quinta-feira, 12 de março de 2015

Frelimo convoca Comité Central sem pistas sobre sucessão de Guebuza

A Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) convocou o Comité Central PARA 26 de março, nos arredores de Maputo, sem adiantar se a sucessão da liderança do maior partido moçambicano consta na agenda de trabalhos.

O órgão do partido no poder reúne-se entre 26 e 29 de março na Escola Central de Frelimo, na cidade da Matola, arredores da capital moçambicana, segundo um comunicado enviado à Lusa pela Comissão Política da força partidária, sem mais informações.
Segundo o jornal O País, a sucessão da liderança do partido, atualmente exercida pelo ex-Presidente da República Armando Guebuza, não está na agenda de trabalhos, "pelo menos de forma explícita", diz o diário, citando fontes do partido.
Este é a primeira reunião do primeiro Comité Central desde a posse de Filipe Nyusi como Presidente da República, a 15 de janeiro, sucedendo a Armando Guebuza, que se mantém como líder do partido.
Vários analistas consideram que existe uma liderança bicéfala no país, que enfraquece o novo Presidente da República e os seus esforços de diálogo com a oposição da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana).
Nyusi já se reuniu duas vezes a sós com o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, com vista a abrir uma via de saída para a crise política entre Governo e oposição desde as eleições gerais de 15 de outubro.
Após o segundo encontro, Dhlakama anunciou que ia submeter ao parlamento uma proposta de criação de regiões autónomas no centro e norte de Moçambique, como forma de ultrapassar a crise aberta pelo desfecho eleitoral, que o seu partido não reconhece, esperando que a maioria da Frelimo viabilize o documento, sob pena de o país ficar ingovernável.
Em reação, a Comissão Política da Frelimo enviou para as províncias alguns dos seus principais quadros para contactos com as populações, sinalizando que não tenciona aprovar o projeto da Renamo.
Dhlakama, que se mantém em digressão no centro e norte do país, já admitiu ignorar o parlamento e tomar o poder pela força, agudizando novamente uma crise agravada também pelo assassínio, na semana passada, do constitucionalista Gilles Cistac, conhecido pelos seus pareceres jurídicos desfavoráveis ao partido no poder.
A Renamo e o seu líder implicaram diretamente "radicais da Frelimo" no homicídio, mas a Frelimo já se distanciou de qualquer envolvimento no crime ainda por esclarecer.
HB // VM
Lusa – 12.03.2015

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