terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

III Guerra Mundial?

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III Guerra Mundial?

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Sempre que vemos um noticiário na TV ou lemos um jornal cada dia nos informam de mortandades aqui e acolá, da Europa ao Médio Oriente, da África do Norte à Ocidental e até perto de nós, na Somália, no Quénia e quase que nos perguntamos se a praga chegará às nossas terras.
Mesmo aqui anda por cá um lunático autocrata e narcisista que regularmente nos ameaça com violências, incluindo aos seus próprios seguidores e suas famílias.
Torna-se então pertinente perguntar se com outras roupagens e sem uso de armas de destruiçãomassiva, sorrateiramente não estamos a viver uma III Guerra. Não chovem mísseis em Moscovo ou Washington, mas as gentesmorrem e os seus haveres parcos ou não, esfumam-se.
Afinal como se classifica como Guerra Mundial um conflito senão pelo facto de ela ocorrer em simultâneo nas diversas partes do mundo, com mortes e destruições? Diga-se que se consideraram a I e II Guerras Mundiais porque elas decorreram, sobretudo, no teatro europeu. Contentamo-nos com essa definição?
Na vontade de conter o eterno rival moscovitaos Estados Unidos acordaram com os Sauditas em baixar drasticamente os preços do petróleo, segundo várias fontes credíveis. Criar dificuldades e apertos económicos a Putin e aos russos talvez facilite a hegemonia americana assaz periclitante.
A redução dos preços do petróleo forçaria a Nigéria, Angola, Venezuela e outros a posições mais submissas. Nós apanhamos por tabela!
O Ocidente armou tutsis e hútus e conhecemos os massacres que ocorreram e até se estenderam ao Congo, que sofre as manipulações das mineiras desde que estas conduziram à secessão do Catanga e ao assassinato de Lumumba.
No Sudão faz uns bons anos no final da década de sessenta do século passado fez-se questão de derrubar um regime laico e progressista. Vemos os resultados até hoje. Perseguições contra cristãos levaram à secessão do Sul e até hoje não se apaziguou o conflito. Continuam as mortes e destruições. Cheirava a petróleo!
Há alguns anos para combater o regime de Cabul os Estados Unidos pegaram em Bin Laden fizeram dele um chefe, armaram-lhe um exército. Mesmo se executado a sangue frio as sementes de Bin Laden já invadiram o Paquistão.
Lembremo-nos que estas epopeias sangrentas se iniciaram com a grande democratização e a fragmentação da Jugoslávia, para onde se enviavam combons apoios os voluntários da fé.
Na Somália com Siad Barre havia um regime estável e respeitado. Ele foi eleito Presidente da OUA e nessa qualidade esteve presente na proclamação da nossa independência. Donde umaavenida com o seu nome.
A Somália aspirava integrar partes do sul da Etiópia. Como o regime etíope que derrubara o Imperador tentava uma política progressista e não-alinhada, instigou-se a Somália a atacar a Etiópia com os resultados desastrosos que se vêm. Desapareceu como estado, fragmentou-se, abriu o caminho a seitas que matam e pilham no país nos vizinhos.
Lembram-se do Iraque?
Nos maus tempos da ditadura de Sadam Hussein circulava-se dia e noite na calma.
Hoje em que dia não tomamos conhecimento de mortes, massacres e destruições?
O Iraque desejava dominar toda a tecnologia do petróleo, da prospecção até à refinação e produzir todo o equipamento necessário para esse fim. Inventaram-se as armas de destruição massiva para massivamente se destruir o país.
Honra ao Presidente Chirac e Jorge Sampaio que recusaram apoiar a infâmia.
Sabe-se que empresas americanas muito antes do início da guerra já tinham contractos para reconstruirem o que ainda não se destruíra! Viva a transparência e a luta contra a corrupção!
As guerras que cheiram a petróleo determinaram as pseudo primaveras que destruíram a Líbia e abriram o caminho aos fundamentalistas que assolam a África Ocidental e já massacram nos Camarões.
Abriram-se os arsenais de Khadafi e entregaram-se as armas aos fanáticos que ele nunca tolerou.
Na África Ocidental, na Nigéria, Mali, nos Camarões queimam-se igrejas, decapitam-se pessoas, raptam e violam meninas apenas púberes.
A Síria sofre as consequências das tempestades primaveris. Ela faz parte da rota do petróleo.
Contra a Síria nasceu o chamado Estado Islâmico, bem armado a apoiado pelo Ocidente até que se virou contra patrocinadores e todos que estimam hereges.
Mostrou-se necessário um apaziguamento com o dito abominável Irão para travar a praga, até agora com um sucesso mais que limitado.
Na nossa terra, surgem umas mesquitas fundamentalistas que recrutam e enviam jovens para madraças de fanáticos no Paquistão e no Afeganistão.
Pretendeu-se já que meninas assistissem a aulas e fizessem exames com o rosto tapado por burcas!
Na minha terra natal os fanáticos quiseram usurpar o nome e o local duma mesquita secular, necessitou-se duma sentença do tribunal judicial para se pôr termo ao desmando e à loucura.
Para quando coletes com bombas em Moçambique, atentados contra mesquitas não fundamentalistas e igrejas, embaixadas, consulados etc? A tradição moçambicana do Islão nunca se manifestou com face fanática. A tolerância e a coexistência com os demais crentes de outras confissões sempre se manifestaram harmoniosa, pesem os desmandos do colonialismo e duma Igreja que agia como segundo Estado. Gostaria de apelar aos nossos dirigentes islâmicos moçambicanos que sempre se manifestaram tolerantes, às associações islâmicas nacionais que exprimam publicamente o seu desagrado contra estas manifestações que ofendem os livros sagrados e o Islão. Não deixemos alastrar para a nossa terra a III Guerra Mundial não declarada.
Ocorreu o encontro entre o nosso Chefe do Estado e o leader da RENAMO. O que dizer:
1. Serenamente o Presidente Nyusi deslocou-se ao local em Maputo onde estava hospedado o Senhor Dhlakama.
2. Dhlakama fez esperar o Chefe do Estado 45 minutos. Falta básica de cortesia fazer esperar alguém, boçalismo a meu ver.
3. Os deputados da RENAMO tomam posse e baixou o tom das ameaças. Por quanto tempo?
Quem se mostrou grande, o que pela Paz esperou ou aquele que pretendeu mostrar-se grande sendo mal-educado? Parabéns Presidente.
Queremos a paz e que nenhuma guerra inspirada de fora ou nascida do narcisismo e ganância nos venha bater à porta. Chega de guerras mundiais declaradas ou não, locais ou não perturbem esta terra de trabalhadores e heróis. Um abraço à Paz.
Sérgio Vieira
P.S. Parabéns Senhor Ministro Ferrão. Ensinar a História da pátria e o Hino em todas as escolas, sim.
SV

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