segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Prenderam o banqueiro que vendeu a PT


André Esteves, presidente do BTG Pactual, banco que assessorou a venda da PT Portugal à Altice e esteve nas negociações que levaram à entrada da operadora portuguesa na Oi, foi preso esta manhã no Brasil, no âmbito do caso Lava Jato. O banqueiro esteve diretamente envolvido na operação PT

O BTG Pactual é o banco da Oi, a empresa de telecomunicações brasileira que Lula da Silva, quando estava no poder, pretendia que fosse a grande operadora do Brasil. O BTG é conhecido no Brasil como o banco do poder, e com fortes ligações ao PT e à presidente Dilma Rousseff. André Esteves já presidia ao BTG quando em 2010 a PT se tornou acionista da Oi e foi uma das figuras centrais nas negociações entre a PT e a operadora brasileira.
Detido hoje pela Polícia Federal no âmbito da operação Lava Jato foi também o senador Delcídio do Amaral, líder do governo no Senado, e Diogo Ferreira, o seu chefe de gabinete, avança a revista brasileira Veja. É a primeira vez que um senador é preso no exercício do mandato, uma vez que a Constituição Federal só permite a prisão de um parlamentar apanhado em flagrante. Sob Delcídio do Amaral recaem suspeitas de que estivesse a obstruir as investigações sobre o escândalo da Petrobrás. A prisão do senador, sublinha a "Folha de São Paulo", caiu como um bomba no Palácio do Planalto.
O nome do banqueiro André Esteves apareceu nas investigações do Lava Jato a partir do depoimento de Alberto Youssef, um dos principais denunciantes do escândalo, afirma a revista Veja. E adianta que terá havido referências a André Esteves num bilhete de Marcelo Odebrecht, presidente da construtora também envolvida no caso Lava Jato, apreendido em buscas da Polícia Federal, em Curitiba.
A jornal "Folha de São Paulo" avançou entretanto que os investigadores suspeitam que Décio do Amaral terá oferecido uma mesada de 50 mil reais ao ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, para que ele não fechasse o acordo de denuncia e fugisse do país. A adianta que o banqueiro André Esteves "teria participado no plano de fuga para tirar o ex-diretor da Petrobras, do país, e, assim, evitar a sua delação". André Esteve estaria disponível para, através do banco BTG, financiar a operação em quatro milhões de reais. O pagamento seria feito através do advogado de Cerveró. O ex-diretor da Petrobras disse aos investigadores que André Esteves terá beneficiado em negócios com uma rede da BR Distribuidora.
As ligações a Portugal
André Esteves esteve em Lisboa na sequência das negociações acionistas entre a PT e a Oi, mas foi Marcos Gonçalves, um dos homens fortes do BTG Pactual, o operacional mais ativo nas negociações da fusão entre as duas operadoras, inciada em 2013. Marcos Gonçalves, o responsável pelo departamento das fusões e aquisições do BTG Pactual, foi também um dos pivôs da venda da PT Portugal à Altice.
Marcos Gonçalves, noticiou o Expresso, foi uma das pessoas que acompanhou Otávio Azevedo, então administrador da Oi e ex-administrador da PT, num encontrou com Hêrnani Vaz Antunes, no Hotel da Lapa, a 12 de julho de 2014, para este lhes comunicar que a Altice estava interessada em comprar a PT Portugal. Vaz Antunes, conhecido como o comissionista, pediu à Oi o pagamento de 69 milhões de euros por intermediar encontros com responsáveis da operadora brasileira, alegando que eles estiveram na origem do negócio da venda da operadora portuguesa à francesa Altice.
O BTG estava para a Oi como o BES e o BESI estiveram durante anos para a PT. Ou seja, é o banco sempre presente nas grandes operações que envolvem a Oi.

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