quarta-feira, 16 de março de 2016

Pessimismo das agências de Ranking sobre a economia moçambicana

Assim acaba a festa dos arrogantes e incompetentes:
Standard & Poor’s
a) Corte de 4 posições na notação de Moçambique, de B- para CC (10 posições abaixo do nível de investimento);
b) Reestruturação proposta pelo governo é “equivalente a incumprimento”;
c) Descida do rating para “incumprimento seletivo” possível “se considerarmos que os investidores irão receber um valor inferior ao prometido no título inicial, ou se concluirmos que a oferta é pressionada, em vez de puramente oportunista”;
d) Rating será revisto quando a oferta for concluída com sucesso.

Mody's Investors Service:
a) Corte de rating, de B2 para B3, sob revisão para possível novo corte;
b) Principal motor para a descida é a “deterioração da posição da balança de pagamentos e reduzida capacidade do governo para servir as suas dívidas vincendas, como evidenciado pelo declínio das reservas de moeda estrangeira do Banco de Moçambique e pela decisão do governo de iniciar uma oferta de troca de dívida para reduzir o esvaimento de reservas externas nos próximos anos”; “ambiente externo particularmente adverso”
c) Reservas de moeda estrangeira caíram de 3200 mUSD em agosto de 2014 para 2.300 mUSD no final de 2015; nova descida esperada em 2016, apesar de desembolso de 165 muSD pelo FMI;
d) Atrasos nos grandes projetos de investimento, incluindo de gás natural, “são prováveis” e vão continuar a pesar sobre a balança de pagamentos; “a capacidade das empresa do setor (do gás) para financiar projetos de tão grande escala foi afetada” pela quebra de preços de venda; a própria Anadarko, a par da ENI o grande investidor no LNG moçambicano, viu o seu rating ser baixado a 18.fev, para Ba1-, com previsão “negativa”, refletindo “pressões financeiras que provavelmente afetarão os seus planos de desenvolvimento em Moçambique, pelo menos no curto prazo”;
e) Proposta para títulos EMATUM “irá provavelmente constituir uma operação de troca sob pressão”, segundo a definição da Moody´s”; a garantia irrevogável dada pelo governo aos títulos significa que o incumprimento do pagamento dos títulos, incluindo uma troca sob pressão, seria um incumprimento da parte do governo;
f) A operação de troca “trará provavelmente algum alívio” face às crescentes pressões na balança de pagamentos, mas também poderá “exacerbá-las”, nomeadamente “reduzindo a entrada de investimento estrangeiro”;
g) Novas revisões em baixa (ao nível do rating do governo limitadas a um nível) possíveis “se concluído que a troca proposta para a EMATUM demonstra uma menor disponibilidade para servir a dívida vincenda”; se as perturbações na balança de pagamentos e diminuição de reservas for maior do que o esperado;
h) Revisão em alta “improvável”; pode ser estabilizada a notação se houver evidências de que as políticas do governo vão no sentido de cumprir as suas obrigações e alcançar o ajustamento externo, de uma maneira que preserve as reservas de moeda estrangeira;

Fitch (11.mar)
a) Previsão para notação de Moçambique (B) em revisão “negativa” 'B', próxima revisão a 29.abr;
b) Alteração devida a operação proposta pelo governo para EMATUM; “Com base nas declarações públicas feitas pelas autoridades até à data, a Fitch assume que no curto prazo irá realizar-se uma operação de troca de obrigações e que existe a possibilidade de a operação constituir um evento de incumprimento, com base nos critérios da agência”;
c) Se confirmado incumprimento, descida do rating para C.

Fonte: Briefing Diário África Monitor no 38 da Monitorius Edições

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