quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Dhlakama é inimigo dos moçambicanos?


Segunda, 08 Fevereiro 2016

A HISTÓRIA do então Império Romano, revela numa das suas passagens, que no tempo em que Cícero era quem reinava, houve romanos que eram inimigos da própria Roma e, obviamente, dos próprios romanos.


Reza a mesma história que Cícero teve de mover uma renhida guerra contra esses romanos que se haviam tornado inimigos de Roma, a tal ponto que sentindo-se terrivelmente sacudidos em todos os seus esconderijos, começaram a usar a táctica de o acusarem, eles próprios, de estar a cometer excessos e abusos do poder, mas o povo como tal, o verdadeiro povo, vendo-se salvo, o aplaudia.

Quando dei conta de que a direcção da Renamo havia, uma vez mais, pautado pela ausência ou boicote às celebrações do dia dos heróis moçambicanos que se assinalou no passado dia 3 de Fevereiro corrente, tanto aqui na capital, Maputo, como noutros pontos do país em que se evocou a memória de todos os que tombaram lutando contra o colonialismo português e os então derrotados regimes racistas que imperavam na nossa região e que foram, neste caso, os progenitores desta mesma Renamo, voltei a encarar os membros da direcção da Perdiz, como moçambicanos que se comportam iguais àqueles romanos que eram inimigos de romanos e da própria Roma.

Há muitos factos que (com)provam que Dhlakama e muitos do seu elenco, são moçambicanos inimigos de moçambicanos. E a prova do que digo aqui, é o facto de estarem, uma vez mais, a protagonizar incursões armadas contra as FDS e civis um pouco por todo o país, criando assim pânico e tensão política sem justa causa.

Ao tentar desenterrar de novo o seu machado de guerra com que começaram a guerrilha, dois anos após a proclamação da nossa independência nacional, pela voz do carismático Samora Machel, Afonso Dhlakama prova mais uma vez, que é de facto um inimigo incorrigível de Moçambique e dos seus próprios compatriotas. As fugas em massa das pessoas que residem em zonas em que há essas incursões, mostram claramente que os moçambicanos sabem que os que empunham as armas em nome da Perdiz, são os seus verdadeiros inimigos e não libertadores. A fuga dessas pessoas, como acontece em Morrumbala e Tsangano, revela que os homens da Renamo são temidos, porque são de facto assassinos sem dó nem piedade. Se não fossem temidos, seriam recebidos em festa pelas pessoas das zonas em que chegam ou actuam, como eram recebidos os guerrilheiros da Frelimo, durante a luta armada de libertação nacional. Onde os guerrilheiros da Frelimo chegassem ou actuassem, eram recebidos aos abraços pelos homens e aos beijos pelas nossas mães e irmãs. Mas já nada disto acontece, nem em sonhos, com os homens armados da Renamo. Isto prova que são de facto encarados como inimigos dos moçambicanos.

A sua ausência das celebrações do 3 de Fevereiro provou uma vez mais que são anti- patriotas e contra o que é apoiado por todos os outros moçambicanos, e ainda por todos os outros partidos políticos, incluindo o MDM, apesar de que foi criado por um dos membros da Renamo expulso por Dhlakama, nomeadamente, Davis Simango. Gostei de ver nos ecrãs dos televisores, o meu amigo e edil de Quelimane, Dr. Manuel de Araújo, evocar efusivamente o heroísmo, visão e sapiência do Dr. Eduardo Mondlane, sempre em tom amistoso ao lado do Governador Abdul Razak, da Zambézia. Isto prova que há uma grande convivência política entre moçambicanos de diferentes partidos o que desmente a falácia dos que dizem que a Frelimo promove perseguições contra a oposição. Na verdade, Dhlakama é quem provoca e quando lhe retaliam, alega ser vítima inocente. Quem não se lembra das suas últimas digressões belicistas e dos comícios de incitamento à violência como das suas ameaças de prender comandantes da polícia, como prelúdio do seu autoproclamado plano de governar seis províncias do centro e norte do país à força?

Não há como explicar doutra forma, que tenha sido só e tao somente a Renamo, que pautou por mais um boicote. Ou dirão que não foram porque tem medo da Frelimo ou do seu Governo. Esta hipótese cai por terra, porque se fosse esta a razão, então os 89 deputados da Renamo deviam também ter medo de participar das sessões da Assembleia da Republica aqui em Maputo, como não participariam os seus membros nas 10 Assembleias Provinciais. Se fosse por medo, os seus membros não estariam a participar na Comissão Nacional de Eleições e no STAE, como no Conselho do Estado. Na verdade, a Renamo é parte do sistema governativo do país, mas ao mesmo tempo é seu desestabilizador. Digo isto porque há até membros da Renamo nas fileiras do nosso exército, o mesmo exército que Dhlakama está tentando combater.

Para mim, boicotaram uma vez mais estas celebrações, porque se assumem conscientemente como eternos inimigos de Moçambique e dos próprios moçambicanos, a quem chegaram a matar aos milhares durante a guerra que a Renamo moveu entre 1977 a 1992, e que só terminou porque o dono dessa mesma guerra hedionda, o diabólico apartheid, acabou desmoronando. Esta é uma verdade documentada nas páginas da história e que tentar negá-la é o mesmo que negar a existência do sol: não é por isso que deixará de brilhar e ser visível a todos nós. Para mim, as escaramuças que têm estado a ser protagonizadas pelos homens armados da Renamo, são uma prova irrefutável de que Dhlakama é um inimigo eterno dos seus compatriotas, e que longe de ser solução da tensão político-militar, é, pelo contrário, ele quem causa essa tensão no país.

Ao longo de anos, Dhlakama valeu-se da falsa tese de que a sua luta era contra a dominação dos machanganas ou de gente do sul de Moçambique contra as pessoas do centro e do norte do país. O facto dos sucessivos governos que tivemos desde a independência em 1975 terem sido liderados por pessoas do sul, como são os casos de Samora Machel, Joaquim Chissano e Armando Guebuza que não obstante tenha nascido em Nampula mas os pais são do sul, ajudou a levar muitos moçambicanos do centro e do norte a acreditarem cegamente nesta alegacão de Dhlakama. Mas, na verdade, o que lhe move não é para acabar com a alegada dominação dos changanas ou gente do sul de Moçambique. Na verdade, a Frelimo é o único partido politico moçambicano quem tem gente de todas as tribos e raças existentes em Moçambique, e que lutaram juntos pela independência. Se Dhlakama lutasse contra a dominação dos changanas, não teria na cúpula da sua Renamo, vários changanas de gema e tao assumidos como tal, tais como Fernando Mazanga, António Muchanga e outros. O que lhe move, é esta sua tendência belicista e vontade de manter os seus compatriotas em permanente medo em relação a ele, a tal ponto que há hoje muitos moçambicanos que já têm medo de o criticar e muito menos de apontar os seus crimes, como o estou fazendo agora neste meu artigo.

O que prova agora que Dhlakama não combateu Samora, Chissano e Guebuza, por serem do sul ou porque eram ou são changanas, é o facto de ele não deixar agora em paz o actual Presidente Filipe Nyusi, que neste caso é maconde e naturalíssimo da província nortenha de Cabo Delgado. Se de facto a luta do Dhlakama fosse motivada pela suposta dominação dos changanas contra as gentes do centro e norte, então agora ele devia estar sintonizado com Nyusi. Mas não só não o deixa governar em paz, como o trata também com desdém e até desprezo, tal como desdenhou e desprezou Samora, Chissano e Guebuza. Para Dhlakama, nenhum dos quatro presidentes serve. Mesmo Mondlane não o homenageia.

Ora, se Dhlakama não consegue homenagear o Dr. Eduardo Mondlane no dia em que foi barbaramente assassinado a lutar pela independência de que desfrutamos agora, se ele guerreou Samora Machel que é tao amado e venerado pelos moçambicanos, se ele guerreou Chissano e Guebuza, e agora está guerreando Nyusi, o que mais precisamos como prova para que concluamos em definitivo que Dhlakama é inimigo de Moçambique e dos próprios moçambicanos, que vai matando sem dó nem piedade, como os mais de um milhão que matou entre 1977 a 1992, e os que matou há três anos no troço de Muxúngue?

Creio que já é mais do que tempo, de nos levantarmos contra este homem cujas acções diabólicas já poem em causa a tese bíblica de que o Homem foi feito à imagem e semelhança de Deus. Temos de protestar em massa em todo o país, para que pelo menos veja que não gostamos deste seu belicismo doentio. Temos que pôr em prática o nobre ensinamento de Martin Luther King e Mandela, de que perante o que é nossa ameaça como povo, devemos dominar o medo que nos inflige, e sairmos aos gritos de “basta de nos matar e manter co medo constante”. Ele deve ser impelido a ouvir a voz da razão, e vir a Maputo dialogar com o nosso Presidente Nyusi, tal como os seus deputados têm debatido no Parlamento com os seus pares da Frelimo e do MDM, e que nada de mal lhes acontece, tal como não aconteceu nada ao próprio Dhlakama quando viveu aqui em Maputo durante quase 20 anos, após ter assinado em Roma com Chissano o Acordo de Paz em 1992.

Gustavo Mavie

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