quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Renamo acusa Frelimo de querer isolar o Presidente


A Renamo acusou hoje a Frelimo, partido no poder, de tentar isolar o Presidente, Filipe Nyusi, nas negociações com o líder do maior partido de oposição, Afonso Dhlakama, sobre autonomias regionais.

"O que está a acontecer é uma aberração e uma contradição clara, porque o Presidente Nyusi está a ser combatido [pela Frelimo], declarou hoje em conferência de imprensa o secretário-geral da Renamo.
Manuel Bissopo falou em lugar de Dhlakama, que, ao contrário do anunciado pela Renamo, não compareceu na conferência de imprensa, lamentando que, depois da "luz verde" resultante dos encontros entre os dois líderes, a Frelimo esteja "a desdobrar os seus quadros nas províncias e distritos e a desmentir e a dizer que não há entendimento".
Chefes de brigadas centrais nas províncias e membros da comissão política da Frelimo estão desde segunda-feira em contacto com as populações em todo o país, declarando publicamente que Dhlakama pretende dividir o país e que o partido maioritário não tenciona viabilizar a proposta das regiões autónomas exigida pela Renamo.
"Não queremos regiões autónomas", afirmou, na quarta-feira, na província de Inhambane, o deputado e membro da comissão política Eneias Comiche, citado hoje pelo diário o País, justificando que as eleições gerais de 15 de Outubro não visavam esse fim.
O secretário-geral da Renamo disse hoje que os dois encontros entre Nyusi e Dhlakama produziram "um consenso" contrário aos pronunciamentos políticos da Frelimo de que "não há nada", mas ainda assim o seu partido vai apresentar nos próximos dias o projecto de regiões autónomas para ser debatido na primeira sessão ordinária da Assembleia da República.
"Queremos esclarecer de viva voz que tudo o que estão a fazer está a enervar as populações, o povo em geral, que não esperava este tipo de pronunciamentos da Frelimo", declarou hoje Manuel Bissopo, acrescentando que o partido no poder "parece estar a empurrar o Presidente Nyusi para um compromisso pessoal, quando a própria Frelimo é que indicou que confia nele".
O líder da Renamo anunciou no dia 9 de Fevereiro um entendimento com o Presidente da República sobre a criação de regiões autónomas nas províncias do centro e norte do país e que uma proposta nesse sentido ia dar entrada na Assembleia da República, ao mesmo tempo que terminava o boicote parlamentar do maior partido de oposição.
"O Presidente entendeu [as exigências] e a Renamo tem de apresentar um anteprojecto, que será submetido à Assembleia da República, no compromisso de que as bancadas terão de levar a sério, porque não será um anteprojecto normal em que a oposição apresenta e a bancada maioritária chumba", disse Dhlakama, a seguir à segunda ronda negocial com o Presidente moçambicano.
Filipe Nyusi nunca se referiu publicamente às regiões autónomas, limitando-se a dizer que a solução política PARA a crise política com a oposição tem de respeitar a lei.
Bissopo não quis hoje revelar os planos da Renamo no caso de a maioria chumbar o seu projecto de regiões autónomas, mas Dhlakama disse, após o segundo encontro com Nyusi, que, nesse cenário, o Presidente é derrubado.
"As consequências serão PARA o Presidente, porque ele não vai poder governar bem" e inclusivamente poderá ser derrubado por acção popular, afirmou Dhlakama na presença de Nyusi. "Eu não quero ver o meu irmão a cair".
Na conferência de imprensa de hoje, o secretário-geral da Renamo anunciou que Dhlakama vai retomar a sua digressão no norte do país, que tinha interrompido no início do mês PARA os encontros com o Presidente da República.
LUSA – 19.02.2015

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