quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Homem acusado de matar quatro pessoas nada disse ao tribunal

Ex-mulher, ex-sogros e enteado foram mortos no dia 28 de abril de 2015. Vítimas tinham entre 23 e 70 anos
O homem acusado de matar quatro pessoas a tiro - ex-mulher, ex-sogros e ex-enteado - na Póvoa de Varzim, em abril de 2015, não quis hoje prestar declarações em tribunal, argumentando "já ter confessado os factos". "Não quero falar porque já confessei os factos", disse o arguido perante o coletivo de juízes do Tribunal de Matosinhos, distrito do Porto.
De acordo com a acusação do Ministério Público, citada numa nota da Procuradoria-Geral Distrital (PGD) do Porto, o arguido armou-se "com uma pistola e com um revólver carregados, assim como com várias munições de reserva, dirigiu-se à Rua Comendador Araújo, na Estela, Póvoa de Varzim, à casa onde a sua anterior companheira vivia com os pais, e abateu-os a tiro, bem como a um filho que aquela tinha de uma anterior relação".
O crime aconteceu no dia 28 de abril de 2015, por volta das 09:00, e as quatro vítimas tinham idades entre os 23 e 70 anos.
Segundo informações adiantadas no próprio dia do crime pela GNR do Porto, duas das vítimas terão sido mortas no interior do café, propriedade dos ex-sogros do arguido, um empresário de 42 anos, e as outras duas terão sido baleadas no interior da residência da família, que tinha ligação direta ao estabelecimento.
Falando hoje aos jornalistas, à saída do tribunal, o advogado de defesa, Jorge da Costa, afirmou "estar certo" que até ao final do julgamento o suspeito irá falar. "Ele tem de falar e esclarecer os factos, aliás, ele não nega que os cometeu, mas este não é o momento porque ele não está bem", disse. E acrescentou: "ninguém fica sereno e indiferente depois de passar por uma tragédia desta dimensão".
Jorge da Costa revelou ainda que na quinta-feira o arguido vai fazer uma perícia psicológica para apurar a sua personalidade.
A Polícia Judiciária (PJ) emitiu, na altura, um comunicado no qual referia que as quatro mortes na Estela ocorreram na sequência de "conflitos com a posse de terrenos e o recebimento das respetivas rendas" entre o alegado homicida e uma das vítimas.
Esta força policial, através da Diretoria do Norte, referia ainda que os conflitos já se vinham a arrastar "desde há algum tempo", entre o suspeito, a sua ex-companheira e familiares desta.
"De acordo com a acusação, o arguido, desavindo com a sua anterior companheira por questões subsequentes à rutura da relação que com ela mantinha, começou a anunciar-lhe que a mataria, assim como a toda a sua família, e imbuído de sentimentos de raiva, avareza e materialismo, foi alimentando esta ideia de pôr termo à vida de tais pessoas", revelou ainda a PGD do Porto.
O alegado homicida estava separado da ex-mulher há cerca de ano e não aceitava o fim da relação, nem o facto de esta ter um novo companheiro.
Ao arguido, em prisão preventiva desde o dia 29 de abril - data em que foi detido na A3, em Valença, a dois quilómetros da fronteira espanhola, depois de se despistar - estão imputados quatro crimes de homicídio qualificado, três crimes de ameaça agravada, um crime de detenção de arma proibida e um crime de uso e porte de arma sob efeito de álcool.

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