quinta-feira, 10 de março de 2016

Passageiros acusam terror nas ‘escoltas militares’

O relato do passageiro de uma transportadora proveniente da Zambézia, com destino a cidade de Maputo, esta semana, aponta para momentos de “terror” no troço entre Muxúnguè e Rio Save, com as viaturas em andamento, mas forçadas a interromper a marcha.
“Não acredito que tenha desembarcado em Maputo sem ter sofrido nenhuma lesão corporal, mas as imagens que ficam gravadas na cabeça são suficientes para continuar assustado com a situação”, assim se pronuncia Moniz, único nome com o qual se identifica.
Na coluna, com mais “mais ou menos” cem viaturas, partindo de Muxúnguè com destino a Rio Save, escoltada por elementos das Forças de Defesa e Segurança, à frente na boleia de viatura policial e na cauda, uma segunda, sem nenhuma no meio, entre a fila de veículos.
A dado momento, segundo os interlocutores, entre a fila de viaturas escoltadas, homens armados ‘cortam’ a coluna, mandando parar inúmeras viaturas, as mais próximas sujeitas a um verdadeiro saque. “Aquilo é um saque”, sublinha Moniz, único nome pelo qual se identifica.
Afirma serem homens muito bem armados, de uniforme verde, que se limitam a exigir telemóveis, dinheiro e outros bens pessoais, antes de abandonar a viatura “fiscalizada” e passarem para uma outra para o mesmo exercício de saque.
Nesse momento, uma parte da coluna continua a avançar em direcção ao Rio Save, enquanto a longa cauda está a ser sujeita ao saque. Nem com isso, lamentam os nossos interlocutores, a última viatura policial que se encontra no final da fila, porque também parada, nem com isso, dizíamos, os agentes das Forças de Defesa e Segurança da viatura mais recuada estranham o facto de a coluna ter interrompido o movimento.
Após saque em várias viaturas de passageiros e particulares, os assaltantes, armados, abandonam a coluna e se metem pela mata dentro, sem terem violentado ninguém. É nessa altura que a fila de viaturas reinicia o movimento até Rio Save.
A dúvida que permanece na cabeça das pessoas assaltadas é de se saber a proveniência dos assaltantes, se do governo ou da Renamo.
Entretanto, o governo acaba de anunciar estar a investigar as acusações de alegadas violações dos direitos humanos das Forças de Defesa e Segurança contra populações de Tete e refugiadas no Malawi, devido a confrontos com a Renamo.
O governo reitera “o seu compromisso em continuar a trabalhar com todos os segmentos da sociedade para compreender em que consistem tais violações dos direitos humanos e tomar medidas apropriadas à luz da lei, segundo nota do Conselho de Ministros, reunido esta terça-feira.
Colaboram na anunciada investigação, com os órgãos da Administração da Justiça, que reforça as medidas visando a consolidação do Estado de direito, para garantir o respeito contínuo pelos direitos e liberdades fundamentais no país.
No processo, instituições especializadas nacionais e internacionais na assistência humanitária aos fugiram para o Malawi, bem como visa assegurar o regresso e assentamento no país dessas pessoas.
EXPRESSO – 10.03.2016

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