sábado, 2 de maio de 2015

Os zulus não engoliram casamento de Mandela com uma “manchanga”

 

POLITICA
TIPOGRAFIA
“Quando morreu Mandela, os sul-africanos disseram que Mandela havia-se casado com uma machangana, e que agora que ele morreu iríamos ver … e estamos a ver”, moçambicana anónima.
Os moçambicanos, em uníssono, concordam que o Estado moçambicano deve parar de dar palmadinhas nas costas do Povo e desenvolver estratégias com vista a pressionar as autoridades sul-africanas contra o genocídio perpetrado aos seus concidadãos.
Várias vozes da sociedade civil advogam que a soberania do Estado moçambicano foi vilipendiada sob o silêncio cúmplice da União Africana, SADC e da Comunidade Internacional.
Entretanto, alguns moçambicanos que foram vítimas da xenofobia e que regressaram recentemente ao país exigem que o governo moçambicano tome mediadas com vista a sancionar economicamente a “terra do rand”.
De acordo com uma cidadã moçambicana que se identificou apenas pelo nome de Martinha, e que regressou recentemente da RAS, que falava durante um programa televisivo nacional, “estamos a pedir que, por um período de três dias, o Governo moçambicano feche todas as fronteiras com a África do Sul”.
Martinha disse ainda que “não estamos a entender, afinal, como é que o nosso Governo está a agir, vendo os seus filhos a sofrerem. Agora que estou a falar, os nossos irmãos estão a sofrer, estão a morrer dia e noite”.
Por outro lado, a mesma cidadã explicou que na África do Sul, todos os moçambicanos são chamados de machangana (tribo da região sul do país) e que os sul-africanos sofrem de “changanafobia” que “ até por causa dos machanganas, isso atinge  outras pessoas”.
Martinha disse ainda, durante o mesmo programa, que quando o morreu o Presidente Nelson Mandela, os sul-africanos disseram que ele se tinha casado com uma “machangana” e agora “que ele morreu, nós os moçambicanos na África do Sul, iríamos ver, e estamos mesmo a ver”, concluiu.
Nesta óptica, de acordo com a mesma fonte, “apelamos ao Governo para decidir mesmo, porque estamos a morrer, sobretudo, os machanganas, porque para eles (sul-africanos) todos os moçambicanos são machanganas, mesmo, os de Tete também são Machanganas”.
Adiante, Martinha pediu que as autoridades moçambicanas façam justiça, tendo explicado que “não estamos a pedir para que se matem os sul-africanos, porque matar também não dá, mas, se somos pobres vamo-nos virar no nosso país com a nossa pobreza”.
 Para a nossa fonte, o Governo deve parar de aceitar tudo (pacificamente) justificando que o país é pobre, alegando que mesmo uma pessoa que é pobre consegue viver com dignidade.
“Os sul-africanos não devem gingar pensando que só nós dependemos deles. Nós também somos ricos, porque é que estes “boers” estão sempre em Moçambique? Porque descobriram alguma coisa aqui em Moçambique”, acrescentou Martinha.
As “lágrimas de crocodilo” do rei zulu
Por seu turno, o antigo deputado da Frelimo, Sábado Malendza, durante o programa acima aludido, desvalorizou o pedido de desculpas do rei zulu, Goodwill Zwelithini, afirmando que só hoje, passados 15 dias após a condenação mundial deste “genocídio”,  é que o rei zulu vem garantir que “vocês podem voltar para as vossas casas, ninguém vos vai matar”.
Para Malendza, Goodwill é cínico, e fica patente a ideia de que “ele garante que quando ele deu ordem para se matar, as pessoas foram matar, e agora já está um pouco saciado com o nível de derramamento de sangue e ordena que se pare um pouco para atender-se à pressão da comunidade internacional, e então vamos optar pela diplomacia”.
Está claro para Malendza que isto mostra que os sul-africanos estavam “a tirar a babalaza do derramamento de sangue de 2008 e de outros tantos casos que nós não vimos”.
Ainda sobre a pretensão
Entretanto, no mesmo programa televiso, um telespectador de nome Xavier acabou sugerindo que a Federação Moçambicana de Futebol recusasse o convite da Federação Sul-Africana de Futebol (SAFA) para realizar dois jogos particulares, com a sua congénere moçambicana, como forma de protesto contra a onda de violência xenófoba que está a assolar o país com a alegação de que Moçambique está a “chorar” os seus mortos.
Ao que Sábado Malendza respondeu que isso, seria sim uma forma imediata de pressionar as autoridades sul-africanas, e, no seu entender, esta recusa provaria aos sul-africanos a nossa verticalidade e diríamos “ obrigado pelo convite, pelo jogo, mas temos medo de vocês”.
Filho de Zuma passeia classe no hotel Polana
Enquanto moçambicanos estão a morrer, brutalmente, na vizinha África do Sul, um dos filhos de Jacob Zuma, esteve, na última quinta-feira, em Maputo, no hotel Polana, a passar um fim-de-semana.
Para os que testemunharam o “passeio” consideram o acto de “uma afronta, porque ele entra aqui, faz e desfaz, e ninguém o questiona, enquanto na terra deles matam, brutalmente, os nossos compatriotas”, desabafou um funcionário daquele hotel.
De acordo com a mesma fonte, “o filho de Jacob Zuma, entrou e mata-bichou no hotel Polana, na quinta-feira passada. Ele esteve aqui e foi bem acolhido enquanto lá na terra deles, eles matam os nossos compatriotas”.
A mesma fonte prosseguiu dizendo que a visita constitui “para mim uma afronta”, para mais adiante sublinhar que “há coisas que temos que apelar, mas há momentos que temos que agir”.
Mais do que afronta, para outros funcionários daquela instância hoteleira este gesto foi uma autêntica humilhação e desprezo pelos moçambicanos.

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