segunda-feira, 13 de abril de 2015

SÍMBOLO DO INEXISTENTE.

A tocha de fogo vai correr desde Namatil, por cerca de 100 dias, a simbolizar uma Unidade Nacional que deveria ser revelada desde a cerimónia do seu lançamento, mas a frelimização do Governo não deixou de cumprir o ritual de asfixiamento constante dos demais partidos, não obstante os discursos então proferidos, que falavam de não exclusão, tentavam acusar de auto-exclusão, e criar a ilusão de que estamos todos lá incluídos. Estamos incluídos num programa em que o protocolo nacional não tem olhos para reconhecer os nossos chefes e os enquadrar, para que tenham também a honra de pegar nessa tocha de fogo, e a passar para outro concidadão. Incluídos para fazer número, excluídos para desfrutar das honras. Aquela pseudo-inclusão a que estamos habituados. Aquela que obriga aos sacrifícios, às responsabilidades, ao trabalho, mas que frelimiza todos os benefícios e as oportunidades de desenvolvimento. Até para pegar numa tocha de fogo é preciso ser da FRELIMO. E isto é feito por entre discursos que exortam à unidade nacional. De que valem final, as palavras, quando elas são desmentidas pelos actos? Para fazer uma corrida que verdadeiramente simbolize a Unidade Nacional, o Governo deveria instruir seu protocolo a contactar a Comissão Nacional de Eleições para saber quem venceu nos últimos pleitos, e então fazer a lista de quem vai ser o primeiro a receber aquele fogo em cada zona, para depois a entregar ao segundo mais votado para que o leve ao terceiro, e assim comece a passar para o povo, alternando-se entre os moradores da área onde se encontra, independentemente do partido em que cada um milita. Se na cerimónia de lançamento o presidente da FRELIMO não foi capaz de entregar a tocha ao seu homólogo da RENAMO, então está instalado o espírito de exclusão. Até chegar a Maputo no próximo 25 de Junho, dia em que vamos completar os 40 anos de exclusão e intolerância que nasceram juntamente com a nossa independência depois de uma gesta de alguns anos durante a Luta Armada de Libertação Nacional, a tocha vai passar sempre por mãos frelimistas. Pela vontade dos organizadores, mesmo ao passar pelos municipios onde a FRELIMO já perdeu o poder, essa tocha, dita da Unidade, terá que ser transportada por entre maçarocas e batuques, pois estandendo a participação a outras formações políticas, corremos o perigo (e é mesmo um parigo para os nossos comunistas) de ver a Unidade Nacional se tornar real e verdadeira. Eles querem assim mesmo. Uma unidade nacional falsa que não passe nunca das palavras, para nunca chegar aos dinheiros e às riquezas. Inclusão nos discursos e nas palavras. Nunca nos benefícios. Não deixa de ser verdade que os supostos donos dos meios de comunicação que apesar de pertencerem ao Estado e viverem a custa dos nossos bolsos, a classe dominante, frelimista vai operando contra a corrente dos acontecimentos uma nefasta estratégia discursiva de agendamento temático. Eles só noticiam coisas boas da vida política nacional, dando a impressão que o que o governo e o seu partido fazem é bom e omitindo todas as situações sujas protagonizadas pelo mesmo grupo dos malfeitores. Como tal, a chama da dita unidade nacional segundo os órgãos de informação que vivem a nossa custa, falam de maravilha a volta deste evento. Esquecem-se da exclusão política e da corrupção envolta neste processo, pois ele só envolve um esbanjamento financeiro para um país sem estabilidade económica. Sim é esbanjamento financeiro pois o que pretendem alcançar não é para o benefício do povo, mas para lavarem a imagem já corroída completamente. Há um discurso velado nos meios de comunicação tendente a desarticular e desencorajar todos os dias o trabalho mais sério dos filhos do povo como as autarquias provinciais, assunto que mexe com a vida do povo sofredor. Tendem a substituir o debate das autarquias provinciais com uma simples tocha que já fracassou desde os bons tempos do malogrado presidente Samora! Não estamos surpreendidos quando todos os dias se opera uma velada orientação ideológica para deslegitimar a participação da população na vida política, bem como qualquer esperança de mudança. Quando a população se mostra revoltada e mostra-se solidária com Afonso Dhlakama, saíndo às ruas para manifestar seu apoio, a polícia é instruída para inviabilizar este exercício democrático. Tal vimos num passado próximo em Manica, com o governador Mondlane a instruir o exército e a polícia para dispersarem a multidão que se dirigia ao comício do Presidente Dhlakama, tendo provocado morto, feridos e até presos que viriam a ser absolvidos por insuficiência de provas da sua participação contra a ordem pública. Um acto histórico no nosso país, a absolvição de um opositor! E para não sair da roda dos escarnecedores, vimos e ouvimos os meios de informação servis ao partido no poder rapidamente a condenar as manifestações. 

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