiro foragido da justiça.
Pede mediações a torto e à direita, desde o Presidente Zuma, à Igreja Católica e agora à União Europeia.
Há representantes seus nas Assembleias dos diversos níveis, no Conselho de Estado e sempre que perde uma eleição atribui a culpa a quem supervisiona o processo eleitoral, incluindo o Tribunal Internacional designado pelas Nações Unidas em 2004.
Por favor, não façamos de um Zé do Telhado, como diriam os nossos amigos portugueses, um combatente da causa da paz, liberdade, direitos humanos e democracia.
Parece-me particularmente grave e atentado grave contra a unidade nacional e a moçambicanidade as tentativas de fomentar o racismo, tribalismo, regionalismo e porque não mencionar o localismo.
Os ambiciosos e gananciosos usaram a arma do racismo e regionalismo para assassinarem Mondlane. O PAIGC negligenciou a luta contra o racismo e regionalismo, por isso mesmo mataram Amilcar Cabral e desde então a Guiné (B) tornou-se vítima de todo o tipo de facções internas, com golpes e contra golpes. São Tomé testemunha duas famílias a lutarem pelo poder, donde a instabiliade constante. Certamente o povo não beneficia dessas lutas pela ganância.
Durante a revisão da Constituição aprovada em 1975 e em 1990 houve quem alvitrasse que só se poderiam considerar moçambicanos verdadeiros quem demonstrasse possuir antepassados dos quatro (? oito, dezasseis, trinta e seis ou 42 costados).
Levantou-se o nosso grande Malangatana e declarou que lhe queriam retirar a nacionalidade, pois um dos seus avós vinha da Suazilândia. De seguida, Chissano que presidia a sessão afirmou que um dos seus avós vinha do Kwazulu. A questão morreu aí.
Anos depois um parvalhão notório veio com a tese dos moçambicanos originários. Por causa dessa e outras idiotices a Comissão Nacional da ACLIN r equereu q ue s e d emitisse, o que aconteceu. Mas os sequazes do dito G40 voltaram à carga, apontando que este ou aquele possuíam antepassados goeses. Coitados, felizmente que a ignorância e burrice não matam!
Puros e por isso em extinção, os pigmeus das florestas do Congo (K), alguns índios doAmazonas, e certos grupos de Hotentotes. Por favor, verifiquem o que diz o vosso ADN e as misturas mais diversas que lá estão, desde árabes a chineses, indonésios, indianos, goeses e até dos mais recentes, os portugueses. Sem mencionar o que por cá deixou a ONUMOZ e tantos cooperantes.
Para uma eleição numa federação desportista um incompetente e conhecido como gatuno, quiz ofender um candidato em função da cor da pele, quando o adversário possui um CVinvejável no desporto. Um apaniguado que dizem subornado afirmou que os atletas recusariam competir se fosse eleito, o treinador e a equipa ora aguardando decisões declaram que nunca os consultaram ou alinharam com esse tipo de afirmações. Parece que as gatunagens estão submetidas a auditorias e inquéritos e talvez nos caia a sorte de mais um pilha-galinhas na cadeia, onde precisa de emagrecer!
Basta de subornos e pilhagens e um abraço à ombridade e competência.
P.S. Conheço e bem os novos comandantes da PRM, no passado várias vezes trabalhamos juntos e muito mérito encontrei nas suas realizações.
Por favor, restaurem a dignidade e prestígio que a PRM deve reganhar junto de todos do Rovuma ao Maputo, a confiança que nala devemos depositar.
Um abraço ao vosso travalho que se mostra muito árduo, sobretudo para limpar a casa dos refrescos, cumplicidades em crimes, aluguer de armas e porque não dizer, nos crimes de raptos. Um abraço ao sucesso. Estamos com esperança e convosco.
                                                                                          SV

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