terça-feira, 10 de março de 2015

“My love” continua em acção nas ruas da capital

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Ninguém se surpreende ou se incomoda com o fenómeno
“A tihomo” (bois em português): assim são chamados, em changana, uma das línguas do sul do país, os passageiros que recorrem às camionetas, vulgarmente chamadas “My love”, para se deslocarem na cidade de Maputo. Com todos os riscos e desconforto inerentes. Mas tornou-se tão comum que já ninguém se surpreende ou incomoda com o fenómeno.
“É muito perigoso, mas temos de ajudar as pessoas”, diz um dos motoristas de uma carrinha aberta questionado sobre os riscos de transportar pessoas naquelas condições.
A disputa pelo “My love” é tanta que não sobra tempo para os passageiros reflectirem sobre o perigo que correm. Desesperados com a falta de um transporte condigno, alunos e trabalhadores de todas as idades arriscam a vida e enfiam-se nas carrinhas de caixa aberta para chegar ao destino. É uma rotina humilhante, mas necessária numa cidade com graves problemas de transporte e de mobilidade.
“Ontem, não fui trabalhar por falta de transporte. Hoje, estou a tentar o ‘my love’, mas não sei se vou cair ou não pelo caminho”, conta um passageiro.  
Retiradas da circulação há alguns anos, as carrinhas de caixa aberta voltaram a povoar a capital, apresentando-se como alternativa de transporte a milhares de passageiros que vivem na periferia.
Numa das entrevistas ao “Jornal O País”, o ex-ministro dos transportes Gabriel Muthisse foi questionado e saia satisfeito com o sistema de transporte na capital do país, onde os munícipes são transportados nos famosos “my love” e respondeu nos seguintes termos: “Esse será o aspecto que mais me deixa triste. Não porque achasse que havia um milagre que pudesse fazer em 12 meses de trabalho - mas também não fui lá como milagreiro; fui lá para continuar um trabalho que vinha com uma equipa e outros ministros. Naquilo que são os grandes problemas e soluções para o transporte urbano na cidade de Maputo, conseguimos consensos - identificar o que tem de ser feito, como tem de ser feito e, eventualmente, quando é que tem de ser efeito (tenho a certeza de que será nos próximos meses). O grande problema de transporte urbano de passageiros é o desfasamento entre as tarifas que pagamos e os custos de operação”.
Muthisse disse ainda que “com o que estamos, neste momento, a pagar como munícipes, dificilmente podemos ter um transporte público melhor do que este, porque mesmo que o Estado compre hoje 100 autocarros (o que já fez algumas vezes) e os meta nos TPM, se continuar a cobrar 7 meticais por passageiro, pode não ter recursos para repor um pneu ou comprar peças. Em economia não há truques, e os custos têm de estar cobertos pelas receitas, mas o nosso Sistema de transporte urbano não tem conseguido fazê-lo e não o vai conseguir pelo aumento da tarifa. Mas já identificamos uma possível solução”.

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