Choque frontal de dois comboios no estado da Baviera.
Subiu para nove o número de pessoas que morreram numa colisão entre dois comboios de passageiros perto da cidade de Bad Aibling, no estado da Baviera, na Alemanha. Há mais de uma centena de feridos. Todos os sobreviventes já foram retirados dos comboios mas há ainda duas pessoas desaparecidas, segundo a polícia alemã.
"Existem cerca de 100 feridos, muitos deles em estado grave", revelou fonte policial. O acidente ocorreu às 6h48 (em Portugal continental era uma hora mais cedo). As equipas de socorro estão no local e o acidente, a cerca de 60 km da cidade de Munique.
O choque de dois comboios de passageiros começou a ser investigado de imediato. As causas estão ainda por apurar, mas as primeiras informações apontam para uma falha do sistema automático de mudança de via – os dois comboios circulariam na mesma linha em sentidos opostos. O choque aconteceu numa curva e um deles acabou por descarrilar.
No entanto, a via férrea em que ambos os comboios circulavam está equipada com um sistema de prevenção deste tipo de incidentes, afirmou o ministro dos Transportes do Governo federal. "O sistema PZB 90 deveria garantir automaticamente que os comboios não chocavam, forçando-os a travar", disse Alexander Dobrindt.. No entanto, as composições "devem ter chocado a uma velocidade elevada", reconheceu. "Nestro troço da via é possível chegar a 100 km/h, e fica numa curva, o que quer dizer que os condutores não fazem contacto visual."
Será a análise das caixas negras dos comboios que permitirá explicar o que se passou. Duas das três caixas negras foram já recuperadas e espera-se que a terceira seja encontrada ainda hoje. "Temos de esperar os resultados, tudo o resto será especulação", disse o ministro.
Entre os nove mortos estarão os dois maquinistas e ainda dois revisores. Várias pessoas ficaram presas dentro das carruagens mas já foram entretanto retiradas pelas equipas de resgate. Segundo os dados da polícia, citada pela BBC, entre os feridos, 15 pessoas estão em estado crítico (em risco eminente de morrer) e 40 em estado grave (existe potencial de recuperação).
Meia centena de pessoas envolvidas no socorro
O acidente aconteceu perto do rio Mangfall, numa zona de mato denso e de difícil acesso, onde habitualmente os comboios circulam a 120 km/hora, escreve a AFP. Os feridos graves estão a ser transportados para os hospitais mais próximos de helicóptero. As linhas foram cortadas e o trânsito na zona também não está a circular.
Alexander Dobrindt destacou ainda a rápida resposta ao acidente, contando que as primeiras equipas de socorro chegaram ao local três minutos depois do alerta. No local estão mais de 500 pessoas a trabalhar, entre bombeiros, médicos e polícias. A operação de resgate e salvamento foi complicada pelo dificil acesso à zona de colisão, onde não é possível, por exemplo, fazer chegar ambulâncias. Foram usados barcos e helicópteros.
Joachim Herrmann, ministro do Interior, revelou na mesma conferência de imprensa que os dois comboios deviam ter-se cruzado num outro ponto da linha: “Por que não o fizeram, temos de investigar”.
O chefe da polícia de Baviera, Robert Kopp, contou como no início não se fazia ideia do número de passageiros nos dois comboios. Eram cerca de 150. “Nesse aspecto, tivemos sorte porque num dia de semana normal este número teria sido muito maior”, apontou, acrescentando que todas as vítimas estão a ter acompanhamento. Recorde-se que, tal como em Portugal, nesta terça-feira celebra-se o Carnaval e os alunos estão de férias. Em altura de aulas, muitas crianças e jovens utilizam este meio de transporte.
A chanceler alemã, Angela Merkel, já apresentou as condolências às famílias das vítimas.
“Este é o maior acidente que temos em anos nesta região e temos muitos médicos de emergência, ambulâncias e helicópteros no local” disse aos jornalistas Stefan Sonntag, porta-voz da polícia local.
Os comboios envolvidos pertencem à companhia Meridian, que em comunicado explicou que os dois seguiam na linha que liga Rosenheim a Holzkirchen. “O acidente é um choque enorme para nós. Estamos a fazer tudo o que podemos para ajudar os viajantes, as suas famílias e os trabalhadores”, disse aos jornalistas Bernd Rosenbach, director da Bayerische Oberlandbahn que opera na Meridian.
Na cidade de Rosenheim, não muito longe do local do acidente, os festejos de Carnaval foram cancelados. Em Munique, para onde está a ser transportada grande parte das vítimas, os hospitais estão a pedir doações de sangue por falta de reservas para um momento de crise como este.
Ainda antes da conferência de imprensa, o ministro do Interior Joachim Herrmann tinha considerado a situação “terrível”, lembrando que o acidente desta terça-feira é um dos mais graves a acontecer na Alemanha. “A situação no local não é fácil”, acrescentou, defendendo que “um acidente como este não deveria acontecer nos dias de hoje”.
O maior acidente ferroviário na Alemanha aconteceu em 1998, quando um InterCity Express, o equivalente ao francês TGV, que ligava Munique a Hamburgo descarrilou, causando a morte a 101 pessoas e deixando 88 feridos. É o acidente mais mortal desde 1945, quando num outro desastre, perto de Munique, morreram 102 pessoas.
Mais recentemente, a Alemanha tem registo de mais dois acidentes graves. Em 2000, nove pessoas morreram perto de Colónia num desastre com um comboio nocturno que fazia a viagem entre Amesterdão, na Holanda, e Basileia, na Suíça. Já em 2011, uma colisão entre um comboio de passageiros e um comboio de carga em Saxony-Anhalt fez dez vítimas mortais.
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