sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Coalizão dos EUA pede à Rússia fim de ataques a rebeldes e civis na Síria

Países aliados conclamam Moscou a se concentrar em posições do "Estado Islâmico". Rússia afirma que mira apenas terroristas e nega que esteja atacando rebeldes apoiados pelo Ocidente.

Cratera supostamente causada por uma bomba russa em área sem presença do EI
Os países que compõem a coalizão liderada pelos EUA contra a organização extremista "Estado Islâmico" (EI) conclamaram nesta sexta-feira (02/10) a Rússia a cessar os ataques aéreos a forças da oposição síria e se concentrar em posições do EI, após relatos de que os bombardeios russos não atingiram apenas as regiões sob domínio do grupo terrorista.
"Expressamos nossa profunda preocupação quanto ao aumento da presença militar da Rússia na Síria, especialmente em relação aos ataques de sua Força Aérea em Hama, Homs e Idlib, que causam mortes de civis e não visavam alvos do Daesh", diz uma declaração conjunta de Alemanha, Estados Unidos, França, Catar, Arábia Saudita, Turquia e Reino Unido, utilizando o nome em árabe do EI.
O documento, divulgado pelos portais de internet dos Ministérios do Exterior de Alemanha, França e Turquia, afirma que os ataques da Rússia aos rebeldes moderados que combatem o regime do presidente Bashar al-Assad vão somente agravar a crise na Síria e "inflamar ainda mais o extremismo e a radicalização".
"Pedimos à Federação Russa que cesse imediatamente os ataques à oposição síria e a civis", afirmam os países da coalizão internacional.
Moscou alega que seus alvos são grupos terroristas , incluindo o EI e a ramificação da Al Qaeda no país, a Frente al-Nusra. O ministro russo do Exterior, Serguei Lavrov, negou acusações de que seu país estaria atacando grupos rebeldes apoiados pelo Ocidente, em meio a preocupações de Washington de que os russos agem sobretudo para apoiar o regime de Assad e não contra o terrorismo.
A Rússia prosseguiu com os bombardeios na sexta-feira, alegando ter atingido diversos alvos do "Estado Islâmico" na Síria. Alexei Pushov, presidente do Comitê de Relações Exteriores do Parlamento russo, afirmou que as operações deverão durar "de três a quatro meses", podendo ainda se intensificar.
Ataques a civis e rebeldes
Um ativista na cidade síria de Talbiseh afirmou à DW que dois aviões russos atacaram a localidade na quarta-feira, causando mortes e destruindo edifícios em uma área habitada por civis. O homem, que não quis se identificar, contou que a cidade é controlada pelo Exército Livre da Síria. "O EI não existe aqui", disse.
O Observatório Sírio dos Direitos Humanos, uma organização com base no Reino Unido que monitora a situação no país, denunciou que os ataques aéreos russos atingiram posições dos rebeldes e dos jihadistas e que ataques noturnos a Raqqa, a autodeclarada capital do EI na Síria, mataram 12 jihadistas.
O grupo Suqur al-Jabal, apoiado pelos Estados Unidos, afirma que suas instalações em Idlib foram atingidas. Uma fonte das forças de segurança sírias afirmou à agência AFP que um grupo islamista do norte da Síria, chamado de Exército da Conquista, teria sido alvo de bombardeios aéreos. A organização engloba uma das maiores facções islamistas no norte do país, a Ahar al-Sham, além da Frente al-Nusra.
O Observatório sustenta que ao menos trinta civis morreram nos ataque da Força Aérea Russa. Imagens de vídeo e fotografias de aviões russos divulgadas na internet indicam que as aeronaves não teriam utilizado mísseis de precisão.
RC/afp/ap/dpa/rtr

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