quarta-feira, 27 de maio de 2015

Sobre os despesismos do discurso inaugural


18 hrs · Edited · 

No seu discurso inaugural, o Presidente Nyusi exibiu uma das suas armas de arremesso. Ele disse que era contra o despesismo. Dias depois, quando demo-nos conta de que o seu primeiro Orçamento de Estado seria magrinho por causa da anterior gestão, essa jornada contra o despesismo fazia muito sentido. Mas semanas mais tarde, sua escolta era extremamente espalhafatosa. Hoje, dizem-me que a escolta emagreceu. Eu bati palmas. Mas ainda continuo sem saber como eh que ele vai combater o despesismo.

Ele ainda não esboçou a nesga de uma política publica contra essa festança permanente custeada por nossos impostos. Cortar nas presidências abertas? Não, porque elas são um instrumento de ligação do Partido Frelimo com as suas bases e elites locais; recusar o orçamento da Assembleia da Republica? Não, porque ele eh um instrumento de redistribuição de mordomias para as clientelas do partido (e as cliques da Renamo e do MDM, fingindo que discordam, aprovam tacitamente).
Então, por onde começar? Aqui eh que anda o busílis do assunto. Ele deve decretar qualquer coisa para reverter a situação. E podia começar por empresas e fundos públicos e outras participadas. Os relatos que me chegam (para não usar o desusado “as minhas fontes”, motivo de chacota para mim daqueles que pensam que isto eh um jornal mainstream quando na verdade eh uma coisa do tipo as “croniquetas do boémio”!) indicam que as farras com dinheiros públicos prosseguem em muitas das empresas e fundos a coberto de autonomias financeiras e patrimoniais, e nem o IGEPE consegue contrariar tais práticas de gestão. Salários chorudos, regalias incontáveis, casa pagas, carros de luxo, jantaradas e classes executivas, viatura de alienação, etc.
Há dias recebi uma denúncia sobre como o FIPAG esta sendo delapidado e fiquei estarrecido com, a crer nas alegacoes, o que li. Pois, Nyusi, se quisesse dar conteúdo concreto ao seu discurso contra o despesismo, podia começar por uma nova política de moralização da gestão das empresas e fundos públicos, incluindo as participadas. Basta ele se recordar da sua experiencia nos CFM.
Sim porque os CFM eh uma das campeãs no que diz respeito a regalias para seus administradores actuais e antigos. Só para dar um exemplo, quem já passou por la como administrador continua com direito a casa, salario a 100% e uma nova viatura de 5 em 5 anos, entre outras coisas pagas por todos. E como passou por la, o Presidente Nyusi deve estar a acumular tais privilégios, mas numa terra normal isso não aconteceria. Por isso, ele devia começar por ai. Para mostrar que seus discursos são para levar a serio. Trata-se de corrigir erros do passado, coisa que devia ser feita religiosamente, como diz Milton Friedman.
  • Manuel J. P. Sumbana and 83 others like this.
  • Joao Cabral Cepticos, estamos todos! Ainda é cedo para repor toda a "cagada" anterior! Certo, julgo eu, é dar um pouco mais de tempo. Algo esta a acontecer e como é obvio, nao é à velocidade desejada. Habitos de uma decada nao se quebra num dia. Eu estou na positiva e quero acreditar que ha uma diferença para melhor
  • Nkuyengany Produções "Nyubuisiness"
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     · 18 hrs
  • Em Londres, nada de carro oficial para políticos!
    Na capital da Inglaterra, todos os vereadores e até o prefeito são proibidos de ter automóveis pagos com dinheiro público. Ao tomar posse de seus cargos, os políticos recebem vale-transporte válido para ônibus, trem e metrô. Saiba mais: http://ow.ly/GblzU
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     · 17 hrs
  • Nkuyengany Produções mais uma dicca para o senhro Enginheiro
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     · 17 hrs
  • Yolanda Mulhuini havemos de chegar la...
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     · 17 hrs
  • Helder Morgamo Culumba Parte dos discursos dos lideres MUDIAIS servem na prática para o cumprimento das metas INDIVIDUAIS de eloquência PARTIDARIA entre o anterior presidente e o actual. Infelizmente, é assim que como vão as coisas neste PLANETA TERRA.
  • Certo amigo Mosse. Existem outras formas de fazer contenção do despesismo; uma das formas foi ensaiada no Quénia, por então PR Muai Kibaki (se bem que escreveu se desta maneira). Instituiu, na sua governação uma alta autoridade de combate à corrupção, cujo chefe não teria nenhuma regalia (carros do estado, subsídios, casa, etc) mas em contrapartida um salário condigno (na altura o salário estipulado foi uma afronta ao que se pagava na função pública, qualquer coisa como 20000 libras). Os primeiros resultados foram muito bons e a corrupção ficou em cheque (não foi mate porque o PR caiu na desgraça por outras razões). O País deve parar com regalias e pagar bem aos seus funcionários, aí o salário passa a ter valor. É importante que o salário de funcionários públicos seja definido com base em critérios fiáveis e que proporcione uma vida condigna aos beneficiários. Por economia do tempo não vou sugerir nenhum critério aqui. Este seria um grande salto rumo a moralização da nossa sociedade, que diga-se de passagem "está doente"
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     · 16 hrs
  • Jasmin Rodrigues Outro fenomeno heranca do guebusismo... as viagens ... Parece me que ja apanhou o gosto pelas viagens...resolver os assuntos dentro de casa que e bom NADA! Continuamos com os mesmos problemas ....
    Acredito que seja o espirito da mudanca na continuidade!
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     · 15 hrs
  • Pois Buene Boaventura Paulo Ja ha muito tempo queria trazer esse exemplo do Kenia de controlar a corrupcao, com uma autoridade que nao eh meramente judicial...Por isso eh que o Kibaki colocou o John Githongo, um activista ligado a transparencia internacional, a chefiar esse organismo...ha de facto varias formas...mas em Mocambique ha uma relutancia em se considerar opcoes colocadas na mesa por pessoas que nao sao dos partidos...uma pena.
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     · 15 hrs
  • Meu caro M.Mosse, esses ilustres dirigentes da coisa publica sao ambos iguais, apenas mudaram-se os artistas e mantem-se a equipe.
    Nada obsta que um dia nos deliciem com as espertezas maquiavelicas e ficarmos saber que ate o Pais esta privatizado.
    Se ate puderam criarem um Empresa em nome da SISE...
    Ish, yoweee...
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     · 15 hrs
  • Nyusi foi eleito justamente para manter tais mordomias. "pedir" que o PR acabe com isso é desejar-lhe o mesmo destino humilhante ao do Eneas Comiche que perdeu para alguém "muito inferior" a ele. A Frelimo é capaz de o tirar nos próximos 5 anos e chamar um Secretário de Circulo de Mabote só para mostrar como devem ser as coisas. Alias, a elição de Nyusi foi por ai, "ganhou" de pessoas como Luísa Diogo e Comiche, quadros de longe mais capazes.
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     · 15 hrs
  • Lionel Magul Nito Ivo, acertou na bola certa.
    Sua pontaria me faz lembrar o saudoso ZZ e outros artilheiros...
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     · 15 hrs
  • Acerca de despesismos dos Estados(sejam eles onde forem)eu tenho a minha opinião.Para governantes,instituições do Estado que garantam o seu bom funcionamento,antigos governantes,etc...não deveriam ter subsídios de nada.Salários condignos,reformas condignas,nada de alcavalas(casas,carros,pagamentos de contas de telefone,água,energia,combustível,viagens,etc...).Afinal,responda quem quiser.Porque devem ter essas benesses todas á conta do erário público?obgd
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     · 15 hrs
  • Realmente J.Ferreira, a troco de que mesmo?
    Tomando em conta que estao servindo a Nacao...
    Vejamos, os Medicos, Policias, Militares, Enfermeiros, Militares, Professores, Varredores da Via Publica, Coveiros e tantos outras pessoas que prestam um servico publico nao sao bem remunerados.
    Apenas alguma Elite tem esse direito mal legislado...
    Ish, yoweee...
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     · 14 hrs
  • Armindo Manjate Mais um embecializador do "povo"
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     · 14 hrs
  • Jorge Ferreira Já não estão a servir a Nação.Estão a servir-se dela.
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     · 14 hrs
  • A grave doença de que o nosso País enferma está diagnosticada e chama-se "Exclusão" podendo ser e económica, social e ou política. Por essa razão aqui no Moz nunca se aposta em alguém, que não sendo do PF, tem talento e habilidades para dirigir um determinado sector público. Ademais ideias vindas de fora (do PF) nunca prevalece para visionar seja o que for para o bem do País. Por último o bem estar está reservado aos que alinham com PF, salvo alguns episódios para o "Inglês ver" e realmente a Uk&C só vêm bons exemplos no nosso Moz, daí que a nossa cooperação com eles é sólida que nem uma rocha. Nisto tudo o nosso PR vê-se confrontado com duas opções, romper com a exclusão ou ser mais um de continuidade. Porque a última é "viável" e de pouco risco vão daí os vícios do passado, sendo o Despesismo um deles. Moçambicanas e Moçambicanos ainda não é desta que encontramos a saída no labirinto de subdesenvolvimento, esperemos com um "talvez" por mais 5 anos.
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     · 14 hrs
  • Alfredo Macuácua Essa dos ex administradores dos CFM me matou... tenho dois amigos que labuta naquela companhia, vou tirar essa dúvida manoMarcelo Mosse, porque não acredito em algo igual....
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     · 14 hrs
    • Marcelo Mosse Alfredo Macuacua...depois partilhas aqui o que eles te disserem. Fico aguardando.
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       · 13 hrs
  • Fatima Mimbire em relacao as empresas publicas penso q uma revisao a lei 'e pontual. penso q a grande mudanca deve ser a abolicao do cnselho d administracao, ou seja acabar c pca's, administradores e colocar cmo figura maxima o director geral. ja poupams ums bns milhoes c isso.
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     · 13 hrs
  • Jorge Ferreira PCA's e Administradores,só ganham dinheiro.São uns inúteis em qualquer sociedade.São acomodados para dar o ámen a quem os governa.Eles são o garante do poder.
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     · 13 hrs
  • Sic Spirou Ele cortar suas regalias? Vai ser um bico de obra! Parece que vamos a um abismo infindável se ele tem essas maregalias.
  • Manuel Carlos Zacarias Esses institutos disso ou daquilo sao tantos que devia acabar que so serve para delapidar a economia enriquecendo os camaradas. Lembro me que Portugal ja fez uma campanha sobre varios institutos que pululavam dentro dos ministerios e EP's.
  • O problema não é de ser ou não ser um instituto, de haver ou não haver conselhos de administração. A questão de fundo é se há ou não há um crivo administrativo sério e competente sobre as instituições. Falo por experiência própria, e nem sei se isso interessa ao caso, mas a verdade é que fui administrador de uma empresa pública e amiúde era chamado à atenção para a magreza das minhas despesas com o cartão de débito institucional. Curiosamente, quando pensava que o incremento das despesas que fazia iria sossegar as hostes, as chamadas de atenção subiam ainda mais de tom: deveria aumentar ainda mais! "Mandaram-me dizer que você quer tramar a eles". E por fim, tramei-me eu, e nem o poder levantou um dedo sequer para apurar fosse o que fosse. Portanto, não há fórmula de acabar com o despesismo se não tivermos um Estado sério. E Moçambique ainda está longe disso, muito longe!
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     · 11 hrs
  • Anibal Neves Em Moz, os governantes nao deviam ter salário nenhum pois tem todas as suas despesas pagas pelos nossos impostos. Ou que lhes seja dada a opção de escolherem ou terem tudo pago ou seus salários a suportarem suas despesas!! Desse modo saberiam quao arduo é o esforço do pacato cidadao para a sua sobrevivencia e talvez nos espezinhassem tanto assim!
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     · 10 hrs
  • Joao de Sousa Luís: benditos os que tiveram (têm) cartão de débito institucional. Eu (ainda bem) nunca tive essa "mordomia". A única mordomia (dada a funcionários) era o subsídio da renda de casa.
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     · 10 hrs
  • Aníbal Neves, nem tanto ao mar, nem tanto à terra, afinal no meio é onde ainda se pode esperar alguma virtude. Ninguém trabalha apenas para suportar despesas, também o faz para preservar, se tiver juízo, o futuro, ajudar os seus.Joao de Sousa, tudo tem o seu tempo, e os cartões, tal como as pessoas, também tiveram (ou têm) o seu tempo. O problema nunca foi e nem nunca será ter ou não ter cartão de débito institucional. O que se pede é que se use com alguma parcimónia.

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