sexta-feira, 18 de março de 2016

Lula volta a ser ministro e confirma que vai participar em manifestação

PT marcou acções de solidariedade em 46 cidades. Avenida de São Paulo está no fio da navalha, depois de a polícia ter usado canhões de água contra grupo anti-Dilma.
O Brasil vive esta sexta-feira um dia de alto risco, com manifestações contra e a favor do governo e de Lula da Silva marcadas paras as principais cidades do país. A mais aguardada realiza-se em São Paulo, na avenida Paulista, onde são esperados 150 mil pessoas, convocadas pelo Partido dos Trabalhadores (PT).
O ex-Presidente e líder histórico do PT confirmou que vai participar na acção de apoio ao Governo de Dilma Rousseff, depois de consultar militantes do partido e líderes de movimentos sociais, escreve a Folha de São Paulo. A presença de Lula estava em dúvida, devido a receios de confrontos durante a manifestação.
Entretanto surgiu a notícia de que Lula da Silva pode voltar a assumir a pasta no Governo, depois de ter visto a sua nomeação suspensa na quinta-feiraA decisão foi tomada pelo vice-presidente do Tribunal Regional Federal da 2.ª Região, o desembargador Reis Fride. Com esta decisão, o responsável põe fim à liminar da 6.ª Vara da Justiça Federal no Rio de Janeiro, que travou a nomeação de Lula da Silva como chefe da Casa Civil.
De acordo com a Advocacia Geral da União – responsável pelo pedido de suspensão –, o ex-Presidente vê a sua situação regularizada e pode retomar o exercício das suas novas funções.
O clima em São Paulo está no fio da navalha, segundo os relatos dos jornais brasileiros e das agências noticiosas. Sobretudo depois de a polícia de intervenção ter obrigado cem manifestantes anti-Lula e Dilma que ali estavam desde quinta-feira  obrigando ao encerramento da Paulista — a abandonar o local para dar espaço para a concentração marcada pelo PT.
Ali os protestos começaram na noite de quarta-feira, com os manifestantes a demonstrarem também o seu apoio ao juiz Sérgio Moro. Os líderes do grupo que ocuparam a avenida tinham afirmado que não iriam abandonar o local até Dilma sair do poder, mas a polícia utilizou gás lacrimogéneo e canhões de água para os dispersar. 
No Rio de Janeiro a concentração dos manifestantes pró-Governo será na Praça XV. Várias centrais sindicais e movimentos sociais marcaram mobilizações para outras 46 cidades do país, segundo informações do jornal O Globo.
Ao longo do dia de quinta-feira registaram-se protestos em pelo menos 21 estados. Durante a noite, manifestantes a favor e contra o Governo entraram em confrontos com a polícia em Brasília, com cerca de 50 motociclistas a tentarem invadir o Palácio do Planalto, em Brasília. A polícia reagiu com gás lacrimogéneo e com balas de borracha.
No município de Esplanada, no estado da Bahia, cerca de oito mil pessoas reuniram-se em protestos contra o Governo. Já em São Bernardo do Campo, um grupo de 700 sindicalistas passou a noite em protesto à frente do prédio onde mora Lula da Silva, números avançados pelo Globo.
Dilma Rousseff voltou a criticar a divulgação das escutas de conversas que manteve com o seu antecessor por Sérgio Moro. "Em muitos lugares do mundo, quem grampear [escutar] o presidente, se não tiver autorização judicial da Suprema Corte, vai preso (...) Grampeia o presidente dos EUA e vê o que acontece".
Entre as várias conversas reveladas, há uma que sugere que a nomeação de Lula como ministro serviu apenas para impedir que o ex-Presidente fosse julgado pelo tribunal de primeira instância  no Brasil, apenas o Supremo Tribunal Federal tem competência para julgar titulares de cargos públicos.

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