sábado, 9 de maio de 2015

Uma carta que ajudou a decidir as eleições

EDITORIAL



DIRECÇÃO EDITORIAL

08/05/2015 - 20:14


Cameron conseguiu a primeira maioria absoluta para os tories desde John Major em 1992.
Primeiro, o factor-surpresa. Por esta altura, muitas empresas de sondagens levam as mãos à cabeça para tentar perceber o que correu mal, ou melhor, o que correu muito mal nas eleições desta quinta-feira no Reino Unido. Durante semanas, o cenário apontado era o de uma disputa renhida entre conservadores e liberais. Ninguém descolava da margem de erro. E mesmo as sondagens à boca das urnas, reconhecendo a vitória de Cameron, continuavam a apontar para a necessidade de uma nova aliança com os Liberais-Democratas para se alcançar uma maioria. Claro que resta sempre a tese reconfortante para quem faz sondagens de que a antecipação de um cenário de ingovernabilidade por parte dos eleitores terá dado um impulso ao voto útil.

Entre os grandes derrotados, além das sondagens, também caíram com estrondo Ed Miliband, Nick Clegg e o próprio Nigel Farage, que, apesar de uma votação expressiva a nível nacional, nem sequer conseguiu ser primeiro no círculo eleitoral por onde concorria.

Os grandes vencedores foram a ascensão do nacionalismo escocês e, incontornavelmente, David Cameron. O discurso de tentar colar o Labour a Nicola Sturgeon e a mensagem de que foram os conservadores a resgatar a economia britânica deram frutos. Aliás, Cameron fez toda a campanha a mostrar uma carta que lhe foi deixada há cinco anos pelo anterior ministro das Finanças trabalhista a dizer simplesmente: “Não há dinheiro.” Liam Byrne, que foi ministro no Governo de Gordon Brown, já veio pedir desculpa ao partido. Ele sabe que a carta ajudou a decidir as eleições.

Cameron ganha as eleições e também ganha legitimidade e mandato para levar adiante o referendo que prometeu para 2017 sobre a permanência da região na União Europeia. Ele sabe que muito provavelmente o seu grande desafio para os próximos dois anos será fazer campanha pelo "sim", para que a economia britânica não volte a cair num buraco do qual ele se orgulha de a ter tirado.












Quem lê este editorial ainda vai pensar que os conservadores gralharam as eleições apenas porque David Cameron disse que os trabalhistas estavam perto dos nacionalistas Escoceses e porque o anterior ministro das finanças escreveu uma carta a dizer o que todos sabiam. Tenta-se fazer desaparecer o juízo que cada eleitor fez e a comparação de um Reino Unido antes e depois de Cameron. A crise financeira também os afetou, também tiveram grandes cortes, aumento de impostos, resgates na banca...etc. Se os eleitores fizeram esta escolha foi por muito mais razões que o NSP ou cartas. Eu sugeria à direção editorial desenvolver um outro tema: Porque estão as pessoas, dos mais diversos países a afastar-se do socialismo ?
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A carta que Liam Byrne deixou é um absurdo. O RU é um país com soberania monetária, tem o poder soberano de criar todas as libras que quiser, o que aliás o Banco de Inglaterra acabou por fazer com o famoso Quantitative Easing. Portanto o governo britânico nunca pode dizer que não há dinheiro.
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Será que o Teixeira deixou uma carta parecida?

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