segunda-feira, 13 de abril de 2015

HÁ COLONIALISMO A RESSUSCITAR EM NÓS!

Quando um pensamento errado começa a se espalhar entre nossas mentes que nem trepadeira viçosa entre os ramos de uma árvore frondosa, precisamos vasculhar as causas para eliminá-las de sorte que ele (o pensamento maldito) desapareça também. É isto que temos que fazer em relação aos nossos irmãos da FRELIMO que estão querendo nos arrastar para a ideia de que o país ainda não está preparado para a implementação da lei das autarquias provinciais. Esta pretensão de querer adiar uma medida tão importante para o desenvolvimento das províncias (não apenas para as províncias que votam na RENAMO, mas todas ao províncias incluindo Gaza onde dizem que ninguém vota mais ninguém além da FRELIMO) é uma repetição do que fizeram alguns colonos desesperados em 1974, quando se viram derrotados nas guerras que realizavam nos países africanos que então colonizavam. Queriam convencer– nos, a nós seus colonizados, a aceitar mais uns cinquenta anos de colonização, com o pretexto de nos prepararmos melhor para as nossas Independências. Este ridículo pensamento de querer convencer os oprimidos a aceitar mais uns anos de opressão, ainda subsiste entre algumas mentes portuguesas, e isto nem é surpresa. O que surpreende mesmo é que ele apareça no seio dos moçambicanos em forma de neocolonialismo em favor de uma elite política que se vale para tecer seus argumentos, de valores nobres de que o nosso povo é prendado, como é por exemplo a Unidade Nacional. Em nome da Unidade Nacional, querem colocar todo o Moçambique privado da verdadeira Democracia, nos arrastando para o conformismo de que não estamos preparados para as autarquias provinciais. Quer dizer por outras palavras, ainda precisamos de continuar a ser discriminados, excluídos, roubados, sacaneados de várias formas, porque não estamos preparados para assumir as liberdades democráticas com seus direitos, suas responsabilidades e seus deveres. As pessoas precisam, segundo algumas correntes elitistas de ser ricas para terem o direito de se organizarem para debater os problemas das comunidades onde vivem, decidirem em conjunto como vão cuidar das suas ruas, como vão fazer para terem água canalizada em suas casas, boas escolas para seus filhos e para sí próprios, garantir energia eléctrica na sua zona… Quem é pobre, quem ainda não está desenvolvido, não pode constituir-se em autarquia, ou seja, tornar-se senhor dos destinos da própria comunidade, segundo estes comunistas fossilizados lá para os tempos antigos da ditadura marxista-leninista. Temos que primeiro ficar uns cinquenta anos para podermos implementar as autarquias províncias, lei que permite que cada parcela do país possa ser governada de acordo com as suas escolhas nas urnas. Tudo porque uma elite de políticos envoltos em pergaminhos escusos, não está preparada para continuar a roubar votos e fazer outras batotas eleitorais com as autarquia provinciais em funcionamento. Conta também o medo da proposta de Lei, cuja aprovação é profundamente desejada pelos moçambicanos, alguma ignorância. Existem chefes que não sabem que um governador provincial deve obediência ao Presidente da República, mesmo que este seja de outro Partido. Julgam por isso que a presença de um membro do partido que ficou na oposição dentro do elenco governamental, como governador provincial, já é uma “infiltração inimiga”. Por isto ficam aflitos a querer-nos convencer que os governos provinciais e locais nada têm a ver com as tendências de voto das populações que os constituem. Apenas dependem do partido que conseguiu se alojar na Ponta Vermelha. Vencer em sete ou oito províncias, com esmagadora maioria, não é nada quando o roubo estrondoso que foi feito pelo adversário em apenas uma ou duas províncias altera o verdadeiro resultado transformando o vencido em vencedor. Têm medo das liberdades democráticas porquê se elas também abrem caminho a uma maior responsabilização dos cidadãos que em consequência passarão a participar mais no desenvolvimento do Pais? Passarão a organizar-se para promover o desenvolvimento da sua localidade. Têm medo porque só sabem viver do roubo, facilidades, da corrupção nas suas variantes múltiplas, como partidarização de financiamentos, exclusão política de cidadãos quando estes procuram o usufruto dos seus direitos, e sabe Deus quantos abusos mais? Precisamos de ajudar muito os nossos concidadãos da maçaroca, pois nem entendem os benefícios que a implementação de uma verdadeira democracia pode trazer até para eles próprios. Não é pelos chefes que têm o privilégio de usufruir de regalias especiais que lhes deixam blindados destes sofrimentos bem conhecidos de todos nós, mas pelos simples populares, os nossos vizinhos e compadres que por acaso não entendam a vantagem das autarquias, a necessidade de elas serem implementadas imediatamente, os benefícios da descentralização para a nossa própria libertação da pobreza. É preciso ensinar que a Democracia apesar de ser conquista da RENAMO, beneficia a todos os honestos, mesmo que estes sejam da FRELIMO. A proposta de lei que a bancada da RENAMO submeteu para aprovação nesta sessão da Assembleia da República pode até não estar perfeita, mas o dever dos deputados da FRELIMO é ajudar a rectificar onde está errado, para que se torne numa lei de consenso e para que seja aprovada ainda nesta sessão. Eles não têm o direito de chumbar aquela lei, nem de se absterem de aprová-la. Se são verdadeiros representantes do Povo Moçambicano como apregoam. Se é que têm muito amor pelo Povo, pelos seus eleitores que por sinal até nem constituem a maioria do Povo, mas dele fazem parte, esqueçam-se das suas próprias regalias, e aprovem então a lei das autarquias. Assiste-lhes o direito, obriga-lhes o dever, de propor as rectificações necessárias onde encontrem erros, mas de modo algum isso deve significar a subversão do espírito da proposta de lei, nem a sabotagem ou seu adiamento para ficarmos eternamente à espera. O Patrão Povo tem pressa, muita pressa mesmo, de exercer o poder ao nível das bases, de forma autêntica. O Governo Central deve ficar no papel de árbitro que verdadeiramente lhe compete, e deixar de querer continuar com o paternalismo, sempre sufocante e quase sempre ladrão.

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