quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Uma delegação mandatada por Filipe Nyusi e liderada por Lourenço do Rosário poderá reunir-se hoje, com Afonso Dhlakama, na Zambézia

O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, tem hoje um encontro com mediadores no âmbito do diálogo que garante estar em curso com o executivo sobre um governo de gestão, disse o porta-voz do maior partido de oposição.
"O Presidente da Renamo está hoje em Quelimane [província da Zambézia] PARA conversar commediadores do processo", informou à Lusa António Muchanga, porta-voz da Renamo [Resistência Nacional Moçambicana], sem avançar a identidade das pessoas que se irão reunir com Dhlakama, confirmando apenas que estiveram envolvidas nas negociações anteriores.

"Apelamos aos moçambicanos PARA estarem atentos ao evoluir da situação", declarou Muchanga, sublinhando que as negociações do seu partido são com a presidência e não com o partido no poder, Frelimo [Frente de Libertação de Moçambique].

Na quarta-feira, a Frelimo não confirmou os contactos anunciados na véspera pelo líder da Renamo, avisando que não haverá discussões sobre a exigência de um governo de gestão.

"A Renamo apresenta um ponto para falar sobre um tal governo de gestão e esse diálogo está fora de hipótese", disse à Lusa Damião José, porta-voz da Frelimo, descartando a marcação de qualquer encontro do Governo com o maior partido de oposição. "Não existe nada, é absolutamente falso", acrescentou.

No mesmo dia, Afonso Dhlakama garantiu que os contactos com o Governo já tinham começado, em Maputo.

"A equipa que eu mandei para Maputo esteve reunida às 11:30 de hoje [quarta-feira] com uma delegação do Governo de Nyusi [Presidente da República], onde nós apresentámos a nossa proposta de criação de um governo de gestão para reivindicar os votos que nos roubaram", disse Dhlakama, durante um comício em Morrumbala, na Zambézia, acrescentando que as partes não chegaram a consenso e que um novo encontroiria ter lugar ao final da tarde.


"Nós queremos respostas concretas entre hoje ou o mais tardar amanhã [hoje]", declarou ainda Dhlakama, garantindo que não vai recuar e que e que será encontrada "uma solução satisfatória" para as suas reivindicações.

Segundo António Muchanga, esta segunda ronda de contactos foi igualmente inconclusiva e a equipa enviada por Dhlakama, cuja composição não foi divulgada, permanece na capital à espera de uma nova reunião.

O líder da Renamo era hoje esperado em Mocuba, na Zambézia, região de catástrofe provocada por cheias que deixaram pelo menos 62 mortos só nesta província, mas alterou o seu programa para se reunir hoje em Quelimane com os mediadores, devendo orientar um comício nesta cidade no próximo fim de semana.

A Lusa tentou obter informações do Governo sobre estes contactos e aguarda ainda por uma resposta.

Há duas semanas, Dhlakama ameaçou criar uma república autónoma no centro e norte do país, presidida por ele próprio, caso a Frelimo persista em não acatar a sua exigência de um governo de gestão, envolvendo figuras da oposição, como forma de ultrapassar o que alega ter sido uma fraude eleitoral.

Dhlakama admitiu a possibilidade de o Presidente da República vir a demitir alguns quadros do novo Governo, empossado na segunda-feira, PARA incorporar membros da oposição, com vista a uma alegada inclusão governativa.

Num comício realizado no sábado em Tete, o presidente da Renamo prometeu reagir numa semana caso a Frelimo persista na recusa da sua reivindicação.

"Eu não vou ajoelhar-me à Frelimo porque não fui eu que roubei votos, mas os ladrões e comunistas da Frelimo é que se vão ajoelhar a mim, porque vou responder-lhes dentro de uma semana, caso eles continuem a brincar com o povo", declarou então.

Tanto o Governo como o elenco de governadores provinciais não contemplam qualquer figura da oposição.

Lusa – 22.01.2015




É tudo falso!


Encontro entre dirigentes da Frelimo e da Renamo, anunciado por Dhlakama

- “A Frelimo é pelo diálogo, mas não encoraja a realização de diálogo PARA se discutir a violação da Constituição da República e demais leis sob pretexto de Governo de Gestão” – Damião José, porta-voz do partido no poder

- Entretanto, o media mediaFAX apurou que uma delegação mandatada por Filipe Nyusi e liderada por Lourenço do Rosário poderá reunir-se hoje, com Afonso Dhlakama, na Zambézia

Depois de o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, ter anunciado esta terça-feira, a preparação de um suposto encontro entre a Renamo e o governo da Frelimo, Damião José, porta-voz do partido no poder, veio esta quarta-feira, desmentir “quase tudo” e chamar Afonso Dhlakama de “mentiroso e pessoa não séria”.

Damião José diz que o encontro anunciado por Afonso Dhlakama é completamente falso e a discussão do chamado Governo de Gestão, defendido por Afonso Dhlakama, está fora de questão.

“Não existe nada, é absolutamente falso” – negou o porta-voz da Frelimo, Damião José.

Na verdade, o governo da Frelimo, por diversas vezes, veio publicamente dizer que o Governo de Gestão exigido e propalado pela Renamo e Afonso Dhlakama são um não assunto, daí que o mesmo não deve preocupar aos moçambicanos.


Aliás, PARA a Frelimo, discutir Governo de Gestão é inconstitucional, daí que não há espaço para a discussão deste assunto.

“O dito Governo de Gestão, para a Frelimo e para o povo moçambicano está fora de hipótese” – anotou Damião José, deixando claro, que não há hipótese de o assunto vir a ser discutido.

O porta-voz da Frelimo acrescentou que o seu partido sempre encorajou e vai continuar a encorajar o governo moçambicano a dialogar com toda a sociedade, bastando, para tal, que os assuntos em discussão não entrem em choque com os preceitos democráticos e legais.

“A Frelimo é pelo diálogo, mas não encoraja a realização de diálogo para se discutir a violação da Constituição da República e demais leis sob pretexto de Governo de Gestão.

Portanto, a Frelimo apela ao bom senso à Renamo e o seu dirigente para que ponham a mão na consciência e compreendam que falar do Governo de Gestão é estar do lado errado da história” – disse Damião José, emcontacto com o media mediaFAX.

“A Frelimo não encoraja o diálogo que viole a Constituição da República e demais leis e os princípios do jogodemocrático” – reiterou.

Afonso Dhlakama, recorde-se, anunciou que o encontro entre a Renamo e os dirigentes do governo da Frelimo teria lugar nos próximos dois dias, ou seja, entre ontem (quarta-feira) e hoje (quinta-feira).

Entretanto, tal como desmente Damião José, não existe qualquer sinal da concretização do referido encontro, pelo menos, até ao fim desta semana.

Afonso Dhlakama anunciou ainda que caso a Frelimo não aceite a instauração do Governo de Gestão, ele e a Renamo seriam obrigados a declarar a chamada República do Centro e Norte.(Raf. Ricardo e redacção)

MEDIAFAX – 22.01.2015

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