quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Lamúrias ou acções?

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Normal que desejemos ver corrigido aquilo que nos apoquenta
Existe a solução de agir com outros igualmente atingidos, ou a variante muito comum de nos cafés, bares e conversas com terceiros estarmos a lamentar e pararmos nisso, com se as queixinhas e lamentações servissem para algo na resolução. Por favor, se querem apenas lamúrias peregrinem até Jerusalém onde há um muro para desabafar lamentações, dizem que esse muro data dos tempos do Templo do Rei Salomão. Especializado ao longo de séculos para ouvir todo o tipo de desabafos.
Cá na terra, contudo, força e coragem para agirmos, manifestarmos, assinarmos petições, exigirmos aos deputados de todos os níveis e membros da governação do distrito aos órgãos centrais.
De algum modo todos estamos saturados das explicações muito pouco plausíveis sobre a EMATUM, sobretudo quando vemos as embarcações bem atracadas nas docas e apenas pescando lodo.
Barcos de pesca e patrulheiros trata-se de assuntos bem diferentes. Não se duvida que o país necessite de uns e outros.
Mas não se adquirem todos no mesmo sítio. Há estaleiros que fabricam barcos de pesca, cargueiros, super petroleiros, ROL ON ROL OFF, navios de patrulha, porta-aviões, couraçados, etc. Mas, cada macaco no seu galho, dizemos cá na terra, nenhum estaleiro produz todo o tipo de barcos.
Mais grave e segundo a comunicação social incluindo o quotidiano francês Le Monde, afirma-se que o intermediário da operação vem do Médio Oriente, que não possui nem produz em nenhum estaleiro, e pior, o mencionado está a contas com a justiça francesa e de outros países devido a burlas e falcatruas.
Verdade? Meia verdade ou mentira? O secretismo escancara as portas a todo o tipo de especulação.
Agora surge um novo escândalo, o de uma suposta empresa sediada num quartito em Bruxelas e que está encarregue de produzir os nossos BI e passaportes biométricos, os DIRE e sei lá mais o quê.
De novo, verdade, meia verdade ou mentira? Claro que precisamos de esclarecimentos claros, afinal cabe a cada um de nós pagar a conta e contas bem-feitas, fazem os bons amigos, dão credibilidade a quem nos governa.
Precisamos que o Gabinete de Luta contra a Corrupção e a Procuradoria investiguem e digam aos cidadãos os resultados verificados. Basta do eterno disse que disse e nunca se sabe quem disse.
Fala-se por um lado da carência escandalosa de carteiras nas escolas e até nas Faculdades. Por outro lado menciona-se a exportação legal ou clandestina das nossas madeiras em bruto. Menciona-se centenas de milhões de dólares nesse negócio.
Diz-se por cá: um leader uma floresta. Acreditava que isso significava uma floresta plantada, nunca imaginei que se tratasse de uma floresta devastada e transformada em carvão que se vende ao longo de quilómetros nas nossas estradas.
Um leader ou dirigente estatal que deixe destruir florestas no seu território sofre punições severas em todos os países vizinhos. Aqui? Leader fica leader, dirigente continua no posto haja o que houver. Todos intocáveis e acima do dever de cumprimento de obrigações elementares.
Na África do Sul já comprei e como outros, carvão vegetal feito de acácias moçambicanas! Ninguém me contou, comprei e isso estava lá bem chapado com todas as letras. Alguém replanta as acácias?
Porque não obrigar que só se exporte madeira processada e com gente que ao cortar também planta e controlar-se a reflorestação? O que fazia o IFLOMA em Manica que deixamos morrer?
Os pulmões verdes de Maputo nós vemos substituídos por pulmões de betão, já nas deram os JAT, ministérios, gabinetes, bancos e prometem-nos que onde ficava a FACIM veremos erguerem-se magníficos arranha-céus, para nossa alegria.
Um pneu meu sofreu um corte e não pode ser reparado, sequer recauchutado.
Corri vários vendedores que presumo sérios, nenhum me vendia pneus para a minha viatura vulgar de Lineu, na melhor das hipóteses esperar a importação daqui a dois meses ou comprar um desses que nos trazem da Nigéria ou algures, todos produtos contrafeitos e que não nos oferecem segurança.
Como não posso esperar meses sem um sobressalente, deverei recorrer ao país vizinho de que ficamos um mero bantustão.
Havíamos criado nos finais dos anos setenta a MABOR.
Os seus pneus ganharam vários prémios em exposições fora do país, incluindo nos Estados Unidos. Esses pneus serviam o país, até se exportavam. Mestre Malangatana fez uma bela e enorme escultura na entrada, pois bem, tudo o vento levou, Moçambique não merecia produzir os seus próprios pneus.
Claro que a MABOR morreu, valia mais importar os pneus da África do Sul! Assim ganhava mais o país segundo os sabe-tudo da chamada troika.
A presidência de Nyusi, o desempenho do Primeiro-Ministro e de vários dos membros do Governo estão a fazer raiar uma réstia de esperança.
Por favor, façam, ajudem à restauração do país e ao orgulho da nossa moçambicanidade tão maltratada por vigaristas e gananciosos que nos tempos recentes sugaram como carraças a nossa seiva.
Queremos voltar a ser um país de incorruptíveis, um país com indústrias que exportam produtos acabados e de qualidade.
Queremos que os nossos filhos e netos se orgulhem dos nossos legados e não esgotem as suas vidas a pagarem dívidas mal paradas e de origem duvidosa, mas que encheram os bolsos de uns tantos gatunos (as).
As redes celulares móveis caracterizam-se pela pouca fiabilidade.
Quem não ligou para a mãe ou esposa e não recebeu como resposta número desconhecido, ou ainda número inexistente? Estarmos a falar e cair a chamada, habitual. Eles cobram-nos as duas ou três chamadas, forçando-nos a pagar a ineficiência da rede. Já repararam que em vários locais existem duas ou três torres, cada uma servindo uma empresa?
Para além dos danos à estética, por que razão o Instituto Nacional das Comunicações não instala uma única torre para todos e cada um que ponha lá a sua antena?
Haverá um negócio à socapa para a venda e instalação das diferentes torres, que vamos finalmente pagar? Não se trata de material importado para a confecção das torres? Não se poupariam divisas ao Banco de Moçambique e à economia nacional? Não precisamos delas, sobretudo nos tempos em que diariamente o metical se deprecia, encarecendo brutalmente tudo que importamos?
Precisamos de acções da parte de quem as deve realizar. Para isso o meu abraço,
P.S. Um abraço à memória do poeta e patriota cabo-verdiano Corsino Fortes. Um abraço a Josefate Machel.
Uns idiotas pagando cerca de 50.000US$ mataram no Zimbabué um leão Cecil, conhecido como manso e simpático. Condenável sim! Mas quanto espaço reserva a comunicação social em Moçambique e no mundo à morte de crianças inocentes? Leão e crianças? Pela humanidade o meu abraço.
SV

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