sábado, 14 de fevereiro de 2015

Um debate precoce

por NUNO SARAIVA11 fevereiro 2015

As presidenciais ainda vêm longe. E, no entanto, os dois maiores partidos do chamado arco da governação andaram nos últimosdias num frenesim de nomes e candidaturas putativas, como se, antes da corrida a Belém, não tivessem eleições legislativas paradisputar. Subitamente, Pedro Santana Lopes - o mais agitado de entre os presidenciáveis do PSD tendo imposto o assunto à agenda mediática - deixou-se acometer de uma dose de paciência e saiu de cena até depois do verão. Ou seja, até depois das eleições para a Assembleia da República. Ainda ninguém percebeu as verdadeiras razões desta saída de sendeiro. O próprio também não explicou. Porém, aquilo que parece óbvio é que o provedor da Santa Casa percebeu que não agrada à cúpula do PSD, pelo que, no atual contexto, e se insistisse em forçar a nota, arriscava-se a fragilizar o partido e a ficar com o ónus de ter contribuído para um eventual mau resultado eleitoral nas legislativas. Por outro lado, a decisão de Santana parece ter deixado Marcelo e Rui Rio com o caminho livre para avançarem lá para outubro. O ex-autarca do Porto, solução que parece agradar mais a Passos Coelho porque lhe permitia anular um potencial adversário interno, não recusa essa hipótese. Mas impõe condições tais que, percebe-se, está apenas a querer manter-se em jogo, mais do que a preparar uma verdadeira candidatura. Já o comentador televisivo assiste de camarote ao acomodar do partido ao seu calendário, ou seja, até outubro este é um não assunto. No PS, e com a aparente recusa de António Guterres em ser candidato, as atenções viram-se para António Vitorino. Ao contrário do que se passa à direita, o universo socialista não é tão rico em nomes com potencial ganhador. Tudo parece assim adiado, e ainda bem, para depois das legislativas. Quem ganhar no final de setembro ou no início de outubro, não deixará de tentar aproveitar o embalo para as eleições de janeiro. E, nessa altura, o xadrez ficará seguramente mais claro. Até porque os efeitos das legislativas terão seguramente consequências nas lideranças partidárias.

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