terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Essa Frelimo de hoje não dá para espertos…





Essa Frelimo está cheia de surpresas, a partir de como escondeu um quadro de nome Filipe Nyusi, até descobrirmos a poucos meses das eleições gerais de Outubro de 2014, deixando atónitos e incrédulos aqueles que sempre se acharam conhecedores deste país e dos quadros renomados que tem.
Foi a vez do próprio Nyusi, na véspera da sua tomada de posse deixar que os espertos formassem o seu governo, conforme pensavam que sabiam, enchendo páginas inteiras de previsões e quase certezas sobre os nomes que constituíram o primeiro executivo do engenheiro, para, dois dias depois de investido, as conjecturas virarem um autêntico pesadelo intelectual e profissional.
Ninguém se lembrava de Agostinho do Rosário, ninguém tacteava o nome de Adriano Maleiane como peça ainda útil, ninguém adivinhava que Carlos Mesquita e Celso Correia, seriam desviáveis da sua vida empresarial para um projecto governativo responsável; fizeram-se de esquecidos de que Mondlane tinha uma filha elegível, nem sabiam que neste país existia Lucas Mangrasse, nem mesmo que alguém com 30 anos de idade poderia entrar para a equipa governamental.
Os analistas “ sempre atentos” nunca ousaram pensar na mobilidade de Jorge Ferrão, o patrão da Unilúrio, eu próprio pensava que aquela universidade significava exclusivamente aquele académico que já foi nosso colega nas lides jornalísticas. Enfim, falhamos quase todos, sobretudo aqueles que não duvidam quando dizem e escrevem o que pensam como se de verdade última se tratasse.
Anteontem realizou-se a primeira sessão extraordinária do partido Frelimo, durante cerca de meio-dia e algumas horas. Assim, mesmo: menos de um dia de duração!
Mas esse nem é problema. Para quê tantas superfluidades se a agenda era tao clara à medida duma preparação cuidada e certeira, lembrando um engenheiro que não quer deixar de ser!
O problema é a situação em que ficaram os nossos analistas e comentaristas em relação ao que disseram que seria a primeira sessão do comité central dirigida por Nyusi.
Depois de espaços televisivos desperdiçados a conjecturar sobre o mote da reunião e o possível desfecho da mesma. Depois de páginas inteiras usadas para dizer o que seria o comité central e na falta de pudor, ate puseram em causa textos feitos responsavelmente, através de métodos profissionais inquestionáveis e rotularam este jornal de estar a ser caixa-de-ressonância ao ter escrito simplesmente que o encontro apenas tinha um ponto de agenda, mais nada!
Na verdade, tratou-se de quem encontra o país apenas à volta da sua sombra, que nem sequer sabia da existência de Chakil Aboubacar, nem sonhava que Agostinho Trinta, em segundo mandato, poderia até ser mexido para se dedicar inteiramente ao trabalho do seu partido e hoje querem saber onde andava Glória Muando. Simplesmente porque esta Frelimo, de facto surpreende!
Resta sugerir aos meus camaradas de profissão, para que voltemos a fazer o jornalismo tal como as regras seculares recomendam. Temos que ser permanentemente ignorantes, por isso perguntando sempre, escrevendo os acontecimentos, com factos e fontes. É o que nos recomendam os manuais básicos, nem por isso inúteis.
O risco que corremos quando não cumprimos estas regras basilares da profissão é descredibilizarmo-nos, é essa vontade que depois se nos apossa de pensar no impossível, de apagar as páginas dum jornal publicado, apenas porque quisemos inventar para lá da profissão, à procura da sensação e de ser diferente/primeiro. Não dá, sobretudo com essa Frelimo que parece que não dá para espertos…
PS: Alguns publicitaram-me na semana que termina, ao quererem rebater o meu texto sobre os recados e recadinhos do governo no desporto. Agradeço, tendo em conta o número de leitores que puxaram para a minha opinião/coluna e as observações abonatórias que recebi. Um tal de Amosse Mucavele quis aproveitar a oportunidade para saber se no CSCS entram jornalistas no activo ou não, ou ainda se o jornal domingo é ou não público. Não é desta vez que quero dar a lição.
Pedro Nacuo

“o meu coração dá voltas, a minha força me falta,” Sl 38:10
Nascido algures num dos muitos matagais deste imenso País, tenho o privilégio de viver e morar na grande Metrópole Moçambicana (Maputo), carinhosamente tratada pelos seus citadinos como “Cidade das Acácias”, cujo “slogan” da edilidade é que esta agora também minha cidade seja “cidade próspera, bela, limpa, segura e solidária”. Incondicionalmente eu também como muitos, subscrevo orgulhosamente por baixo este nobre desejo da edilidade, e, para viver alguns dos muitos problemas que ainda restam por resolver que logicamente a cidade os tem, sigo o conselho receitado por uma estrofe duma canção religiosa que diz: “que nenhuma família comece em qualquer de repente”, começo por congratular a edilidade pela aquisição e colocação em andamento dos primeiros autocarros, munidos de “ar condicionado” um dado inédito na história do Povo Moçambicano, digníssimo de registo, pois andar em autocarros de luxo, é algo digno de várias salvas de Palmas! Muito obrigado edilidade! Não obstante, e como costumava dizer-me (ensinar-me), uma das minhas saudosas avós que: “Yiwalo Thonvu yo mbana Mafina”, ou seja, todas as narinas têm resquícios de ranho, o mesmo que dizer “como não há bela sem senão, a materialização do “slogan” não é e nem podia ser tão linear, pois persistem ainda muitos obstáculos por ultrapassar pelo menos no que toca a ela ser “segura e solidária”, porque da sua “prosperidade, beleza e limpeza”, sejamos honestos, são notáveis e mensuráveis por qualquer um de nós, que queira ver com olhos, não importa a que preço. Quanto a “Segurança e Solidariedade”, isso é outro assunto! Senão vejamos: Vivo e moro no Distrito Municipal Ka Mahota, numa Palhota construída, há quase vinte anos, ilegalmente, sem ser por culpa minha, pois a burocracia para obter o sonhado DUAT era (e é tal) que…enfim. Dizia, saio do quintal da minha palhota ilegal, com destino ao centro da cidade (Sede da RM), para manifestar a minha sucata e para evitar complicações com as Policias (de Transito e ou Municipal), prefiro “despachar” esse dever logo no primeiro dia útil do ano. Faço isso todos os anos. Para tal apanho no “Cardeal Dom Alexandre”, ainda em obras, pois a pavimentação, em passo de camaleão parou inexplicavelmente no cruzamento daquela Avenida com o “Mário Esteves Coluna, alí nas Bombas da “ENGEN”, desde Dezembro, talvez à espera das chuvas; dizia apanho um“may love”, que como se sabe, trata-se da designação dum formidável transporte colectivo de passageiros, dentro do qual, (aí sim! A solidariedade é palpável), pois abraçamo-nos, apertamo-nos e respiramos o mesmo ar (impuro) e sentimos o pulsar e o batimento do coração de alguém com o ou a qual até ai era totalmente desconhecido e apoiamo-nos em caso de algum inesperado solavanco). Na Praça dasFPLM (vulgoXikheleni), que ainda está em obras de requalificação, desço e conecto-me com outro “my love”, que vai me levar até baixa. Bem, por causa do espaço, vou encurtar a conversa e ir direitinho ao assunto sem contar o resto da aventura. Como disse anualmente somos obrigados (pela madrasta da Lei) a preenchermos os mesmos impressos, quando podíamos simplesmente exibir oLivrete, pagarmos e obtermos a preciosa VINHETA. Para o mal dos meus pecados, de regresso a casa e no meio de muita (In) segurança e solidariedade num dos “my love”, perdi a vinheta. Dia seguinte repito o movimento, e chegado lá, depois de novamente a “bicha” obtenho a informação de que para a 2ª.via da VINHETA, devo requerer a Sua Excelência o Presidente!? O meu coração dá voltas!
Kandiyane Wa Matuva Kandiya




Quanto lemos na mídia e depois confirmado das autoridades, que em zonas remotas do país, cidadãos moçambicanos vêm sendo perseguidos,raptados, seus bens saqueados, e mortos pela Renamo, ficamos incrédulos e revoltados.
Diálogo?Não se pode forçar o diálogo quando o oponente político não está para aí virado, e anda a cometer desmandos.
Vivemos uma democracia com indicios de ter vindo para complexificar as expetativas da Renamo,sempre em crise de identidade, e ao que parece até completa  autoflagelação.É  que ademocracia exige uma vibrante e democrática cultura política, perante o compromisso com as suas regras, onde o respeito pela ética surge como fator determinante da parte dos actores políticos E por mais que queirâmos omitir esta realidade,o fato é que o  nosso principal  opositor político, vem manifestando lampejos de extremismos e desespero, ao provocar danos colaterias em Tete,  Morrumbala na Zambezia, Gaza assim como em Maringue, em ataques que  não deixam de  ferir a imagem de estabilidade sócio política e económica, que se pretende do país.
Um potencial clima de caos apenas interessa à Renamo e ao seu líder, e não à maioria de todos nós, que amamos a nossa terra,respeitamos as estruturas do poder constituído, e nos revemos no esforço dispendido na edificação da obra, que a todos identifica no universo das nações.
Vivemos numa democracia parlamentar, e por mais que para alguns esta democracia tenha frustrado as suas expectativas, é a democracia que temos.Se pode ser melhorada,claro que sim.Temos uma constituição e um parlamento, e desde que os mesmos actores deixem de pensar pelo umbigo de venerados líderes, e coloquem o povo em primeiro, a paz e o desenvolvimento, estão garantidos.
Seria aqui exaustivo enumerar as várias incongruências  notabilizadas, desde a introdução do manifesto democrático entre nós, até à presente frição política.Se O AGP foi insuficiente para calar vozes dissonantes , as eleições de 1994, pareciam um passo gigantesco na conciliação de vetores de justiça, unidade e coabitação, e inclusão, mas  que se veio mostrar uma utopia, enquanto velhos ressentimentos não fossem exorcizados.
Se com várias eleições que se seguiram se pressupunha a consolidação da democracia e abdicação de resquícios de animosidade, com origem em convições e ideologias políticas, que nos dividiam, o resultado foi uma ruptura na confiança, como elo de entendimento.O que parecia a panaceia ideal do mal que padeciamos, ressuscitou tensões que julgavamos ultrapassadas.A esfera pública vem adensando com os seus anseios expostos na praça, porque apesar da democracia, alguém interessa polarizar a radicalização de posições políticas contrárias, com cada contendor a defender com arreganho inusual os seus pontos de vista.
Enquanto o partido Frelimo desde 1993, adoptou a Social-democracia,  para melhor defesa da liberdade em todos os sentidos, igualdade, a justiça social e a solidariedade, com o objectivo de colocar os recursos naturais ao serviço de um capitalismo mais igualitário; da parte de Renamo por exemplo assistiu-se à tentativa de bipolarizar o espectro politico, com recurso ao terrorismo, o uso do tribalismo, regionalismo como arma política ao serviço do separatismo, tendo aderido ao eixo do mal, alguns ultracolonialistas como assessores,com intuito de reforçar o bloqueio ao normal funcionamento da democracia. A Renamo ao tentar abrir a caixa de pandora,fá-lo por intransigência à um desiderato impensável de colmatar perante a Lei de todos nós, e não porque o que nos divide seja inultrapassável.O cerne da questão é esta,...A Renamo é  um partido político, com assento parlamentar, com uma milícia armada atrelada para uso político? O que é  ilegal,...Ou um milícia armada com assento parlamentar, e que se dedica ao terrorismo para fins políticos? O que vai dar ao mesmo, sendo  igualmente ilegal.
 Moçambique é estruturalmente pobre, com um governo que tem na agenda quebrar o ciclo  vicioso de subdesenvolvimento e pobreza, do outro lado, temos  o maior partido da oposição a funcionar com contrapoder.Mesmo com um pé no parlamento, limita-se a conspirar em  surdina com estrangeiros, tendo em vista  flanquear o inimigo ideológico,com lavagem de dinheiro injectado, a ver se o regime entre um dia em colapso.
De que valeu a revisão da Lei eleitoral, se Afonso Dlhakama continua o mesmo iditota?Hoje a Renamo não parece existir como um interlocutor político válido.
Não sou hipócrita,digo às claras aquilo que outros falam às escuras.
Este cenário mais a inexistência de mudança de paradigma nos pólos de decisão, dificulta  a busca de paz , e uma aproximação ao governo.É uma situação que induz a crispação política,sendo capaz de adensar ainda mais um quadro por si já volátil, em direção ao epicentro.Se o pomo da discórdiaéo resultado  do ato eleitoral,Dlhakama e os seus merecem constar no Guiness book. Foram 5 derrotas consecutivas.Será que a Renamo nãotem gente capaz de substituir o seu amado e venerado líder?
Ele várias vezes afirmou que o adversário não era o estado de direito, mas o regime político, o que na mente dele é  a mesma coisa.E como o discernimento nunca foi o seu forte, confronta tudo o que ele representa, enquanto  coloca as suas forças residuais em posicionamento ofensivo, para o que der e vier, em Tete e Zambezia,mesmo sem ter capacidade militar para derrotar as FDS.
Ao acicatar a tese de rebelião armada,apenas pensa na sua reforma económica, e no seu retiro político.Ninguém lhe vai perdoar, que de forma premeditada e sem razão,tenha posto em causa a segurança dos moçambicanos.Ele no fundo sabe quando fala em governar, que a mensagem ecoa e provoca ressonância  numa minoria anémica tribalista como ele, e não a maioria dos moçambicanos que vê , em toda esta geringonça dedo exterior.Este bater de tambores é ainda o simbolizar do final de um processo catacterizado por um acumular de derrotas, e que pretende lavar a face junto dos apaniguados da ala radical, que ele representa. Perante isto é falso dizer-se queAfonso  Dlhakama deseja a paz em oposição a outros ditos generais da Renamo , quando ele é o recalcitrante apóstolo da desgraça, e o maior conspirador contra a integridade do estado moçambicano, e as suas instituições democráticas.Não existe mais margem de manobra para um potencial diálogo, sem o desarme incondicional da Renamo.Ninguém quer a guerra nem uma paz podre, contudo o estado não pode ser desautorizado nem desrespeitado, senão ficamos engalfinhados num labirinto sem saída, e perdemos todos.
Viva o 3 de Fevereiro, dia dos heróis moçambicanos.
Ps.Os ataques cordenados levados a cabo pela Renamo, revelam o estado de  isolamento e desespero de Afonso Dlhakama e os seus, num braço de ferro, que ele próprio deu início, e que agora não sabe como dar o braço a torcer.

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