terça-feira, 6 de outubro de 2015

Caça a Afonso Dhlakama continua em Manica e em Tete

Enquanto na capital do país, Maputo, decorriam preparações para a celebração do Dia da Paz (4 de Outubro), com discursos de apelo à paz, os tiros ecoavam na região centro, concretamente nas províncias de Manica e Tete, causando desespero aos cidadãos residentes nessas zonas. Durante o fim-de-semana, as tropas governamentais desdobraram-se em várias frentes no distrito de Gondola, à procura do esconderijo de Afonso Dhlakama.

Na madrugada de sexta-feira, houve vários confrontos entre as forças militares do Governo e os homens da Renamo na região de Chitalu, localidade de Mupindonhanga, distrito de Gondola, província de Manica. A população esteve sob fogo cruzado e a sua maioria abandonou a região.

Tudo começou quando um batalhão das Forças Armadas, na caça a Afonso Dhlakama, deslocou-se para aquele povoado e cocomeçou a violentar a população, acusando-a de estar a proteger o presidente da Renamo, que está em parte incerta. Várias casas da população foram incendiadas na caça a Afonso Dhlakama.

O porta-voz do Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique em Manica, Belmiro Mutandiua, confirmou ao “Canalmoz” que houve confrontos, mas não indicou os motivos nem o número de vítimas. Belmiro Mutandiua também não quis comentar sobre a acção dos militares das tropas governamentais que estão a incendiar as palhotas da população.

O deputado António Muchanga, porta-voz da Renamo, também confirmou os confrontos. Muchanga denunciou “movimentações militares de forças combinadas com vista a eliminar fisicamente Afonso Dhlakama, contrariando deste modo os apelos da comunidade nacional e internacional para um compromisso de um diálogo sério de modo a restabelecer a paz e a democracia”.

Em Tete, na passada sexta-feira, as tropas da Renamo souberam que um batalhão das forças governamentais ia render o outro na região de Nkondedzi, em Moatize, no mesmo ponto onde, na semana passada, o delegado local da Renamo foi assassinado em frente da sua esposa e filhos, uma acção cuja autoria é atribuída às forças do Governo. Homens armados que se acredita serem da Renamo emboscaram o referido batalhão e houve mortes do lado das Forças de Defesa e Segurança. O incidente ocorreu na zona alta de Ndande.

No sábado, as tropas governamentais voltaram ao local e incendiaram várias casas da população, alegando serem esconderijos dos homens da Renamo. Entretanto ainda não se sabe do paradeiro do presidente da Renamo, que desapareceu, depois de as forças governamentais terem voltado a tentar assassiná-lo, no dia 25 de Setembro.

CANALMOZ – 06.10.2015

Renamo insiste que só negoceia “coisas concretas”

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A Renamo reafirmou no domingo, 4 de Outubro, que está disponível para negociar com o Governo da Frelimo a alternância governativa e a partilha do poder. Numa mensagem dirigida aos moçambicanos por ocasião da passagem dos 23 anos da assinatura do Acordo Geral Paz, assinado em Roma, a Renamo anuncia: “Estamos disponíveis para negociar coisas concretas”.
A Renamo quer “alternância governativa e a partilha do poder”.
A Renamo garante que não irá demitir-se da sua responsabilidade de continuar a lutar pela preservação da democracia e da paz em Moçambique e diz que nunca a Renamo e o povo chamarão democracia ao que não é democracia, mas sim uma fantochada daqueles que querem governar o país sem democracia.
“Estamos a comemorar os 23 anos desde que a Renamo conseguiu convencer o regime da Frelimo, de partido único, que não aceitava liberdades fundamentais das pessoas e o direito à vida, acesso à educação, à saúde e a economia de mercado. Foi preciso a Renamo, como representante legítimo e defensor do povo, pegar em armas e lutar duramente durante 16 anos, não apenas contra as forças da Frelimo, mas também contra todos os países que a apoiavam, como russos, cubanos, tanzanianos, zimbabweanos e outros mercenários”, refere a mensagem.
Acrescenta que foi graças ao apoio do povo moçambicano e à força de Deus que a Renamo venceu e conseguiu estabelecer a democracia multipartidária, que era tão necessária em Moçambique.
“Com a democracia trazida pela Renamo vimos nascer várias instituições do ensino superior. Embora estas instituições sejam ainda privadas não é o ideal para a solução.
Cabe ao Estado multiplicar as faculdades do ensino superior satisfazendo assim a procura de ensino superior pela maioria dos jovens moçambicanos”, diz a mensagem.
A Renamo considera que o dia 4 de Outubro, é realmente o Dia da Democracia em Moçambique, por este ser o dia em que Afonso Dhlakama assinou, em 1992, na cidade de Roma, na Itália, o Acordo Geral de Paz com o ex-Presidente da República, Joaquim Chissano.
“O Acordo Geral de Paz foi o marco para o estabelecimento da democracia no país.
Por termos lutado com sacrifício naquela altura em que no continente africano a agenda era a luta pelas independências, o continente não queria saber nada da democracia. A Renamo sofreu perseguições do continente africano e do resto do mundo.
Apesar deste facto, a Renamo, enquanto movimento político-militar, com o apoio do seu povo, conseguiu ultrapassar as barreiras que lhe impunham”, afirma a mensagem.
A Renamo reafirma que é pioneira na luta pela democracia    multipartidária em Moçambique e no continente africano.
Contudo lamenta que, ao comemorar-se os 23 anos da entrada do multipartidarismo no país, a Frelimo ainda considera Afonso Dhlakama, o alvo principal para se abater.
“Como é do conhecimento de todos, no mês de Setembro findo, o presidente Afonso Dhlakama sofreu dois ataques. O primeiro ataque foi feito no dia 12 de Setembro, na província de Manica, na zona de Chibata, a escassos quilómetros da cidade de Chimoio.
O segundo ataque, o mais violento, no dia 25 de Setembro, na localidade de Zimpinga, também a escassos quilómetros da cidade de Chimoio, a caravana do Presidente foi atacada e a sua viatura foi baleada”, lê-se na mensagem da Renamo, que afirma que, neste último ataque, participaram como atacantes os membros das FADM e da FIR, escolhidos secretamente sem o conhecimento daqueles poucos elementos provenientes da Renamo que estão no Exército, para levarem a cabo “esta acção criminosa”, mas que falhou.
“Queremos lamentar que nos dois ataques foram ceifadas vidas de alguns elementos da segurança da Renamo e motoristas. Contudo grande parte das baixas aconteceu do lado atacante, que são as FADM e FIR, embora o governo não esteja a falar em público, para as famílias tomarem conhecimento. Isto é cobardia”, diz a Renamo na sua mensagem.
A Renamo descreve que os atacantes não usavam fardamentos, mas sim calças ou calções, chinelos ou sapatilhas, coletes à prova de bala, cartucheiras para carregamento de munições e capacetes, como autênticos marginais. (Bernardo Álvaro)
CANALMOZ – 06.10.2015

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