sexta-feira, 6 de março de 2015

''O belo do suicídio indirecto'''


Muitos "pensa-dores" estão em lamentos pela morte de Gilles Cistac. Muitos julgam que a morte dele foi injusta. Agora, muitos comentam sobre o modo como ele morreu, comentam sobre os possíveis culpados pela sua morte e as causas que levaram-no a morte. Eu também comento. Não comento por gostar de comentar, muito menos por julgar ser necessário deixar o meu comentário. Eu comento porque estou convencido que a morte dele foi digna.
Dizia Sócrates em a república de Platão "melhor é morrer por defender uma causa justa do que viver na injustiça". Gilles Cistac leu a república e compreendeu-a.
A república moçambicana está degenerada, isto é, já não se vive mais democraticamente porque se instalou a anocrasia'. Hoje em dia a forma de governo que predomina no nosso país é a oligarquia misturada com a tirania. A felicidade de muitos moçambicanos está sendo alienada. Já não se respeita a nenhuma cláusula do regimento do contrato social. Vivemos autenticamente num "estado de natureza Hobbesiana moderna", isto é, não somos todos lobos, apenas a elite politica. Portanto, a morte de Gilles Cistac equipara-se a morte de um cordeiro que é morto para espiar algum mal, neste caso, o silêncio dos académicos e dos idealizadores da paz.
No entanto, há aqui que sublinharmos o seguinte: Gilles Cistac sabia sim sobre as consequências que a verdade acompanha. Ele não temeu, enfrentou. Mas, porquê? Porque, realmente, ele já tinha alcançado a verdade libertadora: democracia. Então, ele morreu heroicamente. Morreu em nome dos ditames da razão e pela intolerância a injustiça. Morreu em nome da oposição e defesa dos "padrastos da democracia". Morreu para que a democracia nasça. Morreu para nos fazer clamar a liberdade de expressão e opinião.
Por isso, eu não choro pela sua morte mas sim, nela inspiro-me, para que porventura chegue a alcançar a liberdade de dizer: acabou o silêncio, nasceu o grito moçambicano pela democracia; a luta é o nosso começo; morreremos em defesa da paz, paz e paz.

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