14/04/2015
Juíza autoriza detenção de supostos assassinos de Gilles Cistac sem provas
A juíza de direito Judite António Correia, da Secção de Instrução Criminal do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo, chancelou a prisão de dois indivíduos que respondem pelos nomes de Lúcio Manuel Chembene e Arsénio Eduardo Nhaposse, de 40 e 34 anos de idade, nos calabouços da Cadeia de Máxima Segurança, vulgo BO, acusados de envolvimento no assassinato do constitucionalista Gilles Cistac, a 03 de Março último, mesmo reconhecendo que não existem factos para a legalização da detenção, o que levanta a possibilidade de se estar a privar a liberdade de gente que não tem nada a ver com o caso.
Gilles Cistac foi morto quando saía de um café na cidade de Maputo. Arnaldo Chefo, porta-voz do Comando da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Maputo, disse à Imprensa, na segunda-feira (13), que a corporação está no encalço de outros dois elementos, dos quatro que são indiciados de matar Cistac, dos quais um de raça branca.
A legalização da prisão dos visados aconteceu na última sexta-feira (10), data em que, por sinal, a juíza Judite Correia, disse no auto de perguntas aos indiciados, processo número 797-B/15, que apesar de concluir que não existem indícios bastantes de Lúcio Chembene e Arsénio Nhaposse terem praticado os factos de que são acusados, reitera a validade da detenção por serem insuficientes as medidas sobre a liberdade provisória.
A PRM, que pretendia apresentar os presumíveis assassinos aos órgãos de comunicação social, o que viola a presunção de inocência, recuou, não avançou detalhes das circunstâncias em que os acusados foram detidos e justificou que é prematuro apresentá-los publicamente porque não pretende interferir na investigação.
Parlamento moçambicano aprova Programa Quinquenal do Governo com votos contra da oposição
A Assembleia da República de Moçambique aprovou hoje o Programa Quinquenal do Governo para o período 2015-2019, com 137 votos a favor da Frelimo, bancada maioritária, e 102 contra da oposição da Renamo e do MDM.
Anunciando o sentido de voto da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), partido no poder, Jaime Neto, deputado desta força política, afirmou que "o Plano Quinquenal do Governo exprime os anseios do povo moçambicano e estabelece prioridades estratégias para os próximos cinco anos".
Por seu turno, António Timba, deputado da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), defendeu que o plano não aponta metas específicas, considerando essa alegada lacuna um impedimento à fiscalização do grau de cumprimento dos objetivos indicados no documento.
Falando em nome do MDM (Movimento Democrático de Moçambique), Venâncio Massingue, deputado desta formação política, referiu que "o Programa Quinquenal enferma de graves vícios de forma e de metodologia, porque omite alegadamente indicadores importantes para o acompanhamento da implementação do mesmo".
O Programa Quinquenal prevê que o peso da indústria transformadora no Produto Interno Bruto (PIB) quase duplique dos atuais 11% para 21% em 2019, e também taxas de crescimento económica robustas, entre os 7% e os 8% nos próximos anos, ao mesmo tempo que pretende aumentar a arrecadação de receitas do Estado, dos atuais 27,5% em percentagem do PIB para 32% em 2019, e manter a inflação anual abaixo dos 10%.
Posted at 17:20 in Economia - Transportes - Obras Públicas - Comunicações, Política - Partidos | Permalink | Comments (0) ShareThis
Presidente da República de Moçambique insatisfeito com impasse político no país
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, manifestou-se insatisfeito com o impasse na crise com a Renamo, maior partido da oposição, reiterando que a solução deve ser encontradas à luz da Constituição.
"O povo acha que foi bom termos falado [nos encontros entre o chefe de Estado e o líder da Renamo], mas, para mim, não foi bom porque não chegámos a conclusões para ultrapassar este assunto", disse Filipe Nyusi, falando segunda-feira à imprensa durante a sua Presidência aberta na província de Gaza, sul de Moçambique.
O líder da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), Afonso Dhlakama, ameaça governar pela força caso o partido no poder, Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), chumbe a sua proposta da lei de criação de províncias autónomas, que considera como a única saída para a crise política gerada pela recusa do movimento em aceitar a derrota nas eleições gerais de 15 de outubro de 2014.
De acordo com o Presidente moçambicano, as soluções para se ultrapassar a crise política devem ser encontradas na Constituição da República.
"Nós estamos a fazer tudo para encontrar soluções para este problema, mas estas soluções não podem violar a Constituição. Eu jurei defender a Constituição da República", afirmou Filipe Nyusi.
Posted at 17:17 in Defesa, Eleições 2014 Gerais, Política - Partidos | Permalink | Comments (0) ShareThis
Presente constitui prova de que algo falhou tremendamente
Canal de Opinião por Noé Nhantumbo
Nada de inventar ou justificar com artifícios e demagogia.
Quando se joga o presente e o futuro de milhões de pessoas, deveria haver, no mínimo, capacidade de reconhecer que algo falhou. Que se cometeram erros de palmatória. Que se fizeram considerações irrealistas. Que se brincou ao jogo das estratégias. Que afinal não se tinha feito um diagnóstico correcto. Que jamais houve vontade política de implementar as estratégias eleitas.
A dimensão do falhanço estratégico é a presente situação em que se demora a encontrar consensos funcionais, em que esquadrões mediatizados de comunicadores sociais e políticos procuram esconder a verdade e a persistir na via de “fuga para a frente”.
Quando se procura encontrar as causas do falhanço do sistema de educação no país, deveria ser claro que o mais importante é ter coragem de dizer que o partido no poder falhou ao escolher “as estatísticas” e a mentira oficial como forma de estar e ser na educação. Uma sociedade baseada na falsidade, adversa à verdade, promotora de uma mediocridade generalizada acaba afunilada e podre. Podre porque não consegue produzir soluções para os seus problemas.
Um exemplo simples mas caricato: como se pode aceitar que um país produzindo quadros com ensino superior, como se anuncia todos os anos, não seja capaz de limpar o lixo das suas cidades?
Uma doença como a cólera, de simples diagnóstico e prevenção, persiste depois de quarenta anos de Independência?
A percentagem de pessoas consumindo água potável é diminuta, depois de tantos anos de investimentos?
A precariedade geral das empreitadas públicas na esfera das infra-estruturas persiste mesmo com os conhecimentos e experiências acumulados?
A dimensão do falhanço estratégico é a presente situação em que se demora a encontrar consensos funcionais, em que esquadrões mediatizados de comunicadores sociais e políticos procuram esconder a verdade e a persistir na via de “fuga para a frente”.
Quando se procura encontrar as causas do falhanço do sistema de educação no país, deveria ser claro que o mais importante é ter coragem de dizer que o partido no poder falhou ao escolher “as estatísticas” e a mentira oficial como forma de estar e ser na educação. Uma sociedade baseada na falsidade, adversa à verdade, promotora de uma mediocridade generalizada acaba afunilada e podre. Podre porque não consegue produzir soluções para os seus problemas.
Um exemplo simples mas caricato: como se pode aceitar que um país produzindo quadros com ensino superior, como se anuncia todos os anos, não seja capaz de limpar o lixo das suas cidades?
Uma doença como a cólera, de simples diagnóstico e prevenção, persiste depois de quarenta anos de Independência?
A percentagem de pessoas consumindo água potável é diminuta, depois de tantos anos de investimentos?
A precariedade geral das empreitadas públicas na esfera das infra-estruturas persiste mesmo com os conhecimentos e experiências acumulados?
Já não há cidadão branco entre suspeitos do assassinato de Gilles Cistac
Vergonhoso teatro policial
Depois do assassinato de Gilles Cistac, no dia 3 de Março passado, o “Canalmoz” foi informado por fontes policiais que a Polícia da República de Moçambique recebera “ordens superiores” para mentir publicamente e anunciar que quem disparou contra Gilles Cistac era um cidadão de raça branca. A empreitada visava fugir às responsabilidades políticas que recaíam sobre o partido Frelimo, que havia lançado uma campanha de racismo e ódio contra Gilles Cistac, através do braço intelectual desse partido, o G40, nos órgãos de comunicação social públicos.
E foi o que aconteceu. Na tarde do mesmo dia, Arnaldo Chefo porta-voz da Polícia da República de Moçambique, convocou a imprensa, naquilo que foi a primeira reacção do Estado moçambicano, para anunciar que Gilles Cistac foi assassinado por indivíduos que se deslocavam num carro. Segundo afirmou Arnaldo Chefo, o indivíduo que disparou era “um cidadão de raça branca”. Com esta declaração, ficava confirmado o que a nossa fonte já nos tinha comunicado.
Agora, na segunda-feira, a Polícia moçambicana convocou a imprensa para anunciar a detenção de dois suspeitos de estarem envolvidos no assassinato de Gilles Cistac. Segundo Arnaldo Chefo, são eles Lúcio Manuel e Arsénio Nhaposse. Já foram apresentados ao Tribunal Judicial da cidade de Maputo e o tribunal legalizou a prisão dos mesmos na passada sexta-feira.
Questionado sobre os outros dois que teoricamente faltam para perfazer quatro, Chefo disse que há pistas, mas acontece que nenhum dos dois que faltam é de raça branca. Tal informação entra em contradição total com o que o mesmo porta-voz havia anunciado no dia do assassinato de Gilles Cistac. Portanto já não há “cidadão de raça branca” envolvido.
Na informação divulgada por Arnaldo Chefo na segunda-feira, há todos os condimentos para ser mais uma burla. Por exemplo, Chefo não disse à imprensa a data exacta e as circunstâncias da detenção dos suspeitos. Não disse em que bairro foram detidos. Só disse que “foram detidos”.
E foi o que aconteceu. Na tarde do mesmo dia, Arnaldo Chefo porta-voz da Polícia da República de Moçambique, convocou a imprensa, naquilo que foi a primeira reacção do Estado moçambicano, para anunciar que Gilles Cistac foi assassinado por indivíduos que se deslocavam num carro. Segundo afirmou Arnaldo Chefo, o indivíduo que disparou era “um cidadão de raça branca”. Com esta declaração, ficava confirmado o que a nossa fonte já nos tinha comunicado.
Agora, na segunda-feira, a Polícia moçambicana convocou a imprensa para anunciar a detenção de dois suspeitos de estarem envolvidos no assassinato de Gilles Cistac. Segundo Arnaldo Chefo, são eles Lúcio Manuel e Arsénio Nhaposse. Já foram apresentados ao Tribunal Judicial da cidade de Maputo e o tribunal legalizou a prisão dos mesmos na passada sexta-feira.
Questionado sobre os outros dois que teoricamente faltam para perfazer quatro, Chefo disse que há pistas, mas acontece que nenhum dos dois que faltam é de raça branca. Tal informação entra em contradição total com o que o mesmo porta-voz havia anunciado no dia do assassinato de Gilles Cistac. Portanto já não há “cidadão de raça branca” envolvido.
Na informação divulgada por Arnaldo Chefo na segunda-feira, há todos os condimentos para ser mais uma burla. Por exemplo, Chefo não disse à imprensa a data exacta e as circunstâncias da detenção dos suspeitos. Não disse em que bairro foram detidos. Só disse que “foram detidos”.
13/04/2015
Dhlakama desorganiza jovens – acusa secretário da OJM na Beira
O SECRETÁRIO da Organização da Juventude Moçambicana na cidade da Beira, Manuel Severino, acusou o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, de estar a desalinhar alguns jovens, através dos seus pronunciamentos belicistas e de divisionismo.
Falando na sexta sessão ordinária daquele órgão juvenil, braço do partido Frelimo, aquele dirigente afirmou que as atitudes de Dhlakama e seus correligionários têm em vista afastar os moçambicanos da sua agenda nacional, sobretudo no que se refere à promoção da paz, da unidade nacional e de desenvolvimento.
Aos jovens da Beira, em particular, e do país, no geral, Manuel Severino aconselha a não darem ouvidos a Dhlakama, cujas atitudes se mostram “desestruturadas com a agenda do desenvolvimento do país”.
“Aconselhamos igualmente aqueles jovens que se têm aproximado ao líder da Renamo, nos seus comícios, para evitarem ou abandonarem esta prática, porque não é construtiva. É discurso de um opositor sem agenda”, sentenciou Severino.
Por seu turno, o chefe-adjunto da brigada provincial da Frelimo afecto ao distrito da Beira, Zacarias Magibire, convidado àquele encontro de jovens, apelou para que se criem meios para esclarecer os jovens sobre as mentiras de Dhlakama.
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Mangal no delta do Zambeze aumentou quatro mil hectares em 20 anos
Um estudo envolvendo cientistas moçambicanos, alemães e norte-americanos revela que os mangais do delta do rio Zambeze, centro de Moçambique, aumentaram cerca de quatro mil hectares em 20 anos, e conservam uma média de 472 toneladas de carbono por hectare.
Segundo os resultados da pesquisa, intitulada "Projeto de Carbono do Mangal do Delta do Rio Zambeze", a área de mangal "aumentou aproximadamente quatro mil hectares ao longo dos últimos 20 anos", refere um comunicado da embaixada dos EUA em Maputo, país que financiou o levantamento.
Os investigadores também identificaram que entre 45% e 74% do carbono identificado na região localizam-se nos solos e o restante na vegetação florestal.
De acordo com a nota de imprensa, o diretor da USAID (Agência dos EUA para o Apoio ao Desenvolvimento), Alex Dickie, afirmou no seminário de divulgação dos resultados da pesquisa que Moçambique precisa de criar condições de monitorização e proteção das suas florestas.
Faleceu na cidade da Beira o Dr. Jaime Khamba
Faleceu na cidade da Beira o Dr. Jaime Maurício Khamba que através das páginas deste blog aclarou muitos pontos obscuros da História da Frelimo.
(Comentário colocado no blog)
Recorde em
À família enlutada o abraço solidário do MOÇAMBIQUE PARA TODOS.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE
Polícia moçambicana anuncia detenção de dois suspeitos do assassínio de Gilles Cistac
A Polícia da República de Moçambique (PRM) anunciou hoje a detenção de dois suspeitos de envolvimento na morte do constitucionalista franco-moçambicano Gilles Cistac, assassinado em março no centro de Maputo.
"A polícia deteve dois indivíduos, indiciados de envolvimento no assassínio de Gilles Cistac. São eles Lúcio Manuel e Arsénio Nhaposse. Eles já foram apresentados ao tribunal da cidade de Maputo e, por termos notado fortes indícios, o tribunal emitiu a prisão dos mesmos", disse hoje à Lusa o porta-voz da PRM em Maputo, Arnaldo Chefo.
Sem avançar detalhes sobre a data exata e as circunstâncias da detenção dos suspeitos, que são moçambicanos e foram presos na capital moçambicana, o porta-voz da PRM disse que as detenções foram legalizadas na sexta-feira pelo tribunal da cidade de Maputo.
De acordo com Arnaldo Chefo, os suspeitos encontram-se detidos na cadeia de máxima segurança da Machava (BO), nos arredores de Maputo.
"Nós não podemos avançar mais detalhes para não perturbar a operação, o que podemos dizer é que está em curso uma operação para capturar os restantes membros da quadrilha indiciada pela morte do académico moçambicano Gilles Cistac", disse o porta-voz.
Gilles Cistac morreu a 03 de março no centro da capital, depois de ter sido atingido a tiro por desconhecidos.
A PERDIZ - Boletim Informativo da Renamo nº 124
Editorial
SÍMBOLO DO INEXISTENTE
A tocha de fogo vai correr desde Namatil, por cerca de 100 dias, a simbolizar uma Unidade Nacional que deveria ser revelada desde a cerimónia do seu lançamento, mas a frelimização do Governo não deixou de cumprir o ritual de asfixiamento constante dos demais partidos, não obstante os discursos então proferidos, que falavam de não exclusão, tentavam acusar de auto-exclusão, e criar a ilusão de que estamos todos lá incluídos.
Estamos incluídos num programa em que o protocolo nacional não tem olhos para reconhecer os nossos chefes e os enquadrar, para que tenham também a honra de pegar nessa tocha de fogo, e a passar para outro concidadão. Incluídos para fazer número, excluídos para desfrutar das honras. Aquela pseudo-inclusão a que estamos habituados. Aquela que obriga aos sacrifícios, às responsabilidades, ao trabalho, mas que frelimiza todos os benefícios e as oportunidades de desenvolvimento.
Até para pegar numa tocha de fogo é preciso ser da FRELIMO. E isto é feito por entre discursos que exortam à unidade nacional. De que valem final, as palavras, quando elas são desmentidas pelos actos?
Leia tudo em Download Perdiz_Edicao 124
MAIS UMA VEZ: UM BREVE OLHAR SOBRE A NOSSA OPOSIÇÃO
Centelha por Viriato Caetano Dias (viriatocaetanodias@gmail.com )
“Tudo o que é político é estratégico, mas nem tudo o que é estratégico é político”. Excerto de uma conversa com um anónimo
Eu uma vez escrevi que a oposição no nosso país precisa de cuidados intensivos e tornou-se agora moribunda.
Não se pode dizer que temos oposição em Moçambique, porque não fiscaliza absolutamente nada e está muito longe de representar os superiores interesses do povo. Ela gravita em torno dos apetites de um punhado de pessoas influentes.
Basta olhar para a oposição no Parlamento para perceber que a única transformação qualitativa que regista é a mudança de seis para meia dúzia.
No Parlamento, a oposição não consegue ser oposição, nem constitui o “mapa do povo”. Assume concordância nas refeições, até elaboram poéticos discursos, mas discordam, recorrendo à vuvuzelas, apitos e outros instrumentos barulhentos, quando o cerne da questão é a melhoria das condições do povo. É claro que esta oposição não é a mesma de há 20 anos, que encarnavam os problemas do povo e pensava no Moçambique melhor. A actual oposição, que carrega consigo alguns resíduos tóxicos da antiga oposição, não segue a prescrição médica do povo, mas também não quer se curar.
Vimos na semana passada uma oposição igual a si mesma, que em sede do plenário chumbou o Programa Quinquenal do Governo (PQG) 2015-2019, afirmando, em uníssono, que é irrealista e está longe de satisfazer as necessidades dos moçambicanos. Era de admirar
– e talvez constasse do Guinesse Book
– se a oposição votasse a favor de algum PQG submetido pelo governo da Frelimo. O problema não é o PQG, mas sim quem o elaborou: a Frelimo, um inimigo figadal, no entender da oposição.
Poder Local Estendido: Constitucional ou Inconstitucional?
Quem fica no vale jamais atingirá o topo da colina.
Thomas Fuller
Tenho lido com bastante interesse os argumentos dos que se opõem ao projecto de Autarquias Provinciais depositado pela RENAMO na AR, sobretudo aqueles que tentam logo à partida, desmontar a intenção política num inerente tecnicismo jurídico redutor. Eis uma singela contribuição para sistematizar o assunto.
Em primeiro lugar, creio ser apropriado que se analise os argumentos de base da RENAMO face ao plasmado nos artigos 8 e 271 da Constituição. Com efeito, o legislador define no art. 8 que “...a República de Moçambique é um Estado unitário, que respeita na sua organização os princípios da autonomia das autarquias locais...”. De igual modo, o legislador esclarece no art. 271 que o poder local “tem como objectivos organizar a participação dos cidadãos na solução dos problemas próprios da sua comunidade e promover o desenvolvimento local, o aprofundamento e a consolidação da democracia, no quadro da unidade do Estado Moçambicano...” e ainda diz no art. 272 que “...o Poder Local compreende a existência de autarquias locais...”.
Ou seja, aparentemente, se não houvesse classificação explícita de autarquia local, como referido no art. 273, não restaria qualquer dúvida, fosse do ponto de vista jurídico ou semântico, que este poder estaria apenas confinado a vilas e cidades. No entanto, não foi assim que o legislador se norteou.
Senão vejamos, no art. 273 da Constituição, está explícito nos seus números 1, 2 e 3 que as autarquias locais tanto se aplicam a municípios, como a povoações. E mais, esclarece-se a diferença entre ambos, colocando os municípios a corresponderem à circunscrição territorial das cidades e vilas e as povoações à circunscrição territorial da sede dos postos administrativos. Mas a nossa realidade desmente isso.
Comissão de inquérito da EMOCHM está no Guijá para investigar confrontos militares
Entre tropas do Governo e da Renamo
Uma comissão de inquérito da Equipa Militar de Observação da Cessação das Hostilidades Militares (EMOCHM) dirigida pelo coronel zimbabweano Nelson Munjaranji saiu, no passado sábado, do subcomando regional de Inhambane com destino ao distrito de Guijá, província de Gaza, onde vai investigar os incidentes que há duas semanas envolveram tropas governamentais e homens da Renamo, soube o “Canalmoz”, de fontes militares.
A EMOCHM esteve reunida na passada sexta-feira com os peritos militares do Governo e da Renamo, no âmbito dos encontros semanais, tendo sido anunciado que a referida comissão é supervisionada pelo adjunto de comissário da Polícia Xavier Tocoli, em representação do Governo, e pelo jurista e deputado Ezequiel Gusene, em representação da Renamo.
Na segunda-feira da semana passada, no decorrer da 100.a ronda do diálogo político, a delegação da Renamo propôs a criação de uma comissão de inquérito para averiguar a origem dos confrontos, depois de acusações do Governo de que forças militares da Renamo atacaram um posição das FADM na lagoa de Mpunze, localidade de Nhabondze, posto administrativo de Nalazi, no distrito do Guijá.
As duas forças militares confrontaram-se nos dias 2 e 4 deste mês, sem registo de vítimas humanas, em ataques que, na versão da Renamo, foram realizados por tropas do Governo que vêm perseguindo as forças da Renamo desde Inhambane, estando estas em progressão para o Sul do país, numa tentativa de evitar choques com as FADM e a UIR.
A EMOCHM esteve reunida na passada sexta-feira com os peritos militares do Governo e da Renamo, no âmbito dos encontros semanais, tendo sido anunciado que a referida comissão é supervisionada pelo adjunto de comissário da Polícia Xavier Tocoli, em representação do Governo, e pelo jurista e deputado Ezequiel Gusene, em representação da Renamo.
Na segunda-feira da semana passada, no decorrer da 100.a ronda do diálogo político, a delegação da Renamo propôs a criação de uma comissão de inquérito para averiguar a origem dos confrontos, depois de acusações do Governo de que forças militares da Renamo atacaram um posição das FADM na lagoa de Mpunze, localidade de Nhabondze, posto administrativo de Nalazi, no distrito do Guijá.
As duas forças militares confrontaram-se nos dias 2 e 4 deste mês, sem registo de vítimas humanas, em ataques que, na versão da Renamo, foram realizados por tropas do Governo que vêm perseguindo as forças da Renamo desde Inhambane, estando estas em progressão para o Sul do país, numa tentativa de evitar choques com as FADM e a UIR.
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Senhor Guebuza, a Justiça espera por si!
Editorial
Moçambique acaba de se ver livre de um dos homens que mais contribuiu para o retrocesso desta nação. Sem exageros, Armando Guebuza será recordado como um grande equívoco político. Um equívoco singular, que levou o país a um equívoco administrativo colectivo.
Para os mais atentos, não faltaram avisos sobre o que seria do país se cometêssemos o erro de entregar os destinos da nação nas mãos de um cidadão que desde há muito tempo deu credenciais de inaptidão. Carlos Cardoso, jornalista assassinado pelo regime no ano de 2000, já em 1997 havia traçado um fiel e autenticado perfil de Armando Guebuza, tendo ainda colocado em anexo as consequências que poderiam decorrer da indica- ção daquele cidadão. Com o texto “Guebuza, não!” – que já publicámos neste jornal com a devida vénia –, Carlos Cardoso traçou o perfil de um inapto cujo passado podia testemunhar a sua incompetência.
Típico de malabaristas, Guebuza entrou com um discurso contra o passado, pretendendo dar a entender que ele era melhor do que o seu antecessor, e que jamais existiu alguém melhor do que ele. Mas o tempo foi suficiente para o desmentir e para expor um grande mafioso.
Guebuza hasteou várias bandeiras, sendo as mais sonantes a luta contra a corrupção e o combate à pobreza. Tudo não passou de mentiras.
Com Guebuza, o país chegou a ser classificado, no barómetro do Índice de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas, como o terceiro pior país para se viver no mundo, num universo de 187 países avaliados. O máximo que Guebuza conseguiu foi manter o país na lista dos piores países.
E os dados andam aí avulsos para fundamentar a desgraça criada por Armando Guebuza. Veja-se, por exemplo, que, quando Guebuza ascendeu ao poder, o nível de pobreza era de cerca de 54,7%. Apresentou vários documentos de combate à pobreza, como o Plano de Acção de Combate à Pobreza Absoluta (PARPA), com vários módulos, até ao Plano de Acção de Combate à Pobreza (PARP). Com os níveis de pobreza a agudizarem-se, a única coisa que mudou foi apenas a própria designação do documento. Porque, como certamente o estimado leitor poderá notar, na disposição acima, a palavra “Absoluta” deixou de fazer parte do segundo documento. Só mudaram os documentos, mas a pobreza continuou a fustigar os moçambicanos devido às políticas que foram adoptadas. Os gestores dos fundos agrários começaram a enriquecer, enquanto a população continuou a viver na miséria. A balança de pagamentos deteriorou-se. Um Inquérito ao Orçamento Familiar, levado a cabo pelo Instituto Nacional de Estatística, provou que a pobreza aumentou.
Para os mais atentos, não faltaram avisos sobre o que seria do país se cometêssemos o erro de entregar os destinos da nação nas mãos de um cidadão que desde há muito tempo deu credenciais de inaptidão. Carlos Cardoso, jornalista assassinado pelo regime no ano de 2000, já em 1997 havia traçado um fiel e autenticado perfil de Armando Guebuza, tendo ainda colocado em anexo as consequências que poderiam decorrer da indica- ção daquele cidadão. Com o texto “Guebuza, não!” – que já publicámos neste jornal com a devida vénia –, Carlos Cardoso traçou o perfil de um inapto cujo passado podia testemunhar a sua incompetência.
Típico de malabaristas, Guebuza entrou com um discurso contra o passado, pretendendo dar a entender que ele era melhor do que o seu antecessor, e que jamais existiu alguém melhor do que ele. Mas o tempo foi suficiente para o desmentir e para expor um grande mafioso.
Guebuza hasteou várias bandeiras, sendo as mais sonantes a luta contra a corrupção e o combate à pobreza. Tudo não passou de mentiras.
Com Guebuza, o país chegou a ser classificado, no barómetro do Índice de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas, como o terceiro pior país para se viver no mundo, num universo de 187 países avaliados. O máximo que Guebuza conseguiu foi manter o país na lista dos piores países.
E os dados andam aí avulsos para fundamentar a desgraça criada por Armando Guebuza. Veja-se, por exemplo, que, quando Guebuza ascendeu ao poder, o nível de pobreza era de cerca de 54,7%. Apresentou vários documentos de combate à pobreza, como o Plano de Acção de Combate à Pobreza Absoluta (PARPA), com vários módulos, até ao Plano de Acção de Combate à Pobreza (PARP). Com os níveis de pobreza a agudizarem-se, a única coisa que mudou foi apenas a própria designação do documento. Porque, como certamente o estimado leitor poderá notar, na disposição acima, a palavra “Absoluta” deixou de fazer parte do segundo documento. Só mudaram os documentos, mas a pobreza continuou a fustigar os moçambicanos devido às políticas que foram adoptadas. Os gestores dos fundos agrários começaram a enriquecer, enquanto a população continuou a viver na miséria. A balança de pagamentos deteriorou-se. Um Inquérito ao Orçamento Familiar, levado a cabo pelo Instituto Nacional de Estatística, provou que a pobreza aumentou.
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