segunda-feira, 1 de junho de 2015

Sobre a idade do Partido Frelimo (I): Reagindo SAVANA – 06.07.2007?

Fontes: Aqui e  SAVANA – 06.07.2007


O crescimento da imprensa e das oportunidades de/para divulgação de informações entre as massas provocou esforços convulsivos, por parte de algumas pessoas, no sentido de desacreditarem a idade da Frelimo buscando encontrar argumentos políticos fictícios e não científicos em defesa de uma estranha. Desses argumentos, destaca-se particularmente a ênfase de que a Frelimo de 1962 era uma Frente, no sentido de congregação de vários movimentos numa só organização com vista ao alcance da independência. Para cúmulo, os seus autores chegam a afirmar que, uma vez alcançada a independência, haveria dissolução da Frente e cada um seguiria a sua rota. A falsidade e hipocrisia de tal argumento, repetido em milhares de formas na imprensa dita livre, são evidentes para todos os que não querem atraiçoar o princípio fundamental da Ciência. Em primeiro lugar, este argumento é usado com certas interpretações baseadas não em factos históricos mas na traição da própria Língua Portuguesa quando se fala de «Frente», sem indicar concretamente a que «Frente» se referem. Em segundo lugar, não foi a Frelimo uma Frente que havia de ser dissolvida, uma vez alcançada a independência. É mais uma pressa dos autores da propaganda contra a cinquentenária Frelimo, ao confundi-la com as intenções por detrás da COREMO. Vamos aos factos: 
«Em 24/3/65 iniciou-se em Lusaka (Zambia), a conferência da Unidade Moçambicana que se prolongou até 31/3/65. Nos trabalhos participaram representantes dos seguintes PARTIDOS: 
· União Nacional Democrática de Moçambique (UDENAMO), representada por: 
· Paulo Gumane e Sakupwanya; 
· União Nacional Democrática de Monomutapa (UDENAMO) representada por: Hlomulo J. C. Gwambe, Calvino U. Z. Mahlayeye e John Gent Bande; 
· Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), representada por: Dr. Eduardo Mondlane e Shithole; 
Mozambique African National Congress (MANC), representada por Peter K. Simbi e Mathews Kambezo. 


A conferência tinha como finalidade reunir num único, todos os movimentos de Libertação de Moçambique, que se deveriam dissolver, e, aglutinarem-se num «Comité Revolucionário de Moçambique – COREMO», que, como único Partido dirigiria a lenta e implacável luta contra o Imperialismo, Colonialismo e Neo-colonialismo». A delegação da Frelimo não concordou, argumentando que, se realmente se pretendia realizar a unificação de todos os PARTIDOS empenhados na independência de Moçambique, a Frelimo, estava pronta a recebê-los no seu PARTIDO, mas de modo algum a dissolver-se e agrupar-se num outro ainda totalmente desconhecido, pois encontrava-se na vanguarda da luta e não podia abdicar da sua posição perante a massa dos seus elementos. Por não chegarem a acordo foi pedido à delegação da Frelimo para abandonar a conferência, prosseguindo os seus trabalhos os restantes PARTIDOS»



Estivemos a citar in extensis o documento da PIDE datado de 18/08/1965 que vai anexo. Em terceiro lugar, como se pode depreender, tudo acontece em 1965 visando unir os partidos separados. E o resultado é a expulsão da Frente, pelos Partidos que a deveriam constituir, o que é absurdo. Naquele encontro daquele ano decisivo da História do Partido Frelimo, no momento em que a verdade lutava para ser reconhecida no caos internacional onde prevaleciam os poderes do domínio maligno e do imperialismo, Mondlane, acompanhado por Shithole. Mostraram-se firmemente dispostos a preservar a soberania da Frelimo. Porque o seu vasto programa dispunha unida e resolutamente a preservar a dignidade de todos os moçambicanos face aos esquemas imperialistas de algumas nações que desmascaravam os seus desejos de domínio e supremacia. Naquele dia, Mondlane decidiu mostrar ao mundo que quando um pequeno grupo de indivíduos decide preservar e salvar a dignidade de um povo, fazem-no, e que quando estes indivíduos estão resolutamente determinados a defender os seus princípios e a manter a sua dignidade, não deixam de alcançar os seus objectivos. E assim fez, nos encontros de Lusaka. Enquanto Gwambe e outros incidiam os seus discursos a falarem da URSS e dos EUA, Nato e outras nações, Eduardo Mondlane falou em nome de cada moçambicano, mas também em nome de todas as nações Livres.


Nunca foi a ideia de Mondlane dissolver o Partido Frelimo, uma propaganda barata, esta. Ele falou em nome de todos os que acreditavam na liberdade e que estavam dispostos e prontos a defendê-la, sob égide do partido que representava. Falou em nome dos princípios proclamados em Junho do ano de 1962, com alguns dos integrantes da equipa que, porém, agora eram eles que estavam a violar esses princípios de União. Como haveria garantia de que daquela vez haviam de manter a União? Coube a Mondlane aceitar a responsabilidade de os reafirmar e restabelecer, recusando-se a abrir mão para a dissolução do Partido. Antes, porém, tentou, por todos os meios possíveis, cooperar com os outros membros da delegação de Lusaka, mas eles exigiram ser pagos à cabeça. Declarou que estava disposto a negociar acordos, mas mal começaram as negociações começaram as ameaças e as intimidações, querendo fazer vincar a ideia da dissolução da Frelimo. Como Mondlane recusou, começaram a lutar contra ele, tendo-o mandado embora, reunindo-se, os restantes, de seguida, em COREMO, com apoio da Zâmbia. Uma tal postulação, deixando de fora a questão dos integrantes, isto é, actores, como se de uma questão insignificante se trata-se, é uma chacota directa à História, nomeadamente ao papel do indivíduo e o acaso. Engels escreveu que são históricas todas as ciências que não são ciências da natureza e que as ciências sociais ou humanas sem a componente "tempo" não são ciências, nem são históricas.


Para compreender a idade do Partido Frelimo é preciso fazer uma breve história do conhecimento histórico que possuímos sobre a sua fundação. A síntese do material até aqui disponível permite-nos concluir que o processo de união é anterior a Mondlane e iniciou na Tanganyika. Mas que sempre fracassava, em parte, devido ao analfabetismo, à ambição desmedida de alguns e pela interferência estrangeira. Para Zengazenga [1] «as reuniões realizadas em Dar-es-Salaam na presença de protectores estrangeiros não conduziram a nenhum resultado». Já em Julho de 1960, Marcelino dos Santos, na altura apoiante do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), isso mesmo, tal como o era Hélder Martins, encontrou-se com os líderes da MANU e da UDENAMO (União Democrática dos Naturais de Moçambique) em Dar es Salaam, tendo-os aconselhado a unirem-se. (A UDENAMO de Hlomulo Gwambe foi fundada em 2 de Outubro de 1960). Em finais de 1961, Baltazar Costa escreveu a Mondlane cuja resposta foi boa «estou prestes a entrar de férias, irei a Tanganyica tentar a Unificação dos dois partidos, nessa altura conhecer-nos-emos». Em Janeiro de 1962, o Governo da Tanganyika comunica aos dirigentes da MANU e UNAMI sobre o encontro de Adis-Abeba, em Fevereiro daquele ano. Mas não avisam Gwambe, porque era tido como sendo espião do Governo português e da PIDE a quem enviava fotografias dos companheiros e de outros nacionalistas, em troca de valores monetários. (Voltarei a falar deste caso em próximas ocasiões).


A chegada de Mondlane, foi uma surpresa aos líderes que já tinham feito acordos em Tanganyika, primeiro em Novembro de 1961, depois em Janeiro de 1962 e finalmente e apressadamente, na tarde de 24 de Maio de 1962 para que fossem aceites na Conferência de Accra, documento este que foi falsamente divulgado como tendo sido assinado em Ghana. Por isso, Gwambe não chegou a ser membro da Frelimo e, de forma frontal, foi promovendo intrigas que causaram imensuráveis danos ao Partido, danos que o levaria a desintegração. Foi graças a força de vontade de Mondlane que a nova união, a de Junho de 1962 ganhou o seu espaço, Marcelino dos Santos definiu a sua filosofia, no Primeiro Congresso, de Setembro daquele ano. O segundo Congresso, realizou-se em 1968, em Niassa e o Terceiro, em 1977, estranhamente o ano que é convocado como ano da Fundação do Partido Frelimo, pelos propagandistas da falsificação da História. Quer dizer, a Frelimo é um Partido que se funda no seu Terceiro Congresso? Em 1977, a Frelimo tratou de mudar de orientação ideológica. Junto anexo o desmentido do argumento de que os propagandistas da menoridade da Frelimo se servem. Portanto, pelo exposto, o Partido Frelimo vai completar 53 anos no próximo dia 25 de Junho. É a Frelimo de Mondlane, da qual Gwambe não fez parte.

Eusébio A. P. Gwembe, Historiador


[1] Dr. António Disse Zengazenga nasceu na aldeia de Salamadze, no distrito de Angónia, província de Tete, em 6 de Outubro de 1933. Frequentou os Seminários de Zóbuè e da Namaacha, onde fez três anos de Filosofia e dois de Teologia. Foram António Disse Zengazenga, Uria Timóteo Simango e Refael Silvério Nungu, que estrangularam a revolta contra Eduardo Chivambo Mondlane organizada por José David Mabunda, José Paulo Gumane e Fanuel Guidion Mahluza a 3 de Outubro de 1962 em Dar-es-Salaam. Pertenceu ao primeiro grupo de soldados que a Frelimo mandou treinar no Egipto, em Dezembro de 1962. É autor do «Memórias de um Rebelde».







Publicada por Pedro à(s) 04:22 Sem comentários: 

SAVANA – 06.07.2007
45 anos da FRELIMO ou partido FRELIMO: há diferença


Por Emídio Beúla


No dia 25 de Junho do corrente, o país comemorou a passagem dos 32 anos de Independência Nacional que este ano coincidiram com os 45 anos da fundação do partido FRELIMO.


Na verdade, foi há 45 anos, na capital de Tanganyika, Dar-es-Salaam, que se formou a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), sob os auspícios do académico e político nacionalista Eduardo Mondlane, sociólogo e antropólogo de formação. O movimento de libertação nacional nasceu da fusão de três movimentos, nomeadamente MANU, UNAMI e UDENAMO.


Porém, a idade do partido FRELIMO (45 anos) festejada com pompa e circunstância pelos camaradas foi, e continua a ser, interpelada por alguns académicos na esfera pública moçambicana.


É contrabando de factos históricos


Na opinião de Egídio Vaz, historiador e investigador do Centro de Documentação e Pesquisa para África Austral (SARDC), “trata-se de um contrabando de factos históricos que, se não for desmantelado, corre o risco de distorcer a memória de muitos de nós, e, quiçá, a das gerações vindouras.”


Para este historiador, “a FRELIMO, que festejou em Chamanculo os 45 anos da ‘sua existência’, é, de facto, uma pessoa jurídica, de direito próprio que nasceu não em 1962 (em Dar-es-Salaam), mas a 7 de Fevereiro de 1977 (em Maputo), altura que se pretendia marxista e leninista”.


Prossegue observando que foi a 7 de Fevereiro de 1977 que a FRELIMO chamou a si o direito de se constituir guia do povo moçambicano e de partido da vanguarda, tendo, por essa via, limitado a possibilidade da existência de outros partidos políticos, muito menos vozes contrárias ao regime.


“O partido FRELIMO completou, portanto, 30 anos e não 45 como se quis propalar”, escreve Egídio Vaz, assegurando que há fontes que sustentam a sua constatação.


De forma exemplar, chama a seu favor o Diploma Ministerial 70/86 de 24 de Dezembro, publicado no Boletim da República número 52, Primeira Série (Diploma Ministerial 70/86, BR nº 52 I Série) e cita: “Considerando o disposto nos artigos 9 e 11 do decreto presidencial 34/86, de 24 de Abril; Sob proposta do Director Geral dos Correios de Moçambique, determino:


É emitida e posta em circulação, cumulativamente com as que se acham em vigor, uma emissão de selos comemorativa do ‘Décimo Aniversário da Criação do partido FRELIMO’, com as seguintes características…


Assinatura


Vice-ministro dos Transportes e Comunicações


Sr. Jorge Gomes Lousã. Assinado a 02 de Dezembro de 1986.”


Aos olhos de Egídio Vaz, a FRELIMO completaria 10 anos em 1987, uma vez que os selos comemorativos foram emitidos em Dezembro de 1986 para serem usados no ano seguinte. “Está, neste caso, implícita a verdade de que o Partido FRELIMO, pelo menos até 1986, não tinha perdido a conta da sua idade. Sabia que no ano seguinte iria completar os dez anos da sua existência. Umas simples contas levam-nos ao ano de 1977 como sendo o ano em que o partido FRELIMO nasceu.”


O académico explica aquilo que chama de contrabando de factos históricos nos seguintes termos:


1. Ao não diferenciar FRELIMO como Partido da FRELIMO como Frente de luta que libertou o país, fruto da vontade de todos moçambicanos unidos; ela acaba abocanhando (e por essa via privatizando) parte da História de todos nós. De todos aqueles que não se identificam com o actual partido bem como seu projecto de sociedade. Na verdade, a libertação do país foi obra de todos nós. E nunca de um grupo de pessoas ou partido. Tanto os guerrilheiros na frente de combate como os colaboradores vivendo em aldeias, vilas e cidades, sofriam e lutavam contra o regime colonial.


2. Ao deliberadamente usar a data 25 de Junho como sendo a data da Fundação do partido FRELIMO (curioso aqui é notar que o discurso do partido FRELIMO poucas vezes faz questão de esclarecer que ela é partido FRELIMO e não A FRELIMO — querendo implicitamente recordar-nos dos dez anos de luta pela libertação do país) ela quer dar à nossa esfera pública a ideia de que é o partido mais antigo, e por isso experiente e digno para governar o país; mais maduro, mais nacionalista e patriótico. Esses todos atributos acabam pesando no discurso do dia-a-dia dalguns membros da FRELIMO que insistem na ideia de que ‘É um imperativo nacional que a FRELIMO ganhe… para o bem da nação’ (sobre as consequências de tais afirmações… já se sabe). Até que posso concordar que ela seja mais experiente e organizada, com mais meios e uma agenda coerente.


3. A FRELIMO também deve ter feito algumas contas bem interessantes. É que se ela aceitasse que nasceu em 1977, Fevereiro, então deixaria de ser o partido mais antigo. A FUMO, de Domingos Arouca, nasceu em 1976 em Portugal. Assim, teríamos a FUMO como o partido político mais antigo de Moçambique. A RENAMO, como movimento armado, nasceu igualmente em 1976, apesar da sua transformação para partido político ter ocorrido a partir de 1992 com a assinatura dos Acordos Gerais da PAZ. E isso em nada agradaria o nosso partido.”


É falso debate

Para o cientista político Eduardo Sitói, o debate sobre a idade da FRELIMO e do partido FRELIMO é falso. Convidado a justificar-se, disse que a FRELIMO nascida em 1962 e o partido FRELIMO oficializado em 1977 é “fundamentalmente a mesma coisa”. O que aconteceu em 1977, conta Sitói, foi simplesmente a formalização de um facto que vinha desde a criação da FRELIMO.


“Em 1962, os movimentos (MANU, UNAMI e UDENAMO) foram extintos e criou-se uma única frente (FRELIMO), os que concordaram com a ideologia aderiram e os que não concordaram ficaram de fora, como por exemplo o Adelino Guambe”.


Sobre o argumento de que o partido FRELIMO não nasceu em 1962, mas, sim, em 1977, por ter sido “nesta data que ela se transformou de Frente de Libertação de todos nós para partido de alguns, como o próprio termo (partido) sugere”, Sitói afirma que as características partidárias da FRELIMO não começaram em 1977, mas nos anos da sua fundação, porque houve pessoas que não concordaram e ficaram de fora.


Acrescenta que a “recriação da UDENAMO” é exemplo paradigmático de que a FRELIMO nasceu com características partidárias, que viriam a ser formalizadas e oficializadas em 1977.


Aos olhos de Eduardo Sitói, a mesma lógica aplica-se à RENAMO. Para ele, a RENAMO que promoveu a guerra dos 16 anos e o partido RENAMO nascido dos Acordos Gerais de Paz é a mesma coisa. “A RENAMO nascida em 1992 continua a mesma nascida em 1976, apenas transformou-se em partido”, rematou.

SAVANA – 06.07.2007

24 maio 2012

FRELIMO ESTÁ A PRIVATIZAR HISTÓRIA DE MOÇAMBIQUE


EGÍDIO VAZ EM GRANDE ENTREVISTA AO CANALMOZ E CANAL DE MOÇAMBIQUE


Partido Frelimo entrou na estratégia política da sobrevivência


“Não foi o partido Frelimo que trouxe a independência. Isso que fique claro! Quem trouxe a independência foi o movimento de libertação aglutinador de todos os anti-colonialistas. O partido Frelimo não trouxe a independência, porque quando foi criado já estávamos independentes” – historiador Egídio Vaz

“O açambarcamento do património histórico [a usurpação do acrónimo da Frente de Libertação de Moçambique – FRELIMO – pelo partido Frelimo], dos despojos da vitória, é típico porque naquela altura todos aqueles que podiam reivindicar não estavam lá na sala. Estavam devidamente marginalizados, acantonados. Estava tudo preparado ao detalhe. Urias Simango estava preso, Kavandame estava preso, os outros tinham fugido por temerem ser mortos e por aí fora” – Egídio Vaz

“Existem obstáculos ao processo da rescrição da história que não está a ser rápido porque existem obstáculos. Os grandes actores da história recente de Moçambique ainda estão vivos e no poder. Não está no seu interesse fragilizar esse poder e minimizar os seus ganhos políticos. Mas, pouco a pouco, a biologia vai se encarregar de tomar conta do homem. Pouco a pouco, vai-se abrindo espaço para que novas ideias e novas interpretações tenha lugar” – Egídio Vaz

Maputo (Canalmoz) - Egídio Vaz é dos poucos historiadores moçambicanos a viver em Moçambique que não está ao serviço do Partido Frelimo. É um académico com enorme potencial reconhecido por não se deixar intimidar pelo partido no poder. É um moçambicano jovem, com ideias próprias, conhecido por não se deixar vergar perante as típicas intimidações de quem usa sistematicamente o Estado para excluir os outros moçambicanos que assumem a sua moçambicanidade e não admitem ser excluídos pelos seus iguais. Egídio Vaz falou ao Canalmoz – Diário Digital e ao Canal de Moçambique – Semanário, em Grande Entrevista. O tema foi, é, a celebração dos 50 anos da FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique) que o historiador distingue do Partido Frelimo constituído a 03 de Fevereiro de 1977.

Egídio Vaz começou logo por pôr os pontos nos iis. Diz que não é o partido Frelimo que faz 50 anos, mas, sim, a Frente de Libertação de Moçambique – FRELIMO. Para ele são duas entidades completamente distintas.

No desenrolar da conversa, o académico alerta para o perigo da privatização da História de Moçambique pelo Partido Frelimo e sugere que a História deste país deve ser reescrita. Entretanto, defende que há condições para tal e é peremptório: para que a história se reescreva, deve ser removido um obstáculo que impede o avanço da história: os libertadores.

Siga o essencial da entrevista…

Canalmoz / Canal de Moçambique (Canal): Enquanto uns estavam mergulhados na epopeica celebração dos 50 anos da FRELIMO, Egídio Vaz foi o único historiador que apareceu em público a contestar a idade da Frelimo. Escreveu na sua página do Facebook que o partido Frelimo não tem 50 anos, mas, sim, 35 anos. Quais são os fundamentos?

Egídio Vaz: Aqui há duas formas de ver o mesmo problema. A primeira é o actual partido Frelimo como uma continuação do movimento de libertação. A outra forma é, munido de uma cultura jurídica concreta e de um pouco de conhecimento da ciência política, ver-se o que aconteceu em 1977. Em 1977, portanto, no seu III Congresso, de 3 a 7 de Fevereiro de 1977, aqui em Maputo, no Clube Militar (actual Cinderela School), a então cúpula dirigente do movimento de libertação decidiu por ela própria criar um partido político. Portanto, o que aconteceu em 1977 foi um desligamento e a tomada de uma posição específica, do ponto de vista político e do ponto de vista de um projecto de sociedade ou de um plano para um determinado país. Um partido político, entanto que uma entidade de direito privado e com um projecto social específico, adoptou o marxismo-leninismo e todo um conjunto de elementos que nós todos sabemos. Foi um grupo de vitoriosos que na altura, estando no poder, decidiu criar um determinado partido político. A partir desta altura, mesmo o partido Frelimo consciente, foi celebrando a data da sua criação até ao décimo (10.0) aniversário. Portanto, o partido Frelimo foi criado em 1977. O próprio partido Frelimo sabe disso. O partido Frelimo sabe que tem 35 anos de existência. O próprio partido sabe disso.

Canal: Então, o que é que está a acontecer para o partido Frelimo aparecer hoje a dizer que tem 50 anos?

Egídio Vaz: Há aqui um malabarismo semântico e um pouco de falta de cultura jurídica, exclusivamente para um aproveitamento político, em uma era de democracia multipartidária. Isso faz com que muitas pessoas fiquem, não só incrédulas, mas também confusas. Mas que não haja confusão! O movimento de libertação chamado FRELIMO é verdade que completará em Junho deste ano 50 anos de sua existência. Porque o movimento FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique), e não o partido político Frelimo, foi fundado em 1962 com a fusão dos três movimentos. E esta união dos três movimentos foi materializada através da assinatura dos ditos pactos de união e que depois foram os três movimentos e mais outras pessoas ao congresso. Foi neste processo que surge o movimento de unidade nacional e com objectivo de desencadear uma luta armada para libertar o país, dirigida por Eduardo Mondlane.

Canal: O que ganha o Partido Frelimo quando reclama ter 50 anos?

Egídio Vaz: Na verdade este é que é o problema. Este é o problema digno de análise. É que ao estabelecer uma continuidade, a Frelimo ganha pela reputação, pelo peso, digamos de consciência, que os moçambicanos possam ter em relação aos grandes feitos da Frelimo partido, em que seria um deles, o facto de ter conseguido liderar um processo de libertação. Eu acho que todos os moçambicanos estão eternamente gratos aos libertadores da pátria. Ao tomar esta façanha como individual – estou a falar do ponto de vista institucional – do partido Frelimo, nos dias de hoje, isso lhe confere uma legitimidade imbatível e uma vantagem incomparável em relação aos outros partidos políticos. Então como qualquer político interessado em manter e gerir o poder político, vai buscar todas as situações possíveis para recalcitrar o seu poder ainda mais e por essa via garantir mais vitórias políticas. Este é, na verdade, o verdadeiro motivo que leva a Frelimo a estabelecer uma espécie de continuidade. Mas eu acho que houve alguma diferença entre a FRELIMO, movimento que surgiu da união dos três movimentos, e a Frelimo, entanto que partido político.

Canal: Se nos filiarmos à teoria da ruptura, quer nos parecer, a nós, que houve uma ruptura apenas sob ponto de vista ideológico. Isso porque a esmagadora parte dos protagonistas se manteve.

Egídio Vaz: É verdade! Alguma parte das pessoas… É preciso que sejamos sinceros e afirmar que a FRELIMO não nasceu com o mesmo grupo que criou o partido Frelimo em 1977. Existiram muitas pessoas.

Canal: Onde estão essas pessoas para nos contar a sua versão da história?

Egídio Vaz: Algumas morreram em combate, outros foram mortos, e quando se estava a formar o partido, muitos outros presos políticos que não concordavam com a linhagem estavam enclausurados em matas, muito longe de Maputo.

Canal: Qual foi o destino dos membros da FRELIMO, frente de libertação, movimento plural, que se opuseram ao projecto do partido político, partido Frelimo, de orientação marxista-leninista?

Egídio Vaz: Alguns morreram, outros simplesmente desapareceram, outros fugiram. Há muitos que estão nos Estados Unidos da América, outros na Alemanha e pelo mundo afora. Outros foram marginalizados e é importante trazer estes actores à baila quando falamos da FRELIMO, movimento de libertação, e do partido Frelimo. É preciso trazer estas todas adversidades. Não podemos e não devemos falar da FRELIMO, movimento de libertação, apenas personificado pelo grupo vitorioso que na altura já tinha as rédeas do poder. Existiram muitas mais pessoas. Como é óbvio, a luta de libertação foi de todo o povo moçambicano, sob a liderança do movimento. É importantíssimo dizer, quando falamos da frente, FRELIMO, que libertou o país, é preciso que não haja dúvidas que estamos a falar de pessoas, como o próprio Presidente Samora Machel disse aquando da criação do partido Frelimo em 1977, a FRELIMO de 1962 a 75 era composto por anti-coloniais, ou seja, todos aqueles que fossem contra o colonialismo e que eram pela libertação de Moçambique, eram automaticamente membros da Frelimo.

“Frelimo está a privatizar história de Moçambique”


Canal: Como classificar então esta tentativa do partido Frelimo de adulterar as datas da sua criação?

Egídio Vaz: Ao que está a acontecer, eu chamo de privatização da história de Moçambique. Quando se fala da FRELIMO de 1962 a 1975, é preciso incluir todos os anti-coloniais. É preciso falar-se da FRELIMO com todas as suas contradições, da FRELIMO com todos os seus membros. Da FRELIMO com todas as suas correntes divergentes. Mas já quando se fala do partido Frelimo, de orientação marxista-leninista na altura da sua formação, dos seus membros que eram dirigentes deste país, do ponto de vista metodológico é importante dizermos isso que estamos aqui a dizer. Podemos colocar muitas questões. Primeira: por que é que até 1987, o partido Frelimo comemorava a data da sua criação de 1977? É que em 1987, o partido Frelimo comemorou o seu 10º aniversário e foram mandados publicar 200 mil selos comemorativos. Este é um documento oficial, acessível a todos e através do qual podemos provar a idade exacta do partido Frelimo.

Canal: O diploma ministerial que cita é fonte histórica credível para sustentar a tese que defende?

Egídio Vaz: É uma fonte muito credível. É uma fonte muito mais credível que qualquer outro tipo de explicações ulteriores. Por uma razão simples, considerando que até 1987 o partido Frelimo era ao mesmo tempo o Estado moçambicano e as decisões do partido tinham primazia em relação às decisões do Governo e do Estado. A partir daí já podemos concluir que a decisão de comemorar os 10 anos da criação do partido Frelimo foi tomada pelo próprio Bureau Político da Frelimo que deu instruções ao Governo para que emitisse selos e preparasse eventos comemorativos.

Canal: Então, o que dita o recuo para o resgate da idade do movimento (Frente de Libertação de Moçambique – FRELIMO), colocando-se de parte a idade do partido Frelimo?

Egídio Vaz: É a estratégia política da sobrevivência. Para começar: é útil comemorar os 50 anos da FRELIMO – movimento que libertou os moçambicanos do jugo colonial. Mas seria mais útil se essa tivesse sido uma cerimónia do Estado e se a mensagem política tivesse sido clara e despartidarizada, ou seja, repensarmos o nacionalismo moçambicano que nos levou à independência. Repensarmos os desafios da nossa unidade nacional num contexto de crise e de luta política multipartidária. Estes elementos todos para mim fariam muito mais sentido se não tivessem sido personificados em um e único partido, que é o partido Frelimo. Porque na verdade se nós falamos dos 50 anos, são 50 anos do movimento de libertação. Não há absolutamente nada que tenha a ver com o partido Frelimo. O partido Frelimo tem a sua idade que são 35 anos. Não tem 50 anos. Não é isso. Coisa nenhuma!...

“A verdadeira história ainda está por se escrever”

Canal: Bom, pedimos que o Dr. Egídio Vaz nos ajude a entender o seu ponto de vista sobre isto: Sabemos que quando há erosão numa zona residencial o risco é das casas ruírem. Neste caso em que parece haver erosão da nossa história, quais os riscos que corre a sociedade? Quais são os perigos desta adulteração de datas e factos?

Egídio Vaz: Bom, para mim o grande problema é a própria alienação das nossas consciências. Nos 37 anos da nossa independência os moçambicanos não tiveram a oportunidade de conhecer as várias facetas de um processo político. Os moçambicanos foram sempre alimentados por informação de utilidade política. A verdadeira história ainda está por se escrever. Infelizmente o que sabe a maioria dos moçambicanos em termos de história política é que o partido Frelimo trouxe a independência. Infelizmente são muitos que pensam assim. E, isso não sendo verdade, confere vantagem ao próprio partido Frelimo.

Canal: Então, não foi o partido Frelimo que trouxe a independência?

Egídio Vaz: Não foi o partido Frelimo que trouxe a independência. Isso que fique claro! Quem trouxe a independência foi o movimento de libertação aglutinador de todos os anti-colonialistas. O partido Frelimo não trouxe a independência, porque quando foi criado já estávamos independentes. Este é o primeiro ponto. Ponto dois: se se cristaliza a ideia errada de que os 50 anos do movimento de libertação são os mesmos com os 50 anos do partido, significa que o povo moçambicano perde 10 anos da sua história em benefício do partido Frelimo. Estaríamos a colocar Moçambique, sob ponto de vista historiográfico, como um apêndice ou mesmo um rodapé do partido Frelimo, enquanto devia ser exactamente o contrário. Aquino de Bragança explica muito bem isso quando fala da problemática teleológica. Então as implicações de todo o património histórico passam a ser pertença do partido Frelimo enquanto instituição. Estamos a falar dos próprios heróis. Eduardo Mondlane passa a ser um património do partido Frelimo e não património e herói do povo moçambicano.

Canal: Está a dizer que o património histórico de Moçambique está em perigo?

Egídio Vaz: Pois… os locais históricos passam a ser também propriedades do partido. Aliás, é exactamente esse o risco. Por exemplo, já vivemos os sinais de privatização da história. Os sinais já existem. Decorre agora o processo de alienação do Museu da Revolução para que passe a ser património do partido Frelimo: isto é muito grave. Portanto, imaginem-se sem história! Passas a ser um devedor eterno de um partido político. E, por essa via, passa a fazer sentido, na verdade, aquilo que Edson Macuácua (Secretário para a Mobilização e Propaganda do Comité Central do partido Frelimo) diz quando afirma que é um imperativo nacional que a Frelimo permaneça no poder. Para manter essa deturpação da verdadeira história, passa a ser imperativo que o partido Frelimo ganhe as eleições e se mantenha no poder. Não sei se estão a apanhar a lógica de tudo isto? A partir do momento em que nos tornamos devedores de um partido político, sujeitamo-nos a ele e sempre devemos a partir dali consentir com as ditas vitórias. Passa a ser obrigatória a vitória do partido Frelimo.

Canal: No contexto em que foi criado o partido Frelimo, que praticamente açambarcou o nome do movimento, havia condições para que houvesse reivindicações, no sentido de aparecer um grupo a dizer que não, alegando que estão a roubar o nome do movimento do povo?

Egídio Vaz: O açambarcamento da FRELIMO, como nome para o partido político, é típico de grupo de vitoriosos. Ou seja, o açambarcamento do património histórico, dos despojos da vitória é típico porque naquela altura todos aqueles que podiam reivindicar não estavam lá na sala. Estavam devidamente marginalizados, acantonados.

Canal: Ou seja, estavam criadas todas as condições para que o açambarcamento do nome ocorresse sem contestação?

Egídio Vaz: Pois é. Estava tudo preparado ao detalhe. Urias Simango estava preso, Kavandame estava preso, os outros tinham fugido por temerem ser mortos e por aí fora.

Canal: Quando fala de ‘grupo de vitoriosos’, refere-se a vitoriosos da luta contra o colonialismo ou a vitoriosos na ‘guerra de perseguição interna”?

Egídio Vaz: O grupo de vitoriosos internos… Aquele grupo, na verdade, não estava a representar as várias sensibilidades de todo um povo, mas, sim, dos vitoriosos de entre todos os nacionalistas. Portanto, não sei se custa muito perceber que depois da luta armada ganha, os vitoriosos trataram a história como o seu património. E acharam-se no direito de estabelecer ligações directas entre o movimento de libertação e o partido que estavam a criar. No preâmbulo dos estatutos do partido Frelimo, o partido considera-se herdeiro do movimento. Imaginemos que se estivéssemos na altura perante um sistema democrático e uma outra pessoa decidisse fundar um outro partido também podia se considerar herdeira. Simplesmente isso. Para mim, é preciso destrinçar um pouco quando falamos da herança. Os indivíduos que decidiram formar um partido consideraram-se herdeiros do movimento de libertação. Tudo aquilo que estou a dizer, não estou a recorrer a fontes extraordinárias. São os próprios documentos da FRELIMO, são os próprios estatutos, são os próprios rastos que a Frelimo foi escrevendo e eu estou simplesmente a reinterpretá-los.

Canal: Pensamos que são muitos os historiadores. O silêncio destes em relação ao assunto não o preocupa? Como é que deixaram que a história fosse deturpada?

Egídio Vaz: O silêncio dessa gente não me espanta. A única coisa que conseguiram fazer é ficarem calados. Eu nasci já livre depois da independência. Estudei com os mesmos manuais. Foram os mesmos professores que me ensinaram a metodologia e a crítica histórica, e simplesmente estou a fazer jus à ciência. Eu não tenho absolutamente nada a ganhar ou a perder com a interpretação consciente e fiel da história e daquilo que as fontes dizem. Eu acho que os meus professores, que são assessores e altos dignitários do Governo da Frelimo, não têm interesse algum em falar a verdade e criar polémica em seu próprio prejuízo. É basicamente uma questão de sobrevivência. Não encontro outra explicação. Acontece que eu não estou neste círculo. Sou um historiador de formação e tento aprofundar com leituras ulteriores à própria problemática e tento aqui simplesmente rebuscar um debate iniciado por Aquino de Bragança em 1986 sobre a compreensão da história da FRELIMO a partir de documentos disponibilizados pela própria Frelimo. Eu estou simplesmente a fazer jus às fontes e à minha profissão de historiador e à interpretação histórica.

“São 35 anos de lavagem cerebral”

Canal: Como historiador e conhecedor da realidade histórica diz que as nossas consciências estão alienadas. Acredita que existem condições para rescrição da nossa história ou praticamente a perdemos?

Egídio Vaz: São praticamente 35 anos de lavagem cerebral. Mas a rescrição da história vai acontecer e está a acontecer. O debate já existe. Guideon Malhuza deu uma entrevista há doze anos ao Savana e trouxe factos. Doze anos depois nunca foram rebatidos. Existem outros testemunhos ou leituras alternativas da história de libertação de Moçambique. Pouco a pouco, vai-se revelando. Mas também existem obstáculos. O processo da rescrição da história não está a ser rápido porque existem obstáculos. Os grandes actores da história recente de Moçambique ainda estão vivos e no poder. Não está no seu interesse fragilizar esse poder e minimizar os seus ganhos políticos. Mas, pouco a pouco, a biologia vai se encarregar de tomar conta do homem. Pouco a pouco, vai-se abrindo espaço para que novas ideias e novas interpretações tenham lugar.

Canal: Está a dizer que existem obstáculos vivos?

Egídio Vaz: Exactamente. Porque os obstáculos vivos, ou seja, as pessoas que se podem zangar e interpelar as pessoas que estão a fazer uma investigação e interpretação alternativa da história, continuam vivas. Essas pessoas são o único obstáculo que persiste. O momento político é propício para a abertura de debate de ideias. À medida que as pessoas se vão instruindo, com a capacidade de interrogar as coisas, vão-se abrindo. Mas a morte biológica de alguns actores ao longo do tempo vai nos possibilitar a reinterrogar e conferir algum fôlego aos historiadores para poderem escrever com alguma liberdade. Neste momento, não estamos a pregar no deserto, até porque não estou a trazer dados novos. Toda a informação e documentação existe e é acessível. A grande parte dos protagonistas também está viva. Eu estou apenas a fazer uma análise rigorosa e a tentar perceber porquê é que o partido Frelimo vai buscar sempre origens heróicas.

Canal: A propósito, no seu discurso, no lançamento das comemorações dos ditos 50 anos da Frelimo, o actual Presidente da Frelimo, que é também presidente da República, disse haver uma e única Frelimo e que quem defende a existência de duas será marginalizado. Sem, necessariamente, ser analista de discurso, qual é o alcance desta afirmação?

Egídio Vaz: É preciso entender que o presidente da República é um político e não um historiador. Os historiadores que o digam. O presidente da República usou da sua qualidade de dirigente da Frelimo e, aliás, merece todo o nosso respeito como chefe de Estado, mas ele não é historiador. É, sim, parte interessada e o primeiro suspeito em interpretar os factos históricos. Como historiador, não dou crédito àquilo que ele disse. Não estou muito preocupado com as ameaças que ele faz de marginalizar ou de auto marginalização, pois para o ofício de um historiador é este o exemplo paradigmático de um dos grandes entraves. Por isso disse aqui há pouco que o processo da rescrita da história não está a ser um processo célere porque há obstáculos vivos. Este é um dos obstáculos. Guebuza é um obstáculo para o avanço da história de Moçambique e para a descoberta da verdade histórica, porque ele está no poder. Ele pode usar todos os meios de poder e de coerção passiva ou activa para desanimar as entidades e indivíduos interessados em promover um debate histórico fecundo. Estou aqui a defender que existe um património histórico pertencente ao povo e que não pode ser alienado por um partido como sua propriedade. (Borges Nhamirre e Matias Guente)

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