sábado, 11 de abril de 2015

Obama trocou aperto de mão com Raúl Castro e disse que "impunidade" dos EUA chegou ao fim


PÚBLICO

11/04/2015 - 10:53

(actualizado às 11:56)


Espera-se que os dois chefes de Estado se possam encontrar neste sábado.Presidente dos Estados Unidos disse no Panamá que chegou ao fim a "impunidade" das intervenções norte-americanas na América Latina.

Um momento aparentemente casual e fugaz que concentrou em si a atenção do mundo: Barack Obama e Raúl Castro trocaram um aperto de mão, na noite de sexta-feira, durante um encontro informal dos líderes na Cidade do Panamá, onde decorre a Cimeira das Américas. "How are you", perguntou em inglês o líder cubano ao Presidente dos Estados Unidos quando se encontraram, simbolizando a aproximação histórica entre os dois países. Apesar de não existir um encontro bilateral agendado, existem indicações de que os dois líderes se possam encontrar oficialmente ao longo deste sábado, antes do regresso de Obama aos Estados Unidos.

Este é o segundo aperto de mão entre Barack Obama e Raúl Castro – estes já se haviam cumprimentado na África do Sul, durante o funeral de Nelson Mandela. Mas o encontro informal deste sábado acontece num contexto de franca aproximação entre os dois países. A par de um encontro oficial entre os dois chefes de Estado, existe também a expectativa de que os Estados Unidos aproveitem esta Cimeira das Américas para retirarem Cuba da lista norte-americana de ameças terroristas.

Com o epicentro desta Cimeira das Américas nas relações EUA-Cuba e com Washington a gozar de um ambiente favorável no Panamá, Barack Obama parece estar a apontar agora para uma reconciliação histórica entre os Estados Unidos e a América Latina. Durante um fórum de "líderes da sociedade civil", Barack Obama assegurou que o período de interferência norte-americana na América Latina terminou.

"Respeitamos as diferenças entre os nossos países. Os dias em que a nossa agenda neste hemisfério tão frequentemente presumia que os Estados Unidos podiam interferir com impunidade... esses dias são passado", afirmou o Presidente dos Estados Unidos no Panamá.

Uma mensagem que apontou não só a Cuba, mas também e talvez mais à Venezuela, de acordo com a correspondente da BBC no Panamá. "O tom da cimeira pode muito bem depender na capacidade de Obama em disuadir Maduro e os seus aliados de esquerda", escreveu neste sábado Vanessa Buschschluter.

Nicolás Maduro chegou à Cimeira das Américas em protesto contra a recente implementação de sanções dos Estados Unidos a sete altos-responsáveis venezuelanos. O Presidente da Venezuela já deu sinais de que se poderá aproximar de Washington ao longo da cimeira. Mas as primeiras declarações do líder venezuelano no Panamá parecem apontar para qualquer uma das duas posturas: a de protesto e a de reconciliação.

"É tempo não para imperialismo, mas para a paz", afirmou Nicolás Maduro.

Na abertura da Cimeira das Américas, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, apontou à reaproximação histórica dos EUA e Cuba e referiu-se “à importância” da presença do líder Cubano, Raúl Castro. “Representa uma velha aspiração da região”, disse, tendo sido aplaudido pela maioria dos 35 chefes de Estado e de Governo presentes, mas houve excepções como Obama, diz o jornal espanhol El Mundo.

Nunca, nas anteriores cimeiras, Cuba marcou presença. Assim como esta é a primeira vez, em 58 anos que os chefes de Estado dos EUA e de Cuba se encontram oficialmente - no funeral de Nelson Mandela, em Dezembro de 2013, os dois líderes trocaram um fugaz cumprimento de cortesia.

A última reunião oficial aconteceu entre Dwight D. Einsehower e Fulgencio Batista, também no Panamá, num encontro da Organização dos Estados Americanos.

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