segunda-feira, 18 de maio de 2015

Dhlakama dá 60 dias a Nyusi

O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, deu, domingo, um ultimato de 60 dias, para uma renegociação com o Presidente da República, Filipe Nyusi, das autarquias provinciais, exigência que o movimento apresenta como solução para a crise pós-eleitoral. O prazo que Dhlakama impõe veio depois de a Assembleia da República, com o voto maioritário da Frelimo, ter reprovado o Projecto de Lei sobre o Quadro Institucional das Autarquias Provinciais, fórmula que o líder da Renamo aponta como remédio para o risco de violência, instabilidade social e desobediência civil generalizada. “Falei, na minha intervenção. Estou muito satisfeito. As senhoras iniciaram hoje (sexta-feira passada) uma Conferência Nacional da Liga Feminina da Renamo, é uma conferência que está a decorrer após as eleições e, também, no momento em que a Frelimo chumbou o nosso anteprojecto, e acredito que elas também se vão debruçar sobre o assunto, aliás, ouviram a presidente da Liga, ao tomar a palavra, a encorajar-me para que não recue com a exigência e não há razão para se recuar, porque o anteprojecto nem é da Renamo, nem é de Dhlakama”, declarou o líder do principal partido da oposição moçambicana. Afonso Dhlakama prosseguiu dizendo que o anteprojecto é das populações de Manica, Sofala, Tete, Zambézia, Nampula e Niassa, províncias onde, assinalou, mora mais de metade da população de Moçambique. “Portanto, que o meu irmão Presidente Nyusi e o partido que ele lidera reflictam enquanto cedo, para podermos priorizar o diálogo e estabelecermos um acordo entre a Renamo e a Frelimo, porque acho que não há nenhuma coisa perdida”, frisou. Nesse sentido, continuou o político, a Renamo exige que dentro de dois meses seja aberto um processo negocial tendente a reverter o chumbo da iniciativa legislativa, como forma de evitar a violência. “Tenho dito não, não, não à população, não fechar estradas, não correr com o governador, não correr com o administrador… até quando? Não nasci para apagar fogo. O próprio Nyusi tem a consciência que não ganhou as eleições, mas é chamado Presidente da República. Eu não quero ser chamado Presidente da República, quero que as províncias onde pelo menos ganhámos, possamos partilhar o poder  como forma de aprofundamento da democracia, governarmos com democracia e justiça, o desenvolvimento nestas províncias, o que poderá ser, até, uma lição para a própria Frelimo”, considerou o líder do principal partido da oposição. Afonso Dhlakama manifestou abertura para um diálogo directo com o Presidente da República, visando encontrar uma saída para as divergências entre o Governo e a Renamo. No projecto chumbado, a Renamo defendia a nomeação por Afonso Dhlakama de presidentes de conselhos provinciais com funções executivas em seis províncias do país, a canalização de 50% das receitas geradas pela extracção mineira e dos valores gerados pelo sector petrolífero, 1% de alguns impostos cobrados pelo Estado nas autarquias locais, impostos de natureza provincial, bem como impostos autárquicos. Discriminação das mulheres Afonso Dhlakama considerou que o sistema de quotas femininas para cargos de chefia nos governos e partidos políticos africanos constitui uma “autêntica violação aos direitos humanos universalmente estabelecidos”. Falando em Chimoio, na Conferência Nacional da Liga Feminina da Renamo, que, no fim-de-semana, discutiu a emancipação da mulher na vida política em África, o líder do principal partido da oposição moçambicana criticou o sistema de quotas por, na sua opinião, dar menos oportunidades às mulheres, quando disputam cargos de chefia com os homens. “Porquê falar de 20%? Porquê na Organização Africana (União Africana) temos de falar de 35%, se nunca discutimos a percentagem para os homens). Ao discutirmos a percentagem para as mulheres, já estamos a entender que ela não é nada, precisa de ser dada um pouco. Não, não se discute nada, ela está inteira como ser humano. Vamos fazer com que ela estude e seja preparada para assumir qualquer cargo, que é assumido pelos homens”, declarou Afonso Dhlakama, defendendo que a tendência de atribuir percentagens femininas marginaliza a mulher. “Temos de acabar com a mania de que as mulheres andam repletas de fragilidades. As leis são universais, por isso elas (mulheres) devem gozar das mesmas oportunidades que as pessoas do género masculino. A meta estabelecida pelos governos africanos, em 35% de oportunidade de cargos de direcção, revela autêntica violação aos direitos humanos universalmente estabelecidos”, disse o líder da oposição moçambicana. Um estudo recentemente publicado pela União Interparlamentar (UIP), com sede em Genebra, aponta Cabo Verde como o país africano com mais mulheres em cargos de direcção ministerial (52,9%), seguido da África do Sul, com 41,7%, e o Ruanda (35,5%). “Há muitas académicas em Moçambique. Por isso, a Renamo pretende constituir verdadeiro exemplo de direcção, colocando este grupo social no poder de decisão, pois não deve continuar a ser vigarizado. Eu próprio vim de mulher, não se justifica que a sociedade continue a menosprezar a fonte de vida”, disse Afonso Dhlakama. A primeira mulher entrou na Renamo em Julho de 1980, na base de Macoca, no posto administrativo de Dombe, distrito de Sussundenga, na província de Manica, após uma ofensiva contra a base de Sitatonga.

A Propósito da vinda de Dhlakama a Nacala porto

A população de Nacala soube de inúmeros anúncios pagos vias rádios locais sobre a chegada de Dhlakama a Nacala porto, em serviço político partidário da Renamo. Contudo, em nenhum dos anúncios vinha claro, por quanto tempo o mesmo e seu elenco estariam por Nacala porto.
Contudo, uma vez chegados a Nacala porto, soube-se de pelo menos duas coisas sobre esta personalidade a destacar e que já se questiona de igual de facebook em Facebook de nacalenses: 
• O local de encontro de tamanha Provincial (espaço da rádio Watana) – Eu me informei por alguns e espero que não me informei como jornalista e soube de que a Rádio Watana já acolheu um encontro do género e uma personalidade de destaque era o Davis Simango. Soube também que no referido local, de 13 metros quadrados e 5 de altura, sem Ar Condicionado mas com 4 ventoinhas assentes em Terra, os beatos vêem alugando pelo menos duas vezes por mês a qualquer que seja, desde que balize e acorde as datas e horas de ocupação do referido espaço para o uso. Soube também de que uns alugam para casórios, outros para encerramentos de cursos que decorreram fora daquele mesmo recinto, pois, há inúmeras casas de banho públicas que nos momentos em que ninguém aluga o espaço, crentes é quem as usam. O mau foi de eu me informar de que alguns crentes que quisessem aproximar a casa de Deus (São João Baptista), só de saberem de que ao lado, bem ao lado da referida Igreja havia tropa de Intervenção rápida ao lado das forças residuais da Renamo a lhes orientaram por onde passar para entrarem na missa. Soube também de que alguns crentes preferiram não entrar na Igreja, por se mostrarem naquela altura de que são de um partido politico diferente do partido Politico que estava momentaneamente no lado do exterior e não queriam, em nenhum momento que fossem confundidos (…). A demais, soube de que a Universidade Pedagógica, aluga as mesmas instalações há anos usando os mesmos critérios. Soube ainda de que no referido sitio, há espaço em salas e pátio para muitos tipos de convívio excepto, cabarés!!! 
• O porque hospedar-se em Nacala porto por uma semana inteira – nos mesmos moldes, me informei de que esta personalidade vem acompanhada de varias outras de computo Nacional e provincial e vão se deslocando para cada um dos distritos por eles pretendidos, para nunca pernoitar nos referidos distritos mas sim, por Nacala porto. O distrito de Memba foi um dos exemplos de visita e regresso no mesmo dia. Para tal, soube eu que na escolta de Dhlakama, vai também um contingente da Policia (Transito, PRM e FIRE) em carros diferentes, tudo para dum lado, relatar ao Governo sobre a trajectória de Dhlakama, hora e local de estadia e se possível, o conteúdo da sua mensagem. Soube de igual de que no grupo do pessoal assalariado pelo estado moçambicano para acompanhar Dhlakama, para além de ter ajudas de custo diárias pela missão, parte destes são da SISE. De igual, fui informado de que grandes dirigentes do Estado sabem quem são os polícias que vão acompanhando ao Dhlakama e sua comitiva e que de igual, concordaram e sabem aonde ir, quando ir, quando regressar e aonde hospedar, comer, reunir entre outros. Soube por exemplo, ainda que seja por antecipado de que pela tarde desta 3ª Feira, dia 15 de Maio de 2015, Dhlakama irá para o Campo de Faita para se despedir de seus Membros e simpatizantes de Nacala e no referido encontro, vai dizer o que sempre vem dizendo e repisando. Mas, para ele estar junto do referido campo, o Município já foi a lhe autorizar para o efeito.
Agora: Aonde reside o problema dos meus proximos?
Ainda há gente que duvida de que Dhlakama assinou para ser legalmente pastado. Esta pastagem não pode ser para qualquer Moçambicano para além de que aquela guarda que só segue a ele, em todo e qualquer canto deste belo, pacifico e prospero País, pertence só e só ao mesmo e não é herdável. Quem serei eu para fazer outras perguntas ou alíneas dessas perguntas ao lado de um Governo que bem e seguramente o vê e controla por nós? Porque é que meus pares e vizinhos abstiveram-se de ir rezar? Será que houve e foi por um bom motivo, mesmo? 
Há tanta outra pergunta que implicitamente respondi porque fui informado e ou, serviu de inquietação de muita gente (maioria de nacalenses)! E se essa inquietação fosse da minoria, não vos escreveria.
Partilhe este texto e não deixe de dar o seu Like ou dislike. Caso tenha alguma outra pergunta, faça-a nas entrelinhas, vou me informar por vocês, usando meios não jornalísticos mas para recolher e oferecer dados a respeito da presença de Dhlakama em Nacala porto. Oxalá que seja enquanto a sua brigada esteja por aqui pois, caso contrario, minhas fontes de informação já terão partido com os visitantes!...

Dhlakama alerta para contagem decrescente do tempo dado à Frelimo

Autarquias provinciais
O líder da Renamo disse, este sábado, durante o comício popular no distrito de Memba, em Nampula, que será obrigado a governar à força nas seis províncias onde alega ter ganho nas últimas eleições, na sequência da reprovação do projecto de lei sobre a criação das autarquias províncias pela Assembleia da República.
Quando falta menos de mês e meio dos dois que o líder da “perdiz” deu ao partido Frelimo para orientar a sua bancada parlamentar a voltar atrás no posicionamento dado ao seu projecto, Dhlakama reiterou o que vem dizendo desde a “sentença” do Parlamento.
Falando no comício popular que orientou na vila-sede do distrito de Memba, Dhlakama recordou o tempo que falta para o término do prazo que deu à Frelimo e voltou a dizer que, findo o qual, “não restará outra alternativa senão satisfazer a vontade popular” nas seis províncias onde tenciona instalar autarquias províncias, nomeadamente, Sofala, Manica, Tete, Zambézia, Nampula e Niassa.
O PAÍS – 18.05.2015
Padre Couto dá um murro na mesa:
“Isto é uma vergonha nacional”

Manifestamente desapontado com o arrastamento e com os sucessivos impasses no diálogo entre as delegações do governo e da Renamo, o antigo reitor da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), Padre Filipe Couto, pede humildade às duas partes, para vencerem os obstáculos que emperram o processo negocial, e diz: “é uma vergonha nacional”. Filipe Couto defende um encontro ao mais alto nível entre as duas partes como solução para o marasmo em que o processo negocial se encontra há vários meses. O religioso e académico considera que a desmilitarização e reinserção social do braço armado da Renamo devem ser temas de um encontro entre o Presidente da República, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, enquanto a despartidarização da Fun- ção Pública deve ser confiada à Assembleia da República. Recorde-se que numa entrevista ao SAVANA, dias após a assinatura do acordo de Cessação das Hostilidades, Afonso Dhlakama clarificou a questão de enquadramento dos chamados homens armados da Renamo, ponto que continua a dividir as duas delegações no Centro de Conferências Joaquim Chissano. “A Renamo não vai meter nenhum homem nas FADM. A Renamo vai pegar sua gente que já está nas FADM a serem marginalizados, gente que está escravizada. Para reactivá-los, promovê-los, nomeá-los no âmbito do acordo político. Temos os nossos lá, que andam a varrer nos quartéis, que são moleques e são chamados de assessores. Não é preciso que a Renamo traga mais. Estão cheios lá”, precisou Afonso Dhlakama, que esta semana escalou Nampula para mais uma etapa de formação dos seus quadros que deverão integrar o governo das províncias onde o maior partido da oposição reivindica vitória. Os mapas da Renamo A onda de indignação dos mediadores com os lentos passos do diálogo começou com Lourenço do Rosário, que veio a público manifestar o seu desalento pelos constantes impasses nas sessões de negociações no Centro de Conferências Joaquim Chissano. Horas depois, Afonso Dhlakama deu uma entrevista ao SAVANA em Caia, norte de Sofala, na qual acusou o partido no poder de recorrer a manobras para que “as coisas não andem”. Dhlakama garantiu que fez chegar, via General Ossufo Momade, ao chefe de Estado, Filipe Nyusi, mapas de modelo de reintegração dos comandos da Renamo nos lugares de chefia. Nesta quarta-feira, o SAVANA teve acesso aos controversos mapas e publica-os na íntegra. Vergonha nacional Numa altura em que terminam nesta sexta-feira os 60 dias de prorrogação da missão da EMOCHIM (Equipa da Missão de Observadores da Cessação das Hostilidades Militares), sem registo de nenhum avanço nas negociações entre as delegações do governo e da Renamo, o Padre Filipe Couto atirou uma pedrada no charco e desabafou: “já chega de enganar o povo”. “É preciso sermos um bocadinho mais humildes e realistas e dizer que não podemos fazer ao povo o que não gostaríamos que nos fizessem. Não tivemos coragem de dizer que aqui, no Centro Joaquim Chissano, faltam-nos baterias. Não somos capazes de resolver problemas que não temos hipóteses de resolver” precisou. No entender de Filipe Couto, é preciso haver coragem suficiente para trocar os jogadores numa equipa que não produz resultados, isto porque, a cada ronda, anunciam-se impasses, que são “uma autêntica vergonha nacional”. “Quando um diz sim, outro diz não, parecem galos ou cabritos, que ao invés de se preocuparem com a reprodução, começam a bater-se a toda a hora, contrariando a missão que lhes foi imposta” frisou. Deste modo, Couto considera que, passados oito meses, depois da criação da EMOCHIM, sem registo de qualquer avanço, é chegada a hora de o Governo e a Renamo produzirem um relatório no qual elencam os pontos de concórdia e discórdia e depois submetê-lo às instâncias superiores, para a devida apreciação. Avança ainda que a desmilitarização e reinserção social da chamada “força residual” da Renamo deve ser entregue às lideranças das duas partes, nomeadamente ao Presidente da República e ao líder do principal partido da oposição. O debate em torno da despartidarização da Função Pública deverá ser encaminhado à Assembleia da República, porque trata-se de um assunto que transcende as negociações. “A despartidarização da Função Pública não pode ser monopólio da Frelimo e da Renamo, temos de levar este documento à Assembleia da República. Eles querem debater tudo, será que são o fórum dos eleitos, questionou. EMOCHIM não será prorrogada No final da ronda 104, as duas equipas voltaram a não registar qualquer consenso, como de costume. Perante este cenário, o chefe da delegação da equipa governamental, José Pacheco, deixou claro que não haverá uma segunda prorrogação da missão da EMOCHIM, porque a mesma constitui um encargo financeiro pesado para o Estado. José Pacheco não especificou as despesas inerentes à missão. “São gastos desnecessários e o Estado não pode continuar a financiar luxo a grupos ociosos” precisou. O também ministro da Agricultura e Segurança Alimentar entende que é preciso imprimir uma nova dinâmica, entregando o mandato da EMOCHIM aos moçambicanos, por forma a evitar desperdícios financeiros. Por sua vez, o chefe da delegação da Renamo, Saimone Macuiana defendeu a necessidade da permanência deste grupo até ao cumprimento do acordo, sublinhando a necessidade de uma entidade neutra para a fiscalização do cumprimento do acordo de Cessação das Hostilidades Militares.

Não há espaço para a criação dessas regiões”

Nyusi endurece discurso contra Dhlakama
A cada dia que passa, começa a ficar claro que a perspectiva de Filipe Nyusi em relação à Renamo e a Afonso Dhlakama continua nos moldes de Guebuza. Depois de uma primeira impressão, Nyusi decidiu deixar claro que, se depender da Frelimo, não haverá autarquias provinciais.

Num comício no distrito do Dondo, na província de Sofala, onde esteve a trabalhar no final da semana, Nyusi aproveitou a ocasião para responder ao ultimato de Afonso Dhlakama de dois meses. Filipe Nyusi disse que as autarquias provinciais não serão viáveis para o desenvolvimento do país. Nyusi insiste que ganhou as eleições e que foi votado nas eleições de 15 de Outubro de 2014.
“Portanto, se algumas pessoas têm o desejo de ver o país dividido em regiões, então fica o recado de que neste país não existe espaço para que isso aconteça, pois esta pátria não é de um cidadão”, disse Nyusi.
Do outro lado está Afonso Dhlakama no Norte do país a insistir que o projecto das autarquias provinciais será implementado ainda este ano e que a Frelimo tem dois meses para mudar de opinião. No fim da semana, Dhlakama trabalhou em Nampula, onde garantiu à população que as seis províncias, nomeadamente, Sofala, Manica, Tete, Zambézia, Nampula e Niassa, serão governadas pela Renamo.
Com o extremar das posições, cresce o receio de que o diferendo venha a dar origem a novo confronto militar.

CANALMOZ – 18.05.2015

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