por NUNO SARAIVA11 fevereiro 2015
As presidenciais ainda vêm longe. E, no entanto, os dois maiores partidos do chamado arco da governação andaram nos últimosdias num frenesim de nomes e candidaturas putativas, como se, antes da corrida a Belém, não tivessem eleições legislativas paradisputar. Subitamente, Pedro Santana Lopes - o mais agitado de entre os presidenciáveis do PSD tendo imposto o assunto à agenda mediática - deixou-se acometer de uma dose de paciência e saiu de cena até depois do verão. Ou seja, até depois das eleições para a Assembleia da República. Ainda ninguém percebeu as verdadeiras razões desta saída de sendeiro. O próprio também não explicou. Porém, aquilo que parece óbvio é que o provedor da Santa Casa percebeu que não agrada à cúpula do PSD, pelo que, no atual contexto, e se insistisse em forçar a nota, arriscava-se a fragilizar o partido e a ficar com o ónus de ter contribuído para um eventual mau resultado eleitoral nas legislativas. Por outro lado, a decisão de Santana parece ter deixado Marcelo e Rui Rio com o caminho livre para avançarem lá para outubro. O ex-autarca do Porto, solução que parece agradar mais a Passos Coelho porque lhe permitia anular um potencial adversário interno, não recusa essa hipótese. Mas impõe condições tais que, percebe-se, está apenas a querer manter-se em jogo, mais do que a preparar uma verdadeira candidatura. Já o comentador televisivo assiste de camarote ao acomodar do partido ao seu calendário, ou seja, até outubro este é um não assunto. No PS, e com a aparente recusa de António Guterres em ser candidato, as atenções viram-se para António Vitorino. Ao contrário do que se passa à direita, o universo socialista não é tão rico em nomes com potencial ganhador. Tudo parece assim adiado, e ainda bem, para depois das legislativas. Quem ganhar no final de setembro ou no início de outubro, não deixará de tentar aproveitar o embalo para as eleições de janeiro. E, nessa altura, o xadrez ficará seguramente mais claro. Até porque os efeitos das legislativas terão seguramente consequências nas lideranças partidárias.
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