segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

O Baptismo de Fogo de Nyussi






Alerta Vermelho Institucional ou Emergência? No ultimo Sábado visitei o distrito de Mocuba para verificar in loco a situação das cheias pois há já uma semana que a fúria das águas que irrompeu sobre aquele território! Fui em respeito a nossa cultura que inter alia recomenda que quando a Casa do Vizinho esta a arder, não devemos ficar de braços cruzados! Temos que nos solidarizar e apoiar para debelar o fogo, tanto mais não seja por mero altruísmo ou compaixão, mas também porque a nossa poderá ser a próxima vitima! Do que sabíamos através dos meios de comunicação, a fúria das aguas havia cortado a Estrada Nacional Numero Um em pelo menos dois pontos e desalojado centenas, se não milhares de populares e munícipes de Mocuba e não só. Todo o vale do Licungo estava afectado! Dado o impacto na vida da população e da economia, e uma vez que ficou interrompida a única via de comunicação entre o Norte e o Centro e Sul do pais o anterior Governo, de Armando Guebuza, acertadamente e em tempo útil declarou o Alerta Vermelho Institucional! Aqui e agora queremos louvar esta atitude profissional do Governo de Guebuza, que mesmo em tempo de transição, e mesmo sem Primeiro Ministro soube tomar e anunciar na voz da então Ministra da Administração Estatal, Carmelita Namashilua a decisão certa a tempo e horas! Guebuza só pecou por não ter encontrado tempo para visitar Chitima e Mocuba! Teria saído pela Porta Grande! Contudo, em nosso pobre entender, e em estrito respeito as instituições competentes queremos aqui e agora lançar um apelo para uma cada vez maior flexibilidade do Novo Governo no acompanhamento da situação! Não faz sentido que volvida uma semana do lançamento do Alerta Vermelho, as vitimas continuem empilhadas em salas de aulas desprovidas de qualquer conforto: dormem no chão ou em esteiras adquiridas na esquina local, cozinham cada um a sua maneira devendo cada um “desenrascar” agua, panelas, lenhas ou carvão, havendo muitos que não podendo enviam os poucos mantimentos que tem a residências próximas para seu confeccionamento! Não faz sentido, quando vemos em écrans de televisao empresas que oferecem em tempo seco centenas senão milhares de redes mosqueteiras, e quando estas redes são necessárias para evitar a propagação de malária, não tenhamos uma única rede disponível! Digo isto porque nos centros que visitamos no Sábado transacto verificamos in loco, que as janelas da escola não tem nem redes e nem vidros numa zona infestada de mosquitos criando condições propicias para a propagação da malária! A situação no terreno exige maior robustez e flexibilidade das autoridades de gestão de calamidades e do Novo Governo! Dada a emergência, não faz sentido que a província continue sem Governador! Dada a gravidade, o Novo Presidente da Republica deveria ter tomado uma posição extraordinária nomeando e empossando in extremis, um Governador para tomar conta da situação e a Direcção Geral do INGC já deveria ter acampado em Mocuba! Por volta das 13 horas de Sábado e que vimos a nossa Forca Aérea no aeroporto de Quelimane! Infelizmente a nossa Forca Aérea, parece ter chegado a mesma altura que a Forca aérea Sul-Africana! Vimos um avião de luxo o Forca Aérea 002 que de nada serve na situação actual! O que se precisa neste derradeiro momento e de helicópteros, os tais que abundam em tempo de campanha mas escasseiam em tempo de dor, luto, e sofrimento! O Novo Governo, não deve andar, nem gatinhar, deve é correr! O sofrimento, a dor e o luto do povo não devem ficar reféns de cerimonias de protocolares! Queremos o arregaçar de mangas imediato para salvar vidas e prevenir doenças! Seria de bom tom que a Primeira Acção do Novo Primeiro Ministro, Carlos Agostinho do Rosário (que saúdo), que conhece muito bem a Zambezia, logo depois da tomada de posse saísse do Palácio da Ponta vermelha, não para o seu Gabinete (a não ser que para lá tenha que ir para Declarar Emergência) mas sim para o aeroporto e para Mocuba, da mesma maneira que gostaria que a nova Ministra da Saúde (a quem saúdo) também saísse da cerimonia de tomada de posse não para o Gabinete mas sim para o aeroporto e dai para Chitima! Que o Novo Ministro da Industria e Comercio, depois da tomada de posse não vá ao Gabinete, que apanhe a boleia do Primeiro Ministro, para se reunir in loco com a CTA e a Associação Industrial e Comercial da Zambezia (ACIZA) para medir o impacto do corte da Estrada Nacional Numero Um e outras na economia da Zambezia e do pais! Gostaria que o Novo Ministro dos Recursos Minerais e Energia, Pedro Couto (a quem saúdo) depois de tomar posse que apanhasse a boleia do Primeiro Ministro e fosse a Mocuba, Nampula e Pemba para que sinta em primeira mão, o impacto da falta de energia na economia e começasse a “pensar” em fontes e modelos alternativos de produção e distribuição de energia, porque o actual sistema, face as mudanças climáticas mostra-se inepto, insustentável e bastante carro! Senhor Presidente, Senhor Primeiro Ministro, a situação que temos na Bacia do Licungo e não só, já não é de Alerta Vermelho institucional mas sim de EMERGÊNCIA! O impacto das chuvas faz-se sentir não só na Zambézia mas em todo o pais: a economia da zona centro- norte de Mocuba, passando por Gurué, Alto Molocue, Murrupula, Nampula, Ilha de Moçambique, Nacala, Chiure e outros pontos do pais funciona a meio gás. Nampula e Pemba duas capitais provinciais vibrantes transformaram-se literalmente em “Cidades fantasmas”: Os turistas fugiram, as fabricas funcionam a meio gás, o comercio funciona com geradores, que já não existem no mercado e que criam problemas ambientais devido ao fumo! Vi com estes olhos que o chão um dia vai comer, o impacto que a falta de energia traz na nossa economia! Não será altura de pensarmos em redundância e em fontes alternativas? E já agora onde andam as antigas centrais eléctricas de Nampula, Pemba? Foram desativadas e vendidas a China como ferro velho como aconteceu com a linha férrea Mocuba-Quelimane? Ao longo desta semana tive o privilegio de visitar Mocuba, Nampula e Pemba e vi in loco o impacto que esta crise esta a ter nos tecidos sociais, empresariais, nas infraestruturas enfim na economia! Estas três cidades transformaram-se em autenticas “Ghost cities” com muitos restaurantes a funcionarem a meio gás, bancos sem sistemas criando enormes filas, autocarros interprovinciais sem passageiros, milhares de pessoas incomunicáveis (numa altura em que mais precisam de comunicar) porque não podem carregar os telefones e a nossa MCel esta fora de ar tanto em Pemba como em Nampula! Gostaríamos que a primeira reunião do Novo Conselho de Ministros decorresse em Mocuba para que in loco o Novo Governo possa não só sobrevoar mas apreciar em primeira mão a situação no terreno e declarar EMERGÊNCIA! E mais gostaria que a primeira visita do Novo Chefe de Estado fosse a Mocuba e Chitima, alias penso que logo depois da tomada de posse o novo Chefe de Estado já lá deveria ter estado usando a Air Force 001! Tanto Mocuba, Maganja da Costa, Alto Molocue, Lugela, Nante, Gurué, Milange, Namarroi, Morrumbala, Chinde, Cuamba como em Chitima! Senhor Presidente, infelizmente, o seu baptismo foi de fogo, mas é com baptismos de fogo que se revelam os grandes homens! Arregace as mangas e mande esses jovens trabalhar, pondo a mão na massa. Aos amigos da Cooperação internacional contamos com o vosso apoio incondicional e atempado! 

Professor Doutor Manuel de Araújo, Presidente do Conselho Municipal de Quelimane

"E O MAU TEMPO CONTINUA...!!!
Mau tempo: Cheias no centro e norte de Moçambique atingem 89 mil pessoas.
Cerca de 89 mil pessoas estão a ser afetadas pelas cheias que assolam as províncias da Zambézia e do Niassa, no centro e norte de Moçambique, segundo dados das autoridades locais, que dão conta de 33 vítimas mortais.
As estimativas das autoridades moçambicanas referenciam um total de 17.922 famílias afetadas pelas cheias nas províncias da Zambézia (centro) e Niassa (norte), segundo avança hoje o matutino Notícias, indicando que 23.800 pessoas estarão a receber apoio em 30 centros de acomodação.
Na Zambézia, pelo menos 24 pessoas perderam a vida na sequência da queda de habitações e do arrastamento pelas águas, mas o número de vítimas mortais poderá ser mais elevado, atendendo ao facto de as autoridades enfrentarem dificuldades de comunicação de dados, devido à falta de energia que afeta várias localidades da região.
Outras nove pessoas morreram e oito foram dadas como desaparecidas na província de Niassa, segundo dados avançados pelo semanário Domingo.
Embora o Centro Nacional Operativo de Emergência refira que a situação é estacionária relativamente ao número de pessoas afetadas e em resultado do abrandamento da queda de chuva, a Direção Nacional de Águas assinala que, na Zambézia, as localidades de Derre e Morrumbala, atravessadas pelo rio Chire, e de Mutarara, Caia, Mopeia e Marromeu (rio Zambeze) irão continuar com os níveis de água elevados, aconselhando as populações a abandonarem as zonas de risco.
No terreno, mantêm-se operações de alocação de bens alimentares aos centros de acomodação e de socorro às populações atingidas, estas últimas desenvolvidas agora com o apoio de 70 militares da força aérea sul-africana, que trabalham desde sexta-feira com as autoridades locais.
O apoio externo deverá também chegar do Canadá sob a forma ajuda pecuniária, segundo um comunicado enviado à agência Lusa, que dá conta da alocação de cerca de 881,7 mil euros para o apoio às vítimas das cheias de Moçambique e do Maláui, país onde as cheias já provocaram a deslocação de 200 mil pessoas e 170 vítimas mortais.
Órgãos de imprensa internacional atribuem os impactos das cheias no Maláui, muito mais elevados do que em Moçambique, à falta de elaboração de um plano de contingência.
O orçamento do plano de contingência das autoridades moçambicanas é de 26,4 milhões de euros e prevê que, num cenário mínimo, 318 mil pessoas possam vir a ser afetadas pelos efeitos combinados de ventos fortes, inundações em cidades e vilas, cheias de média magnitude e seca.
O pior cenário projetado eleva para 934 mil o número de pessoas afetadas, na sequência de cheias intensas e ciclones de categoria superior a III.
Lusa, em Notícias ao Minuto
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