domingo, 15 de fevereiro de 2015

UM APELO AOS ZELADORES DA “CIDADE ETERNA” DE BEDÉNE

"O último inimigo a ser destruído é a morte" 1Cor 15:26
 Sobre a morte, Hélinand de Froidmont um poeta, cronistae escritor eclesiástico medieval francês, autoindulgente que logo depois de entrar para o mosteiro, entre 1194 e 1197 tornou-se um modelo de piedademortificação, escreveu os seguintes versos numa Obra em francês antigochamada "Les Vers de la Mort"(Versos da Morte):  "A morte nos faz cair no seu alçapão,/É uma mão que nos agarra/E nunca mais nos solta./A morte para todos faz capa escura,/E faz da terra uma toalha;/Sem distinção ela nos serve,/Põe os segredos a descoberto,/A morte liberta o escravo,/A morte submete rei e o papa/E paga a cada um seu salário,/E devolve ao pobre o que ele perde/E toma do rico o que ele abocanha"Sobre a "Cidade Eterna" que serve de título, na verdade não se trata de nenhuma cidade convencional vulgar, mas sim de uma muito especial: Um Cemitério.Portanto uma "Cidade" onde se misturam os mais diversificados estractos da sociedade. Onde toda a vaidade acaba e não existem nem cobardes nem heróis. Diferentemente de outros, o de Bedéne no Município da Matola, não identifica a proveniência social dos seus "moradores", como acontece com o de Hlanguene por exemplo no qual e apesar de ter cessado oficialmente as suas actividades, continua a "Hospedar Moradores" cujos familiares pagaram o "Imposto Predial Autárquico" por vinte ou mais anos. Na deHlanguene, a morte igualitária só existe no discurso, pois na realidade, lá acentuam-se as diferenças sociais. O de Hlanguene reproduz a geografia social das comunidades e define as classes locais. Existe a área dos ricos, onde estão os grandes mausoléus; a área da classe média, em geral com catacumbas na parede, e a parte dos pobres e marginais. Ao passo que, no de Bedéne, isso não se nota. Tendo sido inicialmente concebido "clandestinamente" para ser um abrigo Familiar, acaba recebendo todos quantos o demandam. Só que, e apesar de quase todos os dias da semana receber centenas de "visitantes" que vão despedir-se dos seus entes queridos, o martírio começa mesmo pelo percurso dos cerca de 900 metros que separam o Cemitério da Estrada alcatroada. Buracos e charcos sacodem o caixão. O de Bedéne não tem nenhum Parque de Estacionamento e no seu interior não existe nenhuma Capela ou coisa semelhante. Todos disputam a sombra das três Mafurreiras lá dentro. Até que a Urna contendo os restos mortais chegue ao seu destino, a voz do morto só não chega aos vivos porque não a podemos ouvir, pois os ziguezagues para não pisar outras campas, são um tormento para os vivos. Para apimentar mais a desgraça de todos, (dos vivos e dos mortos), entram em cena os "Apregoadores da Vida Futura do Além Túmulo", que mais pregam para convencer os vivos naturalmente e não aos mortos que já não os podem escutar. O nosso apelo é muito simples: que a Edilidade se lembre de contemplar "A cidade Eterna de Bedéne" com um pequeno sombreiro que sirva de Capela e mande terraplanar o pequeno troço de cerca de 900 metros que são um verdadeiro suplicio para todos, (vivos e mortos). Eu e os Mortos agradeceremos! AMEM!
Kandiyane Wa Matuva Kandiya
nyangatane@gmail.com

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