sexta-feira, 17 de abril de 2015

Educação no topo das prioridades do Governo!

Sexta, 17 Abril 2015
COINCIDÊNCIA ou não, existem muitas coisas em comum entre este Governo que vigora desde Fevereiro de 2015 a 2019 com o da primeira república que esteve sob liderança de Samora moisés machel no que a Educação diz respeito.
Se na primeira república a questão se prendia com a fuga de quadros e a necessidade de expansão da educação para toda a população, a questão hoje prende-se com a dignificação do sector que, diga-se, a muito se acha enteado, não do Governo como tal, provavelmente dos diferentes dirigentes que por lá passaram.
Na verdade não basta inscrever que a Educação e a Saúde são áreas de maior prioridade numa determinada governação. É preciso verificar como as dinâmicas internas são operacionalizadas e, aqui, entra o papel do titular do pelouro em causa. Por exemplo, se a Educação tem problemas de carteiras, como tem, e o titular da pasta do sector se conforma com a situação e, por conseguinte passa a “pregar” a ideia de que não é só neste sector que há problemas, seguramente que o problema jamais será resolvido, porque ele sabe e se conforma com o mesmo.
Podemos verificar o sentido inverso onde o titular da Educação é confrontado com a falta de carteiras e leva o assunto a cada sessão do Conselho de Ministros, visita escolas e senta no chão com os alunos, como o fez o ministro Ferrão, o nível de sensibilidade dos seus pares é maior com relação ao problema. E, se a isto juntarmos a verificação “in loc” pelo chefe do próprio Executivo, no caso o Chefe do Estado, temos certeza que algo poderá mudar para melhor.
Uma das primeiras acções do Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, foi visitar uma escola. Muitos questionaram a escolha; a comunicação social deu ênfase as exigências dos alunos de remunerar melhor o professor; muitos também falaram de péssimas condições neste sector. De uma forma geral estas abordagens, na minha opinião, poderiam retrair o Chefe do Estado em relação a um sector sensível por causa de tudo quanto se disse e se diz, mas, antes pelo contrário, vimos um Presidente da República acompanhado do respectivo titular a visitar escolas com “piores” condições do ensino e aprendizagem. Refiro-me a falta de salas de aula e de carteiras para os estudantes e para o próprio professor.
Esta atitude do Chefe do Estado e do Governo é encorajadora na medida em que revela interesse na mudança do paradigma, introduzindo nova abordagem e dinâmicas no sector e nos dirigentes da área. É importante sublinhar a dinâmica dos dirigentes do sector, porque acima de tudo são eles que devem mudar a situação nas escolas; são eles que devem devolver a dignidade do professor e da própria Educação através da forma como encaram o sistema do ensino e aprendizagem; a forma como lidam com os problemas do professor; a forma como lidam com o educando e a sua relação com os encarregados de educação. Isto requer dinâmicas e abordagens cada vez melhores.
Outro dado interessante na Educação é a forma como o ministro encara o sector. Numa primeira abordagem insurgiu-se contra as condições no sector, tendo como pano de fundo as carteiras, depois falou da necessidade de criação de um tipo de projecto para as escolas no país; depois reuniu os seus predecessores para ouvir deles o que pensam da Educação e como melhorar. Ouviu outras sensibilidades, incluindo os fazedores da opinião, que são os órgãos de comunicação social, estes que sempre trazem a ribalta os problemas do sector. Esta exposição do ministro Ferrão, na minha opinião, não é de alguém que se conforma, é de alguém que terá dito assim “senhor Presidente está a convidar-me para ministro da Educação e Desenvolvimento Humano nas condições em que está o sector? Muitas coisas terão de mudar senhor Presidente. De contrário, obrigado, prefiro continuar onde estou”. E certamente recebeu a seguinte resposta, tudo imaginação minha: “meu caro, eu convidei-o exactamente para mudares a dinâmica da Educação, já conseguimos expandir o ensino em todo o país, mas todos queixam-se da qualidade do mesmo, queixam-se dos problemas que não se resolvem dos professores, etc., pelo que, quero alguém que vá mudar o paradigma da Educação, podes ter certeza, estarei consigo nessa empreitada”, acredito. Por isso que muita coisa poderá mudar neste sector vital para a sociedade moçambicana.
Quando o Presidente da República, Filipe Nyusi, visitou uma escola no distrito de Chókwè, onde foi cumprimentado como professor e o ministro da Educação comportou-se como parte dos alunos, sentado no chão, fiquei com a percepção de que este sector, mais do que nunca, está de facto no top da agenda desta governação, tal como esteve na primeira república por outras razões. É de encorajar que assim seja, não esperemos os frutos no “virar da esquina”, mas tenhamos certeza que algo vai mudar no sector.
ADELINO BUQUE

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