sexta-feira, 15 de maio de 2015

Cinco jovens tentaram suicidar-se depois de agressões homofóbicas na escola

Sociedade


  
15/05/2015 14:48:27
    
A 17 de maio assinala-se o Dia Internacional de Luta contra a Homofobia e a Transfobia. 
José Sérgio
Cinco jovens tentaram suicidar-se depois de agressões homofóbicas na escola
A maioria das agressões homofóbicas denunciadas à rede ex aequo são de jovens no ensino secundário, agredidos múltiplas vezes, a maior parte das quais dentro da escola, e que levaram cinco adolescentes a tentar suicidar-se.
Quinze jovens homossexuais disseram ter sido vítimas de homofobia, enquanto outros nove disseram ter sido alvo de comportamentos transfóbicos
Os dados constam do mais recente relatório do Observatório da Educação, da rede ex aequo, a que a Lusa teve acesso, e que recebeu 20 denúncias entre Janeiro de 2013 e Dezembro de 2014.
Os participantes dividem-se entre oito raparigas e 12 rapazes, sendo a esmagadora maioria (15) homossexual e bissexual (4), sobretudo (19) alunos, com idades entre os 16 e os 18 anos (45%) e os 22 e os 24 anos (25%).
"Se muitos alunos sofrem discriminação vinda dos seus colegas heterossexuais, outros sofrem-na também de homo ou bissexuais que adoptam posturas homofóbicas para que nenhum dos seus colegas desconfie da sua orientação sexual", lê-se no relatório.
Quinze jovens homossexuais disseram ter sido vítimas de homofobia, enquanto outros nove disseram ter sido alvo de comportamentos transfóbicos.
Entre o tipo de agressão homofóbica mais frequente, a maioria (16) foi vítima de agressões verbais, mas houve também 15 casos de agressões psicológicas e quatro de ataques físicos.
Nas agressões transfóbicas, a maioria também reporta a agressões verbais (10), logo seguida de oito agressões psicológicas (8) e uma física.
Segundo a rede ex aequo, "as agressões, por norma, não são algo pontual, mas sim a algo recorrente, ou pelo menos, com alguma repetição no quotidiano de muitas pessoas".
Prova disso está o facto de, em 12 casos (60%), o jovem ter sido agredido mais de cinco vezes.
A maioria das denúncias feitas diz respeito a casos ocorridos no ensino secundário (11), logo seguido do terceiro ciclo do ensino básico (4) e do ensino superior (3).
Em 17 casos (85%), a agressão aconteceu dentro da escola e na maioria dos casos (16) os agressores são também alunos, apesar de haver quatro denúncias em relação a professores.
"Situações de discriminação/agressão acontecem nas nossas escolas e é urgente que se tomem medidas de apoio para a especificidade deste problema. Se, até à data da criação deste Observatório, não existiam dados concretos é justamente pela ausência de meios para o fazer", aponta a rede ex aequo.
A maior parte (17) dos jovens que denunciou o seu caso através do Observatório admite, no entanto, que não apresentou queixa junto das autoridades e 12 dizem que lidaram sozinhos com o que se passou.
"Os dois jovens que apresentaram queixa afirmam que foi efectuada por iniciativa sua (...) e ambos referem que as queixas não tiveram resultados positivos", conta no relatório.
Por outro lado, cinco dos 20 participantes admitiram ter tentado suicidar-se, enquanto outros sete automutilaram-se. Houve também 15 jovens que disseram que os casos de agressão tiveram como consequência diminuir a sua auto-estima, outros 16 que admitiram ter-se isolado e ainda em oito casos houve ideias suicidas.
Também como consequência das agressões, há cinco jovens que dizem ter abandonado a escola, "o valor em percentagem (25%) mais alto desde que existe o Observatório".
A rede ex aequo é uma associação de apoio para jovens lésbicas, gays, bissexuais, trans, intersexo e apoiantes entre os 16 e os 30 anos. O Observatório da Discriminação foi criado em 2006 e apresenta relatório de dois em dois anos.
A 17 de maio assinala-se o Dia Internacional de Luta contra a Homofobia e a Transfobia.
Lusa/SOL

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